quinta-feira, 19 de novembro de 2015

DA FACULDADE

            Que bom que nos encontrássemos na faculdade. E uma faculdade que faculte ideias, não apenas no torpor do laurel. Este dinossauro que vos fala é da época em que o jornalista não precisava de diploma: agora, tanto precisa que para trabalhar – diplomado – e encontrar seu emprego tem que reportar algumas mentiras, ou fatos forjados, pois a verdade em sua investigação mais precisa assustaria até aos seres mais endurecidos... Remontemos a uma época da verdade, em que o artista-antena recebesse por grandes artes, em que na filosofia Marx fosse rico pela sua importância, mas não encontramos sequer um vestígio desse tempo. Hoje encontramos a riqueza, e nas mãos de uma variedade tão grande da ignorância e da alienação, que jamais – me parece – encontraremos outros tempos em que esta riqueza seja melhor distribuída: em que um trem urbano possa ter conforto, um metrô seja bom no Brasil, uma cidade seja mais favorável às populações de periferia. Convenhamos, faltam faculdades que ensinem no mínimo a solidariedade, no mínimo a não plataforma mercenária de acumulação de carreiras, a possibilidade de um serviço público ser compatível com um atendimento humano, uma educação em que o professor possa ter uma vida digna, uma gente causal menos criminosa. Esta relação do homem com a verdade carece da pétrea hipocrisia de covardes sequer tentarem entender a intenção, pois já envelheceram os seus vícios de um comportamento cabalmente nocivo, não só às propostas de uma sociedade melhor, mas a eles mesmos, enquanto forem pelo menos um mínimo conscientes, ao invés de pensarem que olhando para o próprio umbigo sejam partícipes de alguma merda qualquer. Os que podem se formam e os que não podem que se fodam, é uma assertiva máxima do neoliberalismo, enquanto pensarem no domínio do campo da reação que aqueles que se formam são superiores. O que não aceitam é que um operário seja seu Presidente, e que este nunca precisou ser mais do que um operário consciente de seus turnos e lutas coerentes para ingressar no grande processo histórico-administrativo pela pátria brasileira. Muitos se calam ante o fato histórico, assim como no viés retrógrado da própria história muitos apagam as luzes como quem joga fora um palito queimado, mal sabendo da velocidade de uma faísca na crescente versão dos fatos dos que corajosamente participam da libertação de todo um país, frente ao retrocesso sem conta e sem referências similares de Cunha e seus asseclas. Bom seria ensinarmos história nas faculdades, sobre como foram os patronos de nossa nação: os verdadeiros papéis que representaram, desde a descoberta, o Brasil Império, a Velha República, Getúlio, o golpe, quem votou contra as Diretas, como foi a transição para a democracia, o que foi bom, o que foi ruim, obviamente sob as luzes de uma Constituição mesmo em um ano tão conturbado como foi o de 1.988, seus prós e contras...
            A faculdade ensinaria muito em questão de democratizar as matérias humanas, o que hoje é relegado, pois continuam achando que um povo melhor é aquele que pode ser manobrado, que é mais fácil a cooptação de esquerda do que o inverso, pois a esquerda que coopta é insalubre. Se ficarmos torcendo por um Estado Nacional plutocrata não estaremos sendo progressistas: apenas incentivando a repressão sem pensar na prevenção e planejamento efetivos, para que haja realmente melhoria substancial não apenas em um Congresso que está desgastado e amorfo, como na conscientização das massas, dentro de um regime fundamentado na democracia com maior participação, que o seja, nas cúpulas anódinas do Poder, que se tornem por essa simples equação mais representativas dos interesses das camadas populares, aos setores produtivos, ao campo como um todo, e às inteligências do país, que vão desde a medicina à segurança, mais humanizadas, para citar dois aspectos relevantes. Temos agora, depois de constatarmos que vivemos em um país soberano, distante das guerras que se travam no panorama mundial, de resguardar o Estado Democrático de Direito, a aprovação de projetos positivos para o desenvolvimento sustentável da nação, a manutenção de todas as nossas instituições democráticas – mesmo com seus erros e acertos monumentais –, a sublimação de quaisquer atitudes políticas que tentem desestabilizar a normalidade e a ordem, a logística primorosa de segurança de que somos já capazes para evitar qualquer situação de conflito nas Olimpíadas de 2016, e manter a paz em um país que somos, continental, de boas intenções em suas relações internacionais e ótimo anfitrião com relação a estrangeiros, gêneros, etnia e credos. Essa é a normalidade que todos queremos, certamente com a ingerência cada vez mais importante daqueles setores da ciência e da inteligência do país, que têm sua origem inegável nas Universidades brasileiras, e seus intercâmbios altamente salutares.

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