quinta-feira, 29 de junho de 2017

A PSIQUE DE UM SER HUMANO PODE ESTAR CIRCUNSCRITA NO FINITO OU NAVEGAR NO ALGO LOUCO DA INFINITA LIBERTAÇÃO.

SE TANTOS PROFEREM A PALAVRA AMOR, VEJAMOS SE EM SEU CONTRÁRIO NÃO HÁ A RAZÃO DE OUTROS IMPÉRIOS, EM QUE AMAR SE TORNA UMA TAREFA QUASE TITÂNICA PARA AQUELES QUE CONHECEM MAIS DA REALIDADE...

QUE HÁ DENTRO DO ÁTOMO O MESMO QUE SE ENCONTRA DENTRO DO CORAÇÃO DE UM ELEFANTE NOS MOSTRA O ATMA ETERNO E INDISSOLÚVEL!

SABER DE SI DEPOIS DE AUSENTE TODA A POESIA NÃO É TAREFA QUE A HUMANIDADE DEVA SE VANGLORIAR.

DUAS CANETAS ESCREVEM CADA QUAL EM UM BRAÇO. ACABAM POR SE ENCONTRAR NO MEIO, EM UM QUE NAO CONTINUA POIS NÃO PODE E OUTRO QUE ESCREVE NA OUTRA LINHA DEPOIS DE UMA VÍRGULA...

LAYERS DE PREDOMINAÇÃO

          Falemos de uma verdadeira tese sobre o que aflige um estudante, já no cumprir do eterno estudo, mesmo enquanto velho – ou quase… Uma tese que não deve se extinguir, já que trata dos níveis ou camadas de predominação. Há uma catástrofe aparente, há esperanças no oculto, há os mistérios do Altíssimo, entre tantos outros mistérios que não se revelam nas limitações da ciência. Há veredas do espetacular que transcenda nossa realidade cotidiana não apenas de cunho religioso, mas agora com novas inserções tecnológicas, todas com o industrialismo do imagético, dos truques, da maquiagem que profetiza aparentemente sensações mais acuradas. Medievos períodos em que podemos – se soubermos – olhar de modo mais distante, mesmo estando no olho da tormenta, nesta em que verdadeiros navios de aço fundem-se no ocaso de nossos sistemas, assim, algo integrados. Posto que a roda da história retrocede por meios em que o fator humano é colocado de modo subjacente, pois o que refletimos nos embates é apenas a inquietação hipócrita de não estarmos praticando, dentro de nosso próprio imo, as atitudes necessárias a que recoloquemos o giro do pião no centro. Nesta ida e volta, nas conquistas de cada lado, seja na frente, atrás e nos flancos, há um lance que não nos importaria muito, mas diz da dificuldade em se amar nos tempos hedonistas de hoje. A luxúria em sua forma mais nua e crua subsiste, por vezes, com o extremado grau de promiscuidade, no que faz entender apenas como um escape, um uso, um fim determinante, uma causa sem pensar no consequente sentimento de rancor quando nos acomete a ilusão e quando a frustração nesse campo gera temperamentos iracundos. Em uma equação temos que discernir quando algo do excesso nos nubla a mente, mesmo quando esta está em uma consonância, pois certas relações querem o predomínio sobre o próximo, em sinônimos arraigados de propriedade, extensivos a um afeto, ou mesmo no que o poder consente a aberrativas formações de seus pares, no sentido lato de apropriação de objetos de prazer, na coisificação do amor, quando investido em um jogo cruento com o sentimento daqueles que urgem por justos sentimentos de amor, de doação, de uma vida de companheirismo mútuo, não importando jamais as questões de gênero e sua diversidade.
          As camadas de extratos sociais passam intensivamente pela experiência dos núcleos familiares essenciais, e a vivência cotidiana ocorre a partir do exemplo que recebemos dos progenitores… Os laços que nos atam a uma vida de carestia e da não flexibilização dos sentimentos por vezes nos fazem de uma relação que supostamente teríamos em uma natural hierarquia entre mestres e alunos uma inversão que sucede a conflitos em que sejam apenas um reflexo cabal de uma profunda situação histórica de uma nação e suas péssimas administrações. Tudo está integrado nas questões das primeiras células da cidadania: a família e a escola.
          Obviamente, a saúde é a condição inequívoca que alcança desde o parto até nossa morte. Portanto, serviço igualmente essencial, como a educação. Na verdade, os maiores orçamentos de qualquer administração deveriam ser investidos em ambos os setores, principalmente pensando em dar acesso público a uma educação de qualidade, e um serviço de saúde primoroso às populações que não possuem valores para serem atendidas em instituições de saúde privadas. Essa é uma questão sine qua nom para se compreender o que é certo e o que é um erro em qualquer sociedade civilizada que prime pela sua população trabalhadora e honesta. Há que se acreditar nas empresas estatais com gestões modernizadas, em que a população de um país possa usufruir de seus lucros, igualmente quando sabemos que aquelas que são estratégicas para a nossa soberania nunca devem passar para investidores estrangeiros, em um processo de entrega daquilo que se pretende: ao menos o que se passa com países de primeiro mundo. É absurdo que assumamos o papel de país de terceiro mundo para agigantar a riqueza de falsos governantes, que entregam as nossas riquezas a troco de seus interesses escusos. Assim não se cogita uma governança. Esta deve funcionar com um Estado libertário, de preferência sem dívidas com grupos que têm na sua razão de existir expropriar as riquezas de um país. Assim, sem camadas de predominação, seria mais fácil administrar verdadeiras riquezas em uma distribuição ao menos mais paritária, ao menos se a justiça social não fosse um caso de polícia, quase sempre. Justo, se tivéssemos uma sociedade paritária teríamos muito menos violência. Essa e outras são verdades para leigos em assuntos básicos sobre cada situação em cada nação, pois se não prezarmos pelas instituições que possuímos que exercem um serviço ao nosso povo estaremos a ver um desmonte catastrófico aos interesses nacionais. Veremos um achatamento de camadas efetivamente patriotas, quando sabemos dos bons homens e mulheres de nossa República Federativa, camadas estas marcadas por padrões de empoderamento necessários a que se possa ao menos realizar ou efetivar a visualização de pautas reivindicatórias no país, seus estados membros e municípios.
           A se chamar de layer como uma figura geométrica planar, onde desde a base de uma pirâmide vemos outros pontos referentes mais altos, tornando o plano mais dinâmico, estabelecendo o diálogo nas injunções entre bases e cúpulas “de base”, tornando mais dialética a operacionalização na horizontalidade de natureza simples, dentro de verticalizações necessárias para a conversa que projete para uma estrutura que não seja estanque. Como proceder? Procurando os pontos mais altos de acesso a pautas reivindicatórias na sustentação e apoio à sua posição e erguendo aqueles que estão em processo de latência com alguma falta de cuidado e zelo, dentro tudo isso na lógica de mercado, onde cada trabalhador passa a ser partícipe em um trânsito equilibrado e firme. Por lei e pela lei, a manutenção e valorização urgente de nossa Constituição de 88, sem tirar nem por. Representatividade é uma questão estratégica, e o limbo em que muitos estão metidos não dura muito, pois acaba não sendo veraz e contundente, ao invés daqueles que lutam para sermos um país onde o povo participe das questões de suas comunidades e suas demandas inerentes…
           O importante é triangularmos vértices, fazer com que cada ponto seja maleável, flexível, mesmo sabendo que sem o movimento nas coordenadas fixas perde-se – quando não se tem experiência da geometria espacial – a posição frente ao cenário que se apresenta, o world: no jargão gráfico. Se dois vértices no mesmo plano possuem, em cada, três outros, abaixo ou acima, teremos a espacialidade criada corretamente a um processo de reconhecimento estrutural de uma hierarquia que, no âmbito desses oito pontos pode ser igualmente flexibilizada. Duas pirâmides ligadas por uma linha paralela porém única: uma o inverso da outra, ambas podendo crescer na dimensão da profundidade ou no volume de suas arestas dinâmicas. Assim fica mais difícil a outros de achatarem os layers que não emanem apenas de um fator causal, ou seja, uma única visão do pensamento que não defina mais nada além de estruturas arcaicas de tempos já analisados fielmente, com todas as contra propostas já elaboradas por acadêmicos assaz monitorados por inteligências majoradas e, no entanto, hoje, sem a flexibilização que não seja na grande ilusão de uma colcha de retalhos ao redor do planeta.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

VERSOS AO PODER

Temor ao poder por si, de um que não escolhe o mundo em que vive
A outros que buscam a forma da dominação de uma ideia ou um credo,
Que nos é tanta a vontade de Poder que apoderamos o que não seja apenas
Uma veia que se ressente, um coração que claudica, uma perna rota de guerras.

