Parece
que ninguém escapa, caro amigo do sem nome. Mas a questão do nome há, sempre
há. Começamos bem o nosso diálogo, pois saiba que estranho paradoxo eu me vejo
em seus troncos quando percebo que nossas vidas de algum jeito estão unidas,
coesas, paradoxalmente harmônicas. Aí você me diz: - que eu possa ser ladrão,
mas você é louco! Respondo visceralmente para o nada que foram 30 belos anos
acompanhados de uma musa muito louca realmente, que me pôs a ferros e fogos,
tantos dissabores, meu neném do sem nome, que até certo ponto cresci o
suficiente. Pois que me diga que a loucura não tem retorno, e redigo que tem,
mas que não seja o teu eterno. Parei, meu caro amigo sem nome, e não citarei
mais o paradoxo como esteio de minha razão... Talvez não conheça Sartre, mas o
homem não brincava com as palavras, brincando com o verbo, quiçá, apenas. Não
digo que não me aparvalhe a consciência, mas passo a te chamar de fraude, um
nome no entanto que lhe retiro, pois senão continue sendo o sem nome. O nome de
muitos já é a fraude, se encerram dentro de letras circunstanciais que nada
significam, apenas imputam a si mesmos a pecha do que não está bem correto.
Tirante meus trinta anos de luta comigo mesmo para me manter de pé, saiba que
minhas pernas te ouvem com a profusão do nenhum significado, que não seja saber
que estejas numa outra achando que está dentro de algo, de algo, de ego. Aí
algum semântico deveria me conduzir a abrir ao menos outro parágrafo, mas
prossigo nesta vênia com um sentido meio europeu de exercitar um caminho bem
mais longo e, no entanto agora, mais preciso. Não precisaria que uma mulher me
encontrasse meio morto e embriagado em minha casa, pois a mesma casa onde moro
é ampla como uma ideia, e portar-se nela jamais me colocaria por isso em um
hospital, posto a psiquiatria foi o maior ancoradouro para barcos agora mais
diurnos, e os faróis nas outras escalas existenciais.
Quando
se fala na fraude pensa-se em sua aceitação por alguém, e não precisamos superlativar,
posto falarmos suficientemente do indivíduo. Mas, meu amigo, surge aquela nas
melhores famílias, quiçá talvez até mesmo por básicos instintos, e o paradoxo
surge como fera esfaimada na boca de quem soletra nomes que não existem, ou
fatos que não pertençam, ou forças que são covardes. Nesse estranho leito com
dossel franjado de cetim imundo e perfumado vê-se que de manhã bem cedinho há
estranhas visitas, e, no entanto, justas. As fraudes continuam a dispor da
riqueza como entende que deva a sistemática frente do ocaso que teima em nublar
a mesma justa. Pois é de saber que a fraude possui um nome, meu caro, já citado
há onze palavras atrás, e que por diante, o atrás fica paradoxalmente na
frente. Isso é resultado de loucura? Existe algo de demência no ar? Sabe você
do que pensa um enfermo, ou um cidadão que tece jornada de 24 horas para uma
hemodiálise, e ainda não fica louco quando sabe que uns curam o resfriado no
Albert Einstein? No heliporto a passagem garantida. Triste, fiquemos um pouco
tristes, pois a tristeza é um sentimento nobre, triste por muitos, porque
muitos estão tristes. Mas que a tristeza passa, é ordem de um destino, e quem
sabe da questão das fraudes sabe igualmente que enfrentar um paradoxo é algo
inexistente, já que a vida, meu caro senhor sem nome, é vida vivida, não se
treina, não se joga, apenas dela vivemos no bom senso, mesmo dentro de uma
carestia imposta pelos canalhas e, portanto, fria como um látego de lata.
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