domingo, 30 de dezembro de 2018

SAUDAÇÃO A DEIVID


           Deivid não sabia que seu nome era Bíblico, pudera, seu pai o colocara como um nome qualquer, um misto de anglicismo e cunho religioso, conforme pesquisa feita por ele: Deivid. Na verdade, vira tantas coisas nestes mundinhos de Deus, tanta foi sua relação com a vida que acabou tendo um surto, já com trinta e poucos anos… Sucedeu que o sofrimento veio a galope! A crueza da doença mental se manifestou, foi tratado e controlado, passando a viver com suas limitações, naquelas que se esperava internamente, com a inevitável reação adversa da química, pois seu problema era grave, e a estabilização de seu quadro igualmente, pois ele ainda não obtinha referências muito válidas de alguma ajuda outra que não fosse a terapia com o médico, e a companhia de seu irmão, Anailton, que lhe dava uma companhia e uma paciência de Jó. Se davam bem, e Deivid tinha a consciência de não poder sobrecarregar Anailton, pois este trabalhava como vigilante e ainda fazia faxinas de dia para aumentar seus ganhos. Deivid recebia um salário mínimo do INSS, por incapacidade e fazia oficinas de arte e música em uma instituição da Igreja Católica. Não havia ainda se tornado um devoto, mas aos poucos foi se ambientando com os ritos. Ambos eram sozinhos, pois haviam perdido os pais um pouco precocemente, e tinham um ao outro e uma margem restrita de amigos. Anailton tinha uma paixão por brinquedos de barcos de madeira, com uma oficina pequena no puxado onde viviam, perto do mar.
           À medida que o tempo passava, ambos tinham suas pequenas manias, e as de Deivid eram o desenho e a música. Sabia desenhar garranchos, figuras bem simplificadas, mas dava a vida para elas com pequenas historietas, pequenos diálogos, em uma simples visão do mundo, que para ele significavam bastante. Na música tinha conhecimento de alguns acordes que tocava no violão, arriscando solos de ouvido, no revelar a si mesmo um talento que os outros não reconheciam pois, tais como os desenhos, já vinham nele um ser especial, um ser inferior, doente, enfermo mental. Um estigma, realmente inevitável, e teria que carregar perpetuamente essa mácula que gerava uma visão ao seu próximo, estereotipada, na verdade, mas apensa a confiar que a sociedade respeitasse essa condição. Como tantos outros que vivem nas cidades: os cegos, os surdos, os paraplégicos, os autistas e etc. Afora as questões culturais, os povos, as etnias, ou seja, o próprio estigma travestido em muitos outros, quando a condição social busca não compreender as diferenças, seja de que ordem forem. Na verdade, a condição de isolamento de Deivid fazia-o procurar seus iguais, e muitos portadores de doenças psíquicas passavam pelas oficinas da Igreja. Sentia-se bem saber de que os mistérios da mente, no presente século, já existiam por melhores atenções, e o grupo social era a vertente de estar-se mais consciente dos problemas e desafios de conduta que sentiam por si e pelos outros.
          A situação em uma casa onde reside alguém com males mentais porventura não era tão distinta de outras, porquanto no caso de Deivid e seu irmão, a serenidade pontuava mais do que algum tipo de rebeldia, tão clássica onde há adolescentes. A juventude de ambos já havia cedido lugar a uma espécie de maturidade onde não havia propriamente uma hierarquia, mas o consentimento tácito de que Anailton dava as rédeas da situação em decisões mais importantes, na organização do lar e na administração da vida de ambos, mas reiterando o espaço co participativo de Deivid na acepção de que um dia viesse a morar só. O funcionamento da casa, os compromissos, as possibilidades de adaptação a algum nível de stress eram quase um treinamento para o objetivo de fazer com que Deivid se tornasse independente, mesmo com seu problema e limitações. Deivid não podia beber, e Anailton o punha a prova quando trazia um amigo ou uma amiga, tomando cerveja ou vinho a fim de que Deivid se mantivesse auto disciplinado, auto controlado, ou seja, permitindo que na presença do álcool Deivid tivesse o controle sobre si mesmo. Eram ensinamentos de convivência, a bem dizer, que a simplificação disto encerra algum véu da literatura, mas que de bom alvitre se supõe que a enfermidade, assim como o ser diferente na sociedade seja compreendida, desde que não interfira em comportamentos que sejam nocivos ao status quo. Dessa certeza algo confusa tomava tento pouco a pouco, com os ensinamentos que a vida da religião lhe dava o amparo existencial. De ser cristão, de se estar lendo o Evangelho, onde a sabedoria de Lucas, Marcos e Mateus lhe desse amparo. Esse Espírito Santo que via na história das artes, na escultura de Miguel Ângelo, nas pinturas de Da Vinci e Rafael, ou no surgimento histórico de Fra Angélico, com a transição da arte ao Renascimento.
           Que Deivid buscasse, isso era certo, era um buscador, um eterno curioso, um grande leitor. Admirava os alemães por seus gigantescos filósofos e por sua gigantesca música, igualmente a França, ou seja, amava os padrões da arte clássica, erudita, e ao mesmo tempo transubstanciava em si mesmo a linguagem mais acessível. Por ventura era esse o mundo de Deivid e de seu irmão Anailton, e por ventura seriam muitos os destinos de milhões de pessoas em seu país e no mundo. Apenas tinham em mente uma coisa: o bem querer sempre seria progressivo, e a maldade, estanque porquanto anti social.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

DE PAPÉIS E JORNAIS


          Na primeira página de um jornal, uma manchete diz algum fato, relata, ocorre impresso, fala na medida da origem das notícias, verte a ideia principal da dita mídia… Que fosse de se acreditar por completo, quando de uma excelente reportagem, mas que de outras vezes, de modo atento, há que se filtrar muito do que se lê ou se vê. Por então se vê a notícia, impressa, algo que talvez já seja anacrônico, mas que um livro de papel tenha sempre seu lugar, os escritos, a tipografia impressa. Parece ao leitor mais assaz, mais antigo, que o carinho em se folhear um jornal, um livro, uma revista, impressos em papel, com as mãos, há quase um retorno ao século passado… E olhemos, não distamos muito, apenas duas décadas, quase! Se sempre quisermos um retorno aos modais mais antigos, relembraremos e revisitaremos padrões onde a manufatura, o homem fabril, as indústrias e gráficas ainda funcionam como faz-se tempo, quase como uma eterna transição, onde um país como o nosso se presta a que venhamos com a técnica ulterior para o passado, ao menos que nos convença das latitudes do que já foi realizado com competência ao longo de muitos anos. Ao efetuarmos uma releitura de nossa história produtiva seremos agentes transformadores da consciência do teor mesmo do trabalho.
          Esse fato de estarmos em uma oficina gráfica e sabermos dos processos antigos de sua confecção – as artes gráficas – nos traz a ciência para dentro de nossa compreensão, a saber, mais antigamente: a diferença entre a escultura em argila e em mármore, para a finalidade de darmos o entendimento a nós mesmos do que vinha a ser a arte, e como esta se transforma e vira indústria, ainda nos processos da arte finalização, das xerografias, das origens da gravura, em uma mescla onde o computador pode entrar potencialmente como referência de pesquisas. Pois em um exemplo focal, a xilogravura, este é um meio que possui a expressão que tem suas limitações, mas o talento do artista modula a mesma expressão, dentro de uma técnica quase linear, em resultados que revelam invariavelmente o manejo das ferramentas pela mão do artista, remontando as bases de sustentação de uma grande arte: uma importante técnica de impressão de gravuras, que depende de coisas concretas, como a madeira, o cinzel e a tinta.
          O engrandecimento de uma autoria vem com a aproximação do leitor com a obra, mesmo sabendo-se que a arte tem seus saltos e seus regressos. O mero interesse inculcado na cultura de um país pelas artes revelará a grandeza da expressão e erudição de um povo. A indústria cultural revela a facilitação do pop art para as massas, no viés de que sua aceitação é mais fácil de ser digerida. Os acústicos na música, os pincéis na arte, e os cinzéis e prensas na gravura, e a literatura clássica revelam o resgate da identidade nacional, e a linguagem internacional como universalização da cultura, posto cada povo tenha sempre esse resguardo da expressão do gesto, ou do aprofundamento filosófico em sua literatura para que se resguarde um patrimônio do fazer artístico em suas mais profícuas variações, em que o mundo digital seja um meio tão importante como os antigos, e não mais do que isso.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

AS LUZES E AS SOMBRAS


Tateia-se no escuro o gesto formal do que foi ou era anunciado
Como pressuposto cabal, o tato, o sentido de uma sombra que não se vê
Ao que aparece como mágica na luz de uma eletricidade solar…

Uma minguada gente se reúne ao redor do fogo que crepita no chão
Quanto de sua condição de rua, na rua onde tudo o mais não se vê igual.

