domingo, 29 de novembro de 2015

O SER IMAGINÁRIO

            De um ser imaginário, comecemos poupando as dúvidas, mas que se recobre de incertezas... Seu corpo é um sem corpo, transmutado alma nas rochas, virando, encarnando em milênios, inimaginável mesmo quase antes com nosso preâmbulo em começarmos nossa descrição. Os livros sabem de sua forma, mas todos eles formulam apenas um de seus olhos, pois o outro vira um reflexo, como na figueira de bengala com as raízes para cima, vista no seu reflexo de um grande lago. Diziam que esse ser tinha um focinho, mas quem podia vê-lo eram apenas aqueles que escutavam suas vozes vendo a bíblia: vozes de Isaías. Um focinho de lince, diziam, e que alguns alcançavam seu conhecimento por uma lenda em que esse ser se encontra na descrição de uma das viagens de um principezinho. Talvez em seu pouso nos campos de Campeche, em uma ilha perdida no atlântico Sul, ousando a própria afirmação na fuga de alguns que viam estrelas fumando ganja para agradar as selvas, e no entanto outros seres pautavam as imaginações... Seu pescoço era azulado como o de Shiva depois que este tomou todo o veneno da batedura do oceano de leite, mas havia uma espora que denotava um calo na coluna de onde vertia um sêmen que se transformava em uma chuva em que apenas a Lua teria competência de revelar com o seu brilho.
            Tal desconcertante era o ser, que ninguém ousava repeti-lo em um desenho, pois não haveria material descoberto ainda, apenas talvez um grafite parisiense que traçava todas as cores a um só gesto. Não havia nome que o revelasse, mas apenas uma demência grandiosa pudesse nos fazer acreditar – quando revelado por esta – que o mesmo ser curasse a demência pelo presente em conceder uma revelação! Diz outra lenda que um homem havia visto o seu nome e surpreendentemente falara com esse nome. Mas tudo era fazer crer que imaginassem tanto que a própria farsa se fazia concreta, ao sabermos que nada nos faria sequer concebê-lo. Esse não alcance, essa farsa nos diria algo a se saber um pouco, pois da qualidade em ser curioso apenas saberia de formas ou ditos, de religiosos, de anunciações, de santos já inexistentes, da prerrogativa da psiquiatria que talvez e felizmente travasse o encontro. Uma dúvida existiria. Dentro da margem de acerto mecânica, um nome daria conta, pois sabendo-se por um cálculo científico que esse ser ou encarnação estava em cada onda oceânica, cada vibração de átomo, seria algo confortável chamá-lo do mesmo inconcebível, saberíamos derivar para algo mais inenarrável aos olhos da ciência, como o cérebro humano, e sua miríades de sinapses estrelares.
            Depois da quantificação, da análise, da verificação behaviorística, nada seria capaz de sobrar, nesse arremedo de mapearmos, de procedermos varreduras exatas. Mas o próprio vaso adiabático ou o zero Kelvin seriam quase impossíveis em seus idealismos mecânicos, e o ser existia, enquanto pressuposição, enquanto um leve traço de Miró talvez encontrasse algo a se descrever. Mas tinha que ser literal... Essa contenda de descobrir faria Borges pensar que devesse ter encontrado algo em suas pesquisas, e o mais ateu ter afirmado ver um Deus em seus sonhos...

sábado, 28 de novembro de 2015

A POSIÇÃO ORIGINAL

            Quem sabe tenhamos dentro de nós algo que nos remeta a uma posição ou situação em que nos encontramos com um tipo de releitura de nós mesmos... Quem sabe se, no exercício das letras, saibamos ver com mais clareza os princípios de um diálogo, ou mesmo a semântica do reflexo que – por hora – pensamos como realidade. Talvez seja uma questão de tempo, mas que tenhamos profundas reflexões sobre o mesmo tempo e nossa experimentação histórica do que venha a ser a cronologia, os erros cometidos, os acertos, as dúvidas que ainda permanecem por falta de embasamentos e as ressalvas com relação aos atos que cometemos diuturnamente. Os aspectos teóricos das civilizações, as correntes filosóficas sempre foram salutares intelectualmente, e seria igualmente salutar para a sociedade como um todo se a leitura fosse uma questão gestora e receptiva de todos os canais, mesclando esses dois fatores com a crítica, com nosso posicionamento, com a dinâmica do conhecimento, e alicerces factuais em que os conheçamos dentro das fundações primeiras, desde as sapatas que estabeleçam nossas sustentações, enquanto indivíduos no contexto da coletividade. Não deixemos de lado a preocupação recorrente em que o uso de algumas palavras ou termos sejam interpretados sob a ótica de um tipo de rastreamento, como indução dedutiva de que estejamos errados nos tempos de hoje, onde errare humanum est. Justo, o que é de valia será sempre, e o que é de inteligência que se preserve como um grande patrimônio, algo que não se dissolva no mesmo tempo acima referido, pois o conceito deste pode ser linear, mas o pensamento abre-se por vezes em leques no individual, mas concatena-se em sínteses no plano sem artifícios na lógica que lhe dá sustentação: daí a importância de o conhecermos desde as suas origens, na sua história de pressuposto filosófico. O pensamento é seara intangível, silencioso, inexpressível quando por não registro ou forma, conexão enquanto luz, e veloz como o brilho de uma estrela viva. O pensamento não morre, pois sua posição é espiritual quando nesta depositemos, e eternamente fica a ação, posto em bhakti a yoga é Suprema... Quem dera a ciência conseguisse a vigília do milagre em seres pensadores no modo da bondade, mas o quinhão da ciência tem versado sobre ações que partem de resultados materialistas em excesso, e a ciência espiritual – essa condição sine qua non – é fadada a regredir, em uma sociedade materialista como a nossa. As condições de se estabelecer um panorama de paz e justiça equânime no mundo passa pelo conhecimento, nem que se estabeleça a história como disciplina de raiz, pois que abramos espaço cultural às manifestações próprias do povo que luta para manter sua arte e suas posições enquanto conhecedores – à sua maneira – do mundo.
            Tenhamos a simples consciência de que os homens e as mulheres não se ressintam por algo de perda provisória, já que as verdadeiras conquistas, assim como os melhores relacionamentos, vêm da aceitabilidade de seu eu para poder compreender as limitações do seu próximo, e adquirir a verdadeira posição frente a um mundo de contínuas mudanças, mas que paradoxalmente vê suas conquistas por vezes negativamente superexpostas, na versão sensacionalista de nossas audiências globais e internas, quando a intenção é fomentar a discórdia. Vê-se muitos se batendo, vê-se ciúmes sem conta, a maldade contra os animais, o descontrole, o álcool, por vezes a barbárie. Mas que a paz seja nossa posição eterna, mesmo que seja apenas em pensamentos, pois os mesmos pensamentos nos levarão a ações que diligentemente defendemos para atingir a plataforma gigante e indispensável de evitar, até que o diálogo nos baste, uma pessoa que só pensa em guerras e conflitos de qualquer ordem, ou pior, de qualquer caos...

terça-feira, 24 de novembro de 2015

AREIAS

            Despertei àquelas duas horas da madrugada quase imberbe, me encontrando com um espelho sem fundo, qual não fora, apenas meu reflexo. Enquanto subia meu olhar do chão, me vi estranhando-me em imagens, o perplexo farfalhar do mesmo reflexo... Havia gente no meu quarto, de noite anterior, as roupas deixadas no banheiro induzia a saber da mesma noite, o que fizera ou deixara a ser feito outra hora, que me ressentia a uma náusea praticamente a não ser resolvida no que restaria dos restolhos das manhãs. As vertigens eram naturais, fossem o que realmente eram, mas a paz me fazia refletir sobre o mesmo espelho daquela madrugada, qual superfície branca inexistente, entre tons violáceos puxados ao rubro nas luzes que cria amarelas dos postes noturnos. Me encantava com tudo e tudo teria solução, naqueles tempos em que passeávamos na orla marinha já percebendo os pássaros – incrível! – como privilégios existenciais. Nisso de ver um afago de um casal, nisso que alguns homens possuem a gana de estar bem com uma mulher, amando-a sabendo-se ser amado. Mas que ela soubesse, a um homem devia ser o suficiente, pois o amor por um lado não deixa de ter sua boa e maravilhosa semente, no que o olhar do arrependimento pode vir da luz ressurgida de um caráter, o que espelha no ser as esperanças de que nos acertemos todos no mundo...
            Como é terna a palavra que não existe para sobreviver, mas que emana da vida o sentimento de uma nobreza que pode vir de um mendigo até um chefe de estado. Não há ternura pouca, mesmo que uma gota emane sincera da fonte serena em que reside um olhar, e quando vemos esse olhar, devemos ver com transparência, pois vem do espírito, da alma, e ressurge quando é compartilhado, ao darmos tréguas por muitos sofrimentos que sofremos ou causamos por vezes na ingenuidade de nossas tíbias referências, enquanto solidez de mensagem, enquanto verdade de um fato bom, que seja, um bom filme, um parágrafo de um livro, um conto, uma poesia que não gere quaisquer manifestação de lutas que não sejam aquelas que podem vir do encontro com uma consciência das coisas naturais, assim, de não sermos predadores, pois estes já existem na Natureza e suas vertentes.
            Nascera como sempre meu sono atrapalhado naquela madrugada, mas voltei a dormir. Estava exausto, meio apaixonado por uma mulher maravilhosa: a mais bela, a mais forte, e me causava uma impressão tamanha que não suportava a ideia que fosse assim, pois meu amor estava preso há séculos, e eu não podia admitir que amasse, pois que tinha medo de sofrer algo de um amor, mas sabia que um poeta dizia que todo amor vale, que todo o amor ressurge das montanhas, que todo ele é no mínimo uma fração de grandes esperanças compartidas, a partir da história de cada qual...
            Mas aquele dia era meio solitário, sonhara na noite com um beijo, e este não tinha muita narrativa, era uma represa, um lago em potencial, um sôfrego alimento de um pequeno ser. Acabei por escrever pequenas linhas, tortas no entanto em estado de um ânimo sequencial, como a arte de um quadrinho, em que olhando-me no espelho apenas tomei contato com o corpo cansado de um homem que infelizmente para a sua história amorosa despertara muito tarde para tanto, mas que em compensação o amor que nutria a Krsna me fazia repirar dentro de um espaço infinito onde as raízes fecundas, através dele, alimentariam todos as folhas possíveis dentro de uma vertente mais gigante do que o encontro entre um par.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

