terça-feira, 25 de julho de 2017

O APARENTE BECO SEM SAÍDA

            Continuamos, sempre... A vida de cada qual, quem dera, que não fizesse parte da “conveniente” relação de poder entre as pessoas e as sociedades. A não se falar do poder constituído... Essa palavra que pode ser o empoderamento, como quiçá um neologismo em certos sistemas da literatura, enquanto instituição, mas que compreende o universo do que pode ser uma ação consonante com a participação em sociedade com lideranças mais representativas de fato. Reza uma cartilha que simplifica demais as equações em que nos defrontamos – qual uma muralha de personagens de borracha, pneumáticos – a que sentimos nossas vulnerabilidades ante um ente surpreendente em que invade um país com suas pretensas missões e que de pretensão derruba governos, em um jogo covarde e bestial, porquanto com muito mais peças de inteligência. Não nos restará ficarmos calados, pois a quem seja permitido ainda escrever ao menos, que lhe seja alforriada uma intenção patriota. A situação atual em nosso país prescreve muitas das conquistas trabalhistas, e no entanto, no reverso da medalha, os trabalhadores  coletivamente passam a ter mais consciência, como massa, como poder: que possa algo, ao menos, em seu diálogo consigo e com seus colegas. Esse beco sem saída pode parecer real, se continuarmos a acreditar que estamos liderando algo quando convocamos pressões populares, que ocorrem em dadas circunstâncias como peões que giram no mesmo lugar, sem assentamentos, e com a convicção de alguns partidos de esquerda tiraram como em uma sangria desatada de seu povo as riquezas, num modal operativo que não foge à regra de séculos de sangramento em nossa nação.
            Não se coadunam um incremento gigantesco nas máquinas produtivas e na ilusão de que aumentando os salários para o consumo interno estaremos efetivamente mudando a face da sociedade. Apenas quiçá com a participação nos lucros da empresa o trabalhador ainda possa ter a ilusão de ganho, mas com a realidade relativizada aos meios de produção que continuam a manter ciclicamente a miséria e o exército de reserva submetido às colocações de farsa humanitária. Enquanto houver a indústria cultural com o poder a ela concedido em todos os governos desde que se implantou de modo gigante no país, convenhamos que foi dado o circo. Panis et circenses, é o que pretendem, que se dê ao menos a subsistência e que se receba a subserviência, para no final da jornada encontrarem seus conteúdos nas novelas, que se pretendem arte do povo, e não a verticalização subcutânea do que realmente é, posto oligopólio do lazer.
            Em etapa posterior deste novo século sabemos que a informática é algo que já faz parte de todos os sistemas implantados para o funcionamento operacional de nossas sociedades contemporâneas. Por isso aqueles países que inventaram os sistemas monopolizaram o controle sobre todos os países que utilizam suas plataformas. No entanto, há países que investiram maciçamente em educação e que já possuem seus próprios sistemas alternativos, rompendo com a compulsória relação entre a informática matriz e suas colônias. Resta intensificarmos a noção evidente que a relação de classes e objetos migra neste novo milênio de relações arcaicas entre a massa e seus empregadores para outras relações inequívocas onde o objeto em questão é a própria indústria da informação, deslocando os fatores econômicos para universos distintos e realocando capitais para nichos ou bancos que têm um comportamento que segrega antigas formas de relacionamento dos negócios no planeta. Torna-se mais evidente que alguns indicadores econômicos já não revestem de clareza o que acontece com o mercado, pois este vira apenas um dos aspectos do fator gerador e acumulador da riqueza onde, pela outra face, a indústria da informação e processamento de bancos gerenciais aumenta geometricamente. O que segrega o chamado empreendedorismo micro e pequeno é a total impossibilidade de que estes venham a continuar resistindo como empresas, já que em sua maior parte tende a fracassar, mesmo quando donos de receitas pioneiras, porquanto capitais intermediários avançam sobre a vulnerabilidade dessas fatias do mercado. Nas ruas se espelha um panorama em que a vida mais sectária segue a passos largos com os aparelhos que permitem uma comunicação entre as gentes, mas na maior parte das vezes é subaproveitada, pois gasta-se um tempo no vernáculo quase de pedra na ignorância que alguns pensam que não possuem, onde os livros não tomam seu lugar e acabam nas prateleiras do descaso. Como se virássemos ratos dependentes de estímulos e respostas, quando de um uso muito acentuado nesses displays. Tornamo-nos ao mesmo tempo dependentes de um objeto verdadeiramente capaz de exercer funções, mas não nos damos conta de que pode se tornar um acessório igualmente capaz de ser um suporte de expressão, de publicarmos algo, em que o computador pessoal seja a base para essas funções de inserção intelectual nas sociedades. Essa questão é vital para compreendermos que o bom uso independe do aparelho que temos, pois este não vive em função daquele, já que o computador, como qualquer máquina, depende que o operemos, depende que apertemos seus botões e o giremos na roda que impulsiona a nossa passagem de vida por este mundo. A participação inequívoca é que seremos mais conscientes quando soubermos tirar um tempo para “re” descobrir os recursos que estejam em nossas mãos, inevitavelmente ou não. E que saibamos, antes de tudo, que a informática não será nunca mais poderosa do que sabermos dos antigos meios, ou mesmo da mescla que se faz entre a tecnologia histórica e aquela que se chamaria conveniada, pois vem instituída por padrões ocultos de dominação. Não podemos aceitar que o gadget seja a pedra filosofal, pois quem transforma algo em outra coisa talvez seja a ciência, mas mudarmos os conceitos que aos poucos as novas gerações já enfrentam por osmose dependerá do diálogo constante entre a consciência de um pai e uma mãe, a saber, consciência esta que transmite aos filhos uma reserva quando de uma empatia exacerbada pela onda ilusória e hipnótica dessas novas tecnologias.

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