quarta-feira, 18 de julho de 2018

ORA, A VIDA

            Porquanto se pense, nunca estaremos mais distantes de qualquer verdade se por um acaso não disséssemos amém à própria e maravilhosa vida... Não importa de quem sejamos, se estamos em uma vereda, um barco, em uma casa, no chão que seja, e que essas mensagens surjam para aqueles que estão na terra, sobre ela, os insetos, os pássaros que voam sobre o mar, os cães que adoramos pela ternura e encontro de todos os donos, e que não sejamos donos de nada, pois nossos pressupostos hão de ser mais solidários. À parte nosso egoísmo, pois não seremos mais de Deus se não repartimos ao menos uma gota a quem chame, de um remédio atávico que se chama a comunhão. Essa menção que nos faz relembrar um tempo bom, e que nunca precisáramos estar ciente de alguma informação para ser alguém respeitado, pois esse não é o motivo aberto de servirmos à humanidade, e nunca foi. Pudera termos uma educação fraterna, uma coleção de razões propícias à bondade que irmanasse os povos do planeta, no mínimo essa seja uma verdade incontestável, sem o rancor ou o ódio que desune os povos, as diferenças de classe que impedem suas mesclas, suas experiências e vivências cotidianas, pois apenas através do diálogo é que se impede a velha questão de ordem que motiva contendas, define linhas de atuação rigorosamente nefandas, a começar pela ausência de empatia ao próximo. A rigor, uma vida mais amorosa é sempre um irradiar de sabedoria, e pensarmos na injustiça como uma pedra que não conseguimos erguer parte do princípio que tragamos seixos para compreender os detalhes que fazem da vida algo tão complexo quanto a dificuldade de a encontrarmos mais serena e simples. Esse diálogo que traz o contentamento em um ser mesmo enfrentando dificuldades, ao menos faz uma luz aparecer na igualdade entre os seres, humanos, ou não: a bem dizer, flora, fauna e reino mineral, este que também possui o espírito de Krishna. Esse espírito presente no átomo e no coração de cada ser, como centelha infinitesimal e, no entanto, testemunha de nossos atos. Os mesmos atos e atitudes que causam o equilíbrio entre quem habita o planeta, mesmo que este enfrente uma crise onde as pessoas passam a encontrar sua identidade dentro de padrões que cerceiam um pouco da realidade, vivendo uma apoplexia cibernética, como se fora o único dos padrões estabelecidos à humanidade.
            Sabemos da importância da informática, mas essa incontestável revolução tecnológica ao mesmo tempo nos faz amigos de retornarmos a certas origens, como o amor pelos livros, o conhecimento do artesanato e a aproximação com antigas ferramentas e suportes da arte, como a argila, o pincel, o nanquim e as tintas, quando pensarmos igualmente no tecido de uma tela ou no papel para o desenho. Mesmo que o terreno da arte esteja comprometido com o perfil digital e a contemporaneidade desses processos, o fazer artístico dentro da possibilidade expressiva como necessidade e identidade e produção espiritual, plasmada pela matéria e suas correlações, fazem da poesia um terreno fértil, e do desenho ainda uma ferramenta poderosa.
            A realidade dos fatos mostra que não necessariamente temos que estar vivendo dentro do box digital, do gadget reencontrado com o homo faber, mas na importante ação que nos remeta à uma ternura onde a frieza dos pixels não seja a única imagem que podemos receber de nós mesmos, mesmo que relendo várias alternativas ainda tenhamos que viver o paradoxo do encontro de gerações que já não se entendem tão bem ou não compreendem muito o desenvolvimento dos jovens em nossos tempos, modernos e úteis... Por um exemplo cabal, se uma rede envolve de certa forma muitas conexões como seja esperado em uma grande sinapse quase orgânica, talvez um ideograma oriental nos remeta a realidades encaixadas por séculos de história, agora mais visíveis para um mundo onde a separação entre leste e oeste começa a romper com a tradição clássica da latinização ou do anglicismo decorrentes de todos os impérios que começam a romper laços e tradições por si e por milênios tornados anacrônicos. Por essa razão, que os poderes do mundo meçam por seus braços e pesem suas arrobas arrogantes, a fim de que se estabeleça ao menos uma humildade, pois são muitos os da ciência e da tecnologia, assim como são mais ainda os da ciência da Paz Universal entre os povos do mundo.

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