Luz que te quero, o facho agigantado nas nuvens, um prédio e sua janela
Qual seja o de não merecimento que porventura se ganha a tanto!

A dizer-se que o século sucede em ser maior ao seu início no emblema
Quando se participa de uma questão de vida agigantada na nuvem
No se propor uma madrugada ainda de um verão que passa a ser muito
Ao vermos uma tentativa de outras luzes teimando em ser das noites.

Mas uma sombra que se visse na superfície de algum outro tempo
Seria mais ao dizer que poderia ser o tempo de alguma atualidade
Onde o vingar-se viria com uma carruagem de fogo e seus finais…

Ah, sim, que porventura tenham as suas certezas certos homens
Que atualizam suas cartilhas nefandas em seu cru e tácito ódio
Quando veem que do poder são apeados, e não consentem com exatidão!

Triste sina a derrocada funesta dos frutos da hipocrisia, tão avulsos,
Na mesma origem de espécies em espécie, em que a evolução humana
Capacitou o ser humano em destruir o seu entorno e entronizar a guerra…

Se ser de algo consentido, ser de mudanças que viriam com o tempo,
Estanca-se a ordem do não consentimento quando se vira o balde
Dentro de uma lógica onde o forte na ignorância domina o fraco sábio!

Sair-se sem a culpa que já se impõe de imputar injustamente, injeta
Nas veias de um poeta a recrudescência de um escutar ao alarme jacta est.

Nas saídas de alguma fronteira onde se encontra cabalmente o não encontrado,
Que nos encontremos para uma luz que das sombras emerja refulgente
No padrão de uma beleza de se poder ver na essência, e que ajude a Musa!

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

MANIFESTO DA INCLUSÃO


          A assertiva de que a inclusão seja positiva é mais verdadeira do que permitir-se qualquer preconceito ou pré julgamento. É um princípio que norteia o viver em sociedade e o respeito não se trata de ferramenta ou figurino, mas solidariedade, perdão e sinceridade, talhas de um caráter que na verdade pode se afirmar dentro do universo civilizatório, ou padrão de progresso da mesma ordem. Esse talhar-se na boa medida vem do mesmo outro processo onde o caráter do indivíduo possa igualmente respeitar os limites ou o universo de cada qual, onde o possível diálogo entre poucos ou o debate nas questões importantes definem a exponenciação existencial humana, dentro de um entorno que igualmente demanda respeito às ordens da Natureza. Esse viver com e para a Natureza pode servir de ensinamento rudimentar mesmo ao doutor, que não tenha este convivido com a realidade exterior, em um contato saudável fora ou dentro das letras, com o animismo da arte, ou algum empecilho a se vencer de ordem mental ou intelectual. Afirmar-se centro de algo possui a relatividade tempo-espacial que denota a relativização em que Einstein não afirmara na questão existencial, mas que a física neurológica talvez explique hoje com maior desenvoltura. Se a civilização contemporânea já possui possibilidades vitalmente importantes na robótica, parta-se de um princípio onde saibamos que o sentimento mais rudimentar pode vir de um treinar-se básico, pois a ciência behaviorística revela o ramo da psicologia nos seus aspectos mais externos naquilo que se nomeia autocontrole. Vencer a atribuição de uma questão de segurança parte de um mínimo a ser correspondido pelo ser cidadão, o de ser dentro da cidadania no respeito à ordem e na crítica onde esta possa melhorar, quando do aspecto mais humanístico, das conquistas do afeto, do mesmo respeito supracitado, e das vantagens de se obter meios mais transparentes rumo à paz e à ausência da retaliação por questões de idiossincrasias ou preferências particulares, no respeito individual.
          As questões de ordem ideológica, se levadas a termo, não revelam muita inteligência, e passam à ingerência de uma exclusão por princípios de filtros que não se encaixam naquilo que se argui como ação, ou ação sem consciência, quando consideramos a consciência justamente a intenção de incluir algo ou alguém como realidade e fato expressivo, existencial e de conhecimento cabal quando se sabe que a crença em uma religião no mais das vezes é uma grande escolha para a realidade tão dura por que passam muitos em redor do planeta. Não se trata da medição de forças para algo ou alguém ou um grupo, mas a crença e a fé em si, de per si e para si, que outros possam corroborar a fé, ou que alguém que resida em lugar onde a sua crença seja minorada, a valorização de sua fé e a liberdade de seu culto, seja qual for, dentro da miríade de religiões e culturas do mundo. Esse ser cultural passa pela natural diversidade que se reflete no exterior a ele, reflexo dos climas da Terra, seus milhões de espécies, e a preservação em que o pensamento da inclusão e do respeito ao próximo – humano – e extensivo aos outros seres e mananciais torna possível uma vida em sociedade mais pacífica, compreensiva e mais civilizada, portanto. As questões de ordem econômica que queiram dividir ou gerar estamentos mais excludentes põem a perder toda a semântica poética da vida e seus afetos, da clausura e suas maldades, da ignorância como modo de vida e da segregação de populações inteiras. O que temos a crer – nisso englobando os ensinamentos de Cristo – vem do perdão, da mensagem de paz, do poder evangelizador dos justos, e da germinação da bondade como meio de se viver mesmo dentro de hostilizações recorrentes, pois muitos ainda continuam a ofender, sem a compreensão crística da mesma bondade citada. A esse amor inclusivo, crístico, não ofensivo – pois o amor é o maior sentimento –, é que devem se pautar aqueles que iniciam o sacramento e a eucaristia para que ambos possam ser compreendidos em sua essência, e que se conceba o Velho Testamento como uma preparação da vinda do Messias na Terra, e que este vive em nós e que a Ele, tão somente a Ele, concedamos a graça e a inclusão de todos os excluídos em mais uma consagração de Natal. E que oremos por essa consagração, pois a luz dos Evangelhos ilumina o caminho dos homens e das mulheres, e o respeito integral a este mundo!

O ANÚNCIO DE UM FATO


Cessem os fatos quando o anúncio sobre eles prevaleça, como um outro
Que parte do princípio de não filtrar-se, a que o fato possa ao menos ocorrer
Quando não se têm evidenciado o fato dentro de uma caixa de motivação.

Pois que cessem fatos derradeiros enquanto a pronúncia de seus anunciares
Dá pontuações onde a técnica de um ofício na divulgação estimuladora
Percorre um caminho de dúvidas, ou quem sabe a mitigação da verdade!

Eis o fato que chega sem dobrar sequer uma latitude, ou um lócus de fato,
Ao que se desconhece muito em saber que um ocorrer o fato mesmo
Dobra-se o Cabo das Tormentas de um tempo relativo ao elucidar o mesmo.

Posto a certeza em suas relatividades, supõe que talvez saibamos de algo
Quando de nossa percepção imediata, universalizada em características
Que da evidência fazem parte, mas que esta é circunscrita no aqui relativo.

O anúncio de um fato pode ser interno, dentro da subjetividade do espírito
Quanto de percorrermos diversos caminhos para encontrar um critério
Que consolide algo de concretude, um conhecimento que nos leve adiante!

Sabermos das conceituações incertas de um logo presente, de estarmos levando
Uma linha que nos ressalve semânticas de um pensamento compartilhado
Não retrai a justeza de termos ao menos a certeza em um sistema normativo…

No caso de não se ter nenhuma amostra probatória de um fato em substância
Possuímos a verve de tentar que ao menos não se subtraia alguma onda
Que na segunda versão de uma suposta veia nos leve às fontes dos rios.

