sexta-feira, 18 de maio de 2018

O REFUGIADO

As penas escrevem de través, na forma da fome, quando circunscritas em imenso oceano
Na pátria reencontrada do nada, em que qualquer atitude do anfitrião na mesa dos homens
Se transforma em atitude diamantina, a saber que faltarão braços na acolhida mais justa
Quanto de sabermos que as origens das gentes pouco importa, e que nossa pátria é farta!

A continuar o padrão de recepção em nossos refúgios, é de monta humanitária sermos o país
Em níveis humanitários sagrados perante as instituições que aceitam de bom alvitre e paz
Aqueles que necessitam de acolhidas a mais, que fosse ainda melhor, dos pobres todos
Que teimamos por vezes a não querer olhar, para que nossa consciência não pese o sono!

Sim, queremos o nosso Brasil em recepção constante, com os braços abertos como em Itália
Na grande pátria da humanidade que foi Roma, uma cidade hoje aberta à cultura alta
Sem desmerecer o profundo conteúdo religioso do Vaticano que promove a grande não aceitação
Dos sofrimentos humanos desferidos em medianos orientes que urgem da ausência da diáspora.

Não se pode admitir erros cruentos em nome de religiões ou territórios, porquanto a vida
Não se situa em áreas previsíveis ou consentidas no sentido de existirem aquelas famílias
Que por um nexo de interpretações históricas com fundamentos duvidosos enquanto origens
Venham bater às costas de exércitos rigorosos e imperdoáveis por força maior de fato e chão.

Se o conforme em não saber-se do que se pensa justo, que as imagens que nos chegam
Revelem a concretude dos atos em sabermos que um refugiado foge de sua terra quando
A esperança de viver em paz é inversa a ele de modo sistemático e cru nas guerras em que
Por vezes apenas um país sanguinário atenta as suas ofensivas com o que usa por detrás.

Não há o ensaio de horror, mas o horror da guerra, os crimes cometidos por Estados
Que invadem sem contemplação o modus vivendis do mesmo refugiado que estava com os seus
Já sabendo que opor resistência é motivo de defesa insalubre, posta na mesa para aqueles
Que, como corvos, vêm recolhendo os corpos depois de uma tempestade no deserto.

A ação que culmina em que uma instituição receba um cidadão devastado de país devastado
Apenas eleva a instituição a um patamar mais alto de humanidade do que todas as reuniões da ONU
Que de motum perpetuum recalcitra atitudes diplomáticas com esforços nulos na aceitação da paz,
Oferecendo bandejas de ópio no coração de combatentes que retornam quase loucos de sua missão.

Dita na questão de uma verdade que seja própria, a pena do refugiado por vezes é tamanha àquela
De não saber se sua esposa conseguirá fugir para o mesmo país, se seus filhos desaparecidos
Finalmente serão encontrados fora dos escombros da tipificação do horror contemporâneo,
Ou se finalmente vai ter que esperar que a guerra termine a fim de que possa rever os seus restos…!

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