domingo, 4 de junho de 2017

O TEMOR DO TEMPO

Sabe-se o tempo se soubesse do mesmo segundo depois do primeiro
Em que a sequência não seja propriamente do grau helênico purista
Em outras sequências relativas ao que gostaríamos que ao menos fosse…

Se um farnel de pisadas na montanha nos dissesse quantas distâncias
Nos guardam de um horizonte de selva no nosso amanhecer sagrado
Quem sabe seríamos mais íntegros ao menos em reconhecer o Natural.

O tempo dos que o têm teme os outros índices que vêm a reboque
De jamais saberem que aquele é O Eterno, e a vida da Eternidade
É o próprio pressuposto de sabermos que nem toda a corrida é válida.

Gostar-se de algo se aproxima de alguém, e o inverso passa a ser erro
De que saibamos que nos tornamos objetos de nós mesmos quando
Se passa que nada do que supomos gostar realmente gostaríamos de ter!

Sempre o sentido lato, sempre seu ausentar que mostra a sua presença velada
Quando o sentido de um soldado peca por saber de uma arma para que valha
No sentido de uma guerra e que esta surge quando imaginamos que exista…

Não de paz é o comum das gentes, mas de gentes que se sacrificam no leste
De seus ressentimentos, apontando a proa para que o leme não transude
O irrequieto verbo de nos apresentarmos um dia para que não suceda o atraso.

Se de algumas palavras pode o homem estar presente ao menos no paradoxo
Que este passe a existir na confluência dos rios que ainda não desaguaram
Por sobre o tênue leme da esperança, que um dia soçobra e no outro guia.

A vermos que um homem que vive em uma ilha mal dispõe dos favores
De um dizer-se conforme naquilo que um dia pensamos ser uma página férrea
Em um pressentimento de costume que ditaria o próprio arrependimento.

Se é de conforto algo de literatura do saber-se duro, que se faça a poesia
Na latitude em que outras embarcações de olhos atentos no farol da existência
Possa prorrogar o temor do tempo que não verta nas linhas seu recrudescer…

A vida que não nos engane tanto no seu entretanto, quais muitos sejam
Ao sabermos que o mesmo tenro temor que nunca ensaiamos em saias justas
Nos venham a replicar consortes ao sabor de um vento que nem alísio é.

Tanto fora o de se amar, que amar torna-se verbo de premeditado rubor
Este que não exista, pois inibir-se é tornar-se fraco, e ser frágil é fraquejar
Diante do social que não perdoa a presença do carinho, diante da musa que não há.

Dante que traçais a poesia na vertente de seus exílios solitários, que seria preciso
Mostrar as faces de cruzes postas na mesa de cada cidadão, quais estes não sejam
Nem ao menos cristãos, que pois verguem aos traidores os dilemas das penas.

Mas que não são os apenados apenas aqueles que enfrentam tufões na mansarda
De uma nave com velas intumescidas por ventos cáusticos que não castigam
Mais do que o mar, que seja, com suas vértebras de soslaio silenciando cascos!

Que a largada já fora dada, e que o dado não suporta a mão que o joga no viés,
Não reitera o lucro que não basta, não confere as portas que se fecham
Em seus exércitos industriais de uma reserva ao menos de todo sinistros.

Outros termos nos consomem as veias de um dolo que porventura os que possuem
Traçam em suas leis que ao que nos garanta o povo não sabe sequer para que
Estão a ruminar planos insanos na ignorância patibular que o poder pelo poder confere.

Nessa paródia a arte subleva o coração nada aflito, pois aqueles que se pautam
Na Verdade possam não apenas confluir trabalhos prósperos do não ganho
Mas igualmente uma visualização de migalhas que ajuda a criar-se o próprio fato!

A arte pela arte se antepõe, e vários que soçobraram suas psiques de ouro
Saberão que nada é em vão enquanto tintas e linhas jogadas ao tempo eterno citado,
Para que citem por fim que o milagre da existência passa muito ao largo da ganância...

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