Posto que brote a água que mitigue sedes atávicas de uma vertente clara
No que não se diste a que supomos que na vida que encontra a sua razão
Dá jus a tudo o que se prediz da valorização daquela como o maior patrimônio!

sábado, 22 de dezembro de 2018

A CIÊNCIA E SEUS IMPACTOS ATUAIS


          Parece que a ciência e a tecnologia como andam neste novo milênio se sobrepõem ou indicam caminhos que a maioria deve seguir. Por hora talvez se saiba que o novo milênio vem com uma roupagem de futuros já antes anunciados pela ficção científica de décadas passadas, com inserções algo curiosas, e que já correntemente passam a fazer parte do cenário atual. A grande virada talvez se dê no campo das descobertas biológicas, aliadas ao preciso sistema dos computadores, ou melhor dizendo, da tecnologia digital. Meio que o tempo não dá o respiro suficiente para que uma educação de vanguarda reveja, ou releia melhor e mais seriamente a história do mundo e seus países, e suas modalidades produtivas, ou como economicamente do século XIX para cá o mundo tem transformado em seus paradigmas ocidentais o andamento de uma carruagem altamente veloz, com benefícios e reveses, mas paulatinamente, em que as questões de ordem espiritual por vezes não acompanham mais profundamente a subjetividade do sujeito e suas condições de abraçar o mundo mais em harmonia com a suposta ciência e seus variados aspectos. Essa virada onde quem nasce hoje sabe que está em contato com um presente onde ainda o progenitor/a podem ser ou saber do antes desse sistema funcionar assim, pertence a um processo de mudanças onde alguns lugares ainda mantém os tradicionais aspectos produtivos, como a construção civil e o trabalho no campo, por exemplo. De outras faces as questões bélicas surpreendem nas corridas aos arsenais os mais variados, no exemplo claro de um submarino nuclear que pode ficar sob o gelo com grande autonomia, ou na balística cada vez mais precisa com seus recursos, ou as respostas de aviões teleguiados com poder de fogo cada vez maior e mais exato.
          Mas de fato as transformações mais pungentes dizem respeito ao olhar – literalmente – dos seres, e sua transposição ao anímico, ao vislumbre do mesmo olhar, enquanto essência particular do grande ser coletivo, no espelhamento por vezes sutil e, no entanto, forte porquanto luz, ao olharmos de frente a alguém, furtivamente, ou no frenesi inquieto dessa corrida existencial e um tanto dura por que passa a classe trabalhadora em seus dias e em suas esperanças. Essa gente construtora, os assessores do patronato, os empreendedores, os operários, as gentes da segurança, em que um amálgama perfaz a mesma realidade de uma nação grandiosa como a nossa e seu ecletismo ético e sociológico. Será óbvio dizer que um líder que seja honesto, sincero e bem intencionado merecerá o crédito de seu povo, e não o objetivo recalcitrante de tentar um tipo de vingança que não está merecedora nem em um lugar cabulosamente bélico e nem saberá mais de atenções onde nada ocorre. Essas são plataformas de atuação onde toda uma situação de conflito não tem razão de ser em qualquer lugar do mundo. Mostrarmos a civilidade, a necessidade de uma educação em massa e de bom nível, a negação da guerra ou da truculência, e um trabalho íntegro porquanto merecedor de um processo civilizatório de acordo com seu próprio tempo alicerçado nas conquistas positivas e no combate ao regresso, situará em nosso mundo – independente de qual força de mercado for – o esforço congenial que não recalcitre em modais históricos que procuram forçar uma adaptação do interno ao externo. Temos a urgência de um Estado sólido e mais autônomo, voltado a seus próprios interesses. Há o exemplo claro dos EUA e sua recuperação econômica, com exceção do embate comercial, que bota em cheque a política econômica neoliberal, o que supõe um contraditório alarmante, mesmo no caso de uma nação tão forte economicamente. Que nossa nação não erre, pois a coerência de algum rumo – que seja – deve empreender e encaixar seu dogma, e não ao “outro”.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

A TRANSCENDÊNCIA


Mitigar a fome de um encontro com a religião não é vão que encerre o ato,
Pois na mesma religião pode um ser se encontrar com a Verdade e a luz,
No que se conceba como o Espírito Santo que encontra no mesmo ser o centro.

No muito das vezes uma desesperança traduz um caminho aflitivo dos tempos
Em que os homens e as mulheres não conseguem prosseguir sem o auxílio
Que vem na forma anímica do transcender a tudo aquilo que sabem matéria.

Nessa matéria a saber, a questão do descarte, da ausência da compreensão
Que deveria ser qualidade humana, ao menos que se considerasse os direitos
Da humanidade sem que a religião tivesse a ser um único caminho disciplinar.

Em uma realidade onde os desprovidos de algum básico conforto como um lar
Encontram muitas vezes o conforto na religião como uma tábua de salvação
E deveras a religião é algo do sagrado que participa com a esperança na fé…

Passa-se o tempo as vertentes do mesmo sagrado que é a fé imorredoura em algo
Remonta que o Deus do perdão deva ser aquele em que seguem os justos
Porquanto a vingança é obra humana, e não deve ser compartida por seres bons.

No Baghavad Gita se cita a tolerância e o cantar dos Santos Nomes, assim como
Um rosário pode ser uma conexão com o Sagrado, e que cada qual ore em foco
Porquanto medite na Natureza como a própria manifestação da Criação de Deus.

Prossegue-se a crença nos Evangelhos, a que se cite que há diversos ensinamentos
Igualmente na filosofia que abraça a aurora de muitos pensamentos e o ocaso
De teses já descartadas pela compreensão do mundo tecnológico em que vivemos…

Se o poeta for considerado fraco por ter a religião como referência clara e unívoca
Com outras que se manifestam em uma nação plural, será mister fazermos a vez
De que muitas são as gentes que navegam por um sinal suposto, em crença cega.

Se biblicamente temos os sinais que demandam o fim dos tempos, ao menos
Que façamos algo para melhorar ou recuperar o planeta, pois a guerra mesma
Não possui sentido algum quando assume algum suposto perfil de religião.

Posto não ser a guerra um mal necessário, e apenas quanto da defesa do cidadão,
Seja ele rico ou pobre, o enfrentamento é necessário em uma sociedade violenta
Mas que se é na causa do problema que deve igualmente enfrentar um bom governo.

Algo que se ancore em uma blindagem importante na preservação de nossos patrimônios
Remete a que se cultive o hábito de ver as manifestações culturais da humanidade
Como um tesouro onde a identidade dos povos se faz presente, e não apenas o consumo.

Para essa missão importante das forças de nossas sociedades, há que unir as religiões,
As etnias, os contrastes, as manifestações culturais, a música, o teatro, a dança, as artes
Como uma riqueza que agregue em nosso país o olhar internacional sobre um Brasil.

O mesmo país de tantos e tantas, de sua pungente Natureza, a uma sólida economia,
O fortalecimento institucional da nossa democracia, o melhoramento social, a paz
E tantos outros itens que nos engrandeçam, transcendam e valorizem o tempo que se tem!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

CAMINHOS


         A vida pode ter objetivos claros, evidentes, mas a soma das subjetividades de vários podem ser a noção rara de compreendermos a complexidade de nossas mentes. O cérebro por si contém a fatia compreendida, uma pequena noção que já se possui com os balizamentos e a marcação de vários e igualmente complexos estudos, conforme o dito comportamento e a idiossincrasia particular do indivíduo, mas nunca englobando a totalidade desse órgão tão espetacular. Aqueles que usam de forma distinta alguma região não explorada talvez possam apresentar problemas de adaptação, ou despontarem com genialidade em algum talento. Os registros das regiões cerebrais mapeadas dão vazão a que se encontrem a visualização por um lado e a cognição por outro, não exatamente nessa ordem, pois um cientista realmente sábio sabe como discernir a partir do momento em que, tal como um planeta orgânico e inorgânico como o nosso, temos em nossos tecidos cerebrais o lado orgânico, e inorgânico, no que vem a dar na soberba forma de controlar-se males mentais com uma química que aos olhos da ciência médica apresenta progressos gigantes se falarmos de décadas atrás, onde a dopamina, quando controlada, submetia outras regiões cerebrais aos efeitos alopáticos adversos. Isso remonta aos passos em que a própria rede de informática passa a ser quase uma grande sinapse, obedecendo a critérios de estímulos e de feedbacks similares, se não for de soberba ignota essa assertiva que se apresenta. O aparente mundo das redes, seus vértices e comunicações entre pessoas do mundo inteiro passa a ser algo quase orgânico, apesar de basicamente serem feixes de elétrons, ou seja, energia em trânsito o que traduz esses caminhos que chegam na velocidade da luz, na forma basicamente de dados, informações e conhecimentos. Pode parecer uma aula de TI, mas os dados chegam mais rapidamente quanto à velocidade de compreensão e armazenamento organizado; as informações são combinações daqueles já mais complexas em suas estruturas, e o conhecimento demanda mais das respostas humanas quando já não pertencem ao domínio da automação. Quem compreende o conhecimento parte do pressuposto de ter um domínio maior das equações que resolvem ou organizam um dilema, e parte daí a suposição de que a subjetividade encerra o modal humano nas questões de ícones e ideias que partem da criação mais pura em sua essência, dinamizando o balizamento do se conhecer mais profundamente algo, alguém, ou mesmo uma entidade abstrata. Parte-se daí a ciência exata, a biológica e a ciência humana. Esse balizamento significa a um país a sua necessidade de equilíbrio, sendo que a matemática, o idioma falado e a história sejam um conhecimento salutar se bem equalizado na preparação de todos os estudantes, pois na física, na química e na história a matemática também estará sempre presente.
          A objetividade e a subjetividade, o materialismo e o animismo estão presentes na relação dialética das sociedades, posto no prumo haver a física, no esquadro a geometria, na arquitetura a história, na cal a química e no bem-estar psíquico do trabalhador, quando submetido a condições de pressão e exploração, está a medicina: em sua família igualmente… A própria cultura culmina nesse observar, do mínimo, pois partir da base de sustentação da construção literal de nossa civilização, o conforto de uma ponta isolada não deve ser muito díspar do conforto ideal e possível de um trabalhador em suas bases de apoio, na apreensão mínima imediata de sua família, da escola, do local de trabalho, do hospital e de suas seguranças jurídicas enquanto cidadão, com seus direitos constituídos em Carta, em Leis.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

NA VERTENTE DE UM RUÍDO



Notemos que na frequência de uma comunicação o ruído se faz presente
Quando não esperamos que se traje de cômodos anunciares de então
Talvez na mesma plataforma do que não saberíamos tanto como um código
Que passa sobrescrito no papel da impressão, ou navega em uma analogia...

