Grata
seria a alma não ser dividida entre o que nos fazem pensar
Àquilo
de que não somos quando bebemos de algo que o sucesso nos manda
A
crermos ser uma página que não viramos, um leme que não desperta,
Um
farol que soçobra e sua túrgida escuridão de não ter mais
energia…
E as
lamparinas de nossas condições nos põem à prova quase convictos
Na
outra invicta fama que se nos nubla o tempo e, quando chove,
Deixam
molhar aqueles que não suportariam o cárcere dentro do cárcere
Como
outros não compreendem o que é revolucionar dentro da revolução.
Talvez
a quebra de um estigma negro seja o teor da palavra tão sentida
Quanto
de sabermos que dizemos muito quando por fazer nada falamos
Ao
ocultar de um líder verdadeiro por posição a posição ausente das
rochas…
A um
dizer-se a uma pessoa qualquer, que o fundo da palavra é a espera
De
termos esperança, e que nos mova a uma altura, na mesma que seja
Em
que não caiamos além do chão, posto a embalagem de uma garrafa
Encerra
em si a água que não tecemos enquanto os dotes de cidadão.
Que
seja plena a cidadania, e aqueles que não olham para um cristal
De
falsete tímido, aqueles que urgem por temer que não mais temam
Pois
o que se diz na ausência de nossas separações não regem tanto
Aquilo
que se encontra com o falsete das claves das músicas encontradas…
E
quando encontramos uma flecha em um olhar, um colo de gestante,
Um
som inenarrável de um povo mais solidário entre as gentes,
Que
saibamos que dizemos por vezes algumas palavras algo pisadas
Na
dor de um dormente solitário que segura parte dos trilhos a um
vagão.
E no
cordame de tantos e tantos somos tantos os contêineres de boa fé
Que
mal saibamos de onde está um lote de ferro gusa, uma peça de lona,
Um
tecido de Madagascar, um panejamento ancestral, uma outra espera
De
sabermos que algo de pujança também reside na logística do
cristal!
Aí
pensamos, quem somos e para que viemos ao mundo, como pousamos
Depois
do útero em terra, no leito, quais os calçados que não possuímos,
Quais
as mães que não viram seus filhos, o porquê de nascermos em
fronteira
Que
nos diz que somos de algum lugar, nos atesta, e não vemos mais um
país.
Se o
mundo é duro como a pedra tão necessária de se endurecer, a
ternura
Se
desencontra com o medo imposto que nos reserva apenas o pensamento
De
que porventura estaremos e estamos nos conflitos criados pelo
invisível
Sistema
em que agora a moda é ser duro apenas, sem canduras imediatas.
Segue-se
a impressão algo latente que nos signifique um pouco mais
Do
que aquilo que parece que não merecemos de tal cansaço e loucura
A
que submetem os mais fracos por estes serem muito mais fortes e
justos
Em
seu código de honra, humanismo e conduta, perante esse jogo irreal.
Esta
poesia tem um endereço, tem um registro, está no leito digital
Escutando-se
em todas as linhas, e que estas sejam um grande cruzar-se
Em
que pensemos que na verdade não separe nunca o significado princípio
E
algo do verbo último, quem sabe, que caiba ainda na linha primeira…
E
eis que o poeta sofre um sofrimento quase moribundo de sua costela
Que
não vem a ser um influxo de todos os sofrimentos desabalados
A um
retorno do que não se retorna, pois assim é: não há supremacia
Nem
jamais seremos superiores a quem quer que seja, seja lá o que for!
Na
mesma vértebra de crucifixões lembremos de que os atalhos inexistem
Pois
são outras linhas estas, desencontradas, e teremos que urgir
Para
que fechem os caminhos pela retaguarda de nossas impressões
Antes
que os lobos devorem a inconsciência que querem recriar.
Seguem-se
as pedras em alguns cais de não uso, na profética e angular
Pedra
em que pousamos um pensamento algo, de não sabermos quase
A
que ponto poderíamos soletrar a palavra louco sem vertermos
Uma
lava quente sobre os costados já curvados de todos os enfermos.
Pois
bem que sejamos, e que nos baste que nos avaliem sintaticamente,
Pois
das palavras que sejamos o verbo outro que muitos não compreendem
Quando
nosso verdadeiro desejo será apenas versejar versos de um tempo
Ao
qual devemos lutar para nos resguardar de nossa memória a cultura
popular!