segunda-feira, 14 de maio de 2018

A VIDA EM UMA SEMENTE

          Pois que seja, apenas uma semente, e que esta nos remeta ao significado primeiro da vida… O estágio em que se descortina o potencial de um quase broto, ao que homem saiba que dele dependemos, e uma terra saudável é o quilate da fecundação. O alimento de nossos corpos, a vertente que não se doma jamais, o aplacar-se a fome de um cidadão na miséria devem ser o continente de nossa compreensão, e não o conforto em que poucos se situem na metáfora da realidade e seus atores. Posto que a mesma semente coloca a mão do lavrador frente a frente com a esperança de se possuir a terra, ou ao menos o fruto do seu trabalho. A todos que se compreenda a equação, pois o agrotóxico, por um exemplo produtivo, jamais será a vertente verdadeira de uma boa agricultura, haja vista a possibilidade de ganho real quando se democratiza a produção no campo. Seria um modo ideal a solução da vida em sua variedade produtiva nas lavouras e culturas familiares com excedentes para o mercado. O país deveria prestar mais atenção para essa qualidade, em que a vida não incidiria nas moléstias se o campo cultivasse os orgânicos, disponibilizando ao mercado essa fatia quase – atualmente – nobre para massas que consomem do sempre a se consumir. Essa nobreza não vem da posição social, mas sim do caráter que nos falta na sociedade para compreendermos suas reais necessidades e como a semente se torna o pivô da solução necessária da carestia rural.
          Entre outros tantos assuntos, a semente pode ser vista em seu simbolismo como a origem da vida, não apenas vegetal. Quiçá o big bang tenha partido de um tipo de partícula como potencial de tudo que há no universo, ao menos neste que se nos manifesta. A certeza científica obviamente nos aproxima mais da semente vegetal ou animal do que nas ditas origens dos planetas. Sempre o que nos é mais real são as coisas do dia a dia, mesmo quando não precisamos estar distantes de alvoreceres do pensamento, mas ocorre justamente nas grandes maiorias populacionais a preguiça em se aprofundar naquele, como algo que não importa à existência, esta que na contrapartida por vezes é desconhecida em qualquer contexto. O pensamento pode ser uma grande semente, por si, não apenas por frutificar leitores mas também com alimento da alma para quem o expressa. E, em nosso retorno às imediatamente linhas superiores, por vezes esquecemos – quase sempre – da semente vegetal como fato e causa própria do que temos por mais essencial que é o alimento. Da água igualmente, os animais que somos dela precisamos, assim como toda a vida no planeta. Talvez despontasse críticas, mas o que se deve requerer é que tanto outras espécies como a nossa possuem a sua fecundação, e o ponto magister é que a semente apresenta o potencial, por vezes em que o excesso de hedonismo humano exaure a semente, ou o oposto sem planejamento sobrecarrega os frutos.
           É lindo ver os rebentos da Natureza, como na mão da técnica, que gera com base no conhecimento da nossa espécie uma nova peça da indústria, uma obra de arte, uma mensagem que seja e a oportunidade que deveria ser mais profunda e democrática dos meios que temos para o engenho e as luzes. Viríamos com base em pressupostos tecnológicos as Eras respectivas e seu estudo afirmativo ou de crítica mais cabal, mas que no atual século o próprio tempo tem se relativizado mais do que em Eras de revoluções tecnológicas anteriores, com a inevitável e consequente amostra e irrupção de distúrbios de origem nervosa, quando a realidade e a ficção passam a se tornar cada vez mais invasivas dentro de suas próprias fronteiras, de cada qual. Começa a surgir a questão particular do indivíduo e seu rebatimento coletivo nos governos que passam a inevitavelmente relativizar suas ações, ou permitir o descaso com a coisa pública e a discriminação do rebento humanitário, qual seja, quando a autenticidade e veracidade com que se atua não encontra a compreensão do progresso ou evolução que pode partir da cidadania como busca. Essa busca que se torna mais cavalheiresca e nobre não depende de qualquer posição, dentro igualmente dos progressos dessa ordem, que se constituem os vigamentos mestres que compõem uma sociedade democrática que, como se deduz, é fruto de sementes que não devem ser lançadas a esmo, mas em terra soberana, em pátria e em vida.

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