quarta-feira, 26 de julho de 2017

OS OLHOS DO FUTURO

            Qual não seria o dia em que não pensemos ao menos no amanhã... A vida prossegue sem termos noções mais imediatas do que se constrói no pensamento e naquilo que vertemos como dias quase inacabados. O que nos parece consentido é algo tão ínfimo quanto sabermos de uma espetacular vertente de coisas que ainda não sabemos a dimensão exata, em se tratando da tecnologia, seu uso, e o futuro que se espelha em seus rastros. Sente-se na carne da Terra alguns desses rastros, mesmo que não assumamos o papel do pessimismo, mas que temos errado em desenvolvermos certas frentes, não há dúvidas. O papel do desenvolvimento da humanidade não pode jamais estar desvinculado da Natureza, em seu sacrário do respeito, pois a nós revela-se agora que os meios de apropriação daquela, mesmo que se fosse distribuída a riqueza igualmente, pecam por seu modal de atuação. Enquanto o homem não observar melhor o que é o milagre da vida, em um vaso de planta que seja, não será mais apto a ser um homem e deixará passar o tempo erraticamente na escusa plataforma de cartilha – seja qual for – em doutrina, a que isenta de seu tempo a leitura em profundidade fora das letras, incluso. Um encontro com a Natureza é um encontro com o que há de vida, pois mesmo em uma cidade de concreto se vê brotar entre as pedras as ervas que ignoramos como vida igual e partícipe. Se tantos e tantos seres não nos abandonam em suas veredas diamantinas e próprias, se tantos e tantos mundos marinhos estão submersos em suas belezas, como apreenderemos o fato de que é apenas o óleo vertido através do sangue de inocentes que importará em nosso futuro, se essa mesma fonte não resguarda o que não planejamos, a não ser com incertas iniciativas? As energias que deem sustentação à humanidade já há décadas existiam nos biodigestores inclusive e são poucas as sociedades que carregariam os seus resíduos para alimentar essas usinas...
            Um futuro não está no que virá, pois antes de vivenciarmos esta nossa era, claudicamos muito no que pensamos ser acertos, em premissas inválidas de acharmos que a evolução da nossa espécie significa melhorarmos as ferramentas. Seria melhor se além de as melhorarmos pudéssemos democratizá-las, incluindo, fomentando o conhecimento, lutando com o bom combate para que realmente servissem a todos, ao bem comum, desde casas até computadores. Quando se fala lutar um bom combate devemos crer que não haja jogos nem os cenáculos da hipocrisia, pois a luta se faz através do debate e do diálogo, mano a mano, reiterando o que deva ser bom a um país, que seja, alguma melhora nessa esfera, mesmo circunstancial, já é um progresso ainda que em uma latência provisória. Parece-nos por vezes que governantes com idade avançada não queiram mudar muito a face da sociedade pensando apenas em deixá-la com um perfil extremamente conservador, regredindo a história de nossas conquistas, e talvez tenha pertinência essa colocação. Isso é uma sensaboria que ocorre muito, pois o futuro com mais justiça social assusta um pouco os regressistas. É muito difícil convencer um homem idoso a mudar sua concepção da vida, sobrando aos jovens a tarefa de ao menos escutar os mais experientes que não são exceção à regra quando pontuaram a sua vida inteira por um pensamento mais arejado e equânime com o bem de todos. Esse “escutar” os mais velhos passa por uma necessária mescla do encontro da história e, principalmente, do respeito que temos que ter por aqueles que lutaram toda a sua vida para um mundo melhor.
            A evolução humana fala melhor e possivelmente a uma solidariedade que em tese deveria estar presente nos trabalhos para metas a serem obtidas ou, na grande massa, as peças a serem fabricadas. Segue-se os pressuposto de que a evolução nos negócios e nas carreiras seja um retrato de leis de mercado pura e simplesmente tiranossauricas, na abordagem predatória entre os homens no que veste de insanidade o fato de se querer o poder como condição sine qua nom de colocação entre aqueles que se alimentam autofagicamente daquele.
            O modo da bondade se torna a questão evolutiva, pois é através do humanismo que a humanidade deve caminhar, e não uma involução regressa onde aquele que constrói um grande empreendimento só se preocupa em ganhar seu desmesurado lucro, em detrimento do que faz através disso para manietar a Natureza. Esse é o mais puro modo da ignorância, mesmo que esse ser seja um grande engenheiro, ou um homem de ciência. Portanto, a própria ciência e seu uso deve passar por um crivo autocrítico, em um diálogo constante sobre o que pode acarretar nas prospecções gigantescas em nossos minérios, por exemplo, e suas decorrentes cicatrizes na terra e suas aldeias ou cidades. Essas mesmas sangrias em nosso planeta e as inserções poluidoras atualmente são o nosso principal fator de atuação nas frentes de libertação dos povos, pois não será jamais através de uma ganância cada vez mais brutal e desumana que poderemos conscientizar as populações da linha da pobreza sobre essas questões, já que nem os ilustrados do primeiro mundo tomam qualquer iniciativa a respeito...

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