Soubéramos tanto de tudo que não refazemos a tipoia que esquecemos
Naqueles que dela precisam quando apertam os seus botões inquietos
Na busca incessante de postular contatos quando a palavra inibe os atos.

O ruído não é bem aquilo que se escuta, pode ser uma pixalização mal feita
Na dimensão mesma em que uma descoberta ou investigação mais apurada
Revela a falta de campo visível no reconhecimento da profundidade almejada.

No tanto que temos a descobrir da eficácia da inteligência, permitirmos um tipo
De clausura da modalidade que se anuncia tão antiga quanto um vento morno
Perfaz que não saibamos das entradas e saídas, e por que não dizer: input, output.

O treinamento de uma ação reflexa de segurança vai talvez de encontro
Com um quê de treinares exaustivos, onde a energia de uma baixa ciência
Em seu eterno serviço em descobrir na contribuição do óbvio encerra em si
Uma longitude desconforme, a não ser quando cruzada com a referência do lato sensu.

Se a verdade jurídica remonta um quebra-cabeças onde a questão de relevo
Reside na pretensa moralidade de uma intenção com dúvidas abertas e reflexas
Não se arraste a cunha do trabalho de uma equipe em saber do tempo que importa!

A lógica deve ser una e ao mesmo tempo separada de si, para que em seu conflito
Resida um motor que dinamize buscas e reivindique a paz entre os atores da cena
Para que o conflito saudável brote da inteligência, e que se poupem desgastes crus.

O ruído surge ou pode pedir passagem para oxidar o andamento de uma engrenagem,
Pode cancelar um motor geracional, pode furar rodas de aço, tão é o seu poder
Que se reveste de um maço de notas, ou mesmo pode estar incluído em um jogo.

Não se jogue nunca a carta que não se possui, pois a manga não se presta a isso,
Muitas vezes é atalhada na importância de valores que se tornam inextinguíveis
Em que ratios brota de referência referendada por critérios maiores da experiência!

Na elocução própria do significado de um módulo humano pensante, que seja,
Pois que se dê ao vinho a marca de uma uva que não humedece o pensar do modo
Quando a sua ausência cristaliza mais pegadas no sentido estrito de uma trilha...

Nesse cunho operacional de termos a divisão de nossas tentativas remontando
A calendários que na verdade são acidentes de escala, saibamos que esse operativo
Calça um número nada convexo quanto a pretender ser um tal que remonte dias.

A cada dia estudado em disciplina férrea, saibamos que Esparta nos ensina um lutar
Em que os movimentos de um país nas suas igualmente férreas linhas, conduzem
Às vertentes de um caudal rumoroso no silêncio pretendido em que os ruídos cessem.

Nada mais é uma vertente outra em que um rádio – que seja – mais no extremo
De uma modernidade que pode parecer aparente, mas que é ipsum facto, revela
Que Roma de Felini já anunciava ser uma cidade aberta no próprio brotar da arte.

Essa relação do fato concluso, da concretude da ideia, não deva ser ignorada
Por se pretender a utilidade, aí sim, algo convexa, posto na semântica da poesia
Pode residir a felicidade de um escritor em dizer algo que seja consistente!

domingo, 16 de dezembro de 2018

PADRÕES CONSEQUENTES


        Ah quem dera uma música mais antiga do que o novo século, talvez no profícuo XX, que encerra sem encerrar, que não é tempo, pois uma mancha feito rótulo incestuoso insiste em que estamos no futuro. Um pouco do incesto em se deitar com parentes de atraso, atraso com atraso, ao menos na intenção. Não às correntes que transpirem o suor de um trabalho vão, nada do que creiamos que não seja profunda e honestamente em se crer, posto serem santas as freiras, em um mundo onde a permissividade não atenua o buscar permanente de um prazer quase insano e suas variantes da prosperidade algo vaga. Quando entramos em um templo católico, que façamos as nossas reverências, a que o padre seja uma autoridade espiritual, mesmo que a sanha de infiéis ditem o oposto. Que se respeite a crença, apenas isto, pois os trabalhos de ordem espiritual nas comunidades mais empobrecidas são comunhão e sacramento. Desse permitirmos que não seja dada um tipo de largada onde a ignorância teime em blasfemar teólogos formados na fé, pois a fé é una e o espírito é santo para todos, mesmo no grande equívoco dos tristes blasfemos. Um dia na vida de um fiel católico, depois de uma missa, é uma preparação para o bem, e sabendo do trabalho de Sua Santidade signifique que a liberdade de crença está em inserir a aceitação e a compreensão do próximo na catequização por vezes dura de missão grave e extremamente importante na vida do cristão e seus apostolados. Há gentes que pregam um grande conflito no planeta, a começar quando saia-se de um padrão de bondade – consequente – e passa-se ao território das paixões, onde a figura de Cristo é lembrada somente em seus sofrimentos e sacrifícios. Cristo está presente entre nós ressuscitado, e não será algo contra isso que desferirá, mesmo em nome Dele, que não possamos refletir melhor o que foi o Filho do Homem e seu aparecimento sobre a Terra. Saibamos que a terra sagrada está em cada jardim de bem-aventurados crentes em Deus, e que a verdadeira bênção não é ganhar na loteria da sorte e suas negociatas, mas em uma simples planta que germinamos no mesmo jardim. O diálogo entre as religiões surge como uma imensa confraternização, não podendo ser concebido como um conflito, já que invadir um crente em nome de uma crença outra não vem do mesmo sal que a terra nos concede e nada tem a ver com um Deus da bondade e respeito. Ademais ninguém gosta do respeito imposto, quando por si só já respeita um qualquer. Digamos que um religioso acredite ser mais importante e mais abençoada a conversa com um homem poderoso, enquanto que um simples varredor de rua por esse homem não é igualmente respeitado: surge uma questão hierárquica em função de uma religião, e logicamente, como dizia Cristo, todo são iguais perante a justiça de Deus. Extrairmos de algum livro sagrado o mote da contenda, do ódio e do rancor nada tem a ver com uma atitude cristã, ou de um humilde, sincero e verdadeiro crente.
        A questão de alguém que não professe religião alguma deve ser igualmente respeitada, pois não estamos como juízes de algo, e nem somos donos da verdade quando não permitimos o diálogo e, no seu desmembramento, de um debate em que consensualmente estivermos em uma missão de encontro e solidariedade humanos. Assim, o que interessa para uma paz mundial vem das plataformas da sinceridade e do amor gigante que possuímos em encontrar naqueles que fazem de todo um contingente de homens e mulheres e sua importância enquanto seres, o que ventila a mesma hipótese em que a confissão dos erros por si dão o aval para sermos tão humildes que passemos a viver melhor na proximidade com o próximo, este que professe o viver laico, ou mesmo que viva a sua própria existência com a crença pessoal e indefectível conforme escolha cidadã.

sábado, 15 de dezembro de 2018

RETIRADA DA LETRA


A letra pensa em se retirar, ao menos da posição de um a ao v, que fosse
Ao menos deslocar semânticas no parágrafo que reside em qualquer um.

No menos em se saber de juventude, que fosse um vivente a passar ao largo
A própria palavra que não diste de um rumor em ser breve conforme o passo…

Se a letra se retira, não se retém a letra, posto que aparece em um sentido
No algo do nexo em nem sempre pertencer ao grande mundo consensual!

Não se obtém consenso do paradoxo de fugirmos ao significado único
Em que provisoriamente um tempo curto não alonga muito nossa cultura.

