sábado, 9 de junho de 2018

UM DETALHE QUE NÃO DIZ A MUITOS

          Pensa-se tanto em projetos ou soluções para todos os homens e mulheres da Terra e não se demanda muito se alguns acabam por continuar interferindo nos ciclos e fluências naturais daquela. Digamos que dez centímetros quadrados seja muito pouco… No asfalto ou no concreto é apenas o material que recapa a terra, no tijolo é peça, na madeira pode ser encaixe – quando esta já exauriu uma árvore –, e no mato ou no mar é vida, posto mato é vivo, e mar vivo é mar… E são muitos detalhes, quais não fossem tanto assim, e que mesmo nesse fato a maior parte não percebe! Os cães sabem das gramas pelo cheiro, acuram suas percepções, e é de se pensar que o lavrador ame tanto o seu chão da casa, seu chão da horta. Tanto é assim que procede, que um grande projeto seria uma horta comunitária, sabermos da cor e da textura do mesmo chão, da importância da água no alimento. Podemos até ao cão conceder o alimento, com sobras, com talos, cascas, do afluente mineral rico de cada legume, do arroz integral e sua propriedade e que nos teçamos testemunhas com a companhia dos seres, que somos, e que sempre seremos…
         O resguardo seguro é apenas garantir que a carruagem ande sem contrapartes, tentar lutar pela melhor oferta, se o mercado é lei. Uma oferta de inserção sem o atávico coercitivo modo de não admitir-se a ideia que contribui para melhor, quando dentro do escopo sustentável para todos os que habitamos. Não há especiação no planeta, pois este é holístico e pertence a uma realidade enquanto possuidor de sua própria vida – na superfície –, posto que na esfera total há a qualidade em se poder viver em outra dimensão, propriamente, se o ser humano calcinar o bom propósito. Haverá o bom propósito? Quiçá a da preservação, enquanto vida e húmus, enquanto peixes e florestas, enquanto negarmos o extrativismo mineral sem tomar iniciativas para torná-lo fundamento de sociedades ditas modernas. De modo a preservar as músicas que não sejam muito saudosistas do fracasso passado, pois nosso erro sempre tem sido o desenvolvimento sem freios, inclusive da dita indústria da cultura. É um modo de nos contermos, e a contenção de um pode significar o fracasso de todo o sistema, então por vezes temos que conter a cobiça de lucros exorbitantes para revelar ao mundo que as espoliações de um grupo de meia dúzia de bilionários em detrimento de toda a população restante não será o melhor andamento, mesmo dentro de uma economia de mercado, onde este poderia dar mais oportunidades àqueles novos atores dentro do cenário global.
         Não podemos repetir erros do passado, pois isso é uma tese que se aplica na primeira série de qualquer escola do mundo. Se fossemos dar as notas para a humanidade veríamos que esta fraqueja e reprova em muitos episódios históricos e vem a dar falsos ensinamentos sobre o que é negociar sem limites, o que é formar quadrilhas, o que é uma máfia e pensa pontuar quando possui a recorrência de tentar provar que o crime compensa, principalmente quando vem de altos escalões. A retomada de uma nação livre tem de vir do substrato que vence o mesmo crime que muitos cometem, mas dentro das razões que possam combater as causas dessas irregularidades do sistema. Os padrões educacionais que vem assumindo o Poder em relação aos alunos não podem dar fé apenas às inovações tecnológicas, mas à construção de um caráter íntegro e solidário desde a infância, e a possibilidade real de que as crianças possam estudar lendo bastante, conhecendo a história de seu país e do resto do mundo, desenvolver a análise crítica e a ciência como alavanca para o progresso humano… Saber o que são as desigualdades, do futuro plausível dentro de um panorama de conquistas no plano social, e ter uma especial atenção à matemática como esteio de podermos gerar bons desenvolvedores na informática e ciências outras.
          Um detalhe visto na planta de uma gramínea, não propriamente a planta de uma grande loja: a logística de distribuição em que outras melhores são vistas na geometria das formigas, nos andamentos de uma civilização organizada como o mundo Oriental, na vida de uma mosca, ou em seus movimentos muito mais rápidos do que um helicóptero. Tudo é a ótica, o saber ver, o espelhamento inquieto de nossas certezas vãs em relação com a Natureza, a nossa lógica engatinhada, posto sem valia ao jogo daquela mesma Natureza. Pois, se tanto não fora um mero detalhe de que nada sabemos não teríamos tido o dirigível de Hindenburg ou o Titanic, entre tantos outros erros que causaram as guerras, estas que podem ser evitadas se não fôssemos uma espécie que desdém de dúvidas que cerram os ouvidos para qualquer conhecimento novo ou de bom quilate. O mesmo da compreensão de que o hedonismo, a busca incessante ao ganho material como fim em si, a falta de escapes culturais e artísticos, a massificação do consumo, tudo vira uma farsa trágica em que não podemos nos furtar a que seja não dedicarmo-nos um pouco mais a mudar a sociedade dentro de seu cerne, quando podemos muitas vezes compreender mais um aplicativo complexo do que a beleza tecnológica de uma zarabatana: sua precisão e seus ornatos.

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