Surgem siglas praticamente brincando com o horror aprendido em cartilhas
Ou copiados sem fundamentos de filmes ou das lógicas do caos e anarquias.

Esse apoderar-se do poder sem razão é um entorpecimento de certos custos
Que significam um pouco mais do mínimo a que o costume da esperança
Já agora não verte mais a substância do que seríamos mais justos e honestos
Quanto de saber de uma cidade onde a saúde se negasse a curto prazo.

É raro um poder justo, mesmo sabendo que nas esferas judiciais ainda se confia
Naqueles que não comprometem posses, que não se aviltam no nepotismo próprio...

De se confiar ao que sucede em que um país pede um Poder autêntico, democrata,
Algo que queremos de tal modo que ao menos na esfera federal se levantem
Os homens que da União se aproximem da Verdade e renitentemente lavem
As nossas carestias com a esperança de não haver a brutalidade de certas ongs.

Siglas surgem, pois sim, surgidas naquele fruto de terem obtido o poder
De manietar a si mesmos, pois reunidos açambarcam os grandes fascistas
Em que se tornaram aquelas crianças de pernas frouxas, acostumadas
Apenas com a cópia repetidora dos repetidos avisos de alguma ordem inversa.

Dos que aparecem com seus óculos confortáveis em suas produções sinistras
Que saibam que não amedrontam, apenas quais não sejam aqueles
Que dão maiores valores ao que ocorre nas telas quando são absorvidos
Pelos truques gigantistas e maníacos de MBLs ou coisas que os valham.

Haveremos de dizer ao mundo quem são aqueles que depõem contra um país
Que preza pela participação democrática, mesmo que o osso seja muito farto
Nas mandíbulas nada verazes daqueles que possuem a boca mole, com poder
De anunciar de maneira alguma suas flatulências de bons alvitres repentinos!

Moles são, de muito pouco movimento fora de seus carrinhos de papais,
Giram pelo país que temos e somos, chamando-se de brasis, na poesia ausente
Quando ainda se utilizam da palavra Livre defecando sobre a bandeira da Nação.

Porcos que se chafurdam nos dias em que muitos procuram seus amiguinhos
Na curtição de praticar o mal quando entregam as esperanças do povo
Nas mãos da inteligência a que se submetem para depois serem descartados
Como ovinhos de serpente sem casca onde um gambá pousou seu focinho.

Não que não se permita, ainda temos nosso aparato democrático firme,
Mas que a censura impute crime àqueles que falam sobre perfídias e jogos
Naquilo em que se treinam desde pequena infância, para depois em desfechos
Se tornarem monstros “evoluídos” pela sistematização dos sem sistemas...

A própria criação de redes milenares no nome apenas, mostra que em um segundo
O reflexo de seus atos sai como um rato através de uma frincha e revela
A intencionalidade de urgirem por algo que nem mesmo em sua parafernália
Sequer vão entender a que serve a justiça mais elaborada em construção.

As siglas não nos assustam, pois sua seara está em seus pórticos embandeirados
Na fusão de um condomínio blindado e na concepção tardia de seus próprios fardos,
Estes que remontam a pré história em que uma pedra significava apenas uma arma
Que em um salto quase profético de Kubrick faz do osso virar tutano de canalhas.

Por Deus que vemos certos astutos que depuseram a Presidenta Dilma, derrubando
Não apenas uma Presidenta legítima, mas servindo ao serviço ilegítimo do lesa pátria
Ainda que tenhamos que remontar que a história mostra que isso era um crime
Passível de punição rigorosa, e que hoje na prática do desmonte chafurdam na lama.

Esses pretensos asnos de bandeiras irregulares de bochechas do ninguém não sabem
Que o que os teceu foi o charco em que o porco é animal sagrado se comparado
Com o menor gesto covarde de sinistras alianças onde Bolsonaro e Caiado
São espécimes ricos e emplumados dessa fauna de pedras imóveis do limbo.

Disto não nos ressentiremos, mas que o fruto desses atos que não se justificam em meio
Ao atravessamento da desordem embutida e infiltrada naquilo de se manifestar
As violências verbais, o achincalhe, as ofensas à gente de bem, a preocupação
De cometer perfídias, isso tudo vira no resultado em que MBL se apresenta.

Feita a apresentação, agora saibam que efetivamente em nossa nação teremos
Por um lado, a participação daqueles patriotas que querem a União e democracia,
Por outro os renitentes chauvinistas antipopulares e reformistas do regresso,
E por fim um nada movimento algo que se apresenta no não ser, pois é um flato.

sábado, 24 de junho de 2017

A RESERVA NECESSÁRIA

            Quantos de nós nos perguntamos sobre o tempo? Que fator é esse, quando apenas o medimos e acompanhamos sem sequer sabermos se é uma entidade criada, se é convenção ou fato? O nome foi nossa criação, certamente, mas que esse conceito que dele temos é eterno, isso é uma condição inequívoca. O poeta Vinícius falava: que seja infinito enquanto dure. Mas falava do amor... E o tempo com amor, com amantes, seja lá como empregamos essa mesma duração, mas parece que a relação do amor com o tempo é um diálogo em que por vezes nos tornamos apenas atores em cenários que desfazem, em entornos sutis, em uma cenografia confusa, que pode nos deixar mais ansiosos. Visto a trilogia: o tempo, o amor, a propriedade. Se formos muito societários nas nossas relações amorosas acabamos por não nos doarmos por receio de não obter o retorno, e nos acostumamos com as respostas imediatas, dentro de um funcionamento mecânico que acaba por durar por vezes muito, em um arrependimento que acaba faltante no diálogo que não tivemos a coragem de possuir com o cônjuge, ou a relação qualquer em que nos dispomos, que tantas são as relações “relativas” nas gôndolas de nossas escolhas.
            Uma vida com reservas é necessária... Reservar nosso tempo. Contemporizarmos a ilusão quando espelhada com a realidade que com ela se encontra. Tentarmos dissuadi-la no aspecto em que a ficção não nos mescle com a concretude de uma forte pilastra onde amarramos nossas existências, como quando em um barco temos que parar um pouco no cais e sentir a terra firme sob nossos pés. Temos que compreender o certo do errado, saber que por vezes não estamos apenas em um novo mundo, pois por vezes podemos contestar aqueles dogmas que os insights aparentemente incontestáveis possuem rebatimento espiritual necessário, anímico, existencial. Por exemplo, uma sociedade baseada em imagens, perfis, ícones, palavras curtas, funções de programação em nossas vidas, acabam por ajudar a diluir a história que deixamos para trás, por não termos mais um espaço, uma reserva, dentro de nossas mentes que trabalhe melhor a questão do passado, de nossas civilizações, de modais que não eram os mesmos antes da realidade virtual, e que podem ser vivenciados se dermos mais valor àqueles que viveram outras gerações, mais antigas. As coisas não funcionam sempre do jeito que imaginamos, pois a própria imaginação é um artifício assoberbado, em que o existencialismo passa a pedir um pouco a passagem para que nos manifestemos enquanto seres partícipes da Natureza.
            Talvez não seja suficiente sabermos apenas o superficial dos sistemas que vivenciamos, ou que são as ferramentas de suporte para que possamos ser os cidadãos vinculados à eletrônica tão fortemente, pois o conhecimento desses sistemas de forma cabal e aprofundada cria os gêneros humanos controladores, e serviços extremamente específicos que criam riquezas muito mais facilmente do que o trabalho convencional, de serviços essenciais e rotineiros ao funcionamento da sociedade, como as tarefas de manufaturar e vender o pão. Esse modo de só encontrar a vida do consumo na interligação de processos de informação nos faz serem consumistas sem experimentarmos as ruas como vivência cotidiana, segregando a cidadania e mecanizando-a ao extremo. Saber desmembrar certas vivências, ou melhor, certas engrenagens, acaba por manufaturarmos nosso conhecimento a partir de raízes que, mesmo que pesquisemos, tornam-se raras enquanto não soubermos os pontos de partida, o imput da questão. Entrarmos no Google será menos rápido do que termos uma biblioteca onde podemos folhear por vezes a esmo certos livros que lembrará ao revés a importância daquela de Alexandria, posto haver sapiens que creem que estão lendo enquanto abraçados apenas ao conteúdo digital.
            No viés deste nosso sistema que já é internacional, e que no entanto na pátria latino-americana ainda não é plenamente funcional – e nunca será, por aqui – vemos lugares onde querem certos governantes instalar no que chamam de paraísos a disposição de seus pretensos projetos. Se a máquina vale tanto assim, se os sistemas integrados de computação são tão valorados, porque não nos utilizarmos deles para começar a sanear o esgotamento sanitário, a fiscalizar realidades como orçamentos e obras, ou mesmo humanizar o planeta? Nada disso, nos parece, a rede social é intensa, sem as reservas de questionarmos se caminhamos ou não, as universidades recebem poucos livros, a medicina vira privilégio de poucos, as guerras recrudescem cada vez mais. Dentro do novo funcionamento, muito mais efetivo e preciso, e as prisões superlotam, a violência torna-se usual, corriqueira.
            Em uma realidade meio ausente, podemos afirmar que a burguesia mais esclarecida nos termos técnicos açambarca esse poder para mostrar a sua competência dentro do sistema que exclui aqueles que não se prepararam. Qualquer adolescente – aliás, geralmente com mais proficiência do que um adulto – sabe utilizar e fazer funcionar com mais giro as redes sociais, entende melhor dos aplicativos e games, é da geração da ponta, nasceu nesse idílio tecnológico. No entanto, é nas melhores escolas que reside o conhecimento que mais tarde segrega aqueles que não o possuem por não terem tido a oportunidade de navegar sobre o mesmo sistema enquanto acadêmicos de ponta. A separação se faz e as elites continuam com essa extremada vantagem, no viés tecnológico, que vai desde a USP até o Congresso ou o Supremo Tribunal. As Arcadas de São Francisco formam os melhores advogados. Se formos observar o índice de negros que se formam nessa universidade veremos melhor o que é a compatibilidade entre oportunidade e “berço”. Temos que reservar espaço dentro de nós mesmos para poder contestar aquilo que é fato. A desigualdade, a ignorância, a segurança, o saneamento, todas as questões que levam a compreendermos realmente que um país de todos seria um país sem pobreza, mas efetivamente as casas que foram construídas acabaram por ruir por falta de competência, no mal uso público-privado, em não se questionar o sistema financeiro beneficiado pelo protecionismo ou a relevância de se questionar as concessões de uma mídia que coloca como vítima a criança brasileira, tal a exposição de sexo e violência. Uma simples questão, que qualquer governante, seja de “esquerda” ou “direita” deveria perceber o dolo a que todos somos submetidos por esses gigantes oligopólios de dimensão estreita e parcial. Na reserva necessária de um questionamento mais amplo devemos torcer para tudo aquilo que a Globo não deseja... Então, que fique, Temer!! 

