Deixar-se
viver. Talvez fosse uma frase curta, e é no português. Mas estes não deixaram
muitos viverem nas eras coloniais, ao seu modo, à sua maneira. De uma sintaxe
imposta, somos um país que fala o português. Podemos assumir que o idioma faz
parte de nossa cultura, e somos tantos os países latinos que – quiçá um dia –
poderemos nos conhecer melhor. Não há entretanto, na modesta visão deste que vos
escreve, toda essa importância de intercambiar, mas igualmente sabemos que os
anglos dominam o idioma falado no mundo inteiro, como um cartão de visitas para
o que se aglutina em torno de um certo trânsito cultural, ao menos o se fazer
entender. Oito linhas de um parágrafo podem elucidar um fator: o dos idiomas, o
que nos abre ao entendimento, e assim seja na premissa mais básica da
comunicação humana...
No
entanto, vai mais além a palavra sintaxe, como compreensão estrutural, chegando
a níveis da questão neurológica na medicina, bem como nas artes, na compreensão
antropológica e social, no nível das humanas e, mais ainda, na compreensão das
linguagens tecnológicas que sempre começam em rotinas e algoritmos. Se as
sociedades conseguirem relacionar, ou ampliar o contexto da palavra acessibilidade
ao ponto de aceitarmos que qualquer ser humano tenha condições de uma
participação na aquisição do conhecimento tecnológico das disciplinas
biológicas, humanas, e exatas, podemos pensar que essa mesma acessibilidade
torna-se a própria democracia como solução de acesso ao conhecimento e know how: o como, o quando, a agenda, a
programação, a defesa de um país, sua construção e fomento, e seus
desenvolvimentos artísticos fundamentais...
Uma
área vulnerável como uma favela nos revela uma complexidade de como se aceita
esse fato na sociedade, enquanto se olha para cima, dentro do contexto de um
tipo de sonho em que o “para cima”, dos mais favorecidos, será sempre nas
cabeças mais desprovidas, olhar para países ricos, e não para a melhoria de
nossas habitações, como razão intrínseca de melhorar a vida de um povo, e ficar
sinceramente feliz com o fato, quando vemos que temos possibilidades de sermos
um país livre enquanto demandas recriadas dentro da criatividade e esforço de
nossos profissionais. Um fato relevante seria como proposta alternativa levar
tendas de ambulatórios para as vilas de periferia e não o inverso: relocar a
saúde para dentro dela mesma em seus espaços fechados, rumo ao regresso e
desmonte. Essa queda abrupta por ocasião de nossas crises internas não se
resolve no labirinto economês. Mas sim, no levante de nossas consciências, em
um facho necessário em nossos olhares para que possamos ver e nos perguntarmos:
como, quando e por que. Por quais seremos, e por que estamos a ficar
neutralizados por angústias, quando constatamos que a abertura inclemente de
buscarmos em nosso hedonismo a fuga da realidade gera mais e mais a falta de
nossa Paz sagrada e a ocorrência de mais sofrimentos de ordem psíquica e o recrudescimento
da violência e do crime. Temos que olhar melhor, em nossos recomeços, senão o
retorno de nossos problemas vira eterno. Não há espaço para pensarmos que somos
super heróis, pois estes estão em profusão na vida em que se encerram nos vídeos,
e o verdadeiro jogo que devemos participar sempre é aquele pontuado pela
cidadania, pautado pelos Direitos Humanos Internacionais, que rezam pela
prática agora muito menos vigilante por esse prisma humanitário.
Essa
é a sintaxe necessária, por uma questão de chão, de terra, de asfalto, de
mar... Entre tudo o que pensamos existe o fundamento da questão de não podermos
por vezes nos defender de ofensas, de muitos estarem quase em eterno litígio,
mas que certamente o nascer de novas fontes tecnológicas permite a um indígena
liderar seu povo e clamar pela liberdade do direito de viver em suas terras e
lutar por isso, dentro das ferramentas tecnológicas e do diálogo. A sintaxe que
retira os direitos básicos ou outros quaisquer conquistados por uma população
gera inevitáveis conflitos, pois a injustiça contra o povo não faz parte de uma
linguagem solidária ao bem comum, mas sim apenas a prospecção e concentração da
riqueza nas mãos de poucos, e a venda continuada das riquezas dos recursos a que
jamais algum país mereça passar.
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