segunda-feira, 17 de setembro de 2018

COMO SE HOUVERA


Há de ser o próprio tempo, que teima em nossos ossos firmes,
No que temos de endurecer as cascas de um ou outro sistema
Em que o parâmetro do mundo divaga mole como um asno
Dentro de alguns e únicos botões que são iguais no todo aparente.

No que tanto nos é tangida a força que não possuímos suficiente
Quando aparentamos uma fraqueza necessária, ao contraforte
De apenas mostrarmos que somos forte porquanto combativos
Naquilo que é espontâneo e sincero, na autenticidade do gesto...

Qualquer ser sente quando o seu planar fica restrito a um ovo
Em que a quadratura encerrada limita as dimensões do alcance,
Posto a ser pássaro que somos – uma linha qualquer – não dista
O segundo significado do depois do suficiente voar, que seja dito.

Não há armas que nos atravessem, não há o furor da violência
Quando nos transformamos em gatos na estiva crua do retalho
Das calçadas enlameadas pela naturalidade ou não das chuvas
Em que roedores pousem na plataforma de um sanear desconstruído.

Posta a realidade na mesa, para muitos passa a nada significar
Quando o de comer se falta na matéria de muitos e muitos anos
Em que todos os familiares sabem da ausência dos ganhos
Refletida na carestia de algumas e outras distintas gerações.

Mas na voz de uma esperança que abrace o quilate das sílabas
Resta ao canto sonoro de uma flor encantar a vida de muitos
Que porventura não imaginam sequer o ramo de uma árvore
Na escalada de um menino por dentro de suas infâncias solenes.

Pudéramos tecer da juta o balaio fértil de nossas intenções
Com o parecer dos deuses que já há muito do olimpo não se dão
Quando a riqueza de uma nação verte o fluxo de sua seiva
Em uma mão mal escanhoada no viés em que se encontra fel.

Da loucura em julgado o trânsito, da escola com fartas gotas
Daquelas chuvas que não motivariam algum desastre climático
Basta que se anteponha a condução de algum ônibus pleno
Para que se entenda a categoria da responsabilidade do timoneiro!

E arcos se pretendem na pretensão de suas hastes metálicas
A alicerçar estruturas quase neo românicas, nas grandes ocas
Onde a missa sagrada se dá ao som de Bach e um Evangelho
Segundo Mateus, que possa soar um pouco da Nona de Beethoven.

O próprio esclarecimento de que não se cita o Salvador jamais
Em textos que se pretendem salvacionistas, dos códigos de consciência
Não enquadram messias algum nas suas antessalas de alguma fachada
Quando reverbera o real sofrimento pelo qual passa uma humanidade ferida.

Assim que seria algo como se existíssemos de acordo com um Missal
Que Cruz e Souza legou à herança cultural da raça essencial e humana,
Trabalho trajado por uma arte gigante, redimido por quinhões da aurora
Que jorra ardente por caminhos onde um pé escalavrado reporta a África.

Não que não se dissesse muito, mas o mesmo quinhão do não se estar
Manda que rezemos pela pátria tão numerosa que se chama Brasil
De tantos e tantos líderes inadvertidamente concomitantes ao passado
Que repetir algum erro de um lado turvo pode ser aquele outro do melhor.

E não há negaceio na esfera de uma letra, na arte que tangencia a necessidade
Atávica de se dizer algo com todos os requisitos da grande maioria,
Quando essa pretende que se torne justa a sequência verbal inumana
Afim de que se possa pretender igualmente o pontual instante de um Direito!

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