quarta-feira, 24 de maio de 2017

DE CASO PENSADO

           Poderia se pensar, nesse princípio de linha, em construir algum significado onde Cláudia encontra João e fazem pazes, e reiniciam um relacionamento. Já estaria pronto um argumento em que narra o acontecimento de dias ou de décadas. Um relacionamento, algo com casarmos uma união com uma circunstância, o fato em se conviver, mas que não se vem bem ao caso, pois estas linhas preferem falar sobre uma questão distante que vem a afetar talvez concretamente até mesmo as relações individuais ou coletivas entre as pessoas. A carência, a carestia, a miserabilidade, os enfermos sejam quais forem, a segurança, e quase tudo isso na não vinculação da política com os Direitos Humanos Fundamentais, conforme já declarados, valendo, apesar de uma ONU de certo modo algo discutível, como esteio de nossas sociedades: o de vivermos nelas. De como tem sido duro avançar para o Humano, de como tem sido fácil avançar para o Desumano… Questão mundial, talvez, mas as aparentes conquistas da ciência vêm a declarar a impunidade para sabermos que apenas aqueles que possuem os recursos no mundo se tratam no básico do que seja necessário sabermos que seria justo para TODOS.
          França, Brasil, Dinamarca, Congo, Etiópia, EUA… Pronto, seis nações… Óleo, petrodólar, riquezas, alimentos, água. O futuro não poderia estar contido nessas duas frases de itens, pois o presente é sempre um planejamento de como alguns países continuam pobres, e como aqueles que querem sair da pobreza enfrentam imensas dificuldades internas e externas para manterem seus governos e sua democracia, e como esta enfrenta dificuldades ainda maiores quando veem que seu povo não alcança mais soluções econômicas quase ridículas quando entregam seus trabalhos nas mãos de padrões hostis, cíclicos ou permanentes, sem saber além de uma supérflua rede de informações o que realmente acontece no mundo real. Pois seus trabalhos são duros, e nem sempre os patrões cedem a chance de ao menos protestar contra o caráter da exploração a que são submetidos, em leis do mercado. A saber, temos que passar a sermos guiados por democracias impostas, no modal de sofrermos golpes e beneficiarmos o grande sistema financeiro e midiático internacional, com seus ramais nativos. A brutalidade não reside apenas nessas ações efetivas contra o Estado Nacional que quer se tornar auto suficiente, ou ao menos sair de um quadro de miserabilidade, repartindo as riquezas geradas internamente e com a balança comercial em favor de seus habitantes. O brutal da questão é ver que muitos da política creem ser justo esses atos, permanecendo em uma ofensiva bárbara para aprovar leis que aos poucos vão deteriorando a Carta Magna, conquistada duramente depois de uma era dantesca para a sociedade civilizada de um país como o Brasil, o exemplo clássico, pois somos desse país, e não agregados entreguistas, como uma boa parte.
           Nenhum país de boa conduta, ou que tenha representantes que honrem seus mandatos, pode deixar que setores altamente estratégicos de seu território e riqueza gerada, incluso grande parte de suas florestas, sejam entregues a nações que querem apenas manter seu status de ganâncias, esquadrinhando imensos valores patrimoniais, ecológicos e de reservas, como se fora um toma lá dá cá, fazendo de caso pensado algo de extrema perda para aqueles que sabem que um país como o nosso não se constrói do dia para a noite. O que deve motivar todo um povo em suas mais variadas e unidas categorias é justamente pensar em um Brasil de brasileiros, pois não há nenhuma nação que nos dará qualquer riqueza que não esteja estranha mas previsivelmente conveniada por interesses maiores do que o valor que é pago, ou emprestado. A título de um país mais inteligente, não podemos dar ao luxo de um conhecimento às elites que o transformam justamente no luxo, restando ao ensino gratuito a ausência de oportunidades das classes mais empobrecidas, quando aquele paradoxalmente seja bom, ou rebaixando o ensino público mais básico e em regiões periféricas com a qualidade terceiro mundista reflexa. Se fossemos escolher Brasil-Etiópia, teríamos muito mais a desenvolver, enquanto nações que se irmanem para preservar suas autonomias, pois Brasil-EUA, por exemplo, alia apenas um país rico com os ricos de um país pobre. Não que não seja próprio e interessante o intercâmbio de conhecimento, mas temos que deixar de lado a falsa noção de querermos quase obedecer a uma hierarquização das nações, se quisermos dar um exemplo de que podemos, com todos os potenciais de uma nação poderosamente rica em recursos como a nossa, de desenvolvermos estes de dentro para fora, ficando para dentro uma melhor distribuição de riquezas, e para fora o equacionamento de uma economia com suas leis externas, para se bem entender, o que seria possível se o Estado Brasileiro regulasse melhor as nossas empresas, de forma a fomentar igualmente o desenvolvimento destas com a sua devida força motriz e de consumo interno, que são seus operários, que são seus comerciários, seus trabalhadores, em uma síntese agora pontual e necessária. Sem esse caminho não teremos um país, mas apenas um satélite em função dos países ricos, nisso incluindo igualmente a Europa – berço de tantos impérios.
          Havemos por recomeçar um tipo de pensamento que possa estar vinculado a questões filosóficas de cunho forte, e isso é assaz importante, mas que agreguemos nossas pesquisas com o que há de novo na frente de nossos ideais, pois certo é que a maior parte de nossos jovens patriotas passam por vezes a desconstruir a era atual. Na verdade devem estudar melhor algumas ferramentas que a nova tecnocracia está querendo impor como auxílio de alianças com os mentores dessas realidades, a começar com o estudo mais aprofundado dos computadores, do design, da programação, dos games, e da imensa indústria cultural cinematográfica e de animação. Isso tudo deve sofrer uma releitura dinâmica, onde se passa podermos ter noções mais evidentes dos processos criativos e idealizadores desses impérios da comunicação. A contrapor-se a essa dialética constante é que devemos construir uma consciênca mais clara a partir de dissipar a ignorância de nossos colegas e amigos, levando-nos a discutir questões que nos pareçam obsoletas, e fundindo historicamente os meios da atualidade e a compreensão daqueles que originaram a corrida tecnológica dos tempos contemporâneos, criando as fusões necessárias, num modal parecido com os novos modais das empresas e suas coligações. Esse debate deve ser amplo, bem como a compreensão do que acontece na esfera dos Poderes, ou seja, criemos as condições realmente urgentes para ao menos podermos ser críticos e verazes na compreensão dos processos que levam uma país ao desenvolvimento real, ou à sua bancarrota e de suas instituições. Devemos saber quem trabalha em serviços de inteligência externa, ou para o que servem e quais as intenções de estarem agindo em nossa pátria. Multiplicando com agências próprias e necessárias, dentro da legalidade deveras urgente, não devemos ampliar nossos leques de atuação baseando-nos em ações que no passado foram erráticas e insuficientes. Devemos galgar uma escada longa para isso, mas por vezes temos que sentar em um degrau se não tivermos força suficiente. A recuperação de nossas forças deve sempre se pautar na serenidade em que os barcos que possuem a bússola para a Verdade nos guiam na história de todos à vitória do bom senso.

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