quarta-feira, 20 de junho de 2018

NAS FRANJAS DE UM DESTINO

          Quem dera nossos propósitos fossem maiores do que o que se pensa sobre… Que níveis de liberdade de uma expressão fossem a realidade do que se pretenda ser um teor de filosofia. A um pensar-se livre, quem dera, que fosse a própria libertação de nossos caracteres que se volatilizam tão abertamente em um mundo efêmero como o atual. Aparecemos em linhas de tempo: isso é um fato incontestável, na busca, na procura de sermos algo ou alguém, sem dúvida com algum interesse de algum interlocutor. Não bastasse isso, somos pensantes de um tipo de corretagem existencial inequívoca enquanto posicionamentos em relação a muitas coisas, vendendo uma imagem ou perfil que se enquadre em um grupo ou no popularesco modo de negociarmos nossas opiniões. Que não fosse assim, mas é característica do modal tecnológico que reside agora em nossas mãos, como meio e mensagem, porquanto estarmos aparecendo vorazmente na rede, não sabemos ainda como pragmaticamente a usaremos como ferramental. Alguns utilizam como trabalho em um viés talvez meio esquisito, quando percebem que nem tudo trabalha tão bem assim, nesse modal digital, ou que digitaliza o meio como intenção: pensar-se enquanto geração que sequer tenha tido contato com meios não digitais. A releitura histórica da tecnologia se faz necessária, e a compreensão de modos mais artesanais de produção é um bom caminho para se ter boa ideia a respeito de como se tornou a contemporaneidade essa indústria limpa dos chips. É importante borrarmos um pouco as tintas, voltarmos um pouco ao nanquim caneta, e aos pincéis, enquanto expressão aquosa ou a óleo, ou um grafite de um lápis, quem dera, um retorno à arte em toda a sua origem, obviamente com a redescoberta dela mesma, com os novos meios, e sua amplitude de funções e formas. Sempre um canal expressivo, e igualmente uma educação abrangente que aproxime o aluno e os professores das letras como sinais e signos que tem potenciais extraordinários na mesma cultura que agora vemos um pouco esvaziada, frente às novidades que vêm de uma aldeia global, onde os grandes devoram os ícones dos pequenos.
          O destino de todos nós que almejamos por canais de expressão e realizações culturais é vermos que é mais fácil lucrarmos com uma peça pronta, como um template, do que sabermos como e quando fazer, como construir, o que expressar, ou mesmo a mediação que devemos nos dar aos processos de acesso, a que todos têm o direito, e a grande oficina de materiais não nos é oportunizada. A necessidade da arte já vem a dar o crédito nas franjas do destino da sociedade contemporânea em um país pobre, e cada vez mais pobre, onde ocultam covardemente a sua cultura. É nesse modal de atuação que urge lutarmos bravamente para resguardar a cultura brasileira, sua relação com países do continente, o lado amigável de fronteiras amigáveis, a mescla entre o sul e o norte, no que se tende, atualmente, a ressaltar as diferenças por caminhos não muito bons, visto de segregações inóspitas, e ideais de raça que inexistem na ciência antropológica em povos ditos civilizados, ou que cultivem a história como referência importante que não implicará jamais cometermos os mesmos erros crassos de passados que não retornarão, mas que passam a incomodar àqueles que possuem cutuba e cultura sólida para provar a inexistência dos pensamentos do fracasso.
          Só vamos ter um país se nos encontrarmos conosco e soubermos de antemão o gesto que não se encontra com algo de substância, algo oposto à sinceridade de outro gesto, natural, humano, que não sobrepõe sobre a maré de uma individualidade consciente aquelas coletividades cegas que endeusam homens e desprezam o outro lado da livre iniciativa: a arte, esta irmã da Verdade!

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