CIÊNCIA

            Existe um panorama vasto que se professa nesse nome, qual não seja sabermos que um que exista enquanto ser amigo das conquistas desse campo segue sabendo ou não utilizar essa gigantesca frente de conhecimento em seu próprio progresso enquanto utilidade afeita e razoável. Sob essa frente pauta-se a certeza e a incerteza, ambas de origem no próprio e salutar processo da investigação científica. Quando esse método se amplia no modo de vermos que nosso século possui ferramentas tão várias que a facilitação de monitoramento de grandes realizações nesse campo infelizmente vem associadas igualmente com aspectos que levam grande populações a uma alienação quase inevitável. No entanto, é natural que surjam períodos de adaptação a que se use uma conquista científica dentro de padrões mais antigos, em que o fluxo não apenas não interrompa o avanço do conhecimento, mas que os mesmos padrões de que possa se fazer uso sejam fatores inspiradores e agregadores para as novas gerações, em que e a infância por vezes é apenas com a aproximação tecnológica, com a parte lúdica da terra e do chão, rara... Resta sabermos lidar com o fato de que o artesanato é um imenso contraponto que harmoniza as linhas melódicas do fazer, do construir e do expressar, como cita Alfredo Bosi em relação à arte, em um livro em que não recordo o nome, mas que considero importante na minha formação nas artes visuais. Posto que um artista não possua fama de sobreviver da arte, mas que esta encerra em si a própria concepção particular do mundo em que vivemos, como um olhar, um sentimento em relação ao imo e ao entorno.
            Por incrível que pareça, a água tem sido um bem que as humanidades não têm sabido manter incólume, mesmo com tantas as nossas ciências, e a própria ciência particular e individual em que pensamos que consumimos o bem, este, coletivo e crucial para a sobrevivência das espécies na Terra. Cito a água para traçar um paralelo em que a maior expoente de nossos cientistas, que é a corrida espacial, só encontrará um planeta com vida, quando esta se apresenta assim como no nosso. Este parágrafo é um istmo na corrente de vosso pensamento, para que saibam de todas as nossas incertezas sobre a corrida em que nos inserimos, e que a ciência por vezes superlativa de modo a nublar as noções que possuímos sobre a paz e a tolerância, a meditação, a introspecção, em que fujamos um pouco desse determinismo em termos que estar “conectados” todo o tempo, pois a verdadeira conexão não deixa, na ótica de um ambientalista convicto, de ser a própria Natureza, não apenas em sua acepção corrente, como na selva do construído, no panorama global dos objetos, igualmente, pois essa fusão necessária é de extrema importância a que sustentemos a vida sempre, em qualquer circunstância. No que saibamos que um pensamento verdadeiramente científico surge com a manutenção de melhores dias a todos que vivem na cidade ou no campo, pois as vilas miseráveis só fazem depauperar os espaços urbanos como um todo, e pensar no incremento da qualidade de vida dessas populações é apenas uma obviedade com relação a um crescimento pautado pelo bom senso. Sempre pensemos assim, pois um país com mais populações educadas é um país que desenvolve sua ciência e a consciência existencial como um todo, no sentido lato, sem interpretações de cunho de atraso.
Como todos sabemos, a questão da ciência puramente e quase resolvida passa pela via da história, em que todas as mudanças tecnológicas de nosso mundo traçam ou derivam a história ela mesma nos seus aspectos da relação material entre os povos. Esse sucedâneo atravessa o espírito como um todo e influencia a versão religiosa e cultural sob o aspecto da produção e da relação dialogada em torno – ao menos – do polo positivo e do polo negativo, das forças que sabemos inevitáveis dos que querem destruir e daquelas mais próprias da preservação, construção boa e manutenção do que há por se descobrir de positivo. Esse afirmar da positividade é algo relativo, pois em todo o equilíbrio natural os dois polos se confundem e se completam, o que descarta qualquer possibilidade de pensamento único e fragmentação ideológica, pois quase no Tao passa a ser um pensamento algo de consciente – a mais – na compreensão mesma do processo em que os seres vivos como um todo convivem ou enfrentam-se, à parte a espécie humana, que tem se mostrado ser de uma predação equivocada enquanto justamente fragmentadora perene do planeta onde habitamos. Uma predação que sedimenta o seu fracasso em não pensar que os recursos são esgotados passo a passo e as conquistas bélicas apenas reforçam o fracasso em termos nos apresentado historicamente como exploradores incontestavelmente nocivos a tudo que pretendíamos da arte, da vida, do espírito, agora fadados a uma guerra sem fim, se não tomarmos uma consciência vital a favor de uma paz permanente que esteja presente e religiosamente coerente com o processo que se está passando, e que apenas o vento, apenas os pássaros e as feras sabem a resposta, já que tem sofrido a devastação perene por séculos e séculos...
No encontro que possuímos com a realidade algo de caleidoscópico se nos apresenta, de um modo em que não nos encontramos mais com aquilo que recebemos atavicamente como sendo o que realmente importa, independente da cultura de cada povo, a idiossincrasia particular e individual de cada qual, o que pretendemos enquanto cidadãos, e o que significa a distinção entre cidadania e direito indígena, para citar um exemplo clássico sobre os homens que estão sobre o solo da Terra. Isso é uma questão de ciência humana, de sabermos que estamos vivendo cada qual no mundo, e que a ciência desse fato corrobora nosso papel de seres que teremos a entrar em um acordo, pois não há ingerência de justiça na lei do mais forte sobre o mais fraco, pois essa ciência equivocada do poder coloca mesmo em xeque a importância deste, posto sua vontade de obter algo em seu viés solapa a dimensão do próprio querer, já que os chamados “mais fracos” muitas vezes são contingenciados por certas causalidades...

sábado, 21 de novembro de 2015

A ARTE NÃO É LOTERIA

Quem dera se o prêmio de ser artista fosse concedido àqueles
Que gostam de escrever por necessidade, ou que não condenam
Um pensar construtivo de querer que outros conheçam
As maneiras inquietas do querer, que o sejamos sempre assim...

A arte liberta, não é paga na lotérica, por vezes um pincel é caro
E a tinta se mescla ao manancial de suas superfícies,
Como um rio que singra monumental entre as florestas!

A arte é um processo lento, por vezes uma pequena criança a encontra
Embalada no solo fecundo do conhecimento, e que a arte se poupa
De sacrifício, pois é expressar-se na veia inquieta de um pobre poeta.

Quem dera fossemos ganhar um bilhete, que diria sempre
Que a arte fora pontuada, em que lições de um desenhista
Fosse o próprio projeto realizado de um grande muralista!

A arte é Portinari, é Cavalcanti, Tarsila, Degas, propriamente dito,
Que são tantos que não enumeramos cronologicamente
Uma história que não existe, posto os ismos serem muito reticentes...

A arte reveste de sonho os sonhos do planeta, consolida as gentes
Em algo – aí sim – de história, de sabermos que um Giotto
Confirma o revolucionário panorama dos planos e seus espaços.

A arte é palavra, é som, é música, teatro, algo mais do que apenas
Um escrever sincero, mas que este escrever sincero seja mais arte
Quando um tenta dizer a mais do que se pretendia no grande painel!

Preservar é arte, germinar a terra é igualmente um carinho
Sobre o manto do húmus em que vemos a planta brotar
Sem a prerrogativa de pensarmos que qualquer povo é nela superior.

Qualquer que seja distinto, um homem, uma mulher, um menino
Versam sobre a criação da paz, e que esta esteja sempre nos lares,
Pois pensarmos na loucura da guerra é sempre a maior antítese dell'Art.

