A
princípio, tantos são os amores da vida, que não sabemos ao certo a quem amar
verdadeiramente, e se Gogh fosse vivo e afamado como quando depois de sua
morte, talvez houvera uma petúnia linda e aberta para ele. Mas não. Seu caminho
foi o da Queda. Foi o caminho longo, dos santos, dos inocentes, dos mártires.
Não tenhamos agora que tecer proximidades com algo que acontece agora, pois é
fato que nada está realmente acontecendo no mundo, a não ser o impacto global e
a destruição do Ser, porquanto não apenas o humano, como seus consortes outros.
Essa atávica perseguição não diz respeito à enfermidade psíquica, mesmo sabendo
que nosso estigma põe a mesa dela para que sejamos caídos por antemão, apenas
pelo fato de não termos o direito de existir sem o preconceito que consome
nossos poros. Não se cite a relação entre o macho e a fêmea, pois esta está
escrutinada em cadernos mais recentes, o voto sacrificado e duro de se redimir
é a tentativa irredutível de fazer com que a nossa população – os enfermos
dessa natureza – seja negada a possibilidade de termos olhos que vejam, bocas
que falem, mãos para a nobreza dos gestos e ouvidos para a necessária
compreensão.
Esperem,
que mais algumas palavras e ei-la: a loucura! Tão presente e tão ausente, meus
camaradas da terra do nunca... Quem é de qualquer partido de esquerda sabe que
nunca foi tão fácil nulificar qualquer liderança que venha dessa fonte, pois
seu trabalho “assistencialista” só permite a participação dos funcionários da
“saúde”, em progressos de mesmice, em atalhos do descrédito. Sabendo-nos
vulneráveis nos chamam ao partícipe gesto, para depois fincar ciclópicos gostos
ao entendimento de uma psicotrônica
que não faz qualquer sentido, pois nunca resulta algo desse micro panorama
analítico. Resta saber que os ganhos de tais feitos passam pela desconstrução
de possíveis lideranças, a saber, contextualizar medicamentos como algo que não
seja próprio, apenas uma ideia consignada de um psiquiatra, que encontra no
rebatimento dessas pseudo instituições um tipo de parceria congênita, por
vezes. Na verdade, a ciência da psiquiatria é para quem entende, e um
profissional gabaritado obviamente possui em seus caminhos na ciência mais
resultados humanos do que a fantasia de se preocupar com os movimentos sociais
de fachada, onde o orçamento alimenta de ócio a burocracia. Creditar uma palavra
que seja a respeito de um tipo de revolução é o mesmo que encontrar nas costas
de um enfermo dessa ordem a cruz que ele não é obrigado a carregar.
Por
essas questões – repito – a queda não significa muito quando vem de um a
preocupação do outro, por ventura seja esse outro estranho ao que se passa com
aquele que sofre e sempre sofreu da psique e seus tormentos, justo por não ser
aceito em qualquer tipo de organização, principalmente as de cunho ideológico,
partidário, social, etc, pois o que pega no couro de nossa infelicidade é a
velha pergunta de sempre: você está bem? Como se a própria humanidade não
pudesse dizer o mesmo de si própria, quando se preocupa apenas em pegar o poder
e permanecer com seus interesses intactos, cooperativados com antigas e
oxidadas concessões, no moto contínuo de uma história em que só os loucos levam
a verdadeira culpa: sistêmica e inexorável.
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