Não
nos furtemos a pensar que uma mística inexplicável atravessa a comunicação e
suas variantes. Nunca houve tanto a ascendência científica para as modalidades
de canais em que a comunicação não esteja com as pessoas, no mano a mano. Em
revistas que comerciam cosméticos já se vê fartamente anúncios que vendem
produtos para se produzir uma foto de perfil, o perfil, o que se quer mostrar,
dentro dos que não sabem a técnica dos softwares que fabricam muito mais
competentemente as fotos que geram nossos perfis, criando um self: literalmente
a identidade. Esta com que nos apresentamos na grande selva do midcult reverso, pois, então cunhado
pelas moedas dos estereótipos, ou, mais facilmente explicado, de uma construção
ególatra. Nas vezes em que queremos algo, a foto nos representa como entrada, e
outras que não nos rebaixem no realismo da vida jamais, reiteram o mesmo “profile”.
A palavra mesma em seu anglicismo lembra, se dissociarmos as sílabas, uma
progenitura do arquivo. Pro + file. Atenhamo-nos no pro. A favor, positivo,
yang, infinito enquanto durar a sociedade que criou tudo isso... Não há
contestação possível na lógica dessa questão enquanto a âncora file – arquivo –
não deixar de se tornar eterno, de uma eternidade em que a variável possa nos
substituir por outra classe de objetos, outro dado, outra estatística, mas
sempre subsiste a lacuna dos registros do profile. Sílabas unidas assumem uma
feição estática, um ponto na web, uma gotícula na nuvem, mesmo que a partir daí
muitos estejam com uma infinidade que podem desandar em chuvas catastróficas
enquanto influência e domínio das informações.
No
entanto, a informação não vem do caráter da produção dos perfis, mas da
permissão oculta em existirmos em rede dentro dos processos intervencionistas
do sistema em que nos encontramos, pois a máquina assume agora seu lugar no
assento de nossa sala de jantar, na comida que comemos sem saber, nos códigos
que, de per si, passam qual corrente em nossas falas e finalmente na intimidade
mais crua e desnuda jamais ocorrida antes. Esse micro gigantismo já nos traça o
perfil sem que o saibamos, e a comunicação vira estereótipo com a facilidade
com que é induzida na mente dos humanos, com a “libertação” de termos insigths
hora a hora, minuto a minuto, que por vezes só cessam depois de um coito interrompido
e religado, oposto, pegado, tracionado, polar. Um comportamento bipolar talvez
não feche o circuito, pois que o surto pode ser ou acontecer por uma carência
de carinho, por uma ausência de conviver com os critérios – por assim dizer
absurdos – das idiossincrasias e competições cruentas no modo com que se
comportam as sociedades mercadológicas desta era de um contemporâneo já tardio,
em meio ao fracasso humano.
Não
podemos tolerar as guerras que se travam no planeta, pois muitos como nós latino-americanos
estamos distantes dessa realidade, e isso nos faz como que assistir a um jogo
em que muitos jovens já não se sensibilizam com a crueldade pois jogam games de
guerras similares e realistas na parafernália eletrônica e sua indústria que
permite a exposição e atuação sinistra de habilidades para alimentar uma
sociedade extremamente hostil a que nos estamos tornando. Essa pretensa
comunicação sem erros de lazer ou produtiva em relação aos equipamentos de
informática deve sofrer por censura nas exposições de violência a que as
crianças são submetidas, posto a ciência da psicologia não precisar apenas de
costurar remendos em frangalhos em nossas sociedades, e muitos surtos causados
por determinismos sinistros poderem ser evitados. Se existe essa distante e mal
aparente sinapse fluindo nos cérebros do sistema, resta pontuarmos a questão
que nas veias de livros em que se fundam gerações, em que a história dos homens
e mulheres que foram importantes, cada qual, seja compartida com a lucidez que
se espera dos educadores e Governos que os fomentem e apoiem para que a humanidade
não sofra mais com a carestia de por vezes ausentar-se da esperança em dias
melhores.
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