UMA QUESTÃO DE PROPÓSITO

            A proposição não é questão coercitiva, pois enquanto há o diálogo saudável, não encontremos nas palavras nada que não seja lato, sentido mesmo, sintaxe... Que queiram falar outros outros significados, pois que falem ou deixem a que digam o mínimo que seja a favor de frases mais verdadeiras, que alimentem o cidadão de conhecimento, que verse sobre o intelecto, pois isso é o mais saudável alimento a que surjam na sociedade propostas mais criativas e fecundas. A preocupação com os mais desprovidos, no mínimo é aforisma lógico e concreto em encontrarmos searas férteis a que desenvolvamos um padrão mais humanitário de vida, e é nessa acepção que todos deveriam assentar sua intenção, pois cresceremos todos em uma igualdade mesma de condições em que fronteiras sejam colocadas em torno do que seja cultural, etimológico, de raiz, de vermos que no fundo seremos mais iguais em direitos e deveres para com a nação brasileira.
            Estamos em fases, apenas, fases que por vezes não se completam, e que toda a infestação nociva em nosso congresso, pontuando contra os interesses nacionais, em que versem artimanhas contra todo um Governo abertamente mais popular por opção e atitude, tendam no mínimo a encontrar-se frente a frente com essa verdade. Não é mais questão de poderes, é o mínimo do mínimo do bom senso que falta aos mentores desse golpe sujo e contínuo embasado pela mídia, no viés de suas mentiras. Há quem siga Marina Silva, como um apanágio de voz ridícula e fundamentalista dentro de sua ignorância cega, quando se permite repetir a cartilha que estão lhe passando desde fora. Não é o pensar de se criar lideranças forjadas que estarão literalmente ferrando com o nosso país, pois a questão há de ser propositiva, e não leniente. A crítica é mais feroz e contundente quando se diz que a briga de opositores está errada, mas que critiquem as veias que criticam, dentro do que fazem fora daqui. As guerras se declaram pelo mundo, e nosso querido país torna-se refém de lacaios que são agentes escusos dessas mesmas guerras que tentam tentáculos de abutres sobre a nossa pura idiossincrasia de ser.
            Resta que saibamos que nem todos os países querem a cumplicidade com armas e seus negócios, que os países não querem suas mulheres humilhadas, os direitos sexuais negados, as religiões que praticam o desastre não apenas físico como ideológico, pois que sejamos renitentes em preservar a nossa liberdade dessa alcunha que se diz liberta e quer encerrar o Brasil nos grilhões dos estrangeiros. Já sabemos como resolver os nossos problemas, temos gente que bem trabalha, temos tudo para dar certo, o que não temos é o mínimo de tolerância que aceite como líder suprema do país a estadista que é competentemente a nossa Presidenta, e seus ministros. Haveremos de levantar as vozes, para que submetamos a ignorância de Eduardo Cunha ao ostracismo merecido por desservir à Pátria. Essa é a questão de nosso propósito: unirmos nossas forças, treinarmos nosso povo a que sejamos humanos porém vigilantes para manter a democracia intacta, que o seja até 2018, denunciando como pudermos, através dos canais que tivermos, para que possamos investir na informação verdadeira, correlata e transparente, de tudo o que está se passando por aqui, incluindo a que o resto do planeta saiba o que querem fazer com o Brasil.
            Seguro é mantermos a nossa coerência das frentes que emergem de nosso povo como opções de lideranças salutares, a saber, que não precisamos pertencer a nenhuma máfia para sabermos o que é melhor ao país. Apenas temos que deixarem aflorar o conhecimento, a tecnologia já desenvolvida aqui dentro, darmos margens à revolução da educação que já começou em vários graus, a se crer que mesmo todos os países desenvolvidos já passaram por sua suficiência e excelência nesse campo, em questões históricas diferenciadas, em graus superlativos ou não, mas sabermos que cada país, cada território demanda seu próprio processo de desenvolvimento, e que herdamos as rodovias desde Jucelino, e pensamos agora finalmente na grande malha ferroviária de escoamento da nossa produção. Nunca é notícia o que fazem de bom neste Governo Federal, apenas as críticas que falsamente “enobrecem” a vilania. Pudera, com tantos “mentores” externos, querem globalizar o nosso Brasil estacionando-o em uma vaga de quinze minutos, sujeito à guincho... A hora é da União, do falar-se bem com todos, da diplomacia, de arrefecer os ânimos quando não temos certeza do que seja A Verdade. Nesta, que sejamos pelo menos autênticos quando com ela nos encontrarmos, pois a Valia pode existir com outras perspectivas, apenas o retrocesso não propriamente constitucional, mas moral mesmo, é que tem que ser combatido por todas as forças que se pretendem legalmente constituir a massa indistinta e igualitária da população brasileira, do Arroio Chuí até a fronteira norte, no Oiapoque.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

NO PÉ DO UMERAL

O número silencioso nos dita que somos mais que um
Quando somos também seja substantivo em um apêndice
A que nos apresente um úmero mais reticente em curas
Do que pudesse uma transição da tomografia ao xerox...

O número do úmero são muitos, mas que o fôlego de um
Depende do voo em que se espelha desde um planador
A um mosquito silencioso que se despe e banha-se de amor.

A predizer algo não seria tanto, mas que a conta de uma soma
Por vezes é complicada, pois subtraem mais para subtrair de monta
Tudo aquilo que se luta para que somassem algo ao menos de igual.

Se é de fé, seremos ninguém por vezes, mas nesses intervalos
Somos solitários enquanto não vemos que a crisálida apronta
Seu voo ruminando seus tempos na geração de outro ser igual de igual.

Somos os mesmos, de fé e espírito, somos algo de matéria, somos de areia,
De aço e bronze, mas que de alguns não somos quase nada que seríamos
Se de outro tanto não fôssemos o que somos e renitentemente o sejamos.

A aritmética do poeta veio para ficar, pois se os números são infinitos
Tal é a seara que vivifica a sua utilidade enquanto homem que encontra
O que sempre quer ver, que seja, talvez certos desencontros na urbe
Que por vezes só encontra a agressão dos que vivem na defensiva do ataque.

Se é de alguma estratégia, pensemos que temos um peão e um rei,
E o que faríamos se fossemos derrotados ante as forças de todos os tabuleiros,
A mais que não fosse, aceitar a derrota quando cavalheiros, e nunca dispor
De crermos que o além deseja que nos derrotemos a todos como em um estupor.

Segue a poesia de um úmero apenas que nada em um mar em que não pensem
Que seja um mar pior, pois já fizeram o estrago de devasta-lo poluindo
E agora estranham quando encontram uma vida nele se banhando,
Quiçá a vida que se mescla e que gostariam de ver a si boiando...

Não creiam que para um homem que não possui valia alguma,
Que já carrega seus anômalos genéticos, que estampa estigmas e recebe
De poucos o devido respeito em ser ativo perante a sociedade,
Se já carrega a esperança, que somos tantos!, já o sabemos de fato...

Esses fatos corroboram, e é no infinito querer de números,
Que o idioma falado passa a ser telado de teclas, para que não nos vejam
Onde quer que estejamos, a não ser que desejemos aberta e sinceramente
Que sejam felizes os que desejam os frutos de seu acordar temporário
E seus desligares nos deletes da vida quase permanentemente em oks!

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O SALTO

De minha fé que me saltem os olhos de minhas órbitas
Quando consentirem que finalmente me torturam sem término
A que me façam cócegas em que Krsna repouse em minha língua
Quando eu cantar seu nome em nome de uma dor que quem inflige
É o panorama de não ser covarde, pois é o covarde que vai arder...

Que me estourem em minha própria loucura em insistir cavalheiro
Se tantos ousam atravessar nosso caminho, companheiros de jornada
A que não saibam que mesmo aqueles que se professam da religião
O são muitos da manipulação por outros orquestrada aos puros.

Que salte eu ao olhar de um pássaro experto, que me diga mais do que
O que me diriam ao interrogar-me no interrogatório sem causa
Travestido sob a voz pungentemente fraterna de uma mulher que trai.

O que não fazer, compais, quando sentem que seu maior companheiro
Em que não o temam por suas quedas, pois é o mais caído e o tem feito
O de cair em continuidade quando se permite respeitar ao mais louco
E fazer sexo com a mais pavorosa das mulheres da Terra...

Não se trata de sermos homens ou seres, seremos apenas espíritos
Que em Guantánamo não nos dobram, nem vergam, nem queimam
Pois que o fazem em qualquer lugar do planeta, apenas a se dizer
Que certas verdades tem que ser ditas, e o término das guerras
Só ocorre quando pararmos para pensar em não tirar a vida jamais!