Resta-nos do mito em se perpetuar ao nada quando o oferecido nada é do que
O próprio termo que, que se alongue na conjunção aditiva no predicado erguido.

Ah, grande plataforma dos saberes transcendendo o querer pois, na pauta-orgulho
De se ser maior que os ventos, dos Deuses que incorporam todos os Bantus.

Sem a interveniência neológica, sem o apadrinhamento tecnológico ou de poder,
Sem o sensato meio em que se mete uma colher meio franzina de tanto virar…

Que o feijão sagrado nos acompanhe, de tantos sabores, ou de um sal do mar
A que o arroz seja prato feito na estante de nossas realidades sem dissabores.

A provar-se da cuia de um mate do Sul, impressão que se dá é escutar um canto
De um maragato feito farroupilho, de uma história de bravuras onde o verde impera.

Nas imensas coxilhas do pai Uruguaio, de uma tanta que saiba que o mesmo feijão
É de se alimentar tropas vindas do nada ou de um tudo onde se respira minuanos…

Queira-se saber, que não se tenha de procrastinar a latitude de um bom pensamento
Posto que as letras apenas se retiram de uma página para residir qual meridiano em outra.

Não, ledo engano que um Leão não se escute em um tipo cruento de primavera, em que
O uso do vernáculo não reside na transposição do limbo, pois é apenas a lição do Tudo.

Se tudo somos todos, o Todo é Brasil, e seu povo é seu tudo, pois não pode haver de ser
Algo separado por um "e" a conjunção que signifique finalmente que Deus é brasileiro!

Pois que sejamos todos os mesmos de sempre, a saber, que qualquer diamante africano
Não vale nenhuma pérola ensartada de um sofrimento qual não fora o de Mandela!

Sim, que se mande notícias, vejamos as estrelas no céu diamantino de nossa pátria
Quando lembrarmos que a intrometida do Cruzeiro do Sul é igualmente estrela do navegar.

Se houver dúvida com relação a alguma letra que ainda não seja datiloscópica
Saibamos que todos imprimem suas mãos no rudimento que se chama construção e vida.

Não são meros atalhos de histórias ou cartilhas passadas que dão um rumo na vereda,
Pois de gente sábia reside a sapiência, e de malfeitores reside a própria violência.

Se lemos um tanto das letras que tomam outros rumos, o próprio rumor da letra anunciada
Refaz o tanto e tanto de sabermos que um smartphone nada mais é do que uma inteligência.

Como quando se fala bem um idioma, suas expressões idiomáticas podem possuir um vaso
Repleto de rosas raras em uma rima de letras ausente na poesia, mas que o poeta pede perdão.

Assim de rimas que se encaixam em nossas atitudes, o verbo consubstancia a existência mesma
De talvez uma quase prosa gigante, quando se imagina um diálogo mesmo no enfrentar a solidão.

Que as gentes soletrem letras que se foram, que se reviva a mesma letra em outras frases,
Que a expressão máxima da arte se faça na forma em que deixamos circunscrita às redes.

Deixemos para outro lado o que vem por adiante reclamando apenas um, posto icosaedro
É apenas um neurônio e suas conexões no emblemático saber da espécie humana e similares!

Pois que retornem outras letras formando nenhuma partícula do acaso, pois que ocasos raros
Planifiquem melhor nossos ventos e embarcações quando o Poeta disse da importância de navegar.

De um dia a outro está o anoitecer de um dia, e é chegado o dia em que chegaremos sempre
Nessa imensa embarcação que se chama bondade, onde o ser repleto das lutas urge…

Ruge a nau, verte-se de intempérie uma promessa talvez citadina de se melhorar a vida
Com os recados onde a transposição de uma prosa se torne poesia viva e fecunda!

Nada do que aparentamos é realmente o aspecto real de nossas formas, somos a lei que baliza
Em nossos corpos a diferenciação que existe de fato, na remissão que devemos ter contra o oposto.

Do pensar oposto seríamos talvez a ordem de um fator que equidista de tais geometrias
Que jamais uma ação contrária poderá desse modo subjugar os mesmos alísios de uma latitude.

A prosseguir na letra que não se esvai com o tempo em que declaramos em silêncio a ode
Não se converta em ódio jamais com relação ao Deus que está presente em cada ser.

E assim se prosseguem os dias nas tarefas de cada um, em jornadas equilibradas com um
Na suposição de sermos apenas os instrumentos que perfazem as missões neste Planeta.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

A PAUTA QUE NOS SIRVA SEMPRE



            Uma pasta serve a princípio para guardar documentos. Pode ser ente concreto no papel, existir dentro de uma máquina, ou mesmo ser de si para se ajudar o Estado. A pasta italiana: a massa que vêm do trigo, algo duro, quando bom... Se há uma pauta quem sabe fosse a do caderno, aí as coisas não se comportam mal. Conjuntura, pauta, debate, economia, muitos navegam por esse oceano sem causa quando quase, e sem merecimento quando nunca! O estranho é que alguns podem criticar abertamente o que vem a dar em uma instância distinta, posto que muitos não citem nomes. Um homem pode aprender um idioma qualquer, pode falar inglês, e por que não? Inglês é um idioma universal e os devotos reunidos podem assim conversar, independente dos credos que se fazem no dia a dia, do seu sincretismo, na língua hispânica, no bom italiano, ou em outras faces do universo que se forme sempre na memória do bom alvitre, do otimismo – quem sabe – que este país seja melhor! Essa seria a primeira pauta de quem viesse a escutar a sapiência dos sábios, a experiência dos incultos, mas cultos de vida, o know how de uma técnica nova, quem sabe... Se é de primeira, que nos seja a pauta do sempre, do quanto melhor, melhor, de não encontrarmos defeitos ou especularmos em nomes que muitos passam a não perdoar os tipos, os contextos, as metas que queremos para tirar o país do buraco. Esse assalto no erário tem que terminar, isso é ponto pacífico. O nome feminicídio tem que ser abolido, tem que parar de existir como fato e circunstância de nossa realidade, como o estupro, como os direitos que nós pessoas temos que ter, independentes da vontade de quem for, e que não atalhemos com fakes o próprio processo de difusão das vertentes de comunicação que empreendem por vezes um esforço hercúleo para manter as coisas como têm que ser, na empreitada de sabermos que quem erra e admite já merece um crédito, e isso é ponto pacífico. Quem errar, que admita, mesmo quando em luta de se fazer um país melhor. Que as vestes de certos passados não nos servem mais, disso sabemos de carteira, pois seja quem sejamos temos que olhar para diante, pois não somos um cavalo de viseiras onde só há um caminho, uma vertente. Nosso Brasil é tão independente que calça um sapato que lhe permite prosseguir ainda com vantagem, e essa prerrogativa tem que ser paritária com a justiça de nosso povo. Não há sanha jurídica e temos que preservar nossos aparatos dos Poderes Tripartites.
            Um respeito pelo próximo navega cedo em uma jangada em Maceió, em uma camponesa do Pará, em um índio do Rio Grande do Sul, em um afrodescendente de Salvador, no Hare Krishna que dita de algum lugar uma força, uma fé sem tamanho, de uma capela católica de uma vila pobre, de uma Assembleia de Deus em outro canto, de um cadinho de Bíblia, de um cadinho de Kardecismo, de uma Umbanda, de um Corão. O segredo de um Governo bacana é ver um judeu de braço dado com um maometano, um nova-iorquino dando de mostrar a sua música a outro que saca percussão. É ver que na verdade não estamos para erradicar cultura nenhuma, mas justamente talvez vejamos em um tempo próximo um Ministério ser erguido para debater sobre os mundos que existem no nosso país, e de modo algum pensar que estaremos em litígio ou qualquer tipo de contenda quando alguma oposição não se permita aceitar que a alternância de Poderes faz parte do andamento da Democracia, e que se é de Direitos Humanos que se faça, que todos lutem para melhorar esse quesito basilar das frentes bem intencionadas.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

NO OCASO DO ALGO SEREMOS UM?



