A
beleza de um motivo da Natureza por si pode ser objeto de um olhar
acurado no modo mesmo contemplativo, ou em um perscrutar-se de
ideias, de insights e descobertas a bel prazer, qual não
fosse infinito o domínio dessa mesma Natureza. O mesmo olhar atento,
fora do box digital, essa pequena obra da ciência que
aparentemente nos leva, enquanto máquina, a pensarmos em um outro
infinito, o domínio das informações e iteração com elas, de modo
a recebermos em nosso olhar o objeto poderoso de comunicação, que
se pretenda obviamente mais raro sairmos desse espectro e abraçarmos
as coisas que estão imediatamente ao nosso lado. O conhecimento mais
aprimorado depende de como vemos o que a maior parte das pessoas
ignoram, mesmo em geografias mais urbanas, onde o concreto é mais
presente: nas calçadas, no asfalto e nos prédios. Mesmo que
tenhamos algo da ciência em compreendermos que a obra humana nos
pareça a última palavra com seus modos invasivos no habitat de
outros seres, haveremos de saber que seres distintos e com algo nível
de sobrevivência convivem simbioticamente com o concreto que
correntemente avança – mesmo que de modo desordenado – pelas
urbes afora. Agora, se conceituarmos que para o futuro tudo estará
sinteticamente resolvido através da digitalização de nossa
consciência, estaremos incorrendo em separar os ofícios entre quem
está ou não inserido nessa grande ficção, o que não deixa de ser
uma população que passa a trabalhar fora dos meios digitais, como
grande parte dos operários e camponeses e aqueles que vivem a
ciência de modo superlativo, relativizando certezas de acordo com um
sistema que se impõe cada vez mais na perspectiva de que – em um
país como o nosso – essa divisão se pronuncie igualmente
separando gerações e distanciando o diálogo entre elas. A
contemplação passa a ser um aglutinante sincero entre as gentes,
gerando na Natureza, construída ou não, uma comunhão existencial
necessária. Essa mesmaA comunhão que o Espírito busca sempre
através da vida, e que suas palavras permaneçam incólumes, pois
sempre será o sal da mesma vida…
Entre
o belo e o ideal da beleza está continuamente o diálogo que incorre
na então busca da representação entre o que é real e a expressão
mesma da arte que representa o onírico, mesmo sendo realista, no que
vem a ser faculdade de resgate para que se deixe fluir o anímico, o
espiritual, dentro da estética e dos valores culturais humanos. Essa
noção de que a arte norteia a natureza humana é tão atávica
quanto os primeiros registros em Altamira e Lascaux, registros esses
que conferiam algo de mágico na vida pré civilizatória, porquanto
séculos e séculos depois vemos uma certa mágica quando
aparentemente o computador vira um registro de mapas informacionais
que recebemos – aqueles que têm acesso – espetaculares avanços
científicos em tempos estonteantemente menores. A arte torna-se
raridade enquanto o fazer artístico, dentro da construção mesma do
anima humano, seus sabores e venturas, no fluir da expressão do
espírito, seja ela razão ou intuição, pintura, escultura,
artesanato, desenho, literatura, etc. Para citar meios em que de modo
quase alquímico resgatemos as raízes perdidas como homo faber
que somos.
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