DA FACULDADE

            Que bom que nos encontrássemos na faculdade. E uma faculdade que faculte ideias, não apenas no torpor do laurel. Este dinossauro que vos fala é da época em que o jornalista não precisava de diploma: agora, tanto precisa que para trabalhar – diplomado – e encontrar seu emprego tem que reportar algumas mentiras, ou fatos forjados, pois a verdade em sua investigação mais precisa assustaria até aos seres mais endurecidos... Remontemos a uma época da verdade, em que o artista-antena recebesse por grandes artes, em que na filosofia Marx fosse rico pela sua importância, mas não encontramos sequer um vestígio desse tempo. Hoje encontramos a riqueza, e nas mãos de uma variedade tão grande da ignorância e da alienação, que jamais – me parece – encontraremos outros tempos em que esta riqueza seja melhor distribuída: em que um trem urbano possa ter conforto, um metrô seja bom no Brasil, uma cidade seja mais favorável às populações de periferia. Convenhamos, faltam faculdades que ensinem no mínimo a solidariedade, no mínimo a não plataforma mercenária de acumulação de carreiras, a possibilidade de um serviço público ser compatível com um atendimento humano, uma educação em que o professor possa ter uma vida digna, uma gente causal menos criminosa. Esta relação do homem com a verdade carece da pétrea hipocrisia de covardes sequer tentarem entender a intenção, pois já envelheceram os seus vícios de um comportamento cabalmente nocivo, não só às propostas de uma sociedade melhor, mas a eles mesmos, enquanto forem pelo menos um mínimo conscientes, ao invés de pensarem que olhando para o próprio umbigo sejam partícipes de alguma merda qualquer. Os que podem se formam e os que não podem que se fodam, é uma assertiva máxima do neoliberalismo, enquanto pensarem no domínio do campo da reação que aqueles que se formam são superiores. O que não aceitam é que um operário seja seu Presidente, e que este nunca precisou ser mais do que um operário consciente de seus turnos e lutas coerentes para ingressar no grande processo histórico-administrativo pela pátria brasileira. Muitos se calam ante o fato histórico, assim como no viés retrógrado da própria história muitos apagam as luzes como quem joga fora um palito queimado, mal sabendo da velocidade de uma faísca na crescente versão dos fatos dos que corajosamente participam da libertação de todo um país, frente ao retrocesso sem conta e sem referências similares de Cunha e seus asseclas. Bom seria ensinarmos história nas faculdades, sobre como foram os patronos de nossa nação: os verdadeiros papéis que representaram, desde a descoberta, o Brasil Império, a Velha República, Getúlio, o golpe, quem votou contra as Diretas, como foi a transição para a democracia, o que foi bom, o que foi ruim, obviamente sob as luzes de uma Constituição mesmo em um ano tão conturbado como foi o de 1.988, seus prós e contras...
            A faculdade ensinaria muito em questão de democratizar as matérias humanas, o que hoje é relegado, pois continuam achando que um povo melhor é aquele que pode ser manobrado, que é mais fácil a cooptação de esquerda do que o inverso, pois a esquerda que coopta é insalubre. Se ficarmos torcendo por um Estado Nacional plutocrata não estaremos sendo progressistas: apenas incentivando a repressão sem pensar na prevenção e planejamento efetivos, para que haja realmente melhoria substancial não apenas em um Congresso que está desgastado e amorfo, como na conscientização das massas, dentro de um regime fundamentado na democracia com maior participação, que o seja, nas cúpulas anódinas do Poder, que se tornem por essa simples equação mais representativas dos interesses das camadas populares, aos setores produtivos, ao campo como um todo, e às inteligências do país, que vão desde a medicina à segurança, mais humanizadas, para citar dois aspectos relevantes. Temos agora, depois de constatarmos que vivemos em um país soberano, distante das guerras que se travam no panorama mundial, de resguardar o Estado Democrático de Direito, a aprovação de projetos positivos para o desenvolvimento sustentável da nação, a manutenção de todas as nossas instituições democráticas – mesmo com seus erros e acertos monumentais –, a sublimação de quaisquer atitudes políticas que tentem desestabilizar a normalidade e a ordem, a logística primorosa de segurança de que somos já capazes para evitar qualquer situação de conflito nas Olimpíadas de 2016, e manter a paz em um país que somos, continental, de boas intenções em suas relações internacionais e ótimo anfitrião com relação a estrangeiros, gêneros, etnia e credos. Essa é a normalidade que todos queremos, certamente com a ingerência cada vez mais importante daqueles setores da ciência e da inteligência do país, que têm sua origem inegável nas Universidades brasileiras, e seus intercâmbios altamente salutares.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

A CIÊNCIA

            Pois bem, um assunto delicado para se tratar, a ver com a história, com o homem, mas com a Natureza, dispostos os papéis, cenários, interlocutores, atores, coadjuvantes, iniciantes e o aprendizado tenro ou maduro. Ciência pode ter a ver com máquinas, processos, equipamentos, sistemas... Resta sabermos o que obtemos realmente, a quem serve, para o que está sendo usada, as relações de poder que recrudescem negativamente entre os povos, a submissão tecnológica, o saber como – know how –, os segredos de Estados, os espiões automáticos ou humanos, a farmacologia, a prospecção de riquezas, genética, etc, as biológicas, enfim, também os aspectos escatológicos como a indústria de armamentos explicadas e sedimentadas no mundo como lob de ciência internacional, e justificada por suas máfias que, aliás, em todas as frentes possuem muito conhecimento e experiências científicas...
            Podemos ver a ciência em um princípio mais íntimo, no ser consciente. Por vezes o excesso de insights torna-nos soberanos em acharmos que somos inteligentes, mas acabamos pespontando nossas vidas entre caminhos de especulação filosófica em que somos reféns de teorias absurdas. Talvez a simplicidade religiosa como o tao seja uma correspondência cabal com a realidade, mas a questão é que atravessamos hoje por diversas realidades e um lado mais concreto, de cimento e areia, pois é onde pisamos nossos pés inquietos quando vamos por uma calçada teclando em nosso pequeno quadradinho digital. Vejo o mundo em um serviço, não como algo militar, quem sou eu, mas que as máquinas, os utensílios sejam usados em sua função, que não dialoguem mais do que o necessário, mas que possamos articular e improvisar consertos onde estes se fazem necessários, como um arame a sustentar uma pequena estrutura, ou uma cola que fecha ou ajuda a ajustar uma madeira. Quando construímos uma embarcação de madeira, por exemplo, cada peça tem a ver com o projeto, e os encaixes tem que ser planejados de antemão, pois se não pensarmos antes temos que subtrair o processo da montagem, a lógica da produção. Talvez por isso não tenhamos uma indústria de ponta, pois nos falta o embasamento de como fazer: o know how, que não nos é concedido ainda, pois somos um grande país produtor de commodities. Somos um país ainda atrasado em termos de indústria, e os meios educacionais tem tentado correr atrás do prejuízo para que nos alcemos a uma base industrial mais conhecedora e produtiva. Obviamente, o capital estrangeiro não gosta dessa ideia, pois é mais lucrativo para eles não termos sequer uma marca de automóveis, apenas um leque de multinacionais e suas remessas exorbitantes de lucros para as matrizes, com uso de mão de obra mais barata. No entanto, esse vira o viés da moeda, pois se um Governo começa a ambientar seus jovens em meio a uma tecnologia de ponta, talvez por um tipo de osmose saibamos finalmente o saber como, a princípio como técnicos, depois como engenheiros de ponta. Para o fabrico de máquinas e construção civil temos já uma boa autonomia, mas na informática somos dominados amplamente pelos países ricos, que nos tornam dependentes de sistemas que acabam controlando muito mais do que apenas um jogo fabril, mas a própria tecnologia de informação de cúpula, em que nossos técnicos aqui repetem muitas vezes as mesmas receitas para sistemas já altamente sob controle externo.
            Teremos que pensar um país mais independente, sempre, no que estaremos mais consonantes com a aquisição de conhecimento justamente através de bolsas de estudos nos países mais avançados em tecnologia, o que nos lega um salto nesse conhecer. No entanto, cabe ressaltar o campo absolutamente necessário para um país como todos que são as ciências humanas e o ensino de arte desde as primeiras séries da escola. Um país não pode perder sua memória, tem igualmente de saber sobre filosofia, antropologia, psicologia, sociologia, ciências sociais como um todo, a saber com a agregação de termos contato e respeito às culturas e idiossincrasias de todos os povos que nos habitam e impedir qualquer tipo de intolerância não justificada, como a religiosa, étnica, de classes, política e comportamental, entre outros meios de permitir a igualdade e respeito cultural da humanidade, já que somos um país receptivo e não podemos permitir sistemas totalitários de coação da nossa liberdade e democracia, respeitando a legalidade sempre e igualmente investirmos muito na educação para evitar corruptelas em críticas necessárias de todas as populações, em todas as classes, pontuadas por maiores participações populares e relações mais horizontais de poder, este infelizmente por vezes a maior corruptela de nossa história.

