O papel tange o nada, pois é tangido a
ser o que nunca fora
De tantos e tantos quilates que a
humanidade o devora fera
No modo mais ancião do que nunca ela
mesma imaginou...
O papel fera fora, o que veio, veio na
surdina do jamais sabermos
Se o que está fosse papel, mas simples
alimento de um chip no pistão.
Os poetas ensaiam a publicação, os
homens não a publicam nos jornais
E os que são impressos saem a se dizer
escribas dos velhos processos,
Enquanto o que mais não está não se
compreende na cavalar situação.
A forma é veio, é substância, de um
carinho ausente de mulher na vitória
E de um torpor incandescido de outras
nas derrotas de não se ver viva alma!
Negro é o poeta, um poeta branco de medo
de não ser o que deveria
Quanto que à revelia muitos não se
mostram mais na grande e turva salada
Em que nos metemos ao grande banquete
ainda morno das decepções...
O papel se esforça, pois que nele não
seja o vernáculo de toda a gente
Posto não nos entreguemos a sermos meros
papeis de bancos de dados
Que não são lançados, pois estão fixos
nas algibeiras dos falsos profetas.
Do branco do papel que não nos
ressintamos, pois ainda há um lume pleno
De tantas as vozes que se escutam nos
caminhos de uma normalidade aceite
Em que não confundam vozes com o esquizofrênico
sintoma do mundo atual.
Das veias que nos dizem, posto artistas,
seremos melhores antenas de todas
Àquelas todas que tentam por fazer da
arte matéria enferma, ou quaisquer cios
Que agora demandam primaveras tardias no
coração de muitos que não se amam...
Sentimos a dor no peito de vermos agora
um país que nega os seus poetas,
Que deixam o vermífugo silencioso adular
a própria e molusca mídia alta e baixa
Nos que nos estudamos em baixo e por
cima nos jogam chumbo de cultura inútil
Quando quanto o melhor a fazermos é
prosseguir lutando contra a hostil cidade
Que ponteia seus míseros canais de
pontos às avessas na grande barca ilusória!
A grande luta é a dos massacrados por
tentar sobreviver se expressando
Nas vertentes algo famélicas e
desesperadas por ao menos conseguir 11 mãos
De signos curtidos na salada grega do
que nos tornamos sendo escravos dos dígitos.
Saber que não será neste século que
ganharemos o pão por merecimento de afago
Nos arredios melindres da falsa fama, no
que saibamos torcer para que o mundo
Não esteja caindo mais do que já caiu,
pois se salvam apenas os devotos mais caídos...
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