quinta-feira, 22 de junho de 2017

DIAS FRIOS DO INVERNO

          Acordara, como sempre, com o rescaldo das medicações da noite anterior. Um período de quase duas horas me servia apenas ao sofrimento que sentia nas madrugadas do início da jornada diária. Não havia como reduzir esse necessário sofrimento. As questões de ordem política só me faziam sofrer mais e, como se não bastasse, eu tinha a leve impressão de que as pessoas igualmente se perdiam no vale-tudo de seus interesses egoístas. Não valeria a pena pensar demasiado sobre os problemas do mundo, e eu gostava por vezes da filosofia como um escape, até mesmo hoje gosto de pensar sobre os diversos assuntos das humanidades, da Natureza, etc.
          No entanto, algo que pensei logo de manhã, naqueles dias de inverno, é que teria de mudar um pouco o foco para algo espiritual… Não seria diminuir a abordagem, mas justamente fazer brotar o amor que esquecemos por Krsna, em Narayana que reside como Paramatma em nossos corações. Talvez o passo fosse longo, mas descobri que escrever sobre isso me trazia mais paz em relação à filosofia mundana e especulativa: a Ciência Transcendental seria uma vereda inevitável em minha vida de devoto. Mas, na verdade, um caminho que se trilha quando o acesso é difícil importa que procuremos outros que nos facilitem encontrar o mesmo passo na fonte, mesmo que por lados distintos. É como quando os homens procuram por muito na vida. Cedo ou tarde se perguntarão: quem somos, de onde viemos e para onde vamos… Muitos sabem que isso induz a que não nos conformemos com muita coisa e acabamos por nos refugiar em coisas outras que igualmente não possuem verdade. De qualquer modo não vem ao caso supor análise sobre nossa espécie pensante, argumentativa, racional. Talvez a coisa seja mais gigantesca do que isso, e tal modo de pensar que nos leve adiante, assim acho. Ainda mais hoje nos dias contemporâneos, em que a Natureza mostra os sinais de exaustão nas suas relações com o homem, ditando Ela suas próprias regras em que aquele já não compreende a extensão do fato. Quando pensamos na transcendentalidade, não significa que não tenhamos que agir, mas sim que devemos agir na consciência de Deus, Krsna. Prestar serviço amoroso a Ele, que é a raiz de tudo o que existe, dentro dos três mundos, dentro do manifesto e do imanifesto, na origem de tudo o que foi criado, no respeito sobre todas as criaturas do planeta, um respeito tão grande que havemos de ter quanto o de sabermos de uma vez que todos possuem um atma, uma centelha divina e indivisível, presente até mesmo dentro da menor partícula da matéria. Nada é superior a Krsna, em suas seis opulências: beleza, sabedoria, força, fama, riqueza e conhecimento… Ele é o todo atrativo e se manifesta em inúmeras encarnações, dentro deste e em outros bilhões de planetas, dos materiais e em Vaikuntha, o céu espiritual.
          Sob a égide desses conceitos de existência, na abertura do diálogo necessário sobre a religião, logo cedo eu comecei esse diálogo interno pensando no que está escrito nos Shastras sagrados, estava em mãos com o grande livro Srimad Bhagavatam. É árduo um câmbio tão profundo em nossas idiossincrasias nos alicerçar ao que seja o mundo espiritual. No entanto, estava com meu tambor indiano – mrdanga – e entoei um canto devocional. Isso de manhã me deu força, e parti para arrumar meu quarto, limpar o altar com as deidades, arrumar a sala onde está uma mesa com papéis de estudo, e a cozinha. Mas em uma atitude de serviço devocional… Essa é a prática de ação de consciência e serviço. Essa deve ser a atitude e, a cada instante de dúvida, voltar os olhos para aquilo que nos facilite a vida nesse sentido, sejam eles em direção a uma imagem de Narayana, uma leitura de um verso do Gita, ou mesmo na própria Natureza, que é mãe e divindade Suprema deste nosso Universo. Comecei a reler a literatura védica, e tornei-me “religado” com esse modo de portar-me perante as coisas do mundo, o diálogo que pratico até hoje, mesmo sabendo que todas as inquietações dos homens traçam estranhos destinos dentro de um materialismo e ilusão sem par. Teria tempo como o tenho até hoje, pois mesmo um operário em uma fábrica pode trabalhar nessa consciência, sabendo que seu verdadeiro chefe é Krsna, incontestavelmente.
          Aqueles dias frios lembraram-me de Prabhupada, com sua touca, com sua serenidade, sua bondade sem par, de onde veio o conhecimento para o Ocidente em toda a literatura e simplicidade de mahatma grandioso. Isso me ensinava a ver a realidade com mais transparência, como se toda a parafernália ilusória me fizesse sentido na sua confecção, e me tornara muito crítico… Talvez não fosse de forma pertinente, mas a investigação acurada do que tangencia a ilusão de uma plataforma concreta me seduzisse extremamente. Mas sim, naquelas noites geladas preferia falar de Krsna, este como a força motriz que sempre guia a vida de um devoto, a inexistência da solidão, pois estar frente a Ele mesmo quando vemos uma simples pomba ciscando ao nosso lado, com uma fileira de formigas em trabalho, não nos sentiremos sozinhos, mesmo que a própria sociedade tangencie a vivência cotidiana de um enfermo no ostracismo humano, no uso por vezes político que nos fazem, na consecução sectária que a muitos abate e anula. Isso nos revela a grandeza de sermos quem somos, companheiros de enfermidade, seja qual for aquela outra, ou a mesma que muitos pensam que é o mesmo, quando tecem da covardia de nos estigmatizar.
           Contudo, a felicidade não vem por possuírem, terem algo material, pois sempre se deseja mais e mais, tantos foram os políticos que roubaram de nosso país, do planeta, quantas pessoas extremamente ricas deixaram seus rastros de destruição sobre a Natureza, sobre populações, sobre famílias inteiras? A questão é que o serviço continua sempre, a consciência pode estar com uma pessoa e ninguém saber de seu nível. Em síntese, a felicidade mora ao nosso lado, só temos que investigar a natureza espiritual adormecida. Procurar, buscar, pois Krsna reside dentro de nosso peito e nada poderá ser mais gigante do que Ele, que testemunha nossos atos enquanto desfruta, pois que é o desfrutador Supremo. O mundo é de Deus, somos apenas humildes servidores Dele e não possuímos nada, pois tudo nunca foi de ninguém a não ser desse Ser Supremo! Essa investigação deve ser continuada, e que abramos nosso coração e nossa inteligência para uma vida mais austera, procurando não nos contaminarmos com as ilusões que tão “competentemente” muitos nos enredam, ou tentam...

quarta-feira, 21 de junho de 2017

PERDOEM OS QUE VESTIRAM A CARAPUÇA, MAS NO ARMÁRIO DA DESESPERANÇA O FIGURINO É BEM VARIADO...

