segunda-feira, 13 de abril de 2020

OS SOLOS SAGRADOS


           Abracem o mundo com a perspicácia de se querer estar em um lugar sagrado. Que essa dimensão da existência, no mais das vezes, depende do que sabemos sobre a matéria em questão. O mesmo cerne, o mesmo conteúdo que não depende de interpretações e, no entanto, veste a sombra com o calor da luz. A pequena flama de uma vela pode resultar em um altar, para que as imagens nos tragam o conforto da fé e a consecução dos planos sagrados… Podemos fazer de nossas casas templos, onde santificamos uma rua, uma quadra, um bairro. Em estarmos exercendo um culto, em estarmos lendo uma Escritura, há que se ter em conta que a pregação alcance os necessitados, aqueles que se angustiam com suas mazelas, e outros que são tomados pela ignorância. Resta sabermos que nem tudo no mundo material possui explicações dentro da percepção de nossos imperfeitos sentidos, e a Religião nos ajuda a compreender coisas que aparentemente não possuem a solução misteriosa e parca de um grosseiro modo de ver tudo sob a ótica da matéria.
           O que anima nosso corpo material é justamente o espírito, uma parcela infinitesimal que compreende o atma, nossa alma sagrada, em que temos por missão estarmos servindo constantemente a Deus. Quando não nos apercebermos desse simples fato – dentro de um País com uma profunda religiosidade – consentiremos que o lado espiritual e anímico nos revela apenas uma especulação, sob o olhar do ateísta. Crer apenas na sociedade em seus modais tecnológicos ao mesmo tempo nos aproxima com os atuais meios de comunicação e ao mesmo tempo aliena com a falsa presunção do Poder, com fins outros que não sejam praticar o bem, viver no modo da Bondade.
          Há que se ter em vista trabalharmos assiduamente, mesmo com restrições da ordem da capacitação que nem todos possuem, para resgatar a nossa Casa Comum, ou seja, o nosso planeta Terra, que é onde nos situamos, dentro do escopo das religiões que creem ser nossa única morada, ou daquele que acredite ser um entre tantos bilhões de planetas que compõem um Universo, afora a plêiade do manifestado na plataforma do que é manifesto, e daqueles Universos que sequer foram gerados pela perspiração de Krsna, em Seu imenso Oceano Causal que uma de suas moradas. Temos que respeitar todas as vertentes religiosas, pois não adianta lermos uma escritura sagrada se não temos na prática a modalidade de sermos quem somos: almas individuais e eternas como manifestação cósmica que possui o sentido da vida. Não somos portadores de uma muleta existencial, mas seres que possuem crenças, que devem ser respeitadas integralmente no que saibamos ser o lado do animismo e da ampliação perceptiva de nossos sentidos imperfeitos, como supracitado acima.
         No entanto, o mundo material possui suas próprias leis – como a Ciência – que igualmente devem ser respeitadas, no imenso paradoxo na sua dialética, no seu proceder lógico e na consecução de algumas leis que não devem ser ignoradas. Há que se ter uma evolução continuada para que a exploração do homem pelo homem seja considerada uma forma de selva material onde a ilusão – Maya – finca os pés para que muitos não se apercebam disso. Por mais que o mundo da matéria esteja embebido na ilusão, retornarmos a uma questão de um humanismo recriado e uma justiça social, tornam o solo produtivo mais sagrado, dirime a carestia e revela a todos os seres, que apenas a vida religiosa não abraça a questão existencial mais simplificada, o repartir de muitos para milhões, e que o término da injustiça social também faz da morada material um tipo de solo que se torna sagrado, posto nosso corpo material necessita de insumos para se revelar o templo da alma.

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