terça-feira, 9 de junho de 2020

A RELIGIÃO COMO RELIGAÇÃO COM O SUPREMO


            Não importa tanto se estamos conectados com o mundo inteiro, quando se perde por vezes a nossa conexão com algo maior. Não seja de se fazer análise porquanto alguém se arrogue estar em um modo absoluto, certo, sem o que se dizer do que se possa exercer uma crítica... Mas quando vemos a enfermidade anímica de muitos, incluso os que estão com situações privilegiadas em termos materiais, o ganho em si não é necessariamente sintoma de realização. Quem dera pudéssemos acreditar que não há nada além do plano material, mas isso logicamente é um pensar unilateral, quando quer justificar o estar bem com uma situação de serviços disponíveis, ou da contraparte de se lutar contra as religiões. O ano foi 1965, aquele ano em que aportava no Ocidente Prabhupada, com todos os seus livros, sabendo corretamente o idioma inglês que lhe abriria as fronteiras de suas inúmeras e posteriores traduções, e algumas rúpias no bolso. Um ano sobremaneira importante para um caminho que se abria em direção a uma consciência que vinha para aflorar, em um mundo materialista e consumista em excesso, a bênção de travarmos contato com um grande mahatma em pleno século vinte.
            A questão da religião passa por uma etapa de encontro com a realidade, com o suposto ato de crítica, a fundamentação filosófica, isenta de uma postura vinculada necessariamente com o poder. O poder já é a consciência de cada qual, e Krsna, Deus, sabe que aquele que leva a vida simples com o pensamento elevado se eleva qual uma graduação, em que o hedonismo não tece muitas flores nesse campo, pois das flores eternas e transcendentais já se lhe dão a austeridade e a regulação dos sentidos estes como parelhas de cavalos inquietos no mundo contemporâneo, onde já estamos enfrentando o início da era do ferro (Kaliyuga). Há que se controlar os sentidos inquietos, há de se ter uma vida mais contemplativa, sabendo que em uma pequena folha de capim está a igualdade dos seres, sejam eles insetos, bestas ou homens. Obviamente a forma de vida humana é que delibera no mundo, tece, constrói, desfaz irresponsavelmente, ou toma boas e humanas atitudes com relação ao planeta, mas a ciência transcendental revela que não somos apenas um planeta no universo, e que sequer somos o corpo, pois a nossa verdadeira identidade é espiritual. Por esse fato lógico é que a ciência transcendental não possui fronteiras, nem no planeta nem no Cosmos. A se tratar das fronteiras, como dizer que somos brasileiros, americanos, indianos ou franceses, se mais e mais – como uma estranha contradição – as comunicações, em se tratando das veias materiais, se tornam mais unas, mais cooperativas, mais prementes na aproximação, onde uma tragédia em menos de um segundo já possui seu registro e divulgação em torno do mundo? Se geneticamente não há diferença substancial em nossa espécie, e que um homem e um cão possuem genes muito parecidos, assim com todos os mamíferos?
            Urge uma aproximação com a Ciência Espiritual, como temática que vá além do disposto aparentemente sem solução dos dilemas que o extremo materialismo vem implantando por todos os lados, onde a tecnologia possa nos auxiliar nessa tomada de consciência, da tolerância, do humanismo e do respeito ao planeta, na profética era de luz que pregou Chaitanya Mahaprabhu há poucos séculos atrás, em virtude de seu aparecimento como o avatara dourado: a encarnação de Deus como devoto, disseminando a importância de se cantar os nomes de Krsna, em seu mantra sagrado.
            Uma situação onde se digladiam diversas religiões Swami Prabhupada, o santo do século XX, vem dispor ao conhecimento dos povos que não são diferentes os nomeados deuses de diversas culturas, pois apenas nessa relação de entendimento realmente estaremos religados com o Supremo Senhor, desde que não tomemos a motivação das crenças em geral como pressuposto do ódio e do rancor, na ação inóspita de querermos impor a certas culturas, já enfraquecidas e vulneráveis, a salvação eterna a partir de um grupo alterno à realidade cultural dos povos que mantém – já a duras penas – a sua identidade religiosa e existencial.

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