          Que nos falemos um pouco, talvez, em arroubos de comunicação… Posto ser hora disso, quem sabe, a que nos propomos a agigantar esses caminhos. Que não sejamos um ponto isolado, um vértice sem suas arestas, no tete a tete, uma mão que compreenda seu gigantesco expressar. Nada do ocaso se nos espere, pois do ocaso uma verve se diz princesa com a fatalidade congenial de sua qualidade feminina. Que sejamos mais do que um algo a ver com quase nada, não, talvez nos encerremos em uma redoma naquilo bem antigo de se afirmar que o mundo é dos fortes. A bem dito, seria melhor elucidarmos o que vem a ser a fortaleza, visto que nos cercarmos de boa vontade pode ser uma saída. Sairmos com mais segurança não tem a ver muito com algum tipo de reforço dos agentes que trabalham para isso, mas sim com o grau de civilidade e respeito que temos que ter com aquele que convive conosco em lugares públicos. Para sermos seres diversos em nossos costumes temos que possuir segurança jurídica, ou seja, uma legislação que permita e sedimente o livre comportamento dentro dos limites civilizatórios e no caso das populações tribais a proteção de seus costumes, dentro da lei, esta que deve ser emancipadora e não buscar tolher conquistas no seio das nossas diversas sociedades, com suas idiossincrasias e modos produtivos ou de coleta. Desenvolver o bom senso pode ser uma tarefa árdua que encerre em uma atitude cotidiana a urgência do país como um todo, e não as suas partes fragmentárias. Essas lacunas que tornam as próprias opiniões um tipo de incógnita, sujeitas a tipos de olhares peremptoriamente excludentes fazem da comunicação um processo estanque onde valem aqueles órgãos ou indivíduos que possuem a dita “autenticação” de poderem se manifestar quanto o que ocorre nas sociedades que são apenas mais construções ou invencionices verticalizadas, seja com poder de fato, ou crença equivocada ao prejulgar ou agir de acordo com preconceitos. Esse modal fere a própria evolução do ser humano, restringindo esse tipo de ato em um nada… Se pensarmos em honrar a nossa cidadania, que sejam respeitados os direitos e deveres de um homem e uma mulher, em todos os seus aspectos e preferências. E que larguemos ao pódio de chegarmos sempre a algum lugar, partindo de uma democracia onde a participação popular seja efetiva, não precisamos regredir quando pensamos em fazer a história, pois esta não suporta estar ferida perante a ignorância institucionalizada.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

MARTA, A MENTIRA E O TRÂNSITO


          Não haveria como nem porque fazer funcionar a Marta, um novo robô que talvez fosse inventado, se não houvesse uma pontinha de mentira. Mas seu trânsito navegaria bem não fosse a falta de contato orgânico com a terra. O sal que faz o nosso contato com a terra em nossos meridianos, bem dito. O robô estava em projeto na Índia, e os matemáticos exemplares tentavam um algoritmo de inteligência artificial, na expressão da língua inglesa, algo equivalente a tentar-se formular um tipo de função inespecífica mas, ao mesmo tempo, com utilidades, como a tarefa de recepcionar uma classe de gente em um gesto impessoal, mas com o látex similar à textura da pele e a organicidade da ilusão como ferramental primoroso e ao mesmo tempo secundário. Tamanha é a tecnologia que o propósito de se fazer um objeto quase vivo transcende à acepção mesma da ciência e seus experimentos. Uma deliberação mecanicista entre tecnologia e sociedade dispõe de vieses que podem interromper o processo mesmo da criação onde a ruptura entre um robô e um gadget portátil torna-se o irromper da alavanca ou do osso feito arma – rudimentar em nosso processo evolucionário – para uma nave espacial um reducionismo onde as coisas em seu espaço onde o humano passa a ser rudimento, e a nave um tipo de ídolo dentro de um totem interminável do consumo enquanto técnica considerada um meio de libertação, ou fuga de uma realidade regressiva que se escreve dia a dia como inercialmente irreversível.
          Marta era um contraponto, uma conquista, não precisaria alimentar-se do ar irrespirável de Delhi ou Beijim, nem disfarçar-se no meio das caravanas de imigrantes… Seria apenas uma instalação, como algo de arte tornado substrato, o suprassumo da realidade ausente do ícone, uma abstração quase sem o necessário nexo que nos transforma em seres, no que do ser não fosse, no diálogo constante com o tempo que vai conquistando as irrefreáveis veias da irracionalidade. Não haveria porque ser a outra peça de vanguarda, nem a apresentação de um novo mundo, posto seu látex ainda era de um dinossauro fossilizado, óleo: motivo, razão e apresentação de um tempo hábil em que o próprio talento seria queimado dentro da não memória cultural do homem ou mulher que a criaria… Quiçá um trânsito ao nada, um nada dizer-se, uma nação que negasse seus deveres ambientais em nome do assassinato peremptório e ignoto dos Direitos Humanos Universais: proclamação única e indissociável! Sem nada, sem futuro, o futuro vindo, se auto ditando, prescrevendo abjetamente o que seja melhor ao arroubo nacional, quando a desnacionalização significasse o ambiente próprio em que uma arma valesse mais do que uma vida. A maldade valesse mais do que um princípio, uma ofensa valesse mais do que o perdão, que o valha, ridiculamente postos os fragmentos dessa antimatéria... Essa busca incessante da liberdade econômica com a participação do Estado nos assuntos que imiscuem a mesma liberdade pela adoração de um critério algo insano por questões nem tão válidas, quanto o que se pretende de uma sociedade que se queira denominar livre. Algo silencioso remonta o ar, pois que o respiremos, com a sede do ar, com o encontro da Natureza. Esta é a beleza de não precisarmos decidir futuros dentro de uma cápsula espacial que nos levaria – junto a uma criatura como Marta, a robô – para o destino de Marte, pois Vênus, como planeta, não alcançaremos jamais com a tecnologia de carnes ou pele sintética feita de petróleos...