SER SÃO

            Estar são importa que sejamos sempre, independente de acometimentos de enfermidades, quais não sejam aquelas que podemos lutar para superar a dor, o sofrimento, o descontrole, etc. O câncer nos põem à prova, esta que vemos em um ente querido, no tratar-se com médicos competentes enquanto imensamente humanos, em uma enfermeira digna por saber-se em seu papel atuante como profissional.
            Quando uma doença se avizinha, que tenhamos consciência de não guardar culpa, a não ser que seus sintomas recrudesçam em não seguirmos as orientações dos profissionais da saúde, mas sempre esperamos que estes não levem a termo apenas o ganho contínuo com seus pacientes. E o que é ser são? Cometer atrocidades é uma premissa a se dizer que não houve mais controle e a patologia se apresentou... Vejamos como a ótica da saúde social: vejamos que acreditar que uma cor de pele seja superior, que uma classe social seja inferior, que um trabalho não mereça tanto respeito do que outro, quando de competência, saibamos que temos que exercer a crítica em construção de todo um esteio social, dizendo ao operário que a viga não aguenta a tração, ou pedindo a um médico mais desprendimento e zelo. Sejamos constantes no agregar do trabalho, e a redução de um sacrifício mostra o humanismo nas relações do mesmo, em que – e principalmente – o pagamento seja justo, sem a exploração do homem sobre o homem, ou ao menos que se tome consciência de que isso é um erro: de pensarmos que tudo tenha que funcionar assim. Pelo fato simples de que a exploração de um homem causa guerra, de uma riqueza em uma nação igualmente, um conflito, uma ferida que se abre, em que na América Latina graças ao bom Deus estamos em um caminho mais sereno em podermos ainda livremente compartir do amor que temos pelo mesmo justo, quando nos pretendemos em sincero.
            Não precisamos ser todos, mas que superemos e lutemos pela sanidade, pela equanimidade, igualdade, justiça social e paz de espírito. A sanidade é uma introspecção que fazemos, não pode ser um moto contínuo, um rancor desnecessário, pois o isolamento do rancor seja a plataforma que nos dite. Tantas coisas insanas, tantas as dependências com relação a tecnologias novas, tantos versos em vão, tantos são os fracassos que um homem e uma mulher por vezes como casal acabam nem sabendo quem são, ou quem ajuda quem, ou que literatura ler para alicerçar dúvidas sobre o que disseram nas últimas notícias às avessas... Tenhamos o cordão da afetividade desabrochada, pois sempre pensaremos mais e muito sobre coisas que versam ao apego extremo que temos sobre o trabalho: as missões que cumprimos, em que na verdade este que vos escreve crê que seja melhor renunciante aquele que dedique para cima suas atividades diárias. Há um momento na vida de um homem em que tem que decidir essa renúncia, tomar seu voto de sannyasi, de renúncia em bhakti, ou seja, serviço em devoção. Para isso não demanda tanto cair em maya, nem em suas flores incandescentes do prazer, pois que o prazer derradeiro vem de madhurya, a relação de bhava eterna com Krsna e suas encarnações inumeráveis como as ondas do oceano. Que se possa atingir a sanidade dessa forma, como um segredo interno, espiritual e eterno, enquanto dure o corpo e para além do nascimento e desaparecimento deste.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

RELIGAR-SE

            Há palavra que descreva nossa existência, mas com conexões primárias, a ser dito àqueles que possuem suas próprias que as verdadeiras não são as mesmas que demonstram a realidade virtual... Essa realidade é apenas uma, e saibamos que estabelecer padrões sociais distantes dos modos materiais orientados pela religião não apenas vão contra a conduta moral, mas excedem a própria Natureza Material. A religião vem da palavra religar. A princípio, não se descarta a existência nessa plataforma, pois é e sempre será livre a opção de crença, religião e ritos na sociedade contemporânea de nosso mundo. Esse princípio versa sobre a premissa básica, onde nos situamos de acordo com as plataformas de muitos pensamentos e atitudes do povo de nosso país e dos outros, igualmente. Algo distante disso chama-se apartheid religioso, e sabermos que temos que respeitar as religiões de matrizes africanas mostra no mínimo uma consciência civilizada e humana. Igualmente à adoração das imagens dos santos na Igreja Católica, dos semideuses na crença vaishnava e dos rituais pagãos de qualquer religião que não esteja vinculada à ortodoxia do Antigo Testamento, este como mais uma opção de credo, que igualmente deve ser aceito, mas não imposto pelo fundamentalismo cego que não respeita a diversidade no mundo... Venceu-se a discriminação racial no mundo, pelo menos em termos jurídicos, mas muito se tem a lutar para se estabelecer os códigos dos Direitos Humanos internacionais.
            A palavra não dita por receios fala para si o próprio silêncio, e não será disfarçando a vida que viveremos plenamente, de modo verdadeiro. Não se rebate uma bola de futsal com as canelas, temos que amortecer, como em uma metáfora, não se diz sem acordo nada que não esteja vinculado à lucidez da verdade. Se um não é capaz de enriquecer esta com metáforas ou imagens literárias que a vivifiquem, siga dizendo as palavras em seu sentido lato, não nessa estratégia de desgaste em que a covardia usa os filhos ou amigos ou parceiros para ofender a alguém de modo velado sem a presença do tete a tete. A religião não pode ser uma fuga, mas uma metáfora rica que valorize a vida dos homens, e os faça compreender que em virtude de outros seres coabitarem o planeta, como os animais, insetos, plantas e outros, há que se respeitar e recriar o olhar sobre a maravilhosa atmosfera de nossa criação, que não nos pertence, mas ao Criador. Esse Supremo Krsna que na verdade não possui dualidades, pois desperta a todos o cristal de nossas qualidades quando nos postamos em serviço a Ele, não importando quem somos, em que trabalhamos, mas apenas que nos situemos com fé em Sua plataforma. Pois o enredar-se pelo rancor, ao invés de estar sob a plataforma da bondade, gira uma máquina sem fim que nos faz pisar as flores achando que com nossas botas estamos subindo para uma batalha, que na verdade seria a grande batalha de voltarmos nossos pés à tona e vermos que as plantas estão perto dos córregos em que a sociedade moderna constrói grande lagos de lama para fabricar metais. E mais córregos são destruídos por nossas botas de ferro, e outras botas surgem, e criam-se políticas fraudulentas, e passamos a estar ligados essencialmente apenas à Natureza Material, como se a apropriação das riquezas fosse o nosso deus.
            A palavra não peca ao falar de uma centelha que nos brilha e nos move, de um espírito real que somos e não este falso ego que demande ao templo dele que é o nosso corpo, sujeito às mais variadas formas, desde a forma atrativa da juventude, até o corpo já fenecido do envelhecimento. Essas mudanças de formas tendem a perpetuar na eternidade em nascimentos, envelhecimentos e morte, e nos é dado outro corpo, perpetuando a cadeia que nos une à matéria, simplesmente. E o mundo tende a piorar, é uma questão inequívoca... Podemos trabalhar em consciência, e o mundo precisa cada vez mais de um humanismo que não esteja restrito às nações mais ricas, já que as que precisam de comprometimento humanitário por parte dos governos que efetivamente estejam recebendo a contribuição necessária, senão o trabalho em uma sociedade injusta tende a fracassar tornando-se apenas o moto contínuo da sobrevivência e da semiescravidão. É fato, posto vermos as grandes fortunas, os grandes ladrões e, já que partimos de uma premissa religiosa saibamos, nesse desenvolver ao pensamento, que ao menos concentrar menos e não deixar roubarem o dinheiro que pertence ao povo, no mínimo é a consecução de que possamos ter uma vida com mais esperança e possamos ter tempo e tranquilidade para nos desenvolvermos igualmente no plano espiritual.
            Da conclusão que tiramos esta se dá apenas na assertiva de que não basta passarmos o bastão final para um corredor menos experiente, pois um país como o Brasil tem que ter pernas para cruzar a linha de chegada, senão não passará de um fracasso na corrida ela mesma a que se propôs.

