quinta-feira, 26 de julho de 2018

POESIA DO DESENCONTRO


No gesto da pena, no que silencia e retorna, ao pé que pisa firme
De modo vivo e lento, no mesmo silenciar de um graveto ileso
Soubéssemos mais e seríamos mais ricos mesmo do espírito...

Essa volta que nos dá as vezes do indignar-se,
Esse mesmo pressuposto indigno,
O quebrar das ondas de lixo em algum lugar,
A vida esmaecida por uma série de ficção crua
Sem scripts em nossa jornada, quem dera,
Seríamos de outras vidas até que nos jorrem
As certezas que deixamos ocultas em regaços!

Se a solidão ponteia, ah, quem dera, a mão
De que fosse mais fraterna do que uma tíbia
Porém ruidosa noite em pequenos infernos
Onde a própria rubra luz apascenta as gentes
Com o recrudescimento das possibilidades
Ao mínimo que no íntimo queiram todos
Ao menos um abraço fraterno ou gota terna!

Sempre aos sábados veem-se multidões do fracasso
Em vertentes de competições, que seríamos maiores
Se não fôssemos tão felizes com tão pouco que nos dá
A própria ausência do traquejo do teatro, um click, um selfie...

No que temos de concludente será talvez o regurgitar
Das feras do interesse, a clemente alma da bondade,
O enlevo de uma paixão remanescente e crepitante
Ou a ignorância vestida em grandes véus coletivos.

Naquilo que predispõe uma farsa algures justa
Traduza-se a expressão da forma correta e sã
Que ademais seria muito o querermos notar-nos
Na amplitude cega amiúde vil que nos ensombra.

Não que a opiniosa vida da poesia seja não contemplativa
Em versões inversas do quadrado de qualquer distância
Quanto ao querermos que a superfície do mesmo quadrado
Nos perfaça o espaço que ao menos vivemos em nosso lote.

Sabermo-nos discretos como um agulha justa no braço inquieto
Nos faça lembrar que a mesma substância em que nos subscrevemos
Tece justo um terreno de alfombras com superfícies de cristais
Nas vistas de um processo, no toque de um ascensorista, ou no pão dado!

Pois a saber que seremos iguais um dia, por se dizer que em um emprego
Reside a dita cidadania enferma, qual o quilate do ganho insípido a um mortal
Ou no mesmo lote concedido do sangramento de uma rua em atropelar um bom senso.

Justo, é justo, justo será que demande tanto a se dizer da palavra escrita
No farnel em que supomos outras jornadas onde outros alimentos e seivas
Presentes estariam em um encontro casual, quando o que sabemos apenas
É o turvo quinhão que encomendam no curtir ao desgaste, tanto e curto.

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