quarta-feira, 31 de maio de 2017

DESENCONTRO DE INFOGRAFISMOS

            Que tal não seria se não vivêssemos na plêiade das informações quase subcutâneas… Pontuamos por vezes a linearidade do fato em si, e seria melhor seguirmos esse curso, ao menos em intenção de contrapormos a uma sociedade de informações sabermos resgatar de fonte confiável – a depender de critério pessoal fundamentado – uma veracidade que aponte para um caminho de progresso a que o nosso pensamento gere a coerência de outros fatos, do que versa a própria sociedade.
            Os infográficos nos seduzem deveras, podemos achar que quiçá complementem ou simplifiquem o funcionamento em que passamos o bastão ao computador, em que muitas vezes não percebemos algum equívoco nessa confiança quase plena e derradeiramente permanente, no que recebemos dos feedbacks. Estes podem auxiliar-nos em muitos aspectos, mas a formatação crua de um aspecto repetido deve nos fazer pensar melhor a respeito, quanto de sabermos que uma obra pode vir sem o pó de arroz ou a sombra nos olhos do falsete. Resta-nos o ícone da sociedade contemporânea, e este pode ser cada vez mais reducionista se não ampliamos nossos canais perceptivos sem necessitarmos de filtragens maiores. Na verdade que se contrapõe a uma hipócrita questão, esta, como nas cartilhas maquiavelescas, sempre é válida a compreensão do fato – no mais, de História, ao menos. A educação que saiba dissecar e reler aqueles ícones ao menos elucida a busca – por vezes ao invés do nada – de uma relação a estudos mais correlatos.
            Por assim sobramos em real à parte dos fragmentos, na vã tentativa eterna da integralização de infográficos, mas sobre um manto de utilizações tão superficiais que a máquina acaba não dando suporte a que percebamos melhor o que é uma sociedade em construção permanente, quando do mesmo progresso que almejamos, em um recorrer diuturno em encaixarmos os antigos suportes expressivos e de condutas como peças chaves da distinção entre a ilusão e a realidade. Saber da manufatura é indispensável, e por conseguinte relacionarmos os paradigmas tecnológicos citados na história das civilizações é condição inequívoca a que nos situemos em nossa verdadeira posição como ser da atualidade. Assim sobrante a questão, damos sustentação em linhas, parágrafos e pontos concludentes de mais luzes, onde o conhecimento, liberto de amarras ortodoxas ou de preconceitos arcaicos, tece o diálogo permanente entre a matéria e o espírito. Diálogo por vezes inquieto, anímico, concreto, mítico ou científico, pontuado pela mesma roda que gira em diálogos necessariamente mais amplos, na construção mais horizontal do contexto coerente das relações humanas, estas que devem emergir para a conscientização plena de quem somos no oceano social.
            Os gráficos, informes, as artes visuais, tudo gera um conceito pleno do que antes seria pintura, agora meios digitais, do que se funde e do que se perde na memória. Certos “resgates” de nossa cultura informatizada apenas viabilizam espaços silenciosos, como o exemplo dos museus da fotografia, em sabermos que os cristais de prata ainda são uma forma de arte, com as velhas máquinas fotográficas: no saber de se portar o papel fotográfico. Igualmente nos livros impressos, que a nova ordem ainda não sepultou. E, mesmo que o fizesse, jamais seriam tão interessantes, pois existem, e em excelentes traduções que não passaram pelos crivos das “filtragens” contemporâneas. Não há possibilidade de uma pessoa conhecer a si mesma se não conhece um pouco do passado, enquanto classe, enquanto ser, pois tudo que percebe e vive passa por um processo histórico, e o desencontro com a identidade de um povo revela-se o próprio ignorar-se enquanto entidade coletiva, ou mesmo a revelação da sectarizaçã de um indivíduo.

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