Que bom que nos encontrássemos na
faculdade. E uma faculdade que faculte ideias, não apenas no torpor do laurel.
Este dinossauro que vos fala é da época em que o jornalista não precisava de
diploma: agora, tanto precisa que para trabalhar – diplomado – e encontrar seu
emprego tem que reportar algumas mentiras, ou fatos forjados, pois a verdade em
sua investigação mais precisa assustaria até aos seres mais endurecidos...
Remontemos a uma época da verdade, em que o artista-antena recebesse por
grandes artes, em que na filosofia Marx fosse rico pela sua importância, mas
não encontramos sequer um vestígio desse tempo. Hoje encontramos a riqueza, e
nas mãos de uma variedade tão grande da ignorância e da alienação, que jamais –
me parece – encontraremos outros tempos em que esta riqueza seja melhor
distribuída: em que um trem urbano possa ter conforto, um metrô seja bom no
Brasil, uma cidade seja mais favorável às populações de periferia. Convenhamos,
faltam faculdades que ensinem no mínimo a solidariedade, no mínimo a não
plataforma mercenária de acumulação de carreiras, a possibilidade de um serviço
público ser compatível com um atendimento humano, uma educação em que o
professor possa ter uma vida digna, uma gente causal menos criminosa. Esta
relação do homem com a verdade carece da pétrea hipocrisia de covardes sequer
tentarem entender a intenção, pois já envelheceram os seus vícios de um
comportamento cabalmente nocivo, não só às propostas de uma sociedade melhor,
mas a eles mesmos, enquanto forem pelo menos um mínimo conscientes, ao invés de
pensarem que olhando para o próprio umbigo sejam partícipes de alguma merda
qualquer. Os que podem se formam e os que não podem que se fodam, é uma
assertiva máxima do neoliberalismo, enquanto pensarem no domínio do campo da
reação que aqueles que se formam são superiores. O que não aceitam é que um
operário seja seu Presidente, e que este nunca precisou ser mais do que um
operário consciente de seus turnos e lutas coerentes para ingressar no grande
processo histórico-administrativo pela pátria brasileira. Muitos se calam ante
o fato histórico, assim como no viés retrógrado da própria história muitos
apagam as luzes como quem joga fora um palito queimado, mal sabendo da
velocidade de uma faísca na crescente versão dos fatos dos que corajosamente
participam da libertação de todo um país, frente ao retrocesso sem conta e sem
referências similares de Cunha e seus asseclas. Bom seria ensinarmos história
nas faculdades, sobre como foram os patronos de nossa nação: os verdadeiros
papéis que representaram, desde a descoberta, o Brasil Império, a Velha
República, Getúlio, o golpe, quem votou contra as Diretas, como foi a transição
para a democracia, o que foi bom, o que foi ruim, obviamente sob as luzes de
uma Constituição mesmo em um ano tão conturbado como foi o de 1.988, seus prós
e contras...
A faculdade ensinaria muito em
questão de democratizar as matérias humanas, o que hoje é relegado, pois
continuam achando que um povo melhor é aquele que pode ser manobrado, que é
mais fácil a cooptação de esquerda do que o inverso, pois a esquerda que coopta
é insalubre. Se ficarmos torcendo por um Estado Nacional plutocrata não
estaremos sendo progressistas: apenas incentivando a repressão sem pensar na
prevenção e planejamento efetivos, para que haja realmente melhoria substancial
não apenas em um Congresso que está desgastado e amorfo, como na conscientização
das massas, dentro de um regime fundamentado na democracia com maior
participação, que o seja, nas cúpulas anódinas do Poder, que se tornem por essa
simples equação mais representativas dos interesses das camadas populares, aos
setores produtivos, ao campo como um todo, e às inteligências do país, que vão
desde a medicina à segurança, mais humanizadas, para citar dois aspectos
relevantes. Temos agora, depois de constatarmos que vivemos em um país
soberano, distante das guerras que se travam no panorama mundial, de resguardar
o Estado Democrático de Direito, a aprovação de projetos positivos para o
desenvolvimento sustentável da nação, a manutenção de todas as nossas instituições
democráticas – mesmo com seus erros e acertos monumentais –, a sublimação de
quaisquer atitudes políticas que tentem desestabilizar a normalidade e a ordem,
a logística primorosa de segurança de que somos já capazes para evitar qualquer
situação de conflito nas Olimpíadas de 2016, e manter a paz em um país que
somos, continental, de boas intenções em suas relações internacionais e ótimo
anfitrião com relação a estrangeiros, gêneros, etnia e credos. Essa é a
normalidade que todos queremos, certamente com a ingerência cada vez mais
importante daqueles setores da ciência e da inteligência do país, que têm sua origem
inegável nas Universidades brasileiras, e seus intercâmbios altamente
salutares.
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