sábado, 18 de abril de 2020

A PARÁFASE DO SEM TEMPO


         Algo que aglutine, como no cadinho que mistura o estanho do alquimista, uma forma, um objeto qualquer com a cera medida, como o tempo em que o cristal se reanime, como no vórtice de uma fera, talvez seja de feliz suficiência. Pois que nos redima Dante, quando diz que largai toda a vossa esperança oh vós que entrais, no portal silencioso de sinistra floresta, pois é no mesmo mato que reside algo parecido com a anuência de um napalm. Não, que não se dite isto, posto nas ruas e nos quintais de outrem existe tanta a circunstância que a ilusão dos erros passados não passam de teorizar o improvável, de estabelecer uma dialética esgotada pela sua ida e volta por motivações que sistemas de informática já dão os seus ares de superioridade. A relação de uma programação em orientação a objetos, a rigor, planifica teias e sistemas que fazem de uma aranha em uma agência sumamente inteligente a controladora de todos os sistemas que precederam nos modais de uma literatura… Esta não relida, não religada, do motor que não funciona perfeitamente, haja vista a inteligência não houver sido reinventada, posto resistir como anátema furioso em quaisquer questões onde, se compreensão maior houvesse, daria nos costados até mesmo da coerência.
          Se um vírus ganha a queda de braço com o Ocidente, se o General do Vietname ganha a guerra contra toda uma força hercúlea, se a história mostra que a China sempre foi pacífica, se o Japão não guarda rancor contra Nagasaki e Hiroshima, podemos finalmente perceber que deveríamos puxar os nossos olhinhos com a mão, mas com cuidado, sem infectar a mucosa dos olhos, para podermos perceber que o Oriente – nisso incluindo a Índia, por suposto – reza que mereceríamos mais atenção de nossa avassaladora contradição humana no encontro que falta para dialogarmos com o que achamos diferente. A partir daí encontramos igualmente com os negros… Que sigamos a pauta de decisões acertadas, pois em países do terceiro mundo, ou em guetos do Harlem e do Bronx, encontraremos as maiores contradições do mercado liberalizante. Se uma inteligência maior surge de lideranças negras, como Mandela na África, ou na inteligência exemplar de resistência de Zumbi, em nossos Palmares, é que encontraremos a necessidade de olhar para todo um povo mundial sem a empáfia quadrática de sermos melhores por sermos brancos e ocidentais.
          Talvez Roma tenha feita a mea-culpa, talvez a França tenha se arrependido de suas colonias no Império Napoleônico, talvez a Inglaterra tenha se arrependido igualmente do império que nunca via o sol se por, talvez a Alemanha tenha revisitado os horrores recentes, e tantos outros, Portugal, Espanha e seus massacres, e tudo o que no leva necessariamente a que, em um processo de Quarentena forçada, a revisitarmos a história para termos a consciência de tudo o que fizemos para afligir toda uma população mundial, todo um revés, todo um passamento que encontra nos tempos de agora finalmente a contradição derradeira… Não é de um renascimento espiritual que precisamos, pois quem trabalha duro nem tem tempo para especular sobre religião, mas de um renascimento intelectivo, de uma tomada de posição virada para o norte da consciência, posto não será através de um caráter hedonista ou de visão única que separaremos como uma dura tarefa – onde a extrema vaidade camba para o lado – o joio do trigo, a saber que o joio é tão importante quanto, pois em seu fogo pode ajudar a preparar o pão que não há de faltar naqueles que batalham duramente para dirimir as injustiças que estejam percebendo. Nada a de ser como antes, pois os que são mais inteligentes vencem quaisquer ameaças virulentas de Estado ou não, e aqueles onde os Governos aquiesceram injustiças sólidas em seus processos civilizatórios tendem a colher desse sal.

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