Talvez
possa se afirmar que um ser onisciente veja, sinta ou toque por vários modos,
na abertura de uma percepção aos homens jamais compreendida, e que por escalas
mais reduzidas se possa afirmar que a sensibilidade de qualquer criatura possui
a importância mais que fundamental de compreendermos o nosso mundo, e a
possibilidade da vida em outros planetas. Mas se nos ativermos no lócus de cada
qual, a interferência do espaço em nossas vidas, ou mesmo na questão de nele
vivermos, recriando-o em um diálogo constante da matéria com o espírito,
veremos que a Terra posta na rede de cada qual – mesmo aparentemente ausente – permite
uma vivência cotidiana dos seres e as injunções humanas para que sejamos todos
preservados da má conduta e da ignorância em não saber respeitar a vida.
O cotidiano
de nosso olhar pode não ter que existir em função de um direcionamento reto, em
foco, ou estabilizado em regras outras que não sejam o de se bem portar... Na
verdade, queiramos a nós mesmos e em nosso comportamento o que desejamos que
aqueles que nos representam realmente possam ter, na acepção da igualdade como
exemplo e na negação de sermos hipócritas em luta contra a hipocrisia. Se na
dureza de olhar de alguém que esteja em uma situação de impor uma persona que calhe
bem na motivação de seu caráter, que este olhar mude por vezes, seja por esse sinal
que se encaixe o humanismo tão necessário, posto todos os membros da nossa
espécie incorrem em erros, já que é impossível gabaritar a vida durante toda
ela: sem pausas para algum recreio, a trégua desejada, a contenda que não seja
importante, o valor de termos entrado em trevas para poder ver a luz novamente,
mais forte e mais lúcida. É nesse olhar dialogado em que não incutamos o famoso
maniqueísmo como deus renascido, que podemos construir alicerces enquanto
deixamos passar as sinistras caravanas de seu próprio descaso, em que procuram
algo, em que não necessariamente nos encontrem na esteira da visibilidade, pois
se alguém é uma formiga, subtendendo-se que a formiga é alguém, se entoca na
invisibilidade da dimensão planetária... Dos insetos, que por enquanto vão
refazendo seus canais subterrâneos e consagrando a Natureza nas raízes das plantas
menores, na beleza de poder-se observar algo além de nosso próprio estilo de
tempo e sua linha, algo além do registro visual e seus pixels, mas abraçando a
tecnologia como modalidade de valor porquanto no plano inferior e humano do
mundo contemporâneo.
Há uma
inversão da atitude destrutiva de nossa espécie, na corrida ao hedonismo, na
ausente libertação de uma legítima intelectualidade algo anônima, enquanto as Famas não encontram Cronópios à altura, parafraseando Cortázar! Busca-se a pequena
fama, algo sinalizador, mas o caminho à altura das estrelas necessita de
compreensões maiores, algo de um repentista realmente criativo, não fora que as
palavras não possuam ainda tamanha força concedida pelas letras digitais, em
era que remonta Gutemberg, mas extensiva a todos que possuam algum rádio de
bolso mais evoluído, como o celular – smartphone.
Um fone esperto, meio que tornando confusos certos limites, e possibilitando
limiares de uma enfermidade contextualizada pela psique coletiva, no algo quase
compulsório em processos quase químicos de estímulos e respostas. No entanto, em
sua contradição, na riqueza da descoberta pelos jovens de mídias antigas, como
as fotos com cristais de prata, reveladas em laboratório, ou o estudo das artes
mais rudimentares e antigas, tais como o carvão vegetal, o entalhe, a
terracota, o gesso, a pintura à óleo, e a importância da ligação e coerência em
relacionar as eras da incipiente agricultura e indústria com as descobertas
científicas mais recentes. Essa busca da arte, da ciência e da história deve prosseguir
com entusiasmo de nossos acadêmicos e, como o gestual se torna importante e
atual como sempre, retornar à possibilidade de teatros de vanguarda e novas
modalidades da arte como expressão que não se viola, é de assaz importância
para compreendermos o mundo à nossa volta, nem que giremos pelas ruas nossas
rodas, feito pernas, ou em um caminhar sereno com boas havaianas...
Se, na
verdade, buscarmos o diálogo aberto com o olhar, se compreendermos o olhar e a
humanidade que quebra a tirania com a ternura, seremos melhores do que aquilo
que se espere de um cidadão. É o próprio diálogo da altercação versus bondade
que podemos assumir como um ato que reflita não uma cartilha existencial, ou um
livro de autoajuda, mas o compartir do conhecimento inegável que espera por nós
dentro de prognósticos mais positivos em Era que ainda temos de refresco para
melhorarmos o que é possível, negando guerras e desnivelando conflitos
insolúveis. Nesse requisito do olhar e seu diálogo postamos uma carta de amor
na revelação de um conto, um ensaio, uma poesia, ao que verse que, em uma
sociedade em que o entretenimento possui cada vez mais importância com roteiros
cinematográficos ou jogos com linearidade temporal, a busca e redescoberta da
literatura como forma de entreter-nos tende a preservar melhor a cultura dos
povos, e enriquecer a recriação de histórias, ou o encontro com o nosso
passado, tão importante para que possamos compreender nossos dias
contemporâneos e a imprevisibilidade quando não planejamos o nosso futuro,
quando tentamos evitar erros anteriores. Esse assumir que o novo prevaleça
quando embasado em questões que não afetem estruturas aproveitáveis para um bom
uso nas sociedades, é justamente manter o reflexo da dimensão humana quando de
suas liberdades e direitos fundamentais. No entanto, sem negar a possibilidade
de evolução econômica àqueles que estão em uma posição mais vulnerável, quando
a realidade apresenta uma disparidade de ganhos abissal, inviabilizando
qualquer tipo de ascensão social dentro da capacitação e igualdade regidas por
uma boa Constituição. A justiça social deve ser garantida por lei, e é
unicamente essa mantença que deve ser a razão da manutenção da ordem pelas
autoridades constituídas, dentro de instituições sólidas e de uma Nação de
progresso.
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