quinta-feira, 23 de abril de 2020

PERSCRUTAR UM DIZER QUALQUER


Haveriam palavras ditas sem um rancor que assombre um desaviso,
Haveriam chistes que não ensombreceram o quinhão visível das desditas
Mesmo quando não se perscruta a própria sombra do que não desejamos
No algo a mais de um sentimento de refluxo, de uma maré vazante!

Nos barcos que partem gigantes por solo repleto dos oceanos
Nos ares em que voam cegonhas de aço na disparidade de tenazes
Há um reflexo que soa como uma parte que não se reflete no entanto
E outro que não é sombra, mas algo em que se dispõe a fazer do nada o mesmo!

Diz-se de uma hipérbole a curva acentuada de talvez a referência histórica
Do que talvez não seja a musa de um poeta, posto quiçá este não possua
Mas que subentende sermos mais do que somos, quando engrandecemos
Por vezes o exílio provisório de nosso orgulho, aspecto sonante da neutralidade…

Dos tempos do que não é sem tempo, a se dizer que quando é melhor do que como
Nas vertentes impróprias de negarmos a contento a própria questão veloz do ocaso
No que se peça mais do que se pode, e se aufere a outra questão de um non sense
Quando se aufere justamente o proceder inquieto daquilo que não fere significados.

Ah, sim, e por que não a vida austera de um celibato, encerrado nas propostas mesmas
De se prosseguir qual um pássaro que não dita a norma e nem se precave tanto
Mas resulta na própria significância dos significados outros, na carne por vezes ausente
E que porventura seja uma vida quase vegetariana, sob os abcessos da felicidade!

Quem diria outras vidas fossem tão repletas da vida ela mesma que brota e que lembramos
Ser esta mesma a que vivemos, e talvez não tão distantes do que se urgiria contemplar
Nas esquinas de nossos afazeres, respeitando normas atuais, regras societárias
Que igualmente contemplam a tenacidade de uma razão que engrandeça nossa existência.

Que o Poder que nos investe Deus não seja apenas uma aurora de um pensamento inquieto,
Mas a vida em si que nos pede refreamos nossos sentimentos de uma oculta certeza
De que tudo seria melhor se não fosse o agora, e que a serpente do significado da floresta
Repita os movimentos mesmos da terra, agindo próxima e distante, na verdade de sua tez!

Todos os seres sem exceção participam do estranho enigma desse jogo insondável
Que remete a escrutinarmos versos e mais versos, do mais estrombólico ao mais sonante
Em realidades turvas nos cordéis que deixamos em varais do ressentimento, da recusa
De uma carência distante, posto nos parecermos mais humanos quando sabemos que perdemos...

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