sexta-feira, 11 de maio de 2018

O MOTE INCANSÁVEL

No que nos nubla o lutar-se se o for de luta quase incontinente
Saibamos que o que nos transporta é a justa sede de vida e sol
Quando temos por testemunha quiçá uma nuvem solitária
Abrindo cortinas sobre um horizonte nada turvo da montanha.

Eis que surge o mar tal como sempre foi, mutável e soberano
A que um mote de escriba tenha a ele como fonte perene e linda
Quanto soubermos que a escala do infinito é uma questão única
Da temporalidade efêmera que nos alcance o sabor das ondas…

E a Natureza igualmente surge, engendrada sem engenho maior
Posto que na nossa observação dista esta da diferença entre o olhar
De olhos serenos ou tensos, que presenteiam a percepção humana
Como mais uma apenas, visto não participarmos de voos tantos!

E os pássaros passam através de quase todo o nosso pensar na bruma
De nós mesmos que teça que por vezes estamos em terra firme
Nas diferenças em que um navegador solitário encontre tempo útil
Para enunciar no rádio de suas conquistas marinhas bons tempos no sul.

Este mesmo tempo em que sua escuna verte na proa a clara divisão
Das águas profundas e escuras que não seguem apenas na crista
Em que borbulhas brilhantes reverberam qual criaturas do mar
A inexplicável equação antiga de que navegar é necessário e real…

A órbita das noites que surgem como uma razão inextinguível
Não perece na sua superfície de estrelas que nunca caem da posição
Mesmo sabendo que no transcorrer da noite a própria lua acompanhada
Segue sendo engolida pelo futuro horizonte que se percebe apenas acordado.

A forma da poesia se distingue da mesma arte, pois tal como o perfume
Que o Cruzeiro do Sul alastra pelos céus, vê-se na superfície diamantina
Das águas o modo como encerramos um página discreta no seu afã
E tecemos o grande manto escuro da noite com a irmã clara do dia…

É nessa hora de divagações que não nos turvem o espírito, de sermos
Apenas coadjuvantes do que seja o nosso planeta, é que estaremos sendo nós
Na autenticidade de percebermos que a hora em que empenhamos nossos olhos
Sobre a nossa superfície estelar, é que seremos melhores enquanto ser ou seres.

Do que é e apenas seria, não basta uma questão de significados quase ausentes
Pois o que recrudesce em nós pode ser algo de plástico que esquecemos isolado
Na própria concepção de que uma luta pela esterilidade anacrônica do petróleo
Não deve mais admitir a crueldade em que as nações acordem para gerar a guerra!

Não devem existir esses acordos, o que se deve é pautar para uma paz de coragem
Em uma realidade em que dialoguemos abertamente com o próximo, fora da tela
Para que o olhar volte a se tornar mais humano do que o próprio outro diálogo
Que nubla o humanismo quando temos por intermediação apenas a tecnologia.

Por ventura queiramos algo mais do que apenas crermos que somos material de ensaios
Quando de fato o nosso quinhão no planeta deva ser justo, na dimensão serena do céu
Em que nos vislumbramos com a beleza, onde o infinito nos supere nessa ordem
A termos a referência cabal de que com a mesma Natureza podermos existir com o bem.

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