domingo, 23 de julho de 2017

UMA QUESTÃO QUE SE PRONUNCIE

            Várias são as palavras que pronunciamos em que nossos sentidos se apercebam. Bem dito, que nossos sentidos são imperfeitos... Mesmo em comparação com outras espécies. Essa revisão do que são as letras consoantes e sua contestação na rotina de nosso modo de pensar constituem uma metodologia de importância fundamental em como construir um pensamento crítico. Nas vertentes de um realismo estético encontraremos uma veia em que a aproximação com o ser criador se dará baseado na vertente de nossa compreensão da realidade tal como ela é. Não obstante, não há limitadores do modal criativo, mas apenas a necessidade de sabermos que a oportunidade da expressão da arte deve servir a todos. Arte por arte e pela arte em um padrão, quem sabe igualmente artesanal, como um caminho de ofício, um aprendizado na estética da expressão. A estética no seu valor que consubstancie qualquer expressão, qualquer construir. Mesmo sabendo-se que há uma intenção inequívoca em extinguir a arte como meio de expressão humana através da impossibilidade de através dela receber-se algum ganho em virtude de suportes já “superados”. Ao menos que se pretenda usar essa maravilhosa ferramenta na ampliação das possibilidades de uma educação mais consagradora com relação às gerações mais novas e às populações mais vulneráveis, pois não há no mundo quaisquer homens ou mulheres ou crianças que não possam estar abertos ao ensino da arte no mundo, haja vista ser ela o reflexo cultural dos povos. Assim como devem ser respeitadas as diferenças de classe, étnica, de gênero, etc, há que se saber que a arte deve ter em suas bases a abertura para a expressão livre de quaisquer amarras ou sectarismos. No entanto, deve haver igual oportunidade para aqueles que não são favorecidos por questões de vulnerabilidade ou classe social, que tenham acesso livre às técnicas de expressão e meios que venham a contribuir para o processo de tomada de consciência nos processos produtivos do fazer artístico. A partir da possibilidade de termos meios de expressão mais acessíveis, a eletrônica se torna igualmente um objeto ou ferramenta que permite a condição para esses pressupostos.
            De qualquer modo, a arte como mercadoria já encontra-se em outras gôndolas de um comércio mais flutuante na acepção crua em que muitos talentos já são descartados quase congenitamente. Há controles societários em que a vinculação da divulgação de um trabalho de arte tenha que passar necessariamente pelo crivo dos órgãos midiáticos, que sejam, ao menos os regionais, que passam a ser quase sempre, em nosso país, meros repetidores dos grandes canais. Cria-se uma certa fama, mas os trabalhos prosseguem sendo descartados em virtude dos canais perceptivos humanos passarem por um tipo de frequência distinta daquilo que vimos a compreender em eras anteriores, no que ao menos o olhar não mudasse tanto quanto agora, na desmesurada plataforma digital, ao mesmo tempo limitante do espaço concreto como um tanto simbiótica na mescla entre o que seja valor produtivo e valor dado à informação de outrem como agregação quase fantasma, e no entanto endêmica. Esse constatar parte da premissa de estarmos quase escravizados afetivamente por um display que funciona enquanto comportamento oclusivo da vida antes cotidiana e agora – repito – na gôndola de um fracasso cultural. Surge um novo modal que é a função de ficar retido em um trabalho adicional de natureza emocional ou de ilusão de popularidade que exclui aos mais jovens a consciência do que seja ou tenha sido em toda a história a prospecção de antigos materiais e antigos meios de comunicação. Estranhos tentáculos sequer mostram ou revelam a dimensão estrutural de suas parafernálias e nem citam para que ou para quem comercializam os aspectos funcionais da informação de cada qual, em mapeamentos de sistemas integradores de capitais transnacionais, ao mesmo tempo girantes na web, como em blindagens de sistemas financeiros absurdamente distintos do que havia antes dessas novas ondas tecnológicas.
            Em síntese, o poder que emana daqueles grupos ou conglomerados em rede, mesmo antagônicos, une faixas de frequência exatas em seus modais de comunicação, gerando ações que comprometem enormemente as estruturas de poder mais tradicionais politicamente, nas assertivas com relação às mídias digitais que estão fora da grande mídia. No entanto, esse aparente “estar fora” não nega o entrelace da calculada estrutura em forma de gráficos e pesquisas, e outros tantos artifícios que um estudo mais aprofundado da teoria da informação deixaria um cientista menos informado absorto... No atual sistema operacional do grande deus “curtir” existem correlatos os fatos de que esse é apenas um pequeno pedrisco que torna sucesso por vezes quando se torna viral, em ilusões sem precedentes históricos, que perfazem o torpor da sanha em se sentir aceito em um grupo, em uma rua, em um mundo, onde não haverá diferenciação, se não soubermos ter a consciência na igual retidão e exatidão no uso de quaisquer recursos que estejam à mão. Apenas estejamos cientes que bem ou mal podemos publicar, sendo este o grande fator. Segue a premissa que sempre é hora de nos explanarmos mais alongadamente e com concisão – mesmo no vernáculo – para nos fazermos entender na plêiade desses caminhos que aparentemente possuímos. Seria ideal se o nosso país possuísse um sistema informacional próprio, mas antes pautemos pela educação de toda uma população, pois os ensinamentos das repúblicas dos séculos anteriores nos revelam a importância capital dessa necessidade extremamente básica e fundamental para um povo e sua Nação.

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