sábado, 8 de dezembro de 2018

AS APARÊNCIAS DO DESENGANO


         Diego era homem íntegro, ao menos na visão de seu comportar, sustendo uma discrição, um trabalho simples de biólogo e uma amável gata. Não pensava muito em ser um tipo que saísse para as farras, quase não possuía amigos e era diletante também nas artes. No andar, sobretudo, era profundamente consciente, quase sempre olhava bem por seus caminhos, e amava caminhar. Tinha admiração pela vida que sempre o encantava: nos seres quaisquer, plantas, insetos, pássaros, e outros que só ele sabia da existência, conforme seu universo acadêmico… Vinha a calhar sempre uma quase companhia, de ter a aproximação tamanha com a natureza que se acreditava um pouco um indígena. Pois isso lhe importava muitas coisas, sabia dos povos que vivem em contato direto com a selva, daqueles que sobrevivem manufaturando seus próprios utensílios, das culturas de seu imenso país. Mas isso não vinha muito aos seus casos de homem cumpridor das suas tarefas diárias, posto ser solteiro e não possuir filhos. Sim, pois afinal vivia em um tempo que tamanhas e inacreditáveis discrepâncias grassavam na sociedade que tentava acomodar seus arroubos da tecnologia, onde a palavra técnica estava quase sempre presente. Cumpria também, talvez em uma assertiva quase precisa, as suas questões daquela ordem, navegando vez ou outra por meios da rede mundial de computadores, que na verdade sabia ser algo pontual, uma pequena realidade dentro da grandeza inenarrável do universo manifesto aos seres animados e inanimados. Pois que a natureza da técnica obviamente servia mais ao interesse do ser humano do que a própria facilitação de uma justeza maior, de querer mudar para melhorar a própria condição humana de existência, pensava. De tanto que afirmava na arte a dimensão da sua vida, que cria liberta das amarras, possuía em seu cerne um amor que lhe florescia na natureza mesma da compreensão. Naquela imensa tarde marcara um encontro com Mariana no salão quase gótico de uma grande cafeteria local. Almoçara pouco, daquele feijão onde se coloca a costeleta defumada com o louro óbvio, uma salada de radiche com pedacinhos de bacon e um frango grelhado. Com parcimônia comera pensando: talvez Mariana esteja com fome, ou mesmo uma vontade de algum doce, mas a sabia bem apressada, aliás, cheia de ocupações para resolver. No telefone ela fora breve, e no seu último encontro com ela, na semana passada, riram muito do mundo que se apresenta algo torto, ou algo certo quando afirmado, de não se desentortar! Mas houve pausas resignadas, talvez um pouco do se elucidar quanto da compreensão de ambas as realidades, mas que de saudade haveria pouco do se falar, posto termos a certeza de que vivíamos na mesma cidade, e sabíamos sobre as questões que norteavam nossas personalidades. Éramos sinceros um com o outro, apenas isso… Certamente a independência que cada qual conferia em sua casa, vivendo sozinho, era do real algo tangível. 
         Diego ligou para Mariana para confirmar o encontro no centro de Persépolis na rua Antenor Coimbra, lotada quase sempre pelos viandantes. No encontro vestiu uma jaqueta da Pierre Cardin, não muito quente, no tom quase azulado e escuro, quanto de uma tarde cinza daqueles dias de agosto. Sabia tanto de sua humildade em se vestir, que por vezes sequer via a roupa, apenas se tapava: realmente não era tão zeloso neste quesito, mas especialmente naquele dia vestiu-se de modo apanhado, com rigor. Pegou o ônibus em seu bairro, admirava-se com o número razoável de mulheres atraentes que encontrava naquele, e por razão distinta procurava agora se concentrar mais no caráter feminino que não era raro de encontrar, mas que porventura fosse mais pleno ser de fidelidade, não aparente, mas concreta. Essa idade em que muitos homens podem trocar o hedonismo egoísta pela vivência mais cotidiana, de um tempo cotidiano em que os anos não sejam a fração simbólica e carnal onde o novo convive com o descarte, mas no próprio enriquecimento de uma vida experiente de ambos os lados, que se seja da mesma cunha temperada no ouro, no enriquecimento secular em que cada um representa a sua época e sabe de todo um passado vívido ainda na memória e na cultura. Esse tanto que falaria bastante à técnica é, no entanto, algumas páginas essenciais à compreensão mesma do ser em nossas existências. Nesse instante em que Diego elucubrava, os postes da ponte que unia o continente à Ilha davam de se notar perante o tempo que passava, a cada fração, porquanto o mar em silêncio jazia como um tapete de vida maravilhoso na sua própria contradição em ser eterno. Nesse cenário um tanto absurdo, mas vívido no poente de cada compasso rítmico, Diego se via na sua solitária permanência de apatia quando olhava o mesmo mar, os barcos iguais em seus dias mas em posições distintas, e a descida do coletivo rumo ao terminal que suava as flores da permanência e do contraponto. Estranha harmonização e escalas, estranha a música sempre diferente, os bancos de carros distintos, os gestos dos usuários urbanos, os asfaltos remanufaturados… As sílabas que distavam da pronúncia, o avizinhar de longos períodos, ou mesmo a recriação da literatura única dessa estranha espécie bípede que somos. A parecença com um tipo de vida a dois, ou apenas um encontro permeado por pensamentos e palavras seria apenas uma das verdades em que quando se vê alguma coisa não se possui a certeza do que seja a mesma coisa. Se é igual, ou sempre mutável, se é do desejo, ou mesmo de uma projeção, uma expectativa, um resultado. Sim, o bom e velho resultado, qual não fosse, quiçá uma visão técnica, pois então quase um paradoxo… Simples como um tonel de carvalho, mas por vezes sem um bom vinho que o justifique.
          Esse arranjo em que pensava, ou tentava Diego organizar na sua mente, vinha de reflexões profundas calcadas no fato de que para ele encontrar com alguém da densidade espiritual de Mariana, teria sempre o conteúdo emblemático de sentir que a simplificação torna a vivência cotidiana mais fácil do que encontrar profundezas em oceanos sem calado suficiente para sólidas e grandes embarcações. A singrar-se conjuntamente com alguém a complexidade ou simplificação tecnológica de um mundo em transformações talvez muitas vezes ilusórias, estar com os pés fincados no real era tarefa titânica de tentar sublimar a rede virtual, a nova e premente realidade virtual. Como se fosse ou não, estar ou não incluído, passante a mais de um destino em uma aparente mudança de paradigmas. Como a se pensar em destruir um fato que não existe e colocar outro que não é, estando ciente de que um ou outro estão em algum lugar, talvez na história eterna, naquilo que seja sempre, em um homem e uma mulher, uma estrutura quiçá redundante para diferenciar o sexo que respira por poros sintéticos… Bem, em tese, Diego – pego em devaneios mesclados com o percurso do lotação – já chegara à estação central, acordando com a barafunda de gente, misturando-se, misturando, sentindo as pernas de suas adiantadas décadas de experiência fremirem, com os passos firmes de franciscano, a saber-se mais feliz.
          O bamboleio das gentes era de olhar, de movimento, de sinal quase verde, na espera uma vanguarda, os perfumes e carteiras vendidos, as sombrinhas no comércio, espetinhos de carne dura, quase em um samba sincopado, ou na ginga necessária e inconsciente do cotidiano. Assim o tempo voava em cada gesto dos apressados ou dos perdidos, nos estudantes ou nos trabalhadores, nas ferrugens que estão em movimento, e chegando nas pausas, as pernas parando: o descanso, o refrigério, ou um anúncio a se parar necessariamente. Subiu a General Dutra e dobrou a Antenor. O café Ta Matete era na esquina com a Dourados. Mariana estava conversando com alguém. Quando se aproximou mais, Diego viu que era Olívia, a cunhada dela. Viera do exterior fazia já mais de uma semana com o marido, e as duas riam um pouco, bem desinibidas. O café estava medianamente frequentado e a Dourados era uma rua de pedestres, com mobiliário urbano onde alguns vendiam moeda, outros jogavam cartas ou xadrez, e vários sentavam-se naquelas cadeiras de concreto com mesas para conversar. Quando o viram entrar, Mariana e Olívia acenaram com um gesto casual, levantando levemente os punhos. Diego se sentou à mesa, sem notar, no entanto, que Olívia havia talvez chorado, pois a sua maquiagem dos olhos estava um pouco borrada… Sua aliança não estava
na mão. Cumprimentou-as e Olívia logo disse que estava de saída, que tinha um compromisso inadiável, no que ele não estranhou, pois as mulheres à mesa se olharam de modo confidente. Apesar de parecer um processo de divórcio, Diego fingiu não notar. Despediu-se dela com um aceno e chamou o garçom. Em seguida, serviu-se de um café expresso e disse à Mariana:
          - Como vai? Tudo bom…? – Falou ele, tacitamente, como alguém que pitorescamente aparece em um tabuleiro, um peão a conversar com uma rainha.
          - Tudo o mais que se quer, um café, uma coxinha, um pouco de pimenta… Está servido?
          - Gostaria, óh meu Deus, que não precisássemos de tanto cerimonial…!
          - Estás aloucado hoje, mas foi o percurso que te fez pensar…?
          - Mariana… É o que estou pensando? Olívia e Netto…
          - Arranjou uma amante na Itália. Ficou de voltar ou ela virá morar com ele na capital. Tem 22 anos e é de Roma.
          - Caramba, o cara é mais velho do que eu…
          - Acontece, é assim mesmo. Vejamos nós. Se passa algo parecido?
          - De que? Sequer começamos, ou se estamos juntos pode ser diferente. Veja, quando supomos estar ausentes temos mais no que pensar, podemos nos completar. Olhe que pensei em nós dois e muito haveremos de saber de nós mesmos se nos permitirmos…
          - Também estou comprometida, Diego. O guapo está com 24 e é para toda a obra… Se te ofendo, me desculpe. Não quero avançar mais sobre teus pensamentos. Só não quero pensar e me recuso a não ser feliz do meu modo.
          Dito isso, Diego olhou para ela e pensava que não se sentia ofendido. Mariana pegou do celular e mostrou uma foto, mas a luz do lustre só deixou ver os sapatos do cowboy. Se era de programa nunca soube, saberia melhor talvez se não houvesse contestado na última noite o celular para uma mulher de 55 anos. Ela estava em forma, mas ele não se dava à questão. Pouco importava. Tomou seu café e saiu sem dizer nada. No calçadão quis ser solidário ao receber um papel de garotas de programa, pensou que no papel era mais “artesanal”. Virando a esquina jogou no lixo sem ver sequer a tanga da foto da bunda. Mergulhou no torpor de poucos, ou quiçá de todos. O dinheiro valia, valia tudo de bom que há no mercado. Passou no mercado e fumou um cigarro melhor do que todos os que havia fumado, logo em seguida do Café Ta Matete, um ponto dentro da azáfama incrustada, como qualquer outro…  

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

O SER QUE SEJA


Apanhadas as migalhas das ruas, torce um pouco o time que ganha o dia
Fazendo das suas que não seja sempre do ser que não é tudo o que importa
Naquilo que saiba fazer a não se importar se incomoda o saber da maioria…

Sabe-se muito, do pouco quase suficiente, o que dá em um mesmo lugar
Onde se é o único ser aparente que denota a frialdade de se saber menor
Onde nessa posição se jacta a ser mais do que a aparência do seu próximo.

Quando sabemos muito do nada que nos transporta a qualquer lado zerado
Saberemos mais de um quase algo que, no entanto, nos refaz de um todo
Em que uma parte qualquer estabelece um senão de não sabermos o que é.

O ser que parte de qualquer lugar, dentro de um cilindro de zarabatana ideal
Para quem saiba ser dardo inflamado de ânsia pelo mundo, qual conhecer
Que não perpassa a onda cruenta de estarmos parvos perante o ser ignoto!