VALENDO MAIS A MOEDA TEM-SE TROCOS ONDE TODA UMA PARAFERNÁLIA CURTE OS JOINHAS AFETIVOS QUE VALEM MAIS DO QUE DÓLARES DE ILUSÓRIOS CARINHOS...

SE É DE SANHA, CONTINUEM, ESTÃO EQUIVOCADOS COMO A GRAVIDADE É FATO, E QUE DOIS MAIS DOIS JAMAIS RESULTA EM TRÊS!!!

KRSNA É PAI, AMIGO E CONSORTE DE RADHARANI. O ERRO É NÃO DAR OUVIDOS E PARTIR PARA UMA IGNORÂNCIA MONOLÍTICA E ASSOBERBADA APENAS NA COMPANHIA INSÓLITA DE UMA PRETENSA E MAL ARTICULADA RESISTÊNCIA A ALGO QUE USTEDES CRIARAM!

NA SÍNTESE TEÇO APENAS UM MANTRA OU UM PAI NOSSO PELA ESPIRITUALIDADE QUE ESTÁ ACIMA DE TODO ESSE CHARCO.

HÁ QUE SE EXPOR A ESPINHA DORSAL DESSA TRAMA HIPÓCRITA ONDE AGORA TENTAM SE REBOLAR NA SANHA PELO PODER ALGO JÁ IMANIFESTO E IMPOSSÍVEL, DENTRO E FORA DE QUALQUER CONTEXTO.

SE A IDEIA ERA PERPETUAR-SE, POR QUE ABANDONAM SEUS COMPANHEIROS QUE PEGARAM AS MAIORES PENAS?

A ESTRANHA SENHA QUE VOS MOVE EM VOSSAS REDES SOCIAIS É APENAS A LINGUAGEM USUAL PATIFE E TEMEROSA.

TRISTES EPISÓDIOS CONVOCAR ENFRENTAMENTOS COM HERÓIS QUE GUARDAM PELA SEGURANÇA QUE FOI FRAUDADA PELOS ERROS QUE COMETESTES.

UM BOM MILITAR DORME SEMPRE E SEMPRE NA SUA CASERNA DE CONSENTIMENTO E SERVIÇO À SUA PÁTRIA.

UM BOM CAPITÃO OBSERVA DE LONGE AQUILO QUE MAIS LHE DESAGRADOU NAS ABORDAGENS QUE ELE MESMO CONSENTE PARA CONHECER SEUS INIMIGOS E SUAS ESTRATÉGIAS.

ATÉ CERTO PONTO UM HOMEM SE DEIXA MANIPULAR POR ABUTRES, MAS QUANDO RENASCE SUA CARNE NÃO ESTÁ MAIS PODRE E O GRANDE CORVO PARTE PARA O FINAL DO TABULEIRO, ENCURRALADO POR SUAS DESFERIDAS MENTIRAS TODO O TEMPO.

O SONHO ACABOU: NA CÚPULA, SOBROU UM RÉU E UMA CHAPA FRACASSADA ONDE A MAÇÃ PODRE DA CONCESSÃO AINDA ESTÁ NO PODER.

É FÁCIL DESFILARMOS NOSSA PRÓPRIA IGNORÂNCIA SOBRE OS OMBROS DOS EXCLUÍDOS, CITANDO VEEMENTEMENTE QUE ESTES NÃO SÃO MAIS DESTE MUNDO. PELO CONTRÁRIO, O MUNDO QUE CONSTRUÍMOS SEMPRE SERÁ DOS QUE SOFREM MAIS.

O COMPANHEIRO NÃO É COMPANHEIRO, POIS ESSA PALAVRA ESTÁ COM A PÁTINA PRATICADA DA MENTIRA E HIPOCRISIA, CAROS CONCESSIONÁRIOS DE ALUGUEL PROFISSIONAL.

DESFILAR TEORIAS SALVACIONISTAS DE INTERPRETAÇÕES CLASSISTAS, NO MÍNIMO É NÃO DAR O FOCO SUFICIENTE PARA O SISTEMA DE INFORMAÇÕES BASEADO EM CLASSES E OBJETOS.

O QUE HÁ NO MUNDO É O CRESCIMENTO DA PREPOTÊNCIA ACEITA POR UM LADO, E POPULAÇÕES IMENSAS E DESESPERADAS POR OUTRO: RIQUEZA CONTRA A POBREZA.

AS CARTILHAS DO PODER HIERÁRQUICO DEVEM SERVIR A QUE SEJAMOS MAIS HUMANOS, POIS ACHAR QUE SOMOS MENINOS MAUS É UM ERRO DE FALSETE APANHADO DE FALSAS ESCRITURAS...

PODER USAR UMA COR DE ROUPA SIGNIFICA AO MENOS PENSAR QUE ESSA ILUSÃO PODE SER O INÍCIO DE UMA LIBERTAÇÃO DA IGNORÂNCIA TEATRAL DAS SOCIEDADES DE POBRE E TRISTE FORMAÇÃO INTELECTUAL.

QUEM PRATICA O BEM AGINDO CONFORME UMA CONVENIÊNCIA PLUTOCRÁTICA ESTÁ PRESTANDO UM DESSERVIÇO Á SOCIEDADE.

NÃO EXISTE SOCIEDADE QUE SEJA MELHOR QUANDO FAZEMOS PREVALECER UMA AÇÃO QUE SEJA FRUTO DE NOSSA PRETENSA VERDADE, SE A VERDADE QUE É NÃO FOR A FORMA COLETIVA DA JUSTIÇA.

LIBERDADE AINDA QUE À TARDINHA...

SE UMA FORÇA QUE ZELE PELA SEGURANÇA DE UMA POPULAÇÃO SE ALIA A UM IDEÁRIO TOTALITARISTA, SOMOS CAPAZES DE VERMOS UM GRANDE MONSTRO TRANSPARENTE E DE AÇO FRUIR AÇÕES NEFASTAS ACREDITANDO NO MAL.

ESTAMOS PASSANDO POR UMA DERROCADA MORAL, EM QUE A PAZ VIRA FETICHE NAQUELES QUE DENTRO DE SEUS CASULOS A PREGAM SEM TEREM A CORAGEM NECESSÁRIA PARA REIVINDICAR SEU IR E VIR.

O PAÍS BRASIL NÃO POSSUI PARTIDO DECENTE, QUE NÃO TENHA FEITO AS CONCESSÕES ABSURDAS PARA MANTER O PODER PELO PODER... QUALQUER ASSERTIVA CONTRÁRIA É INVÁLIDA, SUBENTENDENDO-SE QUE NÃO HÁ ARGUMENTAÇÃO LÓGICA PLAUSÍVEL EM FAVOR DESSA HIPÓCRITA MANEIRA DA EXISTÊNCIA.

NINGUÉM ALCANÇARÁ A VERDADE QUANDO OCULTA OS ERROS QUE PRETENSAMENTE COMETEU EM NOME DE UM COLETIVO DE SUA PRÓPRIA INDIVIDUALIDADE SINISTRA.

AQUELES QUE SOFREM AS INJUSTIÇAS DO SISTEMA MERECEM AO MENOS TER VOZ ATIVA, ANTES QUE AS MÍDIAS GRANDES E PRETENSAMENTE SOCIAIS OS SOTERREM NO ANONIMATO.

UM POLÍTICO QUE TENHA QUE ESTUDAR PARA EMITIR UMA OPINIÃO DEMANDA QUE O QUE FALARA NÃO POSSUÍA SUBSTÂNCIA ANTES...

NÃO EXISTE SOCIEDADE LIVRE SE TEMOS PELA FRENTE PERSONALIDADES JOGADAS AO LIMBO, ENQUANTO OS IGNORANTES SE JACTAM DE SUAS ESCUSAS FORTUNAS.

A ASCENSÃO DO TOTALITARISMO ESSENCIALMENTE PARTE DE CONCESSÕES QUE JAMAIS ESQUECEM OS POVOS QUE POR CONSEQUÊNCIA SOFREM POR ISSO, MESMO QUE DE MODO QUASE OCULTO.