domingo, 8 de novembro de 2015

COM O QUE SE DIZ

            Na verdade, pouco seríamos sem o advento do Senhor Caitanya Mahaprabhu na era da Idade Média ocidental, dentro da Índia. Pois que deixou seus ensinamentos, e Prabhupada os trouxe em sua tradução para o Ocidente. Com o que dizemos, não seria suficiente enumerar suas qualidades, posto encarnação de Krsna como o Avatara Dourado. Sabemos pouco da Índia, e uma questão filosófica que me parece maravilhosa é a constatação de que o Absoluto Supremo gera suas infinitas partículas de vida como o Sol gera seus subprodutos sem alterar-se, à sua temperatura ou forma. Daí vem a vida aqui na Terra, ou desde Brahmaloka a Patalaloka, em todos os níveis destes nossos mundos materiais. Esse pressuposto filosófico-religioso é aceito por muitos níveis da devoção, mas aceitar Caitanya e seu advento como um princípio de tentativa de salvarmos algo em uma era dourada é condição de pelo menos pesquisarmos a respeito, pois hoje diagnosticar ou especular sobre o que se diz ou o que se pretende conhecer no mínimo é uma perda de tempo sagrado... Quando nos perdemos abraçando-nos ao tronco de Freud ou mesmo de Marx, saibamos que um pouco do conhecimento transcendental é uma condição importante, pois na apropriação das riquezas ou conhecimento da matéria falta-nos perceber que somos animados por um espírito, no mínimo, e a realidade das religiões nos faz saber que devemos escolher sempre uma que seja mais aproximada do conhecimento da própria ciência, ou seja, tomarmos ciência do Absoluto. Esse mesmo Ser que transcende, onde não há dualidade, por onde nos desapegamos, a saber, que um que sofre da penitência sabe que não sofre quando está servindo ao Supremo. Como um preâmbulo de fé estejamos ciente dessa posição, não necessariamente igual ou superior a qualquer vida que esteja lendo este excerto, pois não deixa de ser apenas uma posição – repito.
            Em uma prática há diversos modos de nos encontrarmos em uma veia mais contemplativa em relação ao que nos cerca, sendo uma cidade de concreto armado, ou mesmo uma ilha, ou montanha com suas miríades maravilhosas da Natureza. A preocupação com os nossos companheiros de jornada é recorrente, mas estejamos cônscios de que hoje em dia, em qualquer nível, obviamente alguém pensa em sua segurança, não apenas financeira mas existencial, e sempre foi assim em todos os níveis e todas as sociedades. No entanto, como em uma hierarquia, que desejemos o melhor ao próximo e nos situemos no modo da bondade, pois este é um ensinamento que gera melhor entendimento aos povos, se obviamente irradiarmos isto para aqueles que pregam a intolerância e injustiça. A prática filosófica começa aí, e não apenas um devoto pode pensar assim, mas que seja uma postura global, que a nós no serviço devocional pretendemos a Era Dourada na Terra, ou seja, algo que transcenda em termos de salvação do planeta, contrapondo-se à tendência de muitos acharem que estamos no fim dos tempos, o que gera o regresso entre diversos povos e uma corrida ao “sagrado” que se torna efêmera enquanto pregos em versículos ou capítulos, ao que poderíamos lutar para melhorar a situação de muitos, e não esperar pelo pior, ou pelo messianismo quase escatológico da ortodoxia.
            Digo algo na minha acepção, justamente porque me considero efetivamente um homem religioso, distante de qualquer tradução muito simplificada, já que não busco a salvação, mas o serviço eterno ao Senhor, sem merecimento e sem causa, nascimento após nascimento, onde quer que tenha que voltar, por aqui mesmo em um futuro de Kali-Yuga pungente, se for assim meu desígnio. Alguns homens se acostumaram a níveis de dificuldade meio extremados, quando por vezes têm que ascender sobre o prisma da lucidez, tornando-se meros instrumentos de Krsna. Meu intento é fazer com que ergamos uma coluna de prestigioso e inequívoco progresso, não apenas nas conquistas de ordem social na questão material, mas igualmente na relação deste ser social com a sua inclusão espiritual necessária àqueles que estão nessa senda, afim de promover o progresso nesse sentido. Se não houver essa possibilidade, que me escutem outra hora, mas que seja dado o testemunho de um homem que já sofreu razoavelmente neste mundo e, mesmo no sofrimento, considera escola tudo o que vive, embasado agora em uma escritura que diz muito em sua acepção sobre o mundo.
            Que seja dada uma largada, talvez o debate entre as vertentes religiosas, talvez algo a se propor nesse sentido, o que muito nos resguardaria a compreensão da idiossincrasia do próximo, e não a intolerância que por vezes tem suas origens na ignorância e falta de oportunidades em que o ser individual e coletivo perdem a sintonia e inserção, quando alicerçam suas metáforas existenciais por vezes em programações e historietas de folhetins francamente escusas. Para se mais exato: as séries e novelas, sua exposição desenfreada de violência e ardis. Isto trata-se apenas de uma colocação e opinião, nada mais. Que revisem seus conceitos, é o que muitos querem para um país melhorar. A introdução de sistemas alternativos de vivência cotidiana, o retorno às raízes culturais, a busca de informação dinâmica e coerente, os ensinamentos a partir das bases populares, tudo isso é uma troca salutar, e convenhamos, que este humilde autor seja Hare Krsna, isso não impede que se pense a respeito de todos os assuntos, pois a mera especulação apenas fecha o ciclo onde a verdade não respire: a falta que nos dá o encontro do diálogo e do cultivo sincero do conhecimento e seu compartir saudável nesse sentido...

sábado, 7 de novembro de 2015

TEMPO E CONHECIMENTO

            - Pois bem, Marcel, há quanto tempo estamos nesta sala, e você a escrever, um lunático propriamente, talvez mais do que isso, você não vê que não tem condições, que é um enfermo mental?
            - Eu sei disso, Luciana, mas me dá nos tiques, que não aguento... Ademais, seria hora de ligar para alguém, e transfiro essa ansiedade pela comunicação em escrever, talvez mais gente possa me escutar, publicando talvez por quatro vinténs de mundo... Aliás, é promessa, é a hora que tenho para me expressar, enquanto muita gente gostaria de me ver no ostracismo da acumulação das telas. Saiba que não sou muito ingênuo mais, e me basta a companhia das letras.
            - Tudo bem, se você quer o tempo, por que não se instrui mais um pouco? Quem sabe ombreia com os doutores de casaca, ao invés de falar pelos quatro cantos como foi o seu dia. Quem sabe dá a volta por cima, pois creio que nas vezes em que escreve barbaramente não sabe ou ignora que o viés vem a galope.
            - Olhe, minha cara... Não ligo mais para nenhum ser se não for do meu sangue, da minha família. Posso ligar para alguém a trabalho, mas na hora de compartir, como você mesma diz, não há alma que aceda com o meu propósito de viver a minha loucura como quero. Meu médico é excelente, e minha vida tem sido um livro aberto, a quem quiser que consulte, pois a mensagem sei que não é das piores. Tanto que, agora, resolvo escrever para Krsna. Krsna e Cristo, os dois seres que admiro enquanto devoto. São grandes, mais ainda prefiro Vishnu, e essa é a minha verdade, mas podemos falar do tempo inexorável, ou de livros, tudo é um tipo de olaria dos nossos pensamentos, igualmente...
            - Você não gosta quando eu lhe falo delicadamente, com uma voz em falsete imitando uma ternura?
            - Estou no terceiro parágrafo, e pretendo terminar um princípio de livro de centenas destes, pois o dia a quem não interessa me foi duro, como sempre, e guardo no meu peito o tesouro de minhas lutas diárias, a prosseguir vivendo com minha autenticidade e minha fé, nas minhas relações com o céu e suas nuvens, como um judeu me ensinou na cidade de São Paulo, que só possuía o recorte do céu, mas internamente ele está presente, é só olhar pela redoma de dentro do sky line. Mas aqui temos muito do céu e seu horizonte, pois saiba que quando saímos, cara cidadã, você não vê um átomo do que eu vejo, pode ter certeza disso.
            - Tá certo, eu não lhe importunarei e deixarei você escrever vossas bobagens sem conta. Agora, a única vantagem que você leva sobre mim é que não senta mais sobre seus óculos, pois os meus foram para a cucuia hoje, e estamos no sábado, a ótica em Floripa só abre na segunda. E quanto ao seu Krsna, Vishnu ou Brahma, você é quem dita, adeus por enquanto que saio para tomar uma brahma!
            Fechava o pano por enquanto. A credenciar, uma personagem é como um marionete, na visão da dramaturgia simpática a um certo realismo de sonhos... Temos que ser marionetes enquanto escrevemos, pois que sejamos cavalos, pais de santos, católicos, evangélicos, budistas, ou um ateu crente, que crê na vida: o que dá de fé também, igual e nada patibular... Marcel era um homem sem pretensão, talvez por isso o resultado de seu imenso trabalho de diletantismo nas artes não o enredava nos frutos deste. Gostava de saber do muito a se dizer, mas sempre com a utilidade dos adaptados, com certa postura de oprimido, mas na realidade com as asas de suas liberdades, ampliadas dia a dia na consecução de sua íntima e secreta inteligência. Já possuía um canal e negava conexões, pois para ele isso era coisa de plugues, no mais que se bastassem em seu hardware, em sua máquina, apenas da eletrônica visceralmente necessária. Agora, havia na verdade uma conexão maior, e a loucura da sua idiossincrasia era tamanha que nem em um inquérito existencial teria validade, e isso não lhe causava paranoia, apenas o ensinava a viver melhor, questão facilitadora de viver como se lhe bastasse, e agora – repetindo – vivia no seu próprio shopping center natural: sem bichos, com bichos, com biomas poluídos, com motoqueiros de gangues, com mescla de cores, pastéis chineses, advogados bons e outros um pouco distraídos, o stress recorrente, cães, gatos, gaivotas e os insetos que o maravilhavam, desde uma carocha cor do jade a um mísero mosquito. Essa era a vida e seu conhecimento, a sentir na pele florescer a cada dia que passava a juventude que não vivera enquanto estudante aficionado das exatas, das humanas e imensamente das artes.
            Luciana voltava do chopp... Sempre a mesma lenga-lenga. Agredia, criticava, pegava onde pensava que era o ponto fraco, mas Marcel – renitente – não percebia, ou fingia fazê-lo, por comodidade. Certas coisas que as mulheres, mesmo as mais independentes não suportam que é a indiferença do homem quando sabem que talvez o prazer intelectual para alguns seja maior do que o sexual, não por falta da libido, mas por uma questão da própria emancipação desta na ação da mente e do espírito. Para ele a zona de conforto era a literatura, e muitos preferiam não tocar no assunto, mesmo que o que nos aproxime seja a realidade cotidiana e cultural de uma cidade na forma inequívoca de quase reportarmos o que vivemos em um dia, que seja...
            - Marcel, - disse ela, depois de muito observar os textos – você não acha que colocar as questões desse modo faz você virar uma página extremamente dura sobre o que você pensa da realidade cotidiana? Aqui, em outra parte, você cita a necessidade da palavra e ação do destemor – abhayam, em sânscrito -, como sendo sua plataforma de existência? Não se exponha, meu caro, você é autobiográfico ou está afundado na ficção do absurdo sem limites?
            - Como queira, Luciana, o livro é uma obra em aberto. Pense em Felini, a fantasia, o extremo realismo levado ao absurdo, a beleza dos cenários. Aqui, penso sempre em algo de ensinamento, quem sou eu, mas algo que leve a uma reflexão a partir do que se escreva, sem a âncora tão frequente e indispensável a alguns, o dogmatismo.
            - Mas, creia-me, esse seu olhar não tem fundamento lógico a maior parte das vezes...
            - A lógica não é necessária na arte. A quebra do surrealismo de Brèton se dá no sonho, em uma mitologia que não existe, mesmo no livro O Século das Luzes, de Alejo Carpentier, um grande escritor latino-americano a lógica existe, mas mesclada com um fôlego narrativo gigante, a história em si, os detalhes. Quem dera eu tivesse um por cento de um talento gigantesco como esse, mas certas coisas vão saindo meio no automático, como um esvaziamento, um fôlego que tenho que acaba no fim do dia e no começo da noite. Se for útil para um casal que se ame e encontre algumas luzes melhor, mas ainda creio que ditar uma vivência cotidiana não é muito fácil para a própria arte da literatura, do jornalismo, da crônica, do ensaio e etc. Não quero me comparar, apenas sobrevivo porque gosto de escrever, e encontro mais feedback do que se estivesse falando palavras controladas pelo telefone, entende?
            Luciana aquiesceu, aquietou-se um pouco, e sabia que ele optara pelo lado mais inofensivo das palavras, e que no entanto não discorriam sobre todas as ofensas que ele recebia, e que tantos outros recebem. Pois que me viesse o lado cristão, que eu podia apenas perdoar, e me arrependia de querer responder à altura. Já era noite e Marcel cansara. Duas páginas seriam mais do que suficientes para dormir vazio, com o suporte de um carinho no leito do papel, enquanto se escutava na cidade o regurgitar da azáfama, a orgia de um sábado noturno...

