terça-feira, 16 de maio de 2017

RESSENTIMENTOS

Que por vezes nos nascem os torpes sentimentos do não sentirmos
Quando pensamos algo que sabemos da vida esta incompleta
Em que nos postáramos inquietos no sabor de outras veredas…

A saber que a poesia finca o pé em estribo quase ausente de dores
Nas vezes em que aquela não fica mais nos sentidos quase alertas
Posto a ignorância campear tanto nas mais nobres e singelas cavernas!

Cavernas de mansardas, jardins elísios, campos de ornamentos diversos
Que nos aproximamos de algo jamais colocado no plano imaginativo
Qual não seja uma simples frase obscura que desperta o sono guerreiro.

Não seríamos tantos se tantos já não soubessem ao menos o paradoxo
Que nos insufla o querer de algo já não mais anunciado pelo justo
Quanto a outros mais paradoxais ressentimentos de não sabermos o que.

A quantos a poesia tece direções, em quantas palavras há endereçamentos,
Quando pensamos que na direção oposta do que não queríamos muito
Singelas flores apascentam os pés quase escalavrados por outros tempos.

Há o casuísmo da derrota, há quem pense que o inverno sucede o outono
Mas, na circunspecção criteriosa da dúvida, pensemos em um leste
Que não sucede mas que ocorra em remansos quase caudais em superfície.

O navio singra o mar mais calmo, depois de tantos e tantas as piratarias
Ao que nos dispomos não sermos de trava emperrada como certos canais
Que demoram a acordar no sucinto verbo de frases finalmente vencidas…

Saibamos de um inumerável tempo, de uma conformidade de olhares
Que não se saiba tanto, mas que em uma verdade quase encoberta
Não nos acoberte os fatos, mas que se desiluda de uma vez a ilusão!

O olhar que se nos diga no seu sentimento de farnéis sempre encobertos
Quando nos apercebemos que nem tudo o que se pensa é de olvidar-se
Mas que o pensemos sempre, é um fato aparente tão transparente como a luz.

O violino de Ponty se remonta no novo milênio como uma tabla de jazz
Que não se encantam muitos pois jamais imaginaram em seus games de war
As parecenças do nexo inenarrável do que se pode com certeza chamar-se música.

Uma tela azul de cubismo, uma arte em que não encontramos mais reflexos,
As paredes sísmicas do solo sagrado, uma erva que brota da terra e seu húmus
Serão signos de vida e arte que no final parecem uma colcha de carmim e retalhos.

Se na verdade não houver razão clara para o ressentimento, como pensaremos a vida
Sem o amálgama da arte, quando a política pede o centralizador mutatis mutandis
Que em verdade não oferece grande resistência a não ser a predominância econômica.

Deveras seremos mais nobres se pensarmos na arte como salvaguarda de um aspecto
Em que a curiosidade psicológica profissional tece interpretações variadas de contexto
Na científica e qualificadora ausência da matéria do artesanal verbo da diversidade.

Saberemos sim a interveniência de um gigantesco e hemisférico filme digital
Onde cada barco e cada sopro de respiração quiçá seja monitorado por aplicativos
Em que a distância factual entre um ser e outro se medirá pela frequência de um GPS.

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