domingo, 5 de abril de 2020

O AFETO QUE SEJA


Sejamos do afeto, que este aponte para algum norte, qual direção
A um lugar onde uma camada transparente de reais intencionamentos
Dirija a seu cunho próprio as mãos que tantas vezes cuidamos em limpar…

As Páscoas sejam respeitadas por todo o mundo, e que uma luz emane
Do simples exemplo de esquecermos o fato de ressentirmos nosso imo
Quando constatamos egoísmos que podem valer mais vidas do que tudo.

Que não irrompa exageradamente o afeto às coisas materiais, mas um gesto
De quem possua mais, exorbitantemente mais, apenas um quinhão de vulto
A se conceder mais do que apenas o feijão, mas igualmente o fogo que cozinha!

Precisamos de sal, precisamos de açúcar, de frutas e legumes, e não é só do pão
Que viverá com dignidade um ser, sendo que aqueles que residem nas ruas
Sabem mais do que muitos em seus palacetes, ornados com joias e todo o luxo.

Pensemos que as nossas bases são afetivas, e não comunguemos com o ódio,
Posto nas fronteiras deste estão os confusionamentos mentais que tanto vitimam
Quanto fazem padecer mesmo o opressor, pois ninguém sobrevive no empuxo.

Ninguém pode ser tensionado todo o tempo, mesmo quando se encontra
Com prazeres pagos de antemão, posto uma relação sem afeto não dispõe
O meritório campo das adversidades que retornam do ponto onde se parou.

Pois não, que sejamos obviamente do afeto incondicional, pois é nessa vertente
Que reside a sensatez de não ferirmos o semelhante com palavras duras,
Apesar de, por vezes, o rancor ultrapassar um limite, quando a barbárie toma forma.

À vista de uma nau como a de Noé, tenhamos paciência com todos os seres,
Posto a terra se apresentará em um ramo de oliveira, assim como neste Domingo
Os ramos estiveram presentes ao menos no olhar de um devoto que anuncia a paz.

Se o fato é que nos digladiemos depois da crise, já se prepara um terreno acidentado
Onde os consortes do rancor esquecem que o afeto não é apenas uma qualidade
De um tempo qualquer, pois revela aos homens o espírito de Deus que reside no peito!

Se tentarmos nos tentar a agressões futuras, a obra divina perde seu sacramento
E parte para um ensaio pífio e hipócrita que não resolverá um ensinamento de desprezo
Que se antepõe a tudo que podemos – e devemos – aprender sobre as questões humanas.

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