Qual seria a anátema ou o anátema, que venha a dar no mesmo, pois o fragor
De uma peça de crença qualquer não denoda a que substantivemos um termo
Sem darmos ciência de que enquanto procuramos significados o outro já foi.

Então que floresçamos a esperança, na latitude mesma de um propósito em que
O que se propõe que sejamos não estabeleça critérios desandados da desunião
De uma Pátria Brasil que sempre será palco de belezas, mistérios e paz…

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

AS CAPITAIS DO NADA


Loucas são as cidades do ninguém, a que alguém faltasse com a retórica
Quando mesmo não presentes, a uma virada do olhar já são mais que vilas…

Mero capital não encerra o sito em algo, do agora em que era, ao objeto
Que já é o Universo das possibilidades, mas que no sentir seja apenas essere.

Do tudo que não se viu, ao nada que não conclui, a sintaxe de um tipo de capital
Relembra as atitudes de palavras que não encobrimos por evidência falseada.

De uma megalópole, suada a frio do trabalho operário, ao crescer dos espaços,
O certo é que a mão construiu, e do alimento faltante houve quem desse rações!

O injusto é mais merecedor de si mesmo enquanto olho para dentro virado, com fel
Na garganta atravessado, no que se dizer de algo que seria maior e, no entanto, é nada.

A grama subscreve um jardim, e há quem pleiteie em Tóquio um grande campo de golfe
Onde um robô desenhado por um shaolin mistura sinuca com pôker e não segura o taco.

Ah, quem desse uma hora de atravessarmos rindo a profusão de gentes quiçá inquietas
Na rua que dava a seu aspecto de vereda um rio que antes passasse no vau da calçada!

Na vida se encontra um certo, um errado, um talvez, uma cidade, uma vila, uma casa,
Tantas preeminências que por ser capital uma cidade porventura pode ser zerada…

No que antes passasse um trem, um bom trem, ou uma rota de tropeiros na história mesma
Que tantos do estudo se lhe aprouveram para ensinar o tudo de uma cidade qualquer.

Que não houvesse um atropelamento em massa, de saber-se um que uma outra cidade
Traduz a que a um país como a Alemanha de Hegel a capital continue a ser Berlim!

Mas que de tanto ser necessário uma capital, quem desse à Europa qualquer qualidade
Seria o tanto a dizer-nos que ao menos na capital cultural do Brasil temos um santo.

Por quem desse algo mais por capitais de sombras que não recrudescem noites afins
A mil de ser um ser seria a mais do que o prescrito do aqui não estar no agora!

Quando o óbvio ressentir-se do pensamento que a lógica pura nos reserva por vezes,
Um jogo de xadrez apenas verte no tabuleiro o treino daqueles que só movimentam o peão.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O SER E SUA REPRESENTAÇÃO


         De um ser simbólico saberíamos mais se o próprio simbolismo fosse de si uma reflexão, algo de linear, posto não se poder dar uma valoração muito distante do tempo, de seu transcorrer como uma ferramenta onde por vezes dela nos apartamos. O verdadeiro modo de uma ausência afetiva geralmente pode decorrer de um tipo de graduação ou valor que depreendemos nas relações que cultivamos, coisa que pode se confundir com um meio eletrônico, ou a conectividade mecânica que possuímos com aquele. Esse gestual de repetição como que marca no subconsciente um ritmo a que se dependa cada vez mais dos dígitos e suas respostas. Chegar perto do sucesso que dispõe a um ser humano sua posição em trabalhos que demandem mais inteligência pode ser algo ilusório quando sabemos que muitas vezes não é a plataforma de uma colocação dentro do mercado que nos faz em saberes superiores àqueles que muitas vezes têm seus padrões em ofícios outros que não os empreendidos com o lavor de seus braços, em empreitadas onde a habilidade transpõe a dificuldade em se aceitar um operário, por exemplo, em igualdade de classe, enquanto sociedade que não restrinja, mas contribua com a mesma igualdade: em valor e tratamento. Nisso se confere não a disputa de forças antagônicas, mas a compreensão mesma que valorizando uma habilidade, seja na construção e materialização de algo, mas igualmente no plano metafísico em outra extremidade, o conhecimento se complete e se afirme na descoberta da linguagem e semântica necessárias ao aprofundamento e final compreensão por aqueles que de um modo ou de outro não possuem o acesso intelectivo ou da aquisição imediata da habilidade no fabrico, no manejo, na confecção de uma arte, ou mesmo no plano das ideias, que não são privilégio de “avatares da ciência”.
         Obviamente, aqueles que são mais experientes e conhecedores do mundo por suas vivências individuais e coletivas, possuem a natureza em serem ouvidos por outros que iniciam ou que estejam em vias de cristalizar suas idiossincrasias muitas vezes por treinares inadequados, ou por não terem acesso ao conhecimento através de gerações que muito têm a oferecer. De fato, o ser, seja em qualquer quilate de conhecimento, tende por vezes a agir conforme suas representações, e no entanto essa classe se diferencia de outras não mais por seus aspectos fabris, mas por questões de existências representativas, o que inunda de assertivas mais complexas e repagina a importância de vermos as classes representadas muitas vezes por aplicativos ou algoritmos que transcendem, no plano material do pensamento induzido as trilhas que porventura previsivelmente percorrem, no ser que passa a não ser, enquanto o não ser em si passa a ser.

sábado, 1 de dezembro de 2018

QUESTÕES DE AMPLITUDE



            Sabermos de algo a mais do que o comum das gentes pode não ser um conhecimento tão verdadeiro e, no entanto, muito se sabe das informações recebidas diariamente através do espectro das mídias, quando falamos das invenções do mercado e sua aplicação nas modalidades de consumo. Um grande espaço investigativo, onde a amplitude das evidências dos mecanismos de funcionamento do mesmo mercado e suas divulgações e retroalimentação são searas férteis a que cheguemos a conclusões e soluções de algumas de suas demandas, no seu purismo e complexidade... A relação que estabelece a conexão de um empreendimento com o usuário do serviço ou consumidor possui uma frieza em que até mesmo o tratamento diferenciado e humano é fartamente estudado em função da lucratividade, que por si é entidade separada, inumana e indiferente. O lucro possui existência em si e por vezes infinitos ramos, quando girante em torno de um ente econômico. A própria consciência de que pagamos caro por cores e embalagens nos torna quase produtos quando espelhados existencialmente em torno de objetos em termos de comportamento e simplificação vivencial. A simples constatação de um simples objeto básico de consumo é seu princípio mesmo do que se deriva na transformação por vezes necessária a que o consumamos, ou o que significa sua posse, pois por vezes confere essa posse algum significado outro do que apenas o de se ter, para sermos algo melhor ou supostamente melhor quando nos diferenciamos daqueles que não o possuem, não o têm. Esse poder de se ser mais pela posse cria uma competição onde o mesmo poder é superlativado, além de se ter algo ou um objeto, mas de sermos algo perante a economia de mercado, de abraçarmos esse mercado com tentáculos muitas vezes assustadores. É o que ocorre quando nos apresentamos com certos níveis de status, referenciados conforme somos o que possuímos na Natureza que se apresenta no universo material.
            Há sempre o ser que funciona com extensões de suas possibilidades, os objetos que o complementam, em uma verdade íntima com a funcionalidade, pois estamos falando de aparelhos celulares, computadores e outros objetos de mídia digital, ou mesmo as simples TVs e serviços similares, que aparentemente ampliam a percepção do ser enquanto receptor desses canais. Em uma outra realidade, a relação desse ser com a Natureza, esta em seu sentido anímico enquanto transposição da realidade de se compartir com o animado e o inanimado, conta com a similaridade da relação dos indígenas com a mesma Natureza, em seus aspectos antropológicos que ainda assim não abarcam a totalidade, mas ao menos tentam compreender os aspectos e direitos adquiridos internacionalmente na preservação das culturas dos povos. Esse é um apelo a que se chega no intuito de fazer ver um panorama que não deve excluir um aspecto cultural, mas sim valorizar as diferenças antropológicas dos povos da Amazônia, por um exemplo cabal. O pleno desenvolvimento do encontro com o diverso faz com que uma nação formada por suas diversas etnias e culturas cresça enriquecida não por padrões culturais estanques e externos, e sim pelos requisitos nacionais necessários de nossas identidades maiores, a valorização de nossas raízes e tradições e a tolerância como modal principal nas circunstâncias de religião e afins. Não serviria a uma liderança qualquer dizer que essas condições de desenvolvimento humano sejam certas, pois são a condição sine qua non da vida em sociedade, dentro do aspecto são e solidário. Não haverá propriamente um conhecimento filosófico sobre isso, pois é fato.