terça-feira, 1 de janeiro de 2019

LÁ E AQUI


         O lá que seja a percepção, mas que esta pode ver aqui. Estar lá, é o mesmo que estar aqui. De um ser que esteja distante, mas o entremeio são integrais e derivadas do lá e aqui em cada circunstância, na área linear que leva do aqui ao lá essencial, porquanto significado semântico, ou conferência da ideia. A consciência pode ser tanto do aqui casa, como aqui carro, em que o lugar com a fração de tempo não circunscreve exatamente a verdade. Torna-se dialético o pensar em conceitos em que a percepção humana alimenta a certeza de algo que muda conforme o status da mesma percepção, ou mesmo o meio de se empregar a mesma certeza de se estar em algum lugar com um nome proposto, abstrato, o que não chega a ser a coisa em si, com suas propriedades: calor, frio, duro, mole, branco, negro, nas dualidades que abraçam o ausente prático, pois a prática pode ser concreta e, no entanto, ilusória, aparente…
         A coisificação depende das circunstâncias, de seu posicionamento enquanto objeto, ou ser que o percebe, que atua. Atua de modo distinto, pois a imperfeição dos sentidos humanos versam sobre uma limitação em que o pensamento trilha uma linha apenas de suas conquistas, e de sua tecnologia. Quando a humanidade se propõe a trilhar a mesma como um padrão que queira definir o subjetivo, impondo a linha para que a rede com seus ramais teçam a mesma circunstância existencial. Esse propor algo circunstancial e pretensamente impositivo, mesmo na correnteza de uma ciência lógica, não refaz ou contesta essa lógica que acaba sendo limitante conforme um algoritmo, ou a ilusão da subjetivação de um robô, tornando o objeto como tese e síntese, ausente da sua contradição, através da maquiagem ilusória dos grandes meios de comunicação e propaganda, tornando condição sine qua non da coisificação em si, sem levar a idolatria do objeto com a pertinente participação do sujeito em si, do ser que atua, nulificando, mesmo que os sentidos sejam imperfeitos, a ampliação e liberdade de percepção. A coisificação toma conta na mesma inverdade criada. Separam-se existencialmente os meios produtivos e realocam brutais transferências de riquezas, no mesmo sonho das teses sem o contraditório. No que era humano e potencialmente agente de mudança de algum paradigma, passa a ser objeto coisificado na lógica de uma linha alfanumérica de traduções simplistas e recorrentemente substituíveis por templates, por padrões de inteligência, por desafios escassos e empobrecimento da linguagem mesma que possa transcender humanamente as rotinas programáveis de algum processo computacional.
          A arte acaba perdendo a sua necessidade, os meios de expressão da cultura sentem-se órfãos de técnica, conhecimento e recursos, separados da educação em seus processos onde o ser pensante e expressivo se torna fruto da coisificação – da predominância do objeto como meio – onde perdem-se a manufatura e a compreensão da habilidade manual para uma virtualização vertical, na pretensão de transformar o tudo, onde na verdade adquire papéis inversos através da aplicação quase compulsória do treinamento através do entretenimento funcional. Lá se torna aqui, no dígito e, no entanto, o dígito é uma peça em tantas outras, e a ferramenta continua sendo um processo de propriedades, de características, como na linguagem de programação orientada a objeto, o comportamento deste caracterizasse uma classe, e o índice da crítica de uma razão inerme fosse o impedimento de se criar ou se ambientar a lógica em suas diversas progressões, e na sua relativização do processo saudável do conhecimento humano e sua Natureza diversa, porquanto queira-se verticalizar a divisão.

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