sábado, 19 de maio de 2018

A LUZ DE NOSSOS TEMPOS

            Inegavelmente temos luzes brilhando ao nosso redor – literalmente – na forma da luz, em si, natural, ou no chip que encandece e nos reflete no que se torna uma eletrônica: um meio, o meio digital. Pois sim, temos um computador de bolso, finalmente, e disto devemos nos acostumar, sempre, no entanto, respeitando aqueles que vêm de gerações onde isso não era ou não é ainda muito usual. Como filhos de pais idosos, devemos dar todo o suporte, caso deste necessitem, para que o andamento de nossas famílias e consensualmente o poder que exercem dentro da hierarquia como patriarcas ou matriarcas, possa esse ser exercido com o respeito que devemos a eles e a gratidão universal e irretocável igualmente. Se querem e têm condições de mandar nas famílias, se têm a experiência que aos jovens necessitará inevitavelmente do mesmo tempo em que a posição da sapiência é por ele regida, se não os escutarmos mui respeitosamente, as pretensas verdades da juventude sempre cairão por terra. Dessas certezas de rompantes, sempre será necessária a queda da juventude em si: para si, para que se situem em uma plataforma dialogada com si mesma, no enfrentamento do que é o certo e o errado, obviamente dentro do campo do bom senso e escutando a experiência dos mais velhos, pois são aqueles que viveram mais é que souberam realmente da vida os seus segredos, atalhos ou importantes sacrifícios que por vezes passam em suas empreitadas, preservando o movimento, o andar, o rápido, o lento, o sistólico e o diastólico. A se pensar que a dança da vida é como a consciência desse movimento, como o Chi, a essência da energia, o surgimento do Tao, o Espírito Santo, o que move um Mahatma, ou a existência inequívoca e consciente do Paramatma. Ou tantas as vertentes da existência humana, sem necessariamente trilhar a senda do místico atuar, mas a ação que nos impele a viver com nossas opiniões relativas ao que quer que nos suceda, dentro da arguição de nobreza material ou anímica que nos mova. Não somos obrigados a aceitar que a sociedade ou algum grupo ou governo nos obrigue a um ressarcimento de nossas ideias, posto nelas é que vivemos, desde uma conversa bruta e breve com um engraxate até um debate com um Iluminista consagrado. Dessas luzes não são tantas por vezes, mas seguimos vivendo, e mesmo com o cansaço e a carestia de nossas massas trabalhadoras encontramos as inquietações que, em conjunto com sua própria dialética acaba por naturalmente desfazer certas dúvidas, em que o ato rude e insano cede para o diálogo, por vezes incluso o diálogo interno que temos por nossa conta, se é de razão e nobreza de caráter o que igualmente nos mova, seja em um debate ou num quarto solitário.
            As palavras nos ofuscam por vezes no tom, de um que dite certezas, mas a leitura e o escutar dos experientes nunca devem ser aceitas ao pé da letra sem um crivo crítico como anteparo de blindagem comportamental a que nos esquivemos das ciladas... Um conselho enquanto instituição é algo de grande importância, mas canais por vezes infrutíferos em rebatimentos baseados na manipulação da carência de saber humano leva-nos a aceitar o veneno como sendo néctar. Se uma pessoa já passou por inúmeras dificuldades, e se aprendeu que é evitando certas coisas que sua roda gira saudavelmente para um progresso real, é dessa atitude que precisamos, e é por esse lado que conquistamos a sincera confiança de nós mesmos, a princípio, para podermos humildemente colocar certas questões que o próprio meio dialético da mensagem e seus pressupostos podem vir a achar um consenso cabal e necessário. Um olhar que seja, uma quebra de barreira de classe, quando um cidadão mais rico encontra um mais pobre, um pobre encontra o mar, e este é razão da pesca, e compra-se algo, e troca-se um cigarro ou, para quem não fuma, palavras de conforto e esperança! Essa ida e vinda, sabermos que quando temos um lar devemos consagrar o teto, tornar valor o pouco que se nos sobre, dedicarmo-nos a estudar a origem das riquezas, e igualmente a transposição do poder nas esferas e seus pesos sobre os ombros da atualidade. É nessa ingerência que coparticipamos de solidariedade com nossos vizinhos não propriamente apenas de nossas ruas, mas do que encontramos ao nosso lado, em uma fila, em um ticket de caixa, na solidariedade no trânsito, no diálogo tentado quase impossível, no ruminar a leitura longa, no estudo de um rabisco, no ensinamento de uma questão simples de aritmética, sem necessariamente sermos, quando de burguesia de vanguarda, a progressão de qualidade humana que compense a diferença de classe, e a consciência de que se temos livros, podemos ler, se podemos ler, podemos emprestar, e, se emprestamos, podemos compartir, e, se compartirmos, podemos ajudar a mudar no sentido de manter acesa a luz de um conhecimento. No mano a mano, na rua, no ônibus, nas padarias, nas oficinas, sindicatos, na vida, em família, em uma reunião, não propriamente ocupando espaços, mas permitindo arejamentos de esperança a partir destes, realocando o pensamento tirano à sua releitura no preconceito quebrante, que seja, igualmente ensinar ao preconceituoso com ações que de cunho humano nos aproxime desse imenso teatro em que a realidade vira um cenário onde as cores são mutantes, onde as palavras verdadeiras nos assombram positivamente, e onde o fôlego de um pensamento pode ser a mola que deixa de inibir a inibição do próximo e do distante...
            Essa é a questão existencial que na pior das hipóteses oxida por vezes, quando como uma onda que quebra no mar e vem outra contrária no refluxo, mas a vida marinha não se ressente, pois é hora de passar além da linha das ondas, no preamar. Tornada a vida de um peixe, sabemos que a gaivota observa de longe. Sabemos de leis que aproximam, que protegem e, por isso, distanciam por vezes. A sociedade é imensa, e os sistemas se sobrepõem como na atualidade com a globalização. Todo o conhecimento é importante quando é conhecimento, por vezes técnico, por vezes com uma notícia de boa fonte... Realmente é necessário, quando queremos expor algum tópico, que se sinta a veracidade da argumentação, e isso não é qualidade de classe, e nunca foi. Os níveis de compreensão são concretos ou voláteis, conforme a rotina de cada qual, ou suas quebras, seus hábitos, seus costumes. Aventar hipóteses de contendas nada saudáveis no panorama cáustico que por vezes encontramos em certos caminhos não chegam a frutificar o suficiente para que haja um progresso cabal e importante. Há cidadãos que carregam um livro, de quaisquer... Quando pousam em um mar revolto sobre uma pedra, folheiam tacitamente as páginas em seu silencio, porquanto a pausa relembra histórias em que navegáramos sobre o caos. Esse intervalo faz parte de nossa bolha espacial, estudada na arquitetura, que todos possuímos ao redor de nosso corpo, como quando as aves pousam, deixando sempre um espaço entre si. Sobre essas geometrias da vida é que nos situamos, e como somos seres com linguagem, a oralidade deve obedecer a certos padrões de cavalheirismo, em um mesmo processo civilizatório que faz com que se respeite a tudo e a todos como parte intrínseca dos andamentos de qualquer agrupamento humano educado. Afora isso, se falta educação, não há a menor possibilidade de nos tornarmos um país soberano.

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