COMUNICAÇÃO E ESTEREÓTIPOS

            Não nos furtemos a pensar que uma mística inexplicável atravessa a comunicação e suas variantes. Nunca houve tanto a ascendência científica para as modalidades de canais em que a comunicação não esteja com as pessoas, no mano a mano. Em revistas que comerciam cosméticos já se vê fartamente anúncios que vendem produtos para se produzir uma foto de perfil, o perfil, o que se quer mostrar, dentro dos que não sabem a técnica dos softwares que fabricam muito mais competentemente as fotos que geram nossos perfis, criando um self: literalmente a identidade. Esta com que nos apresentamos na grande selva do midcult reverso, pois, então cunhado pelas moedas dos estereótipos, ou, mais facilmente explicado, de uma construção ególatra. Nas vezes em que queremos algo, a foto nos representa como entrada, e outras que não nos rebaixem no realismo da vida jamais, reiteram o mesmo “profile”. A palavra mesma em seu anglicismo lembra, se dissociarmos as sílabas, uma progenitura do arquivo. Pro + file. Atenhamo-nos no pro. A favor, positivo, yang, infinito enquanto durar a sociedade que criou tudo isso... Não há contestação possível na lógica dessa questão enquanto a âncora file – arquivo – não deixar de se tornar eterno, de uma eternidade em que a variável possa nos substituir por outra classe de objetos, outro dado, outra estatística, mas sempre subsiste a lacuna dos registros do profile. Sílabas unidas assumem uma feição estática, um ponto na web, uma gotícula na nuvem, mesmo que a partir daí muitos estejam com uma infinidade que podem desandar em chuvas catastróficas enquanto influência e domínio das informações.
            No entanto, a informação não vem do caráter da produção dos perfis, mas da permissão oculta em existirmos em rede dentro dos processos intervencionistas do sistema em que nos encontramos, pois a máquina assume agora seu lugar no assento de nossa sala de jantar, na comida que comemos sem saber, nos códigos que, de per si, passam qual corrente em nossas falas e finalmente na intimidade mais crua e desnuda jamais ocorrida antes. Esse micro gigantismo já nos traça o perfil sem que o saibamos, e a comunicação vira estereótipo com a facilidade com que é induzida na mente dos humanos, com a “libertação” de termos insigths hora a hora, minuto a minuto, que por vezes só cessam depois de um coito interrompido e religado, oposto, pegado, tracionado, polar. Um comportamento bipolar talvez não feche o circuito, pois que o surto pode ser ou acontecer por uma carência de carinho, por uma ausência de conviver com os critérios – por assim dizer absurdos – das idiossincrasias e competições cruentas no modo com que se comportam as sociedades mercadológicas desta era de um contemporâneo já tardio, em meio ao fracasso humano.
            Não podemos tolerar as guerras que se travam no planeta, pois muitos como nós latino-americanos estamos distantes dessa realidade, e isso nos faz como que assistir a um jogo em que muitos jovens já não se sensibilizam com a crueldade pois jogam games de guerras similares e realistas na parafernália eletrônica e sua indústria que permite a exposição e atuação sinistra de habilidades para alimentar uma sociedade extremamente hostil a que nos estamos tornando. Essa pretensa comunicação sem erros de lazer ou produtiva em relação aos equipamentos de informática deve sofrer por censura nas exposições de violência a que as crianças são submetidas, posto a ciência da psicologia não precisar apenas de costurar remendos em frangalhos em nossas sociedades, e muitos surtos causados por determinismos sinistros poderem ser evitados. Se existe essa distante e mal aparente sinapse fluindo nos cérebros do sistema, resta pontuarmos a questão que nas veias de livros em que se fundam gerações, em que a história dos homens e mulheres que foram importantes, cada qual, seja compartida com a lucidez que se espera dos educadores e Governos que os fomentem e apoiem para que a humanidade não sofra mais com a carestia de por vezes ausentar-se da esperança em dias melhores.

domingo, 18 de junho de 2017

COMO RESISTIR A UM MUNDO HOSTIL

            A princípio, não há tranquilidade sem a paz... Não adianta ferirmos com o ferro a quem nos feriu, se toda a forma de violência gera mais e mais violência, e travestirmo-nos de falsa bondade enquanto estamos coniventes com modos por vezes inconscientemente brutais de conduta fere o princípio básico de civilização humana, ou o que entendemos o que isso pode e deve significar. A resistência pacífica é um meio de aplacarmos algum tipo de energia que colocamos invadindo o espaço do próximo, por vezes manietando, a troco de obter vantagens, o bom senso e a mantença do caráter tão necessária naqueles que por vezes estão em situação de vulnerabilidade. O mundo é hostil porque o homem e seus processos históricos quer explicar que isso é natural, e obviamente a vontade de poder leva à hostilidade da competição desmedida, da ganância sem conta e da hipocrisia que acomete as pessoas de tal modo que não sabemos mais quem é quem, a onça ou o amigo. Na verdade crua, sentimos que muitas vezes a hostilidade é inevitável, mas instar para que ela ocorra nos protestos com a veemência de gostar de enfrentamentos é no mínimo coadjuvar com a demência coletiva. A não ser em legítima defesa, toda a forma de violência é demente. Temos que saber nos proteger, isso é válido, mas usar de artifícios para se prevalecer sobre o outro, mesmo em termos de país, é sabermos que estamos dando panos demais para mangas incertas.
            Por vezes a hostilidade começa – e isso com recorrência óbvia – com o uso indevido de informações sobre algo ou alguém, quando submetidas sob a interpretação equivocada e muitas vezes prejulgada de outro algo ou alguém, subentendendo-se que estes algos podem ser frutos de veiculação de massa, postagens, fotos manipuladoras sob contextos variados, superexposição de fatos de menor relevância, ou mesmo de brutalidades mercadológicas sobre grupos mais fracos. Essa relação ou o fato de muitos se unirem para executarem suas escusas propostas de vida, com a informação como crédito por muitas vezes ilegal, demanda que a sociedade passe a fiscalizar corretamente o uso indiscriminado da invasão de privacidade, a decorrente difamação, e o uso da ofensa para tornar aquele, que está já em posição mais fragilizada, vítima da brutalidade da segregação e do preconceito. Palavras doces por vezes ofendem sobremaneira pelo modo de hipocrisia brutal quando “sabiamente” proferidas... Esses paradoxos sociais são frequentes, pois a vida em sociedade deveria ser positiva, mas a vida em uma sociedade de competição sem medida, leva a que um queira passar por cima do outro, por vezes em suas carreiras, por vezes por motivos ideológicos ou políticos, ou muitas vezes meramente por inveja a outros que levam suas vidas com a autenticidade dos bons seres humanos. Essas premissas têm que ser levadas em consideração por autoridades que saibam por experiência profissional as dificuldades sociais por que passam muitos viventes, e cabem igualmente às empresas humanizarem suas equipes. Claro que o caminho talvez fosse mais grato através de uma social democracia, em que ao menos o povo se sentisse partícipe das questões governamentais: legitimamente representado pelos seus parlamentares e chefes do Executivo.
            Em síntese, obviamente só teremos um país melhor e menos hostil se ao menos o representante de sua população venha de encontro com a escolha dela, de sua maioria, pois não há povo satisfeito quando sente que está sendo ludibriado pelo seu representante, ou é impedido de votar em quem realmente quer que esteja no Poder.

