Pensa-se
tanto em projetos ou soluções para todos os homens e mulheres da
Terra e não se demanda muito se alguns acabam por continuar
interferindo nos ciclos e fluências naturais daquela. Digamos que
dez centímetros quadrados seja muito pouco… No asfalto ou no
concreto é apenas o material que recapa a terra, no tijolo é peça,
na madeira pode ser encaixe – quando esta já exauriu uma árvore
–, e no mato ou no mar é vida, posto mato é vivo, e mar vivo é
mar… E são muitos detalhes, quais não fossem tanto assim, e que
mesmo nesse fato a maior parte não percebe! Os cães sabem das
gramas pelo cheiro, acuram suas percepções, e é de se pensar que o
lavrador ame tanto o seu chão da casa, seu chão da horta. Tanto é
assim que procede, que um grande projeto seria uma horta comunitária,
sabermos da cor e da textura do mesmo chão, da importância da água
no alimento. Podemos até ao cão conceder o alimento, com sobras,
com talos, cascas, do afluente mineral rico de cada legume, do arroz
integral e sua propriedade e que nos teçamos testemunhas com a
companhia dos seres, que somos, e que sempre seremos…
O
resguardo seguro é apenas garantir que a carruagem ande sem
contrapartes, tentar lutar pela melhor oferta, se o mercado é lei.
Uma oferta de inserção sem o atávico coercitivo modo de não
admitir-se a ideia que contribui para melhor, quando dentro do escopo
sustentável para todos os que habitamos. Não há especiação no
planeta, pois este é holístico e pertence a uma realidade enquanto
possuidor de sua própria vida – na superfície –, posto que na
esfera total há a qualidade em se poder viver em outra dimensão,
propriamente, se o ser humano calcinar o bom propósito. Haverá o
bom propósito? Quiçá a da preservação, enquanto vida e húmus,
enquanto peixes e florestas, enquanto negarmos o extrativismo mineral
sem tomar iniciativas para torná-lo fundamento de sociedades ditas
modernas. De modo a preservar as músicas que não sejam muito
saudosistas do fracasso passado, pois nosso erro sempre tem sido o
desenvolvimento sem freios, inclusive da dita indústria da cultura.
É um modo de nos contermos, e a contenção de um pode significar o
fracasso de todo o sistema, então por vezes temos que conter a
cobiça de lucros exorbitantes para revelar ao mundo que as
espoliações de um grupo de meia dúzia de bilionários em
detrimento de toda a população restante não será o melhor
andamento, mesmo dentro de uma economia de mercado, onde este poderia
dar mais oportunidades àqueles novos atores dentro do cenário
global.
Não
podemos repetir erros do passado, pois isso é uma tese que se aplica
na primeira série de qualquer escola do mundo. Se fossemos dar as
notas para a humanidade veríamos que esta fraqueja e reprova em
muitos episódios históricos e vem a dar falsos ensinamentos sobre o
que é negociar sem limites, o que é formar quadrilhas, o que é uma
máfia e pensa pontuar quando possui a recorrência de tentar provar
que o crime compensa, principalmente quando vem de altos escalões. A
retomada de uma nação livre tem de vir do substrato que vence o
mesmo crime que muitos cometem, mas dentro das razões que possam
combater as causas dessas irregularidades do sistema. Os padrões
educacionais que vem assumindo o Poder em relação aos alunos não
podem dar fé apenas às inovações tecnológicas, mas à construção
de um caráter íntegro e solidário desde a infância, e a
possibilidade real de que as crianças possam estudar lendo bastante,
conhecendo a história de seu país e do resto do mundo, desenvolver
a análise crítica e a ciência como alavanca para o progresso
humano… Saber o que são as desigualdades, do futuro plausível
dentro de um panorama de conquistas no plano social, e ter uma
especial atenção à matemática como esteio de podermos gerar bons
desenvolvedores na informática e ciências outras.
Um
detalhe visto na planta de uma gramínea, não propriamente a planta
de uma grande loja: a logística de distribuição em que outras
melhores são vistas na geometria das formigas, nos andamentos de uma
civilização organizada como o mundo Oriental, na vida de uma mosca,
ou em seus movimentos muito mais rápidos do que um helicóptero.
Tudo é a ótica, o saber ver, o espelhamento inquieto de nossas
certezas vãs em relação com a Natureza, a nossa lógica
engatinhada, posto sem valia ao jogo daquela mesma Natureza. Pois, se
tanto não fora um mero detalhe de que nada sabemos não teríamos
tido o dirigível de Hindenburg ou o Titanic, entre tantos outros
erros que causaram as guerras, estas que podem ser evitadas se não
fôssemos uma espécie que desdém de dúvidas que cerram os ouvidos
para qualquer conhecimento novo ou de bom quilate. O mesmo da
compreensão de que o hedonismo, a busca incessante ao ganho material
como fim em si, a falta de escapes culturais e artísticos, a
massificação do consumo, tudo vira uma farsa trágica em que não
podemos nos furtar a que seja não dedicarmo-nos um pouco mais a
mudar a sociedade dentro de seu cerne, quando podemos muitas vezes
compreender mais um aplicativo complexo do que a beleza tecnológica
de uma zarabatana: sua precisão e seus ornatos.
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