domingo, 8 de novembro de 2015

COM O QUE SE DIZ

            Na verdade, pouco seríamos sem o advento do Senhor Caitanya Mahaprabhu na era da Idade Média ocidental, dentro da Índia. Pois que deixou seus ensinamentos, e Prabhupada os trouxe em sua tradução para o Ocidente. Com o que dizemos, não seria suficiente enumerar suas qualidades, posto encarnação de Krsna como o Avatara Dourado. Sabemos pouco da Índia, e uma questão filosófica que me parece maravilhosa é a constatação de que o Absoluto Supremo gera suas infinitas partículas de vida como o Sol gera seus subprodutos sem alterar-se, à sua temperatura ou forma. Daí vem a vida aqui na Terra, ou desde Brahmaloka a Patalaloka, em todos os níveis destes nossos mundos materiais. Esse pressuposto filosófico-religioso é aceito por muitos níveis da devoção, mas aceitar Caitanya e seu advento como um princípio de tentativa de salvarmos algo em uma era dourada é condição de pelo menos pesquisarmos a respeito, pois hoje diagnosticar ou especular sobre o que se diz ou o que se pretende conhecer no mínimo é uma perda de tempo sagrado... Quando nos perdemos abraçando-nos ao tronco de Freud ou mesmo de Marx, saibamos que um pouco do conhecimento transcendental é uma condição importante, pois na apropriação das riquezas ou conhecimento da matéria falta-nos perceber que somos animados por um espírito, no mínimo, e a realidade das religiões nos faz saber que devemos escolher sempre uma que seja mais aproximada do conhecimento da própria ciência, ou seja, tomarmos ciência do Absoluto. Esse mesmo Ser que transcende, onde não há dualidade, por onde nos desapegamos, a saber, que um que sofre da penitência sabe que não sofre quando está servindo ao Supremo. Como um preâmbulo de fé estejamos ciente dessa posição, não necessariamente igual ou superior a qualquer vida que esteja lendo este excerto, pois não deixa de ser apenas uma posição – repito.
            Em uma prática há diversos modos de nos encontrarmos em uma veia mais contemplativa em relação ao que nos cerca, sendo uma cidade de concreto armado, ou mesmo uma ilha, ou montanha com suas miríades maravilhosas da Natureza. A preocupação com os nossos companheiros de jornada é recorrente, mas estejamos cônscios de que hoje em dia, em qualquer nível, obviamente alguém pensa em sua segurança, não apenas financeira mas existencial, e sempre foi assim em todos os níveis e todas as sociedades. No entanto, como em uma hierarquia, que desejemos o melhor ao próximo e nos situemos no modo da bondade, pois este é um ensinamento que gera melhor entendimento aos povos, se obviamente irradiarmos isto para aqueles que pregam a intolerância e injustiça. A prática filosófica começa aí, e não apenas um devoto pode pensar assim, mas que seja uma postura global, que a nós no serviço devocional pretendemos a Era Dourada na Terra, ou seja, algo que transcenda em termos de salvação do planeta, contrapondo-se à tendência de muitos acharem que estamos no fim dos tempos, o que gera o regresso entre diversos povos e uma corrida ao “sagrado” que se torna efêmera enquanto pregos em versículos ou capítulos, ao que poderíamos lutar para melhorar a situação de muitos, e não esperar pelo pior, ou pelo messianismo quase escatológico da ortodoxia.
            Digo algo na minha acepção, justamente porque me considero efetivamente um homem religioso, distante de qualquer tradução muito simplificada, já que não busco a salvação, mas o serviço eterno ao Senhor, sem merecimento e sem causa, nascimento após nascimento, onde quer que tenha que voltar, por aqui mesmo em um futuro de Kali-Yuga pungente, se for assim meu desígnio. Alguns homens se acostumaram a níveis de dificuldade meio extremados, quando por vezes têm que ascender sobre o prisma da lucidez, tornando-se meros instrumentos de Krsna. Meu intento é fazer com que ergamos uma coluna de prestigioso e inequívoco progresso, não apenas nas conquistas de ordem social na questão material, mas igualmente na relação deste ser social com a sua inclusão espiritual necessária àqueles que estão nessa senda, afim de promover o progresso nesse sentido. Se não houver essa possibilidade, que me escutem outra hora, mas que seja dado o testemunho de um homem que já sofreu razoavelmente neste mundo e, mesmo no sofrimento, considera escola tudo o que vive, embasado agora em uma escritura que diz muito em sua acepção sobre o mundo.
            Que seja dada uma largada, talvez o debate entre as vertentes religiosas, talvez algo a se propor nesse sentido, o que muito nos resguardaria a compreensão da idiossincrasia do próximo, e não a intolerância que por vezes tem suas origens na ignorância e falta de oportunidades em que o ser individual e coletivo perdem a sintonia e inserção, quando alicerçam suas metáforas existenciais por vezes em programações e historietas de folhetins francamente escusas. Para se mais exato: as séries e novelas, sua exposição desenfreada de violência e ardis. Isto trata-se apenas de uma colocação e opinião, nada mais. Que revisem seus conceitos, é o que muitos querem para um país melhorar. A introdução de sistemas alternativos de vivência cotidiana, o retorno às raízes culturais, a busca de informação dinâmica e coerente, os ensinamentos a partir das bases populares, tudo isso é uma troca salutar, e convenhamos, que este humilde autor seja Hare Krsna, isso não impede que se pense a respeito de todos os assuntos, pois a mera especulação apenas fecha o ciclo onde a verdade não respire: a falta que nos dá o encontro do diálogo e do cultivo sincero do conhecimento e seu compartir saudável nesse sentido...

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