sábado, 17 de junho de 2017

MADE SELF OUT

            Uma possibilidade de conhecermos um caráter mais autêntico, por incrível que pareça, reside na humildade de um religioso, um asceta. Desde que seja uma possibilidade, este coloca em uma divindade o crédito pelas existências maravilhosas... Por vezes, construímos nosso eu com predominância de acreditarmos estarmos com consciência majorada, situando-nos como em uma posição de um tabuleiro, consentindo ao jogo. A razão não abraçaria tanto quanto de nos observarmos melhor, sabendo-nos signatários de nossas vestes, enquanto corpo material. O reflexo do que pensamos vem no pórtico imenso que a mente gera, em que em muitas razões outras vestimos a imagem ou as imagens que muitos nos colocam, sendo o corpo material – mente incluída – em última análise, o mesmo self que devemos desconstruir paulatinamente para que sejamos ao menos autênticos, sem deixar de abraçar pensamento crítico e filosófico, obviamente. A ciência espiritual é muito mais do que sequer imaginamos. Há um grande livro da Índia religiosa chamado Bhagavatam, que retrata um conhecimento milenar da civilização oriental, e para quem segue a religião o processo de re-ligare se dá com naturalidade, em uma tomada de consciência sobre a vivência de um mundo transcendental, que dê resguardo para uma perspectiva que vai além do fracasso dos homens sobre este planeta. Sempre podemos explicar o porquê ou as causas do fracasso humano, mas havemos muito a questionar sobre coisas que são básicas para que nos aprofundemos em certas questões, mesmo que estas digam respeito à Natureza Material. Um misto de matéria e espírito nos une, e a questão é sabermos que essencialmente temos diversos corpos que vão mudando conforme nossa existência, desde bebês, adultos, até a nossa velhice. No entanto, o espírito é sempre o mesmo, e a nossa identidade mais verdadeira é a espiritual, o que nos anima e dá vida ao nosso corpo. Essa identidade florescerá cada vez mais quando usarmos da inteligência no comando da nossa mente, e esta no comando de nossos sentidos – estes quais cavalos inquietos – para trilharmos a vereda que nos coloque em contato com a realidade mais plena. Sermos inteligentes é termos esse nível de consciência: que somos atma – espírito – e não matéria. Obviamente cada qual possui seu próprio processo existencial, e não é fácil desenredar a ilusão que abarca praticamente toda a nossa realidade perceptível, e os sentidos nos arrastam para questões materiais de importância capital, como a carestia, as profissões que nos envolvem diuturnamente, e a recorrente falta de tempo no mundo contemporâneo para que possamos parar e pensar um pouco a respeito. No mais das vezes, queremos esquecer a semana de duro trabalho saindo e nos divertindo para compensar nossos sacrifícios de jornadas tão exaustivas e pressões diárias a que são submetidas as populações do planeta. A meta é situarmo-nos na plataforma material de desapego e austeridades que nos ajudarão a singrar o oceano da Natureza Material com mais serenidade e competência, fazendo de nossa missão o cotidiano de nosso caminho nos valores da espiritualidade.
            Quando nos envolvemos nas questões de transformação da matéria, sendo engenheiros, cientistas, ou mesmo trabalhadores em diversas outras ocupações, temos a impressão de que somos os controladores, mas na verdade não há sequer uma máquina que não tenha um controlador que ao menos aperte o botão para que funcione. Esse controlador pode ser efetivamente um ser humano, mas quem controla esse ser é algo superior, uma força superior. Efetivamente, por vezes estamos à mercê de um gerente ou diretor ou chefe que nos diz o que fazer, como trabalhar, como nos portar, a educação como um todo, mas não é a realidade de que alguém ou o nosso “superior” tenha controle sobre nós, pois isso é ilusão, já que em um dia um grande empresário, por exemplo, pode estar comandando milhares de pessoas, e no outro pode estar na miséria. Como na vida política o poder é extremamente relativo, e as leis criadas pelos homens acabam virando falácia no jogo de interesses que ocorre com a frequência do mesmo rotor que devemos relativizar, pois que realmente manda é a consciência de cada qual: sempre a primeira, de Deus, e a segunda, da Natureza Material, e por fim como decorrência – quando justa – a consciência que emana das leis da sociedade.
            Sermos seres pensantes, críticos, sempre nos ajudam a questionar a natureza do Universo, das coisas manifestas, do que se manifestará, e do nada em si. Afora isso, outras inúmeras questões que participam cada qual de uma face do mundo em que vivemos, as questões ilusórias das fronteiras, as culturas diversas, e a razão suprema de não podermos exigir que cada qual pense conforme um padrão, pois a diversidade manda a que cada qual possua o seu próprio nicho existencial, mas há um pensamento coletivizado e comum a todos que se refere aos direitos humanos essenciais, que são simplesmente o desejo que a humanidade esteja melhor situada e, portanto, em uma relação mais próxima e coerente com a justiça social. Se crermos com uma fé agigantada e de luz que todos tem direito às suas crenças, à liberdade de gênero, à uma real manifestação da liberdade da imprensa – e não esta controlada por grandes monopólios –, a uma política realmente democrática, e não centralizadora e corrupta, e etc, estas são as veias por que passa um fluxo de uma sociedade em que os homens podem discutir seus casos. No entanto, para que se compreenda a Natureza Material, há que se levar em conta a mesma preservação de seus mananciais, dos questionamentos a respeito de energias limpas, de uma posição consolidada nos países sobre o cessar da poluição, sobre a contestação a respeito da matança das vacas, porcos e aves, sobre a despoluição progressiva e tantas questões recorrentes que, se não forem levadas a termo, assistiremos apenas a consolidação de uma Era de Ferro já descrita nos Shastras se revelando ano a ano. A humanidade ainda possui tempo para ter esperança... Pois, que a tenhamos justamente na construção de uma consciência que nos revele o nosso estado espiritual adormecido pelas garras da energia ilusória de Maya, e que sejamos fortes o suficientes para manter em atividade nossos atos no caminho da bondade e da não violência, pois cada vaso com terra é suficiente para compreendermos o milagre da vida...  

sexta-feira, 16 de junho de 2017

NATUREZA E SIGNIFICADOS

            A uma simples busca em uma praia, que seja, em um mar qualquer, do continente, um riacho a céu aberto, uma simples chuva, e descobrimos os mistérios das águas. Por se descobrir não há de tanto, pois os mistérios de Krsna são tantos que a mais leve gota de orvalho em si é um outro Universo. Essa potência da Criação verte de sabermos olhar, pois se olharmos a Natureza como mera provedora de riquezas estamos a colocando em função dos homens, e se passa exatamente o oposto, e por isso estamos sofrendo por nossos erros imputados pela criminalidade ambiental, que A destrói e ao homem, a este mais do que àquela... Nossa percepção é tão diminuta frente à própria Natureza Material que queremos que ela se disponha a nos servir com nossos olhos míopes á frente da gerada ignorância em como nos portarmos perante esse fato, aliás, incontestável. Criamos nossas leis, queremos cada vez mais com a nossa nada humilde ganância, para termos nosso lugar dentro de nossa riqueza acumulada, talvez em paraísos restantes, ou em países quiçá – pensamos –  melhores, mas é essa ganância que deveria trazer um escalpelo da integridade para mostrar o que estamos fazendo dos nervos da humanidade, apontando caminhos tortos e tenebrosos para esta, quando destruímos os alicerces sociais, não permitindo que se faça algo ao menos sustentável: o mínimo, em nossa situação atual.
            Absolutamente, não somos a única espécie de vida no mundo, e os homens não assassinam apenas os da mesma espécie, mas industrializam a matança de outras, tornando o planeta uma energia inapropriada, de regresso, pois o fato deste novo mundo que se avizinha é sabermos da realidade espiritual, de seus contextos e da necessidade premente e emergencial de lutarmos para ampliar a consciência de todos a que não cometam guerras por essas questões de religião, e obviamente, por uma paz em todas as frentes de ação e diplomacia. Há que se propor que ateus e espiritualistas convivam em harmonia, dentro das idiossincrasias particulares e de ideologias com seus diálogos mais abertos, pois uma nação se faz com todos, e não com glebas ou tribos que se matam uns aos outros, pois isso não passa de barbárie, e é nesse sentido que, se houver um bom império, ou que se imperem ideias, melhor dizendo, estas devem colocar a questão da democracia plena, com a discussão premente da Natureza como reserva fundamental para a sobrevivência da espécie. Por aí vai a discussão de um trabalho mais justo em seus ganhos, de uma saúde que atenda a todos bem, e de uma educação que ensine não apenas a ciência material, como a espiritual e as artes como um todo. A não violência tem que se tornar o ponto chave das conquistas da sociedade, pois não há mais lugar para que algum vivente queira saciar seu espaço sobre o mesmo do próximo. A questão é o espaço de respeito, o cavalheirismo, no tanto de se compreender que o diálogo deva estar presente nas mais difíceis contendas, pois o stress da sociedade contemporânea, com seus estigmas crônicos e preconceitos arraigados não está deixando desenvolvermos as faculdades humanas que devem ser inatas, e não a covardia e a brutalidade entre os homens. O famoso sapiens está obcecado com as conquistas tecnológicas sem perceber a mesma brutalidade que estas estão gerando no seu viés de competição inglória, desmedida, na mesma dose em que ser artista passa a ser subversão existencial, ou melhor dizendo dentro do padrão behaviorístico, comportamental. Nas vezes em que nos agrupamos parece que criamos coragem para insuflar ódios, manipular massas, dentro de modais impotentes na relação que deveria existir em reais conscientizações dos que não possuem muito tempo para tal, mas que por muitas vezes possuem mais luzes do que pretensas lideranças. O gesto fala, não há mais como abandonar a práxis do gesto, e o teatro do incauto não manda no teatro do real, posto tamanha a necessidade de um realismo crítico na estética de vanguarda hoje em dia, a espelhar um autor como Camus, ou outros, existencialistas, que ainda hoje podem revigorar os padrões das “inteligências” obsoletas, que fazem apenas o discurso do método arcaico das antigas máquinas de tear da suposta revolução industrial de um século de 200 para trás.
            O desmonte de uma pretensa esperança de fazer valer um discurso que se diz progressista é apenas a constatação de que todos os líderes “capazes” da esquerda já estão caindo há bom tempo, em se relativizar um ano ou quatro, desde os primeiros processos, quanto na mesma relação do tempo atual resguarda muito mais fluxo de informações do que a memória histórica possa suportar, com as veias silenciosas do “imaginar” preenchendo os vácuos históricos, sobrando as grandes mídias como antigos microfilmes de registros, e apagando do que nos tornamos: uma linha de tempo, irrisórios falsetes de protestos. Isso abre um tremendo espaço para que se agigante uma sociedade cada vez mais totalitária, sem face, sem nome, plutocrática, a serviço da força maior do que outra, uma foice contra um canivete emperrado, infelizmente.
            Enquanto não relativizarmos o conhecimento e tivermos medo de uma linguagem mais aprofundada dessas questões, não encontraremos nem mais a relação de postura com as referências cabais da existência e acompanharemos diversas éticas caindo, e recriando-se outras bastante discutíveis, cada qual em sua bolha integrada, mesmo sabendo que na América Latina nunca a integração se dará, a não ser no esperado isolamento das fronteiras e as sedes de atuação dentro deste nosso precário mas “instigante” mercado.
            Esperemos por uma primavera latino-americana, sem os grilhões que apertam cada vez mais as nossas nações e suas questões de independência efetiva, pois o mundo globalizado está apenas acentuando a barbárie e trazendo ao Ocidente os erros das agressões que foram paulatinamente aplicadas contra povos que estavam, por sua vez, em sua própria primavera e viram o monstro aparecer com os seus canhões... A clara evidência de que o povo palestino cada vez mais é massacrado por Israel em um apartheid brutal é uma face de estranhas parcerias público-privadas. É por esse modal que devemos pensar nos que hoje sofrem como verdadeiros holocaustos nunca vistos e sem tréguas, remontando já várias décadas que esperemos que aqueles povos que já sofreram as carestias da guerra saibam se portar diante do mundo e não repetir as sanhas plutocráticas e segregacionistas que o passado do século vinte tão “bem” nos revelou. O mal está no ato, no primeiro ferro, na primeira ferida. Na falta do perdão de Cristo que, revelado e aceite, mostrará ao mundo como ainda podemos resgatar a salvação... Esta tem de vir, senão de todos, da maioria.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

