Trata-se de um mesmo doar-se que não se doa muito, um dizer algo
para se dizer, como quem não fosse um objeto memorável na dissensão
de uma sociedade… Da fama, a se dizer, com uma alta escada rolante
onde belas e corrompidas panças sobem sem dificuldades, e ao lado um
elevador carregado de pedras girantes por uma manivela tracionada por
braços cansados que não se leva a nenhum lugar, mas que este seria
o mesmo das rolantes, quais não fossem algumas posições no
tabuleiro do escárnio dos games inquietos… Não se vai a lugar
nenhum e outros braços expatriados cansam de envelhecer seus tônus
gastos pela patibular enfermidade coletiva. De travas, do escarnecer
um irmão, de vender-se a um centavo de ilusão, de achar melhor um
super herói do que a imagem mesma tecida pelas plenas indústrias da
aculturação dos idiotas. De um prescrever de filmes caros gastos
sem mensagem, a não ser um festival de flores de plástico
enfeitiçadas pela nova ordem. Mas que a ordem já não é a mesma, e
um movimento crítico de um peão estica outra fornada de pães
substanciais, por horas. Nas horas do sem tempo, em que pese a
fantasia plena, o imaginar-se meio insano, a terapia surreal.
Na fantasia plena da fama, o afamado cria seu pequeno mundo algo
partícipe, com seus tempos de fazer sabe-se lá o que, que seja,
pois sim, que lhe é dado pelo seu sistema individual de vida,
alicerçado em seu coletivo que ignora, mas que é. Assim, digamos,
nos são dadas as forças, a energia que se recobra, uma arma virtual
de um aplicativo de entretenimento, uma caça a si mesmo e a seu ego,
o padrão que se renova como um lixo reciclável, a noção dita
elementar do que seja a esquerda, do que seja a direita, no mesmo non
sense de não sermos capazes de discernir uma questão booleana
com mais entendimentos funcionais, de não sermos técnicos, de
sermos “gestores”, de vermos, por fim, finalizarem com os líderes
que efetivamente deveriam ter usado melhor essa investidura popular.
Escárnio, fama, dois irmãos siameses: grudados pela mesma
substância, vivendo simbioticamente, antes da cirurgia que os deixa
sem os braços, direito e esquerdo, anencéfalos, no entanto
pensantes. Qual monstro que emergiria, a fama e o escárnio residem
no mesmo planalto nada diamantino, em que um arquiteto magistral
pousou suas estruturas na mãos de um famoso presidente. Mas que não
poderia ser totalmente, os que passaram veem em pífias tentativas um
quase eterno retorno, nas mãos de um super-homem que ao filósofo
poria inveja. Das lojas não se sabe quais estão ativas, quem mete a
colher aonde, se empresas faraônicas sabem melhor do que os serviços
de inteligência externos aonde está a próxima bola negra. Mais uma
partida na caçapa. E ainda brinca-se de amar, quanto mais, se um ama
realmente, já não pode mais…
No entanto, caros administradores do caos “gerenciável”,
estaremos fadados ao fracasso que inelutavelmente já está nos anais
em andamento dessa incrível e recriada República do farnel vazio.
Ao menos por enquanto. Virá talvez o caos do fracasso?
Possivelmente, pois nossa imensa população não sabe ou não pode –
em virtude de seu cansaço – ler um parágrafo de um jornal de
segunda, mas compreende o nada apaziguador bate boca das novelas. Dos
escárnios e das intrigas são fartos, usam bandeirinhas mas não
conhecem a história de sua pátria, usam a pátria mas não conhecem
a história igualmente das outras bandeiras, tecem o desrespeito
quanto lutam contra o racismo, erguem muralhas de preconceitos quando
se dizem humanos e – quiçá – religiosos.
Para escapar de fama, para aconselhar um escarnecedor, saibamos que
o escárnio ainda vence, pois simplesmente é a ferramenta para
desmontar as famas e, como talvez, ou seria melhor se tivesse dito
Cortázar, os Cronópios são mais raros…
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