domingo, 8 de julho de 2018

DESENVOLVIMENTO E IGUALDADE

          Um fato possa ser concreto, isso é recorrente quando assumimos o tom de querermos a verdade, não apenas um contexto, ou um conceito de estereótipo, quando investigarmos cientificamente algo como objeto crível de análise. Por querermos o melhor, não significa que estejamos passando para um nível de pensamento filosófico, pois matematicamente se for melhor para a maioria, será o suficiente para um ser, que em uma amostragem da parte do todo aponta com mais facilidade a positividade, a relação do fato enquanto verdade não circunstanciada, posto concreta. A igualdade passa por esse caminho, e quem diria se fossemos os homens e mulheres algo de se pensar em desenvolver: a cada um, um tanto, de cada um o possível… Não é sonho pensar assim, como se torna pesadelo ao habitante de sua nação, que em tese há que participar das riquezas nacionais, ver que estas são colocadas à mercê de interesses externos. Não há que se lotear as mesmas riquezas, pois o exemplo de países mais ricos no mundo mostra que estes assim não procedem com as suas. Protegem, tecem sansões contra seus pretendidos inimigos pelos mesmos, criam guerras comerciais e avidamente almejam não perder sob nenhuma hipótese. Não é isso uma plataforma de qualquer rótulo, mas uma questão meramente de método matemático, de mensuração lógica da possibilidade real do que seja o desenvolvimento em uma nação, quando isenta de interesses internos em relação ao jugo que os imperialistas, ou aqueles que detém o poder, bélico ou não, pretendem usurpar de alguns países – quando de acordos comerciais – mais pobres seu modal de progresso, eficiência em suas indústrias e recuperação social em virtude da cronicidade em que o terceiro mundo passa a assumir na posição fora da vanguarda dos emergentes.
          A desigualdade entre as riquezas das nações gera a desigualdade interna dentro destas, acabando por refletir nos mais ricos, mesmo dentro de países mais fechados, ou blocos comerciais, desavenças internas e não compreensão de aspectos humanitários claudicantes que afetam o andamento da engrenagem produtiva. A sociedade deste novo século, quando assume perfis muito conservadores, tende a prosseguir com modais obsessivos na retenção de si mesmos contra coisas que já foram conquistadas desde alguns séculos, como a igualdade entre os povos, suas etnias, a garantia de manifestações culturais e a livre expressão em diversas escalas, onde a arte popular possa florescer como a erudita. Obviamente, para um país mais rico é uma condição vital de que a sua indústria de entretenimento seja tão invasiva quanto pouco expressiva é a condição cultural de outro país: este mais pobre, que funcione como um ramal daquele.
         Quando temos uma cultura prejudicada como no Brasil, onde o nulo cultural é forte e destrutivo, há que se romper o ciclo que fatalmente em países ricos encontrará a sua própria contradição, onde sua indústria cultural acaba também por fazer fenecer quaisquer movimentos internos que contestem o sistema crua e despoticamente estabelecido dentro do eterno paradigma do que pode ser transformado em lucro e aquilo que transcende o ganho por necessidade intrínseca de expressão, o que gera como exemplo os vandalizadores das pichações, os jornais parciais, a mídia televisiva tendenciosa, a música não popularizada, mas pop, e a estranha concepção de que se alcança o reino dos céus aquele que está abençoado pelos ganhos materiais. O fator do desenvolvimento dessa forma vem embalado como uma rotina perdedora, quando visto o lado humano da questão e o ideal da arbitrariedade da justiça acaba corroborando o mesmo sistema, pois aquela serve o status quo, e não a possibilidade oposta.
          Portanto, para que a cidadania não se perca em uma sociedade ou nação mais pobre, há que se reverter o desenvolvimento para fora tão somente, e que surja o acréscimo dos dividendos internos, das permissões justas, de uma cultura mais nacionalista, da erradicação do preconceito, e do compartir daquilo que venha de fora como retrato cabal e necessário do não lixo, ou seja, como se reaprendêssemos que o sanduíche não é nosso prato mais tradicional, que cor de pele não significa status social, que este não gere desigualdades, e que repartir a riqueza e defender nossas instituições democráticas é um caminho a que tenhamos politicamente os recursos incondicionais para levarmos a termo um desenvolvimento e igualdade para todos em sua coletividade, ou em nossa qualidade e talento individuais.

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