O ESFORÇO DO PAPEL

O papel tange o nada, pois é tangido a ser o que nunca fora
De tantos e tantos quilates que a humanidade o devora fera
No modo mais ancião do que nunca ela mesma imaginou...

O papel fera fora, o que veio, veio na surdina do jamais sabermos
Se o que está fosse papel, mas simples alimento de um chip no pistão.

Os poetas ensaiam a publicação, os homens não a publicam nos jornais
E os que são impressos saem a se dizer escribas dos velhos processos,
Enquanto o que mais não está não se compreende na cavalar situação.

A forma é veio, é substância, de um carinho ausente de mulher na vitória
E de um torpor incandescido de outras nas derrotas de não se ver viva alma!

Negro é o poeta, um poeta branco de medo de não ser o que deveria
Quanto que à revelia muitos não se mostram mais na grande e turva salada
Em que nos metemos ao grande banquete ainda morno das decepções...

O papel se esforça, pois que nele não seja o vernáculo de toda a gente
Posto não nos entreguemos a sermos meros papeis de bancos de dados
Que não são lançados, pois estão fixos nas algibeiras dos falsos profetas.

Do branco do papel que não nos ressintamos, pois ainda há um lume pleno
De tantas as vozes que se escutam nos caminhos de uma normalidade aceite
Em que não confundam vozes com o esquizofrênico sintoma do mundo atual.

Das veias que nos dizem, posto artistas, seremos melhores antenas de todas
Àquelas todas que tentam por fazer da arte matéria enferma, ou quaisquer cios
Que agora demandam primaveras tardias no coração de muitos que não se amam...

Sentimos a dor no peito de vermos agora um país que nega os seus poetas,
Que deixam o vermífugo silencioso adular a própria e molusca mídia alta e baixa
Nos que nos estudamos em baixo e por cima nos jogam chumbo de cultura inútil
Quando quanto o melhor a fazermos é prosseguir lutando contra a hostil cidade
Que ponteia seus míseros canais de pontos às avessas na grande barca ilusória!

A grande luta é a dos massacrados por tentar sobreviver se expressando
Nas vertentes algo famélicas e desesperadas por ao menos conseguir 11 mãos
De signos curtidos na salada grega do que nos tornamos sendo escravos dos dígitos.

Saber que não será neste século que ganharemos o pão por merecimento de afago
Nos arredios melindres da falsa fama, no que saibamos torcer para que o mundo
Não esteja caindo mais do que já caiu, pois se salvam apenas os devotos mais caídos...

segunda-feira, 12 de junho de 2017

UM PERFIL OU OUTRO

            Seremos os mesmos todo o tempo, ou será que o que anunciamos tem em nós mesmos as regras de mercado? Como uma gôndola em uma loja, havemos de tecer considerações de que seríamos mais uma embalagem em promoção: produzida, rotulada e colocada à disposição para enfrentarmos diante da prateleira mais acessível e portanto mais cara os rivais da concorrência. A situação é tão simples e o estoque nos multiplica, isso em apenas um supermercado. Sucedam-se perfis, que a ocasião é farta, mas poucos por vezes querem nos comprar. No entanto, há intenções que conduzem à venda, mas quiçá isso nos tire o foco do que tratamos, apenas um perfil. Não sempre que se trate de uma mercadologia, mas a criação de um bom perfil acaba virando algo científico, calculado, enquanto que há poucos – sem reserva – sinceros. As fotos são essenciais, no que dizemos da imagem que muitos creem ser A imagem. Talvez algo de um caráter palpável, condizente, no entanto formada por pixels e suas resoluções limitantes, como no cinema os antigos grãos sensíveis à luz definiam muito melhor as películas ampliadas no foco do projetor, sobre a grande tela.
            Temos um jornal, para citar um exemplo da colocação de outros perfis. Este exibe sempre os seus anúncios em páginas chave, para que sejam lucrados o que há de ter lucro; a leitura, como um fluxo em que a diagramação o reveste de um design apropriado, acentua o entendimento e o funcionamento do comunicar algo a alguém, mesmo que esse algo não seja parcial, e o alguém na via rara seja sincero. Em um outro exemplo a televisão também se apresenta com grandes novidades, e os nossos perfis já começam a entrar em seu modal. Nem sempre com o rebatimento econômico, mas com um grafismo animado que beira o surreal dentro de uma hiper-realidade. A imaginação traça roteiros aleatórios, onde o texto passa a ser de outro nível, mais facilitado, e a exposição de filmes realmente de arte sejam sempre mais invisíveis, não apenas na frequência, como na percepção e compreensão da mesma arte, em um desencaixe de perfil que se porta mais passivo com a verdade que vê, com os games que joga, com a ignorância ao revés. Os recursos em excesso passam a confundir o que cremos ser Verdade, daquilo que na verdade é por vezes um grande palco ilusório. 

AS CIDADES E O MAR

Segue o ônibus qual barco atônito em uma ilha de gentes
Em que tanto do que seria o mar, se transuda em cidade
Na cidade alta, na baixa, o comércio, as veias, o suor...

Qual não fosse um encontro programado em uma rede
De se confiar apenas, e que os impulsos da eletrônica
Mostrassem os dias sobrepostos na grande linha do tempo!

De se encontrar a um, a que se some a outro apenas a posição
No arredio transporte de uma leva de gente que desembarca
De outro navio, quem sabe mais o que, apenas mais uma escuna.

As cidades que não veem o mar estão distante dos horizontes
Mas que estes circunscrevem o mistério das latitudes quanto
De sabermos que não é apenas o abraço frágil que nos torna chão.

Pisar as passadas longas seria o mesmo que atravessar um oceano
Por vezes sem dispor de bússolas e estrelas, mas que o motor
Prossegue frente a outras vagas que nos estreitam um pouco a fé.

