terça-feira, 26 de março de 2019

O TEMPO DA DÚVIDA


         Praticamente parece, ou temos a ilusão de que sabemos muito a respeito de tudo… Como se diz, ainda não sabemos o suficiente, pois a escola de nossas vidas ainda é incipiente. Saberemos mais se lermos mais, com mais vagar, que sejam, os livros de escolas fundamentais ou superiores, tendendo assim a não termos que firmar pé em unilateralidade religiosa ou filosófica. No mínimo, arquemos com a condição de que a dúvida não é algo negativo, pois implementa a questão de procurarmos saber mais sempre que – ou mesmo que – pensemos que as respostas já estão facilmente localizáveis, pois não é assim que ocorre factualmente. Não podemos ignorar que, à medida que a tecnologia vai agregando complexidade em torno do mundo, sabemos lidar com ela de modo simplificador a ponto de acharmos que estamos gerindo algo de mais monta do que com assistências realmente competentes. A vida não espera que saibamos tudo, mas no mínimo na nossa área de abrangência, em que nessa linha virtuosa há que se ter fundamentos clássicos a respeito. Não se deve negar a literatura grandiosa de um Balzac, um Vitor Hugo ou, mais recentemente, de um Huxley ou Joyce. Não é uma questão de pequena grandeza, mas estamos falando da literatura, a arte maior, entre tantas outras em que os signos estão em uma pincelada, em um gesto teatral, ou na película de um filme realmente grande, bem produzido, como eram os grandes filmes e seus grandes diretores. Há muito de se aprender com tudo isso, e hierarquicamente esses conhecimentos todos, aliados à filosofia consagrada no mundo todo, são superiores, sem sombra de dúvida. Mas esta deve permanecer sempre, no tempo em que o processo de aprendizado não deva sofrer qualquer tipo de intervenção, pois não estamos no totalitarismo, e nem é o desejo de países que querem construir uma sociedade baseada na liberdade. Se a razão em que pautamos nossos procederes em questões de caminhar para um mundo livre, não será tolhendo o livre pensamento que estaremos construindo algo realmente importante para uma nação como o Brasil. Nessa que é uma estranha medida, onde a dúvida deve permanecer como uma sincera humildade em sabermos que caminhamos em direção a algo, e não estabelecer propósitos estanques a fim de dissuadir o que se autoproclama a imposição de qualquer modelo em que se crê piamente que seja o correto. Em um exemplo evidente, se um homem ou uma mulher veneram algum país como se fosse sua segunda pátria, ao menos que aprendam o seu idioma, para se saber melhor a cultura dessa nação. Trocando em miúdos, como existe um idioma universal no mundo, que sê-lo aprenda, portanto, a que sejamos compreendidos em quaisquer países, como o idioma inglês, tão universal. E que as dúvidas prossigam, pois o fato de se gerenciar a si mesmo pertencerá a uma escola somente: o aprendizado constante, dentro da humildade acadêmica indispensável. Essa é uma razão que compete à visão hierárquica ou de competência interna do indivíduo, e a rotina e disciplina desse proceder pode ser o viés existencial se assim se desejar, desde que se mantenha a garantia cidadã das escolhas de outros indivíduos, no plano da coletividade, ou em outras palavras, no aspecto de se construir uma sociedade mais justa.
        Não há o porque de se viver em alguns Brasis, onde a alguns não são infringidas as penas que a outros se lhes toca, em questão de evidenciar a divisão entre interesses díspares, pois vê-se o descalabro hoje na sociedade contemporânea a partir de uma simples TV: ao vivo e a cores. E a factualidade desse tipo de ocorrência que versa nos altos escalões também são a construção decepcionante do que se chama Estado de Direito, onde a venalidade não pode exibir suas próprias fraquezas fundamentadas na parcialidade que contraditoriamente o torna inexistente enquanto finalidade jurídica. Não importa se esse tipo de ação é confirmada pela aceitação de grupos aparentemente fortes em popularidades que na verdade são relativas, pois a própria segurança de cunho privado acaba por receber o exemplo e tentar igualmente compartir da mesma injustiça, quebrando de certa forma a institucionalidade interna e externa de uma nação. Pois a dúvida acaba por tomar vulto, e antes o que seria relativo se torna absoluto, tornando a existência de um rochedo o risco de um navegador!

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