quarta-feira, 6 de junho de 2018

O BELO E A CONTEMPLAÇÃO

          Tal é a vida, que esta mesma possui variações infinitas. Qual seja o tempo com ela relacionado, quiçá numa hora, a relativização da existência de seus seres, o mesmo tempo de que algo que porventura não exista como em um vácuo a cada qual, posto sensação, inexiste a possibilidade da ausência, já que o infinito não se abraça nem mesmo com a matemática. Nossos sentidos são imperfeitos, mesmos quando perscrutamos ao máximo com a sinergia de nosso pensamento os modais mais diversos.
         A compreensão humana revela o diálogo que surge na dimensão existencial que vivemos enquanto seres com as diferenças que a alguns podem não parecer boas, o que resulta no prejuízo de nós mesmos… Esse pré julgamento que é obstáculo no humor de certos viventes à acepção de uma beleza que pode estar em uma ordem, em um ideal, ou mesmo na contemplação enquanto atitude bela. O belo seria um proceder, quando agiganta a proposição do feio enquanto que para outros não o seja: do ato igual no sentido de se permitir a ampliação desses espaços contemplativos, enquanto a dialética dos opostos seja compreendida de acordo com a cultura de cada povo, de cada etnia, na consagração onde um país de mesclas seja muito rico enquanto diversificador da mesma e diversa cultura e suas transposições da arte. Um pressuposto que enriquece de belezas um país como o Brasil, porquanto em gêneros e etnias maravilhosos, pautado por histórias que nem sempre foram reveladas, mas que possuem em nossa memória o perdurar-se da verdade. Tantas foram as nossas histórias, tanta foi e é a arte, tantos são os anônimos artistas, as personalidades de nossa civilização que não as conhecemos tanto, que tanto a indústria cultural tem trabalhado torrencialmente para apagar as coisas que fazem ou fizeram parte de nossa realidade.
          No entanto, resta-nos resgatar nossas memórias desde a antiguidade clássica em seus alvores, com o pensamento sincero de busca e resguardo de nossas memórias, ao menos ao tentarmos compreender o que se sucedeu em cada Era, em cada quebra e avanços na cultura como um todo e na necessidade de uma arte que deixamos perder com relação aos implementos da indústria cultural e como esta empreende esforços daninhos para apagar de nossa memória nossa própria identidade enquanto povo, nação e continente. A libertação nos faz crer que o belo retorne enquanto ideal da consagrada expressão do povo e seus artistas e passa a ser condição inequívoca o resgate acima referido não apenas do que é erudito, como das manifestações artísticas que expressamos em nossos processos históricos, afim de que possamos contemplar e criar com a liberdade mais plena a expressão mesma de nossas subjetividades ou de percepção imediata da realidade, sua sintaxe e seus contextos.
          Posto que sejamos contemplativos, seguiremos um caminho de serenidade espiritual, a mesma vereda de onde se pode surgir um pensamento, livre de insights irrequietos, à mercê da voz que ponteia quando dizemos algo, e da leitura que fazemos dentro dos imensos sistemas coabitados pelo mundo afora na profundidade paulatina e nos ensinamentos de um diálogo pungente com nossos alunos, quando o quê de mestres sejamos. Talvez seja essa a questão: quando contemplamos o belo, estaremos armados com o archote do conhecimento no compartir – dentro da ordem objetiva e subjetiva de nós mesmos enquanto ser coletivo e individual – qualquer progresso que seja válido na esfera do entendimento e empatia que vise a melhorar a qualidade de vida de todos os seres na vila, rua, calçada, casa, apartamento, cidade e planeta. Melhor fosse dizer, que tal se contemplássemos as estrelas e o universo? O mundo se tornaria menor e mais organizado, posto quando do gigantesco ao ínfimo, a sobranceira citada Verdade pesponta o tecido de uma trama desejada, em equilíbrio, social, anímica, espiritual, que plasme a matéria com a inteligência de não desgastarmos a superfície do planeta, já tão sacrificada com cicatrizes que não se pode mais restaurar, a não ser que um amor por ele seja tão gigante a ponto de lutarmos para retroceder o egotismo que em tese não faz bem para um equilíbrio sustentável no mundo, dentro do padrão do bom senso em apenas a mesma tese ser humana, nada mais do que isso, pois os homens não são antropofágicos e a questão maior a ser resolvida é justamente querermos o bem estar de todos, como algo perene, e ideariamente importante no pensamento que passa a ser uma razão fartamente aceitável. Meditemos sobre o nosso contemplar, que veremos o belo onde antes parecia que a existência estava turva, pois cada água poluída tem essencialmente o seu espírito da pureza, haja vista a espiritualidade estar presente até nos átomos e podemos ser frutos dessa ciência: a Ciência Espiritual!

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