Torna-se
quase encontrar um diamante, mesmo bruto, em uma calçada, de mais de um quilo
que seja, a raridade de encontrarmos hoje a manifestação verdadeiramente
popular na mídia brasileira. Há um fato que corrobora esses vácuos em nossa
cultura: a industrialização da tecnocracia como modal de negócios em que se
amplia a falta de oportunidade aos pequenos produtores em face de gigantescos
grupos estarem à frente da produção cultural – midcult – do mundo, em que
alguns pequenos copiadores ainda acreditam que irão ascender social e
economicamente para configurar empresas de quaisquer portes, mesmo não sendo
pioneiros na grande empreitada de encontrar os cascalhos de lata que sobram de rebarbatários, como nas ruas os que
catam para diferenciar, alguns de caminhão e outros quase inexistentes
garimpando os resíduos deixados no panorama social, espelho de nossa economia
em falsetes.
A
ficção ponteia como uma grande nave sem sombras no mar da ilusão, pois raro é o
realismo crítico, raro é o existencialismo, como raro é um bom e estruturado
filme de ficção científica, como houve em Kafka, Huxley e Orwell. Muitos querem
um fator real na sua produção, mas não se consegue o resultado que seja maior
do que meros ensaios ornados com efeitos especiais, em que o texto perde cada
vez mais para o caudal imaginativo do non sense proposital, e verte-se sobre os
ombros de quem poderiam mais estar esclarecido a mesma ignorância de que “dizem”
que impera nas massas trabalhadoras. É hora de um aprofundamento em questões
realmente importantes para a existência da compreensão de que estamos girando
em torno de um eixo que tem um pouco a ver com a predominância de estarmos
abrindo espaço para a prática fascista do ser. Esse ser que não é e que
pretende militarizar a vida como se esta fosse uma novela policial incessante,
um jargão de não sabermos mais nos portar sem pensar que estaremos tropeçando
nas próximas máfias em que passamos a acreditar como modos de ação na vida.
A não expressão nos revela a
carestia em que os equipamentos grande ou pequenos – em alcance – nos tolhem e
suprimem de nossas vidas a arte com antigos suportes e instrumentos de
linguagens, tornando-nos meras interpretações digitalizadas nas coleções de um
futuro sem passado. Na verdade, tomar ciência aos grupos mais desfavorecidos de
como se processa um filme na atualidade, como exemplo do uso da computação,
revelaria a multiplicação do conhecimento dos jovens brasileiros, ampliando o
debate cultural entre as classes e oportunizando saídas mais humanitárias do
que esta militarização forçada e irreal à qual muitos inocentes estão se
submetendo, seja buscando a saída política, seja se alienando em substância,
seja em dolos e mais dolos, ou na supremacia que pensam alcançar, acreditando
em heróis ou em fantoches, como o superman. Restaria a nós cidadãos o fato de
que devemos segurar a vanguarda da arte como um quartel de resistência, se
formos falar do mesmo modo, se assim desejam que sigamos. No entanto não
estaremos mais aptos, enquanto artistas, a desferir palavras chaves, ou ignorar
solidariedade àqueles que precisem conhecer o que já sabemos. A construção do
aprendizado vem de uma solidariedade maior do que a expectativa em receber... Não
há um modo de ser, não há um método de conquistarmos um objetivo, apenas
devemos saber que ao menos um aluno que tenha um pouco ou bastante tenacidade
aprenderá mais para si mesmo. Como na arte, pois o rabisco nunca será apenas
relativo àquele que põe termos por comparações. A literatura de ensaios
igualmente, buscarmos as referências é importante, mesmo que dentro de um
passado, de nossa própria história, e não é tão importante por vezes uma
formação, pois essa quase obrigação tolhe do povo com menos formação a
possibilidade de expressão e veiculação de sua voz. Aprendamos com tudo, gente
que deseja muito da vida, aprendamos com a própria vida... Não vale que a
percamos sem termo dito o suficiente, que nada mais é do que o infinito
enquanto estivermos vivos e com nosso ritmo, pobres ou ricos, operários ou
empresários, comerciantes ou sacerdotes. Apenas sejamos mais patriotas. Apenas
isso, pois a vida não se apresenta apenas nos festivais, sejam da crise ou da
bonança! Se a arte chamar-nos que nos apresentemos, pois é através dos
instrumentos de expressão da cultura popular que ao menos reaprendemos os
processos de manufatura fundamentais para a sobrevivência de nossa memória
patrimonial, antiga e presente em tempos obscuros como os nossos. Fiat Lux!
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