VERSOS DE CRISTAL

Quem dera percebêssemos a superfície tênue da mesma vida que nos nubla
Quando dela nos apercebemos que em nem tudo que temos sentimos o valor
A nos propor que teríamos do amor muito mais do que do sentimento outro
Que nutrem por tantos, tão poucos, na atmosfera do grande rancor...

Os versos são de um cristal sereno como um grande religioso casto
Em sua vida de celibato por se propor ingênuo em não saber muito lidar
Com as coisas do amor da carne, hoje abundante por vezes em cachos
Onde Dionísio verteria a falsa esperança de uma solidão anunciada.

A vida encerra a questão da afirmativa em se viver no cunho da Verdade
Sem no entanto termos a arrogância ignóbil de dizer que dela saberemos
Mais do que a própria busca eterna em que um fato recorrente disto
É sabermos mais fácil encontrá-la no pressuposto de penitência dos dias.

Nada do que é muito fácil se encontra como veracidade cabal neste mundo,
Pois em cada luta empreendida, saibamos que aqueles que optam fielmente
Pela ignorância em não – sequer – compreender os que estão próximos
Saberão que tudo aquilo que obtém com facilidade é fruto de sua vida...

Esta vida que sabemos ser difícil para os justos, ser dura por vezes ao trabalho,
Ser insistente em nos colocar muitas das vezes em padrões aos quais
Não nos habituamos facilmente a aceitá-los, e que muitas hipocrisias
São as armas daqueles que confortavelmente ofendem sobre os pedestais.

Grandes tribunas são local de gente muito imprópria, mas o hábito mesmo
De nossa sociedade assim se permitiu, assim foi construída esta
Com o que se fez do cristal se transformar em uma geodésica de chumbo
Nas muitas vezes em que propomos algo melhor do se pensar e agir!

No entanto, teçamos força em prosseguir com todas as dificuldades,
Pois a igualdade cidadã nos revela que sairemos bem desses obstáculos
Na medida em que soubermos que a poesia tenta ser sempre um cristal
Para que não se perca a esperança de um dia a estrela nele se espelhar! 

RELAÇÕES DO DIREITO

            Qual, eu não estava disposto àquele dia em conversar com o advogado. Minha vida tinha sido tão atribulada até então, o que havia urgência em tratar certos assuntos e eu escrevera minhas referências, a grosso modo, nos limites em que me lembrara daqueles. Era um processo longo, e não conseguira ler – entendendo – nem um par maior daquelas páginas. Continuava na mesma, e não sabia que o direito era tão complexo para alguns que dele tratavam os, por vezes, mestres nessa cátedra. Me ressentira um pouco, mas na minha vida talvez tivesse gostado se houvera escolhido seguir essa carreira das letras. Não viveria para atender o patronato, certamente, mas para acolher pequenas e, no entanto, graves causas. Porém, essa questão já havia passado, e o que importava era o presente, apenas. Tudo o que eu sabia das letras estavam nos jornais, mesmo que me faltasse um dos bons, como nos antigos tempos de nosso editorial pátrio. Nunca me faltavam as palavras, mas daí talvez viessem os clássicos, pois entre eles Cervantes e Camões eram quase uma guia, tanto que suas estrelas como patrimônio literário da humanidade brilhavam forte. Pelo menos que a humanidade das letras lessem algo tão substancioso como as palavras antigas, assim como eu considerava em meu modo de ser, pois tinha a esperança que as crianças destas novas gerações lessem coisas boas... Tantos os manifestos de nossa cultura universal!
            Bem, saí de casa levando um maço cheio de cigarros, uma predisposição de um atleta sênior, caneta, óculos e um pequeno caderno, anexado ao processo, onde eu anotava dúvidas sobre dúvidas. O encontro com o advogado fora de praxe, pouco havia de ser resolvido àquele dia. Pensei em Camões, na volta para casa. Como ele gostava do mar, de bom português que era, e que suas palavras e livros ajudariam o direito, pois versava também em suas poesias muitos versos que nos esquecemos de ler, nesta vida curta em nosso mundo. Quiçá renascendo encontraremos um outro Camões, mas isso é impossível, já que o gênio já nasce em seu próprio direito, em seu próprio tempo. Esse direito que temos, agora em nosso tempo, na diluição própria de qualquer arremedo do gênio, ou de um que porte genialidade, pois cada vez mais sobram parabólicas e suas parafernálias e faltam antenas humanas. Talvez seja o direito a manifestação mais cabal do Estado, pois suas leis aplicadas, quando sempre, definem o modo de nos portarmos no espectro grande e maior que são os Direitos Humanos, em que qualquer predisposição contrária peca contra as razões que alicerçam a justiça magna internacional.
            O trânsito em largas avenidas conferia quase um caos, mas seus sinais – pensei – eram breve amostragem do funcionamento de uma via pública. Essa era uma razão primeira, para mim, pois levar uma mãe idosa frente a um mar de carros sempre é uma tarefa delicada, e o mesmo carro tem que estar em boas condições, como um objeto que usamos, uma máquina, como são os barcos, os ônibus, os trens... Falei muito pouco naquele dia, telefonei para uma amiga e comprei, sob uma chuva torrencial, um acessório de informática que serviu como uma luva. Carreguei com cuidado sob um guarda-chuva chinês que a mim me parece ótimo, pois já dura alguns meses sem arrebentar as varetas, sequer. No entanto as chuvas vinham mescladas com um vento que fazia do guarda-chuva uma peça fadada ao descarte, virando as varetas, a se carregar contra o vento, como um barco que apresenta às ondas a sua proa, indo de encontro a elas para não virar. Assim seguiram aqueles dias, uma parte escrevendo e outras quiçá lendo, mas eu não me importava se alguns nem sequer citavam meus escritos, escondidos sob a capa do ignorar-se algo que não procede em padrões que seja na quebra de um tabu, ou seja, na existência francamente normal de um que porta a enfermidade que seja, quando se alcunha que o especial é aquele que demanda a própria ignorância, e que não seja dado a ele a alcunha salutar da "normalidade", não é mesmo assim a receita sistêmica? No entanto, a própria questão da mesma enfermidade, seja qual for, nos coloca frente a frente com os iguais em sofrimento, e que evitam qualquer aproximação – na lógica do genoma bem comportado – com a realidade dos que sofrem pela espoliação de sua cidadania por possuir carga genética com “defeitos”... Apenas esta seja uma pincelada traduzida em um parágrafo de um homem que acredita ser feliz, e o é efetivamente, pois não busca nada que não seja o seu aperfeiçoamento espiritual, a própria razão direita em se prosseguir na sua lide paragonada pelo tempo que não lhe assusta, pois sabe que a velhice é uma etapa que deve ser cumprida, apenas sabendo-se que é uma questão existencial que demanda bons cuidados em si mesmo, a princípio...

