sexta-feira, 5 de junho de 2020

SEMÂNTICA DOS DESEJOS


            O que seria dos desafetos deixarem apontar páginas de bússolas sem direção, sem o seu próprio Norte, e o sul, que seríamos melhores que fôssemos. Nessa vertente da desafetação apareceria o próprio tempo a nos revelar memórias, a claudicar em certa História, a fechar as portas de uma percepção quase imediata e que, no entanto, conta o significado mesmo da palavra que desejamos ao menos que seja dita. Como em um jogo com as regras condicionantes e operativas que não podem ser mudadas, com regras outras de outros contextos, mas que não mudam a estrutura lógica do mesmo jogo. O jogo de variedades, de aleatoriedade, como os dados que nunca somam em suas faces além do número sete, faces opostas no entendimento cabal dos números.
            Não propriamente que não se queira jogar algo, mas a astúcia igualmente é insuperável, não tendo que perceber semânticas escusas no ato inumerável posto atitude de jogo, reflexo do desporto, medida de se reter a aleatoriedade no campo do entretenimento. Que certo desejo de acerto, seja em um jogo de simulação, seja em cartas ou em dados não verta apenas a proximidade contemplativa de uma alça de mira em um shooter game... Mesmo porque a mira quando bem treinada perfaz um entretenimento compatível com a eletrônica, como em uma disputa de corridas pode se treinar simuladamente a direção defensiva, pois essa é a intenção de um bom motorista.
Mas isso não basta para que tenhamos que disparar nossa egolatria em que se pretenda ser de alguma força ou unidade especial. Perfazemos força com disciplina inequívoca, e com desprendimento às coisas excessivamente materiais. Se alguém tem uma arma em casa, por exemplo, pode nem saber usá-la, e fatalmente encontra no conflito um modo mais complicado de se defender, pois não estará fadado a se defender matando, pois a modalidade do crime é atacar dessa forma, e quem já possui certa idade não pode revidar com aqueles que já estão “turbinados” para agir com a demência assassina de seus reflexos e treinares sinistros.
            Conhecer os requisitos de segurança é nunca agir com rancores aparentes, é agir com civilidade antes de tudo para preservar a vida, não separar de modo maniqueísta o que se perceba como algo de suspeição aparente, não usar de força excessiva – apenas quando necessário – e requisitar ajuda no caso de complexidades maiores, de cercos mais agigantados, ou mesmo de retenções mais pontuais e perigosas. Talvez seja fato estranho afirmar, mas de qualquer natureza a melhor é considerar o tráfego pelas ruas como um moto contínuo, um fluxo que não pese, e prezar pela segurança dos cidadãos justamente mais à luz do dia, pois quem é das noites é mais suscetível a se encharcar de venenos, quais sejam, drogas ou circunstantes. Não cabe aos civis estarem aquartelados em suas casas, pois o fator da urbe externa e circunstancial dos agentes que prezam pela segurança é que devem propor mais ações que regulem ao que se manda de segurança às populações, sejam elas abastadas ou carentes. No Estado de Direito não deve haver separação dos civis e dos militares, mas sim a União inequívoca que ambos não sobrevivem com relação à cidadania sem a prerrogativa e liberdade de atuação em cada modalidade, assim como não deve haver restrições de qualquer ordem entre um Umbandista e um Evangélico, um ateu, um agnóstico, um católico, um muçulmano, um judeu, ou, quiçá, homem da ciência que ignora o que não venha daquela. Há que se reiterarem as forças que movem as sociedades diversas, suas modalidades aparentes e seus segredos naquilo que não queiramos que se revele, pois os segredos também fazem parte dos tesouros que possuímos dentro das esferas sociais. Quem não quer escutar o bom senso, a sensatez, a sinceridade do caráter, pouco faz mossa, quer mandar apenas, quer que uma hierarquia desnecessária se prevaleça, e esconde em seus recônditos mais íntimos que deseja o significado da contra história, de não se portar bem e de ignorar os passos cabíveis que são o enriquecimento da palavra: novas... Daquilo que enriquece de bondade o nosso transigente lado social.

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