Vale
Deus pelo cantar que não espera, que é cântico de manhã
De
um pássaro ou outro, de dois, de quatro de tantos
Que
não esperamos por alguma anunciação da primavera
Mas,
sim, do canto a que nos dê uma outra canção,
Que
seja, a de escutar e colocar significado nos trinos!
Como
a veste de uma haste de grama, onde o mesmo Deus
Soletra
sua existência, e não adianta esperarmos por tudo isso
Se a
Presença Magnificente já ocorre, não como esdruxulidade,
Mas
como a materialização do mundo espiritual no escol
De
nossa consciência, como um grande painel sonoro de vida.
Deus
não faz as coisas que se apresentam em alguma redenção
Posto
fazermos parte Dele, em uníssona voz, a construção a Seu lado!
A
parte anímica, o espírito está na música e sua matemática de
dedos
Que
dançam sobre um teclado de piano, reverbera na síncope dos violinos
E
traduz na cultura o símbolo indescritível do mesmo animismo que tão
cedo
Nenhum
profeta bíblico ousaria imaginar, nem mesmo em uma Terra
planificada…
Rege
a orquestra de mais um dia, e no sul do Equador esquadrinha-se um
verso
Que
não remenda e nem justifica o mesmo cantar, mas talvez fosse crível
Uma
explicação qualquer que tente ao menos descrever a justiça da
beleza,
Essa
razão de querermos em um figural, traçando rumos, escutar uma
rebeca!
Nisso
de pensar no mundo contemporâneo, que tenhamos paciência para ouvir
Toda
uma peça de Mozart, uma fuga inteira de Bach, ou, se não
encontrarmos,
O
inverno que segue em Vivaldi, pelas mãos generosas e lindas das
solistas
Que
certamente revisitam mais o caminho da arte do que as proféticas
carnes!
De
não se entender tudo ouçamos os sons dos pássaros, mesmo diante
Do
gutural farfalho de uma gaivota distante, aos de escolha múltipla e,
Inevitavelmente,
o poeta encontra mais uma musicista maravilhosa
Que
o faz ficar apaixonado pelas mãos precisas da violonista…
Quantos
anos demandariam, por Deus, para se distinguir uma boa música
Com
toda a técnica, qual não fosse a alma do compositor, um leitor
assaz
Costumeiro
das partituras, e no dilúvio de notas esparsas consegue a ordem…
Essa
ordem que não poderia ficar sem o soletrar do verbo, pois por mais
que
Desfaçam,
a ordem da harmonia e da melodia ponteia cada instrumento,
Seja
de cordas ou de sopros, seja de percussão, seja clássico ou
popular,
No
invisível de nossos convites, para um arauto ou para um mendigo.
A
música não pede passagem, a quem tenha ouvidos para ouvir
Ou a
quem tenha olhos para ver, posto é raro ver quem não tenha
Aos
sentidos o mínimo por saber, naquilo que temos no mundo,
Os
pássaros são o tato, o de se revestir de certeza quem ao menos
imagina!
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