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

DIAS ÚTEIS

            Qual não fosse, aqueles dias chuvosos incomodavam, mas havia água, no mais, a se entender que o país dela carecia. Pois que não cessasse no Sul, Selena sabia que seu esposo Valmor saíra de casa contrafeito, de ordens marcadas por si mesmo, como que em rotinas de hierarquias, mas não era militar, nem servira, pois fora liberado com excesso de contingente. Apenas de seus dias duros, mas o desafio sempre o impelia a fazer com que sua utilidade fosse quase como um presente de Deus... E seus dias eram úteis, como nos dias em que convencionalmente se trabalha no mundo. No entanto Valmor sabia de seres como as formigas que nunca paravam, pois suas existências eram como ciclos perenes, ou uma linha em que o trabalho dava espaço a frações, tal a complexidade de, na verdade, não entendermos como vivem outros seres, a não ser sob a ótica da experimentação e observação do comportamento, do crescimento, e tal, não importando uma aproximação necessária ao invés do distanciamento acadêmico que nos faz muitas vezes ignorar a realidade, ou mesmo a transcendência desta... Posto o real ser uma palavra e a realidade quase um conjunto de outras coisas fracionadas, que vão desde objetos, conceitos, aos sonhos, quando estes encontram sua própria matéria anímica na arte ou na psicologia. Disciplinas, não mais: fragmentos.
            Desses fragmentos existenciais Selena, casada com Valmor fazia alguns anos, sabia como reunir, em uma questão por vezes complicada, as partes que fossem de importância cabal em suas vidas, negando outras que por vezes desconhecia se eram importantes. Por experiência, pois Valmor lhe dera as letras de como prosseguir vivendo, assim como cada qual, em sua própria história, no que passa de tangente em compartir ao diálogo... Em cada palavra, que não se intencionaria qualquer motivo de outro tipo de diálogo que não fosse para erguer o conhecimento, sem o hábito destrutivo da coação que tantas e tantas vezes vemos em tantos filmes de ficção! A maravilhosa invenção das máquinas, o esforço necessário em se aprender, levar a sério a vida ela mesma, essas eram as premissas da esposa de Valmor. Este desaprendera um pouco, com o seu trabalho em uma obra, no ofício de rebocador. Vira tanto as superfícies que sabia de antemão as noções do que precisava saber para dar o acabamento correto em um edifício. Nesse ofício, tergiversava com o cimento, e dava de se ver um trabalho profissional, e era isso que lhe bastava. Era um trabalhador rotineiro, de se ver a prática em conversar com seus colegas um pouco de ausente, meio que na distração em cumprir seus dias de modo que convencesse o empreiteiro chefe.
            O diálogo entre Selena e Valmor se descortinava, sincero, franco, disposto a fluir como uma água cálida que encontramos raramente hoje, mas é tenra quando a bebemos. Uma questão de empatia, de companheirismo, um casal que se dava bem: sem interesses quaisquer, apenas o amor que os unia. De uma vez por sempre, assim era a única idiossincrasia do casal amante... A se dizer com franqueza, como quase um pecado em afirmar: se amavam em verdade, com coragem, com zelo, com a dureza por vezes necessária do carinho que aflora para nos fazer respirar. Esse hálito a primavera não abraçava por então, mas os caminhos afloravam e pressentia-se a derrota dos tiranos por natureza, qual esta que faz crescer a mesma tirania mas murcha suas raízes quando se mostram por encima da Terra que pertence aos bons de espírito. Do Deus clemente aos pobres, do Deus que orienta os sofredores, do Deus que não cobra pedágio, posto movimento, e não instituição... A necessidade de termos um criador pede a passagem para que nos conheçamos a nós mesmos, e não é aquele que se fere que tem que ferir, pois há profissões hoje em dia responsáveis pela segurança dos homens, e assim reza um Estado, assim reza a humanidade de nos tornarmos finalmente um país maduro. A democracia não é estática, se move, dialoga, debate e reivindica e não há como evitar a luta de classes, pois o que estamos por viver não é a história de Roma, nem de Reich, nem de fascismo, nem de golpes. O que estamos por viver é como a história de amor de Selena e Valmor: dois simples se amando na simplicidade da vida, pois a sofisticação não é imperativa e nem obrigatória, e Valmor se tornar empreiteiro no mínimo é um bom progresso para um dedicado operário...

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A AURA DO DESATINO

Se o tanto não dispõe do muito a que quisermos mais do que tudo,
Sejamos o outro que não pede mas obtém na palavra de seus atos,
Ao que pressupõe que estejamos em um nível que suporte a verdade...

No que dispomos do nada a que seja feita a vontade do mesmo tudo
Em que muitos ignoram que o mesmo nada é algo posto existência de fato
Em que encontramos muitas vezes o aparecimento do monstro da lagoa.

Saibamos que a poesia sempre se fará necessária, apesar de oculta
Sob as sombras daqueles que a temem por se encontrar com as letras
Estas mesmas que possuem a vida sem ditarmos que não sejam apenas
O que delas pensem a que saiamos de uma cornija para a Ágora
De um tempo em que na Grécia a própria origem era o pensamento...

Por um lado, que estejamos cônscios de um pensar ausente,
Quando na própria ausência do conhecimento não encontramos ninguém.

Esse encontrar-se que seja conosco o maior de se ver na vida inteira
Quando a parte respira um pouco mais do que supõem outros o necessário.

Pois que a escrita saiba mais da face em que muitos se ocultam de vozes
Em que saibamos que de antemão nem tudo o que se sabe são flores...

Que não se fragmente a esperança, pois aquilo que não sabemos nos dite
A um futuro em que não nos desconheçamos mais do que o simples merecer!

Queremos um mundo menos desatinado, a que seja, no teor de uma frase
Ou na mescla de pares em que não se resolva quase tudo o mais que há,
Mais que muito do que houve quando não há, mereça sim a compreensão
Que nos torna inequívocos idealistas de no mínimo um mundo melhor!

domingo, 1 de novembro de 2015

TAREFAS ÁRDUAS

            A vida por vezes nos encerra em caminhos árduos, em que temos que derivar e seguir por outros mais longos para evitar contendas quase inevitáveis. São embates em que a falta de tolerância de uma das partes pode se tornar insuportável frente a um gesto tolerante pela outra, quando o opositor intenta justamente o conflito. Nas relações humanas nem a própria psicologia – em muitos casos – resolve uma situação em que alguém nutre um ódio arraigado, ou uma inveja incontornável por alguém, o que pode se refletir em inquietações de ordem da insegurança afetiva do presente ou da mesma, financeira, do futuro. É uma simples questão que pode ser resolvida quando compreendemos a idiossincrasia daqueles que porventura insuflem o caos e a desordem por uma natureza corriqueira e recorrente. Isso ocorre em vários níveis das estratificações sociais, mas começa inevitavelmente em nossas famílias, nas escolas, no trabalho, ou em relações da política: em governistas e opositores. Em síntese, em tudo o que há no universo do fator humano, pois enquanto os homens deixarem de pensar em fáceis enriquecimentos dentro de seus próprios egoísmos, sempre haverá esse tipo de eventualidade, por vezes grave, quando pelo menos uma das partes não se mostre mais sábia, mais humana, mais inteligente em lidar com esse modo que se traduz na ignorância, pois que tende a praticar o dolo, por vezes até inconscientemente... As tarefas do entendimento entre os agrupamentos humanos são árduas, e nesse pressuposto temos que trabalhar para que sejamos mais humanos sempre, nesse sentido.
            A mim me parece que um dos maiores crimes contra os direitos humanos é não respeitar os progenitores, os professores e as pessoas de idade avançada, pois são populações vulneráveis e aos quais não se justifica qualquer ato desumano. Do mesmo se pode dizer dos enfermos da mente, quando cumprem seu papel com a medicina, tomando os remédios, e, no entanto, mesmo assim sofrem por vezes recorrentemente o preconceito, este arraigado desde priscas eras no cerne das sociedades. A grosso modo, é muito importante abraçar essas realidades enquanto pontificamos a existência mesma do Estado de Direito e a Cidadania Democrática, pois é através apenas desses requisitos que podemos dialogar com o “outro” a partir da existência cabal e importantíssima dos Direitos Humanos em qualquer nação civilizada... Essa é uma assertiva máxima a que aqueles que tem a crueldade como foco devem tomar conta e ciência de que homens como Hitler, Franco, Pinochet ou Médici só fizeram espalhar o horror entre sociedades inocentes, com seus “recursos” beligerantes de coação e equívocos sem par. Sobre essa questão, que se evite brotar a erva que danifica o bom alimento, é que devemos estar atentos, bem como àquilo que por impulso pensamos ser correto, remontando a intolerância ou práticas que fomentem ódio onde deve haver paz e notadamente querermos o melhor, não apenas para si e ao próximo, mas para a própria nação brasileira. Essa é uma tarefa árdua para alguns, ou apenas a sustentação coerente de uma posição existencial, que não seja complicada, pois mais justa. Para alguns é mais fácil, e para outros depende de se enfrentar adversidades, por vezes naturais ao exercício de suas profissões, ou mesmo de alguma situação particular em que se encontrem.
            Nada é simples na natureza humana, quem dirá na origem de conflitos. Estabelecermos uma ordem social baseada na harmonia sempre será uma tarefa difícil, pois o poder nubla quase sempre àqueles que o desejam de per si, em quaisquer circunstâncias. Ao poder confiado pelo voto, que se cumpra... Àqueles que, cheios de artimanhas tentam sacar do poder uma liderança capaz, devemos estar atentos para que isso não aconteça se não houver um motivo ao impedimento de um Governo que seja absolutamente inevitável ou muito nocivo ao país, com provas extremamente contundentes e antipatriotas. Pois qualquer tentativa de fomentar a discórdia entre os Poderes no mínimo é um atentado contra a democracia, esta jovem e pura democracia que conquistamos a duras penas com muito sacrifício e que não teria mais sentido no mundo inteiro se sofresse um golpe, branco ou não.