Veste-se o tempo de uma aura
incansável, quando o que nos permitimos
É prosseguir no sem nome de tudo –
no muito quase – distante ou não
Do que se possa talvez dizer
daquele ser escondido no breu do asfalto.
Veem-se passadas, rútilas e
formigantes, na própria circunstância do teto
Em que um para conquista-lo sobe o
degrau da propriedade de um metro
Sentindo-se príncipe enquanto não
desalojam de vez suas esperanças.
Dorme um negro quase morto, em um
chão enrolado com coberta rota
Em que o travesseiro é quase um
calçado: festins de sapataria, ou tênis
Conforme a gravidade do que lhe
tenha dado a fome em preservar o bem.
A matéria vira cárcere da poesia, e
que não nos remonte qualquer ideia
Qual não seja a versatilidade do
olhar de um animal, o ruminar da pena
De um pássaro em sua gaiola, quando
lhe dá de manhã o canto sem fêmea.
Não, que a visita não fosse tão
íntima, mas de outra gaiola em generoso,
Os profetas de suas liberdades
aproximam os namorados em jaulas
Para admirar a música do pássaro
cativo que transforma a prisão em voz!
No assobio humano de seu
conterrâneo igualmente quase inumano
Passam seres sem memória, cativos
na imensidão de suas rodas tortas
Quanto de perscrutarem os carros
nas curvas da imensidão de uma quadra.
E veste-se a matéria de natureza
capital, crua e disforme, não encaixada,
A matéria que no entanto existe,
por vezes capitaneada por escalas de buscas,
Por vezes na memória do tato em que
o catador recorda que havia lata no lixo.
E, mesmo que o sacrifício do poeta
seja farto o fruto de seu labor que inflame
A paixão dos inocentes que vivem
não no limbo da antessala de vésperas,
Mas em um degrau corriqueiro onde
uma mulher linda lhe dá o de comer...
Posto na matéria o poeta não come
quando se sabe que o comer de verdade
É de obtenção altamente difícil,
como em uma luta sem tréguas, sob a ofensa,
Em modais típicos em que suportes
da liberdade fazem parte apenas da memória.
Dois meses não perfazem solução
próxima ou distante, a vida não se completa jamais
Quando um sabe que dita a sombra do
tempo mais necessário enquanto conserta a casa
No exemplo cabal de que ao menos
façamos da casa uma arrumação secreta de que seja lar.
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