As
palavras nos ofuscam por vezes no tom, de um que dite certezas, mas a leitura e
o escutar dos experientes nunca devem ser aceitas ao pé da letra sem um crivo
crítico como anteparo de blindagem comportamental a que nos esquivemos das
ciladas... Um conselho enquanto instituição é algo de grande importância, mas
canais por vezes infrutíferos em rebatimentos baseados na manipulação da
carência de saber humano leva-nos a aceitar o veneno como sendo néctar. Se uma
pessoa já passou por inúmeras dificuldades, e se aprendeu que é evitando certas
coisas que sua roda gira saudavelmente para um progresso real, é dessa atitude
que precisamos, e é por esse lado que conquistamos a sincera confiança de nós
mesmos, a princípio, para podermos humildemente colocar certas questões que o
próprio meio dialético da mensagem e seus pressupostos podem vir a achar um
consenso cabal e necessário. Um olhar que seja, uma quebra de barreira de
classe, quando um cidadão mais rico encontra um mais pobre, um pobre encontra o
mar, e este é razão da pesca, e compra-se algo, e troca-se um cigarro ou, para
quem não fuma, palavras de conforto e esperança! Essa ida e vinda, sabermos que
quando temos um lar devemos consagrar o teto, tornar valor o pouco que se nos
sobre, dedicarmo-nos a estudar a origem das riquezas, e igualmente a
transposição do poder nas esferas e seus pesos sobre os ombros da atualidade. É
nessa ingerência que coparticipamos de solidariedade com nossos vizinhos não
propriamente apenas de nossas ruas, mas do que encontramos ao nosso lado, em
uma fila, em um ticket de caixa, na solidariedade no trânsito, no diálogo
tentado quase impossível, no ruminar a leitura longa, no estudo de um rabisco,
no ensinamento de uma questão simples de aritmética, sem necessariamente sermos,
quando de burguesia de vanguarda, a progressão de qualidade humana que compense
a diferença de classe, e a consciência de que se temos livros, podemos ler, se
podemos ler, podemos emprestar, e, se emprestamos, podemos compartir, e, se
compartirmos, podemos ajudar a mudar no sentido de manter acesa a luz de um
conhecimento. No mano a mano, na rua, no ônibus, nas padarias, nas oficinas,
sindicatos, na vida, em família, em uma reunião, não propriamente ocupando
espaços, mas permitindo arejamentos de esperança a partir destes, realocando o
pensamento tirano à sua releitura no preconceito quebrante, que seja,
igualmente ensinar ao preconceituoso com ações que de cunho humano nos aproxime
desse imenso teatro em que a realidade vira um cenário onde as cores são
mutantes, onde as palavras verdadeiras nos assombram positivamente, e onde o
fôlego de um pensamento pode ser a mola que deixa de inibir a inibição do
próximo e do distante...
Essa
é a questão existencial que na pior das hipóteses oxida por vezes, quando como
uma onda que quebra no mar e vem outra contrária no refluxo, mas a vida marinha
não se ressente, pois é hora de passar além da linha das ondas, no preamar.
Tornada a vida de um peixe, sabemos que a gaivota observa de longe. Sabemos de
leis que aproximam, que protegem e, por isso, distanciam por vezes. A sociedade
é imensa, e os sistemas se sobrepõem como na atualidade com a globalização.
Todo o conhecimento é importante quando é conhecimento, por vezes técnico, por
vezes com uma notícia de boa fonte... Realmente é necessário, quando queremos
expor algum tópico, que se sinta a veracidade da argumentação, e isso não é
qualidade de classe, e nunca foi. Os níveis de compreensão são concretos ou
voláteis, conforme a rotina de cada qual, ou suas quebras, seus hábitos, seus
costumes. Aventar hipóteses de contendas nada saudáveis no panorama cáustico
que por vezes encontramos em certos caminhos não chegam a frutificar o
suficiente para que haja um progresso cabal e importante. Há cidadãos que
carregam um livro, de quaisquer... Quando pousam em um mar revolto sobre uma
pedra, folheiam tacitamente as páginas em seu silencio, porquanto a pausa
relembra histórias em que navegáramos sobre o caos. Esse intervalo faz parte de
nossa bolha espacial, estudada na arquitetura, que todos possuímos ao redor de
nosso corpo, como quando as aves pousam, deixando sempre um espaço entre si.
Sobre essas geometrias da vida é que nos situamos, e como somos seres com
linguagem, a oralidade deve obedecer a certos padrões de cavalheirismo, em um
mesmo processo civilizatório que faz com que se respeite a tudo e a todos como
parte intrínseca dos andamentos de qualquer agrupamento humano educado. Afora
isso, se falta educação, não há a menor possibilidade de nos tornarmos um país
soberano.
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