Os dados acabam por virar em um jogo inexistente ao balanço
Que refaz o próprio tempo de querermos que este seja mais curto
Quando de curtir não sucede à frente irrisória do se capitanear.

Na sétima estrofe a poesia sente o navio em marés mais mansas
Chegando a uma cidade no mesmo ônibus que passa em um bairro
Em que hereditários reflexos nos vestem por vezes que estamos em terra.

A moeda não se encontra no sorriso largo de um pescador sem mar
Quanto de seu novo trabalho, de mesmo sorriso sem sorrir
Ao que se representa que um trabalhador do comércio esteja feliz.

E a embriaguez noturna nos traz o recado que há guerreiros dormindo
Ou quase, quando estão em demandas tais, pelas tantas horas
Em que não soçobrem casas posto o leito ser território sagrado...

Nada há de uma antiga lógica dentro de um pensar diamantino
Posto a vida ser muito do mar e seus seres, igualmente das cidades
Que são igualmente humanas quando percebem a latitude dos pombos.

Quanto de forja cria o amálgama de um existência pétrea em nossos braços
No mar que tempera o aço, no barco que corta pela proa, ou mesmo
Na cidade em que encontramos a ternura inequívoca de todo um povo...

Seria talvez uma resposta consonante termos um olhar mais acurado
A que não nos distanciemos igualmente das montanhas que seguem sós
Na profusão de suas companhias de selva com sua monumental Natureza!

Bastaria que soubéssemos pontuar um diálogo algo mais sincero em voz
Altiva a que disséssemos muito da verdade que encobrimos nos jogos
Em que a ciência não possua a memória ainda para contar as areias.

O retalho de uma imensidão é olhar de modo roto, de modo motor
Ao que não se verse que não seja, mas apenas preservar a autenticidade
Daqueles que olham como querem, assim, de uma profundidade serena...

domingo, 11 de junho de 2017

UM ENCONTRO COM A VIDA

            Nada era tão suficiente para qualquer vivente, não fosse um tempo incerto, do que apenas deixar-se viver... As gramáticas da ilusão posto quase evidentes, e suas estruturas dúbias nos pregam peças, no que éramos antes, tanto ao sermos um pouco distintos agora. Nesse sentido: as vertentes das palavras que por vezes não dizíamos em outros tempos, daquilo a que não tecíamos críticas, qual não fossem as mesmas em outras roupagens, mas que a dimensão do universo das palavras nos permita outros horizontes. A ponto de deslocarmos nossa compreensão do estofo em si, por tentarmos sermos menos rotos no significado, mas colocarmos certas questões de modo mais evidente. Esse encontro tão surpreendente que nos faz pensarmos mais sobre uma totalidade que não se fecha em nosso parecer mais essencial, mas que na verdade por vezes se retrai nas vias em que tentamos fazer sobreviver o nosso pensamento mais autêntico e livre de amarras. A questão da liberdade será na verdade algo a nos lidarmos com a própria vida, e um encontro que se faz necessário para que não tomemos o gosto pela farsa com que nos colocam essa por vezes duvidosa palavra, que abraça um significado, tão parecido com outra: a independência!
            Ao menos saibamos que certos viventes bem “inteligentes” trabalham em sinistras entrelinhas, no que dista a classe trabalhadora formal, a que a informal algo participa, e em que agências no mais das vezes externas atuam dentro do território nacional. A forma dessa inteligência sem nome, ou assumidas, como as agências dos países ricos, por exemplo, em se tratando de Brasil, é de uma plêiade de gabaritados profissionais em diversas áreas, sendo que por aqui chegam a derrubar presidentes. Como destrinchar seu modo de ação? Efetivamente é meio complicado, mas pontua na sua vertente em fazer com que países que creem serem os seus quintais não possuam a educação que merecem historicamente, posto apenas um direito que deve ser fundamental. Essa questão fundamentada na experiência de que o desenvolvimento das nações que se tornaram autônomas não discerne do que seja o tipo de sistema envolvido nessa premissa única e salutar, pois os países mais ricos completaram seus processos civilizatórios, encontrando saídas melhores dentro de um pressuposto nacionalista, ou seja, que protegesse a vida de seus cidadãos, no sentido de promover melhores condições a toda a coletividade. Surge dessa conformação o fato de sermos quem somos, enquanto Brasil, e nunca deixaremos de ser patriotas, naquele mesmo sentido em que devamos pensar na velha questão de que quem ganha com um Governo que atenda à sua população como um todo. Que erradica a miséria, que fomenta a participação e a voz ativa daqueles mais vulneráveis, que respeita a vida de cada qual, que pensa no progresso e nas empresas estatais como proteção econômica. Este sim seria um bom Governo... As questões do óbvio do óbvio!
            Não se pode datar o realismo, mas que fosse um pouco necessário, convenhamos, para elucidar algo da cultura, mostrar um sonho possível. A crítica de um real imaginário não dispõe de consonância lógica, posto a imaginação está sendo a palavra de ordem e, baseando-se na realidade para espelharmos o nosso próprio mundo, esse estranho fazer a arte está na ausência atualmente em nossas artes. O indigenista quase não aparece mais no cenário brasileiro, e homens como Darci Ribeiro e Leonel de Moura Brizola fazem uma tremenda falta. Estamos emperrando o processo de nossa própria aculturação, quando pensamos que agimos melhor na colcha de retalhos das redes sociais, trabalhando na superficialidade linear, sem a sinceridade de errarmos no conteúdo para acertarmos mais adiante, pois a dialética do costume tece a mesma indústria cultural, quando não vemos a quem servimos. Essa diluição se processa no fato daqueles que não estão inseridos na rede não possam participar das ruas em consubstancial, quando sofrem a pressão rebarbativa de outros rivais, quais não sejam os agentes externos que combatem a inteligência nossa, brasileira, quando, convenhamos, temos mais os pés fincados no que realmente ocorre no cenário nacional. Essa assertiva não chega a ser de protesta, mas o fato em si, para aqueles que estão meio que perdidos, quando não se sentem obrigados de participar sistemicamente desse falso encantamento coletivizado, muito aquém de uma coletivização em progresso: a partir disto, pensarmos apenas em um país melhor, sem pobreza. Uma rede social pode ser um passeio em uma rua, uma caminhada longa não necessariamente em trilha, uma conversa informal mano a mano, a compreensão desassossegada de uma realidade que se nos apresente. Apenas isso. A rede social é algo mais do que a NET. Dentro da semeadura do bom livro de papel está a fase necessária, a aproximação com os caracteres de impressão, a necessária compreensão que quando escrevemos estamos em um meio, mas seria melhor que o fizéssemos vivenciando melhor o que nos querem fazer crer que seja a hostilidade, as ruas, o entorno, saber ver a nossa arquitetura, os nossos parques, a faculdade de uma vida pedestre, em suma, se achamos hostil, que preferiremos um Governo que torne o povo satisfeito com suas oportunidades e conquistas, com a diversidade de seu caráter, a fim de sempre nos encontrarmos com a vida, uma que temos por aqui, amigos e amigas de sacrifício, pois sim, não é sempre fácil encontrarmos justiça, quando sabemos que na ética esta mesma está em dificuldades de se igualar com o bom senso da balança. Será possível que aquela esteja conseguindo ver quais são os pesos e as medidas? Apenas isso, não silenciem as esperanças...

sexta-feira, 9 de junho de 2017

UMA ESCALA

O modo seria o mesmo do Frígio ou Jônico
No que quiséssemos aparentar algo parecido...

Seríamos melhores ao sabermos o Latim, o Grego,
A filosofia de tantos e tantos, a culminar no Sânscrito!

A escala cresce com o vento, suas folhas brilham ao sol
Em esperança de vermos o tempo na proa de um barco imenso...

Mas não, os agudos retraem a vibração baixa
E ressona o gato mais um ronco de pequena fera.

Assim, livre, que o sejamos, no verso nono da outra escala
Em que voamos por sobre uma rocha que não vê o por do sol jamais!

OS RETRATOS DE PAPÉIS TROCADOS

            Começar uma história parece representar um teatro com palavras, um episódio que poderia ser infinito, como é a semântica da criação ao nos aproximarmos, através da arte, da vertente e manufatura dos conhecimentos humanos, sem esquecer que não estamos sozinhos na empreitada... A cada ofício esquecido, possuímos a memória ancestral – quando de raízes – ou mesmo as técnicas que muitos creem obsoletas e que originaram outras: contemporâneas e do que ainda há por vir. Se muitos preferem viver em meio à sombra de fontes que acreditam prosaicas, ignoram que é dessa força de relermos os nossos erros e acertos diante da História que virá o processo de mudanças realmente urgentes nas humanidades, e não através da técnica pