A
vida se sustém com a prerrogativa de regras. Não importando a etnia
ou a cultura, sempre há parâmetros civilizatórios que permeiam o
viver das gentes em sociedade, com suas leis consuetudinárias, com
suas Cartas Magnas, ou uma organização societária que pode até
mesmo revelar similitudes com os clãs das eras primitivas. Sem um
mínimo de respeito e certa hierarquia não há um processo de
convivência que seja compatível com a sustentabilidade das relações
humanas. Sempre há uma questão do lúdico nas fronteiras das
criaturas humanas. Passamos a viver em um jogo que vai desde o
brincar de uma criança até um entretenimento costumeiro na terceira
idade. Muitos passam suas horas de lazer jogando com algum esporte,
na tela do computador, ou em uma simples palavra cruzada, como quando
se educa os filhos brincando, ou mesmo nos desafios na cátedra de
uma Universidade. Mesmo nós não percebendo o que é o significado
lúdico quase oculto em muitas atividades diárias, mesmo em
cotidianos duros como o militar, nesse caso, os jogos de estratégia
se transformam muitas vezes em realidade. Um barco de pesca joga
literalmente a rede, contando com a habilidade da tripulação e a
sorte em que a mesma rede não seja rompida por feras aquáticas…
Em muitos casos a sorte vira uma gama de possibilidades,
transcendendo o simples sim ou não, onde o significar da
aleatoriedade é mais complexo e mais amplo. O contexto mais simples
ou mais complexo não significa o signo do positivo ou negativo, do 1
ou do 0, que faz funcionar uma máquina computacional, mas uma
diversidade infinita na qual o olhar do homem e da mulher podem
pousar sem compreender o Todo, posto os sentidos serem limitados e, a
cada ser, a idiossincrasia de sentir, sua percepção, é distinta a
cada qual, mesmo sendo da mesma espécie… Um exemplo distinto é um
olhar de uma águia quando adulta ou uma águia jovem, ou a relação
da família da águia com seus consortes, e a reação de cada leão
quando sofre a ameaça humana, que mostra clara e individualmente o
grau de interferência no mundo de nossa espécie. Um índio convive
e protege as araras, e outros – que fazem disso um negócio –
exportam aves em tubos para países “desenvolvidos” com alto
nível de IDH. Enquanto houver a Natureza no planeta, saibamos que
nada demoverá nada, a não ser a espécie invasora, que somos nós,
os seres humanos: nos jactamos superiores, mas nada importará à
soberba humana quando nos dermos conta de que somos vermes nas
entranhas dos sistemas habitados por Todos no planeta, vermes que nos
alimentamos de óleo, e por causa dele matamos milhares de outros
seres “humanos”, quais nós mesmos. Óleo da guerra, do sexo e da
paz, tanto fizesse, na verdade o óleo da hipocrisia que quer apenas
que mais nos apropriemos da Natureza e seus recursos, suas terras,
seus minérios, seu sexo, suas flores, e seus excrementos, como o
guano, a se citar um literal. Um jogo que não necessariamente fosse
uma Startup deveria ensinar novamente a Evolução das Espécies até
comprovarmos de Galápagos para o mundo que carecemos de uma
superioridade em função de sermos sempre os maiores predadores e
que jamais haveremos de cometer novamente os erros de que – à
medida que o futuro nos chega – saberemos nos portar melhor do que
aparentemente a maldade se renova suas roupas a cada ano que
alcançamos, e que o perdão já não faz mais parte de nossos
sinistros planos… Notemos sempre que quem ama o combate não gosta
da paz, e aquele que não gosta dela jamais deixará o fluxo das
injustiças teimarem em ocorrer nas nações, incluso com ressalvas
de catástrofes naturais ou endêmicas que possam nos acometer. Quem
não sabe perdoar jamais conseguirá alcançar o amor, que se revela
equidistante dessa justiça fluida, natural, quando olhamos para um
pássaro feliz.
Nisso
tudo percebe-se porque o jogo exerce tanto fascínio para nós,
justamente quando jogamos sempre para ganhar, e a competição serve
como alavanca de nossos propósitos, indicando que muitas vezes a
coletividade perde a razão em virtude até mesmo do jogar das
religiões, onde o embate é tornar o próximo crédulo de crenças
de cada qual, onde a harmonia se perde quando a fissura que divide as
diferentes crenças se revela inevitável, na modalidade de uma
ignorância sem tamanho e o fanatismo intolerante. É nessas horas
que há que se ter o respeito supracitado, e a razão que nos leve a
uma autocrítica suficiente para sabermos discernir entre a realidade
e a fantasia, ficção da não ficção, unindo a arte com a
engenharia, a ciência com a fé, para começarmos a ter noção de
que nada sabemos a respeito da Verdade Suprema, apenas algumas
escrituras que devam ser relidas para que saibamos sobre a
Universalidade da Fé, da Ciência e do Progresso Humano. Tornar uma
sociedade extremamente competitiva, onde uns já largam na frente com
todos os recursos, inevitavelmente deixa para trás aqueles que
apenas tentam sobreviver no tabuleiro da Vida.
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