domingo, 23 de setembro de 2018

O TEMPO EM QUE DESPERTAMOS



          De um sono imenso, ao sem muita palavra, no que nos dissessem outra, a mais, despertamos. De um sono atávico, secular, sem a planilha que infere futuro, sem o botão de voltar, sem o escapade do esc, feito tecla numérica, distante tanto do ábaco que não se sabe muito do insert, tanto quando do delete… Que não se pegue moda o se portar como em uma máquina computacional, que não importem tanto aos serviços e agências os imensos dados, as informações, a miríade de letras e códigos que porventura a raça humana tem recriado em cima de seus costados de matéria digital. A questão não é um mundo de máquinas, mas sim a restrição ao humano. A máquina facilita o processo, vem em benefício da alavanca que ergue, em tese auxilia e protege, tangencia a inteligência e condiz em fazer o bruto do trabalho burocrático, na organização e no funcionamento mesmo de quaisquer sistemas implantados. A busca de um buscador, no entanto, deve partir do sentimento sincero de ao menos buscar a oportunidade a todos de vivenciarem o comportamento da Natureza, e não retirá-la do seus acessos àqueles que muitos consideram já – como a barbárie contemporânea mostra e revela – descartados da sociedade. Se algo se mostra tão evidente como a guerra que se quer criar, ou fomentar a mais da violência que por um acaso ainda não se pratica, esse mesmo reflexo belicista se apresenta mais e mais frequente no imaginário algo teleguiado dos meros mortais que acabam entrando em sinistras linhas de fogo em um sono que só termina na cessão do ódio, mesmo imaginário. Alimenta-se um monstro, como uma tentativa derradeira de cessar as contendas de um país, e esse monstro perfaz o substrato do inconsciente mais reptílico, comandado por efeitos de estímulos e respostas, com pausas e atividades, com ou sem trabalho, e acaba-se por estarem vestindo a carapuça de antigos mitos e pregando a desavença, mesmo em lugares onde esta não seja pregada oficialmente. É o erro da brutalidade forçada, em países onde drogas como o álcool e outras substâncias ou vêm para sedar a existência, ou para alimentar a engrenagem do horror, que não passa da banalidade dos homicídios, latrocínios, tráficos, sequestros e, na pior das hipóteses, daqueles que passam apenas a serem espectadores do enfrentamento, colando-se ao pretenso e “saudável” combate, a motivação do enfrentamento através da força por cima das questões de ideia, opinião, arte livre, e similares, sem citar a imprensa alternativa que se esforça para mostrar a realidade tal qual é, na sua prerrogativa em revelar a Verdade. Resta se fazer um diagnóstico, onde sempre se aceitará a normalidade democrática como fundamento essencial aos cidadãos, o respeito como base da acuidade comportamental, seja ele de modo horizontal ou eventualmente mais vertical, a livre possibilidade de manifestações de ordem cultural e, obviamente, uma repressão mais efetiva contra as facções da criminalidade, seja de origens na corrupção, ou no mal funcionamento dos próprios sistemas jurídicos que obviamente hão de dar o exemplo mais cabal de proceder sem parcialidades, para que não se prossiga a tão sacrificada degenerescência que pode vir a acometer algum poder, ou capilaridades subalternas dessa ordem.
          Essas questões são fundamentadas na reforma importante que venha internamente, em uma tomada de consciência pessoal, não propriamente da substituição correlata dos seus partícipes, ou seja, daqueles que já estão empoderados. Retroagir em um caudal de intolerância em todos os níveis é passarmos, de um futuro que ainda podemos ter como democracia plena e vigência dos direitos e da cidadania, para um caos onde a força seja a única esperança dos que são mais jovens e inexperientes, ou daqueles que são erradamente e anacronicamente messiânicos com relação a mitificação da vida, vivendo no modo da ignorância, ou dos grupos restritos que temem perder algum privilégio, como a imensa concentração de renda, terras e similares.
          Há de se prestar muita atenção ao que ocorre em países como o Brasil, onde imensos mananciais naturais são destruídos em frações de tempo, onde a recuperação demora por vezes mais de um século… A aceitação e proteção aos povos que tem em sua vivência cotidiana o mote de preservação de florestas, mananciais hídricos e respeito integral à Natureza, como os indígenas, há de servir de exemplo a qualquer nação do planeta, pois todos aqueles que transformaram as suas culturas em desertificação existencial, acabaram por fazer definhar suas reservas Naturais, como as matas nativas, acabando por utilizar a madeira de florestas “recriadas” a motivação farta para lucrar com a celulose, interferindo em biomas e bacias hidrográficas. Em síntese, quando se pensa em uma sociedade fraterna, toda uma população não há de desejar a violência como consequência compulsória e remédio para curar uma ferida social que remonta há muito tempo, e que toda uma história revela que em qualquer regime que se estabeleceu neste país não a curou, pois só através da paz social e da consciência de que nosso corpo é mutável, e que a vida espiritual é mais poderosa do que o materialismo, é que as reformas estruturais tão importantes à Nação como um todo tem que vir de todo o corpo social, no modo da justeza de caráter e menos ganância. Que o espírito de fraternidade pouse os seus braços de misericórdia e nos façam ver melhor aqueles que vêm para estabelecer mais nobreza nas suas intenções, e neguemos a intenção dos que pregam a violência como atitude administrativa, já que não há mais espaço para guerras no planeta, e sim de uma grande tomada de consciência de que – para que se possa viver bem e preservar nossas riquezas naturais – os homens precisam ter melhores condições de vida na Terra, garantindo aos outros seres igualmente seus Direitos Fundamentais...

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