segunda-feira, 12 de junho de 2017

AS CIDADES E O MAR

Segue o ônibus qual barco atônito em uma ilha de gentes
Em que tanto do que seria o mar, se transuda em cidade
Na cidade alta, na baixa, o comércio, as veias, o suor...

Qual não fosse um encontro programado em uma rede
De se confiar apenas, e que os impulsos da eletrônica
Mostrassem os dias sobrepostos na grande linha do tempo!

De se encontrar a um, a que se some a outro apenas a posição
No arredio transporte de uma leva de gente que desembarca
De outro navio, quem sabe mais o que, apenas mais uma escuna.

As cidades que não veem o mar estão distante dos horizontes
Mas que estes circunscrevem o mistério das latitudes quanto
De sabermos que não é apenas o abraço frágil que nos torna chão.

Pisar as passadas longas seria o mesmo que atravessar um oceano
Por vezes sem dispor de bússolas e estrelas, mas que o motor
Prossegue frente a outras vagas que nos estreitam um pouco a fé.

Os dados acabam por virar em um jogo inexistente ao balanço
Que refaz o próprio tempo de querermos que este seja mais curto
Quando de curtir não sucede à frente irrisória do se capitanear.

Na sétima estrofe a poesia sente o navio em marés mais mansas
Chegando a uma cidade no mesmo ônibus que passa em um bairro
Em que hereditários reflexos nos vestem por vezes que estamos em terra.

A moeda não se encontra no sorriso largo de um pescador sem mar
Quanto de seu novo trabalho, de mesmo sorriso sem sorrir
Ao que se representa que um trabalhador do comércio esteja feliz.

E a embriaguez noturna nos traz o recado que há guerreiros dormindo
Ou quase, quando estão em demandas tais, pelas tantas horas
Em que não soçobrem casas posto o leito ser território sagrado...

Nada há de uma antiga lógica dentro de um pensar diamantino
Posto a vida ser muito do mar e seus seres, igualmente das cidades
Que são igualmente humanas quando percebem a latitude dos pombos.

Quanto de forja cria o amálgama de um existência pétrea em nossos braços
No mar que tempera o aço, no barco que corta pela proa, ou mesmo
Na cidade em que encontramos a ternura inequívoca de todo um povo...

Seria talvez uma resposta consonante termos um olhar mais acurado
A que não nos distanciemos igualmente das montanhas que seguem sós
Na profusão de suas companhias de selva com sua monumental Natureza!

Bastaria que soubéssemos pontuar um diálogo algo mais sincero em voz
Altiva a que disséssemos muito da verdade que encobrimos nos jogos
Em que a ciência não possua a memória ainda para contar as areias.

O retalho de uma imensidão é olhar de modo roto, de modo motor
Ao que não se verse que não seja, mas apenas preservar a autenticidade
Daqueles que olham como querem, assim, de uma profundidade serena...

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