terça-feira, 31 de julho de 2018

QUALQUER METÁFORA É VERDADEIRA…


         O que seria de um ímã se não fosse a sua qualidade da pedra que atrai os metais. E a questão da atração isenta outros metais da atração. Como se isso fosse metaforicamente algo, mas se passa que é apenas o início de um pensamento. Haja, que o ensaio vem com sua própria defesa, no que a inquisidora linguística interpreta a lógica, o que há por trás ou por além desta, na pretensão mesma de criar um fato ou uma análise extremamente contundente sobre um simples mortal que pense, como eu e você, que lê sem os entraves de pretensas erudições de metas concludentes, de exportação dos retalhos, de dissecação do que creem ser pensamentos díspares aos seus interesses e egoísmos, mesmo que pensem que algo os enaltece semanticamente ou no conhecimento que porventura apenas tangencia uma filosofia mais pétrea!
         Comecemos pelo mar: um manto, uma alfombra que esconde em suas milhas e milhas a profundidade que engole mesmo a soberba da raça que possuímos, esta humana e restrita apenas à sua imperfeita percepção dos sentidos. Pois sim, que falássemos que as ondas sejam os sentimentos, mas não há metáfora certa que nos assombre tanto como realmente conhecermos algo que mesmo na ausência da totalidade, dá mostras que nem a fração por nós é compreendida, em seus sentidos completos, estes que partem do uno para o todo. Se a onda é estudada, o sonar pode naufragar, a eletrônica pode faltar, os sistemas podem falhar, pois as máquinas cansam de seu trabalho, mesmo que a energia seja renovável, o que na verdade é um bom começo a se pensar… Quem dera, por suposição uma metáfora do descanso seria melhor do que tudo, e escrevermos como se fluísse o tempo seria a vantagem de não sermos mais tão preocupados com quase tudo o que nos envolve, seja na dissimulação, na hipocrisia, nas eternas contendas, naquilo de paz necessária que deveria florescer em um líder de governo. Assim é o tempo, assim será a vida quanto de nos apercebermos que explicar as injustiças baseados em egoísmos de finanças ou autoritarismos geopolíticos é no mínimo uma lição de que não estudamos o suficiente, pois entre as pedras e o mar existe a comunhão e amálgama das areias, mesmo para que o oceano possua o seu leito. Envergar uma haste de madeira para construirmos um berimbau é a suficiência do aço e da madeira para que com a cabaça façamos uma recapitulação de Angola. Do mesmo modo, se preservarmos o bambuzal veremos as possibilidades arquitetônicas algo distantes da verdade nua do concreto.
           Quiçá a metáfora do objeto como peça rebuscada de um jogo, um display, um gadget. Seria distinto pensarmos em um oval como forma, a maçã da Apple eletrônica, a maçã fruto, um peão, uma rainha, um bispo, ou um cavalo. Este – o cavalo – por exemplo, remontaria das histórias A História mesma de um animal companheiro, de um bicho ainda muito presente, que tanto fez para mudar o mundo… O Jeep como brinquedo, que tantos são os homens já de meia idade que se divertem como crianças a pilotar seus carros, ignorando o fato de que o óleo acabará por ter fim, nessa brincadeira de levarmos os carros a lugares sem função, mesmo que a consciência de um ser saiba que não será para si, o que na verdade é, e para todos, dependendo de que sementes exemplares estamos lançando sobre o solo, e se este ainda está fértil, porventura, por qualidade do grão e por faculdade no manejo.
          São vistas, por muitos, algumas imagens que dizem respeito a uma dita realidade, transposta, a bem dizer, na indústria que costura entretenimento com informação, pontuadas por ações, por atos reflexos que bem fariam inveja a qualquer treinamento visual nas décadas retrasadas, e que, no entanto, mostram evidências da superexposição das gentes a conteúdos impróprios, não apenas nas TVs abertas ou fechadas como na indústria dos games. Sucedem-se prêmios por audiência e conformidade de público, sem contestarem o modo como isso age em uma mente mais fragilizada, quando por estranho paradoxo por vezes essa vítima está vendo a realidade com um aprofundamento mais intenso e crítico e, quando se apercebe de certas gravidades e brutalidades da indústria cultural, aliada à inexistência de escapes de ordem similar, acaba por sucumbir em males psíquicos em que por vezes a recuperação do sono saudável e de uma vida ativa e dentro dos padrões de capacitação crítica pode vir a demorar e ser bastante árdua. Na contraparte dessa estranha metástase comportamental, muitos jovens se veem na tarefa de empreender ações e atitudes que enfrentam o conflito de maneira não apenas defensiva, mas indo ao ataque, por vezes banindo o próprio bom senso e minimizando o desejo por uma via pacífica, e endeusando o falso mito do herói por pensar estar em um tipo de guerra, esta imposta sem limites e sem freios pela competição desenfreada do capitalismo como o temos no modal deste novo século: desagregador, segregacionista, cruel e inumano. Essa metáfora de estarmos em um modo liberto, em que há movimentos por um país livre se mostra falsa, não sendo portanto um encaixe semântico que valha, mas uma falha de axioma, pois o que se pensa tanto por alguns anos evidencia falta de encaixe vernacular, mesmo dentro da esfera acadêmica mais óbvia, ou jurisprudências máximas do sistema dessa ordem que encontrará em curto prazo o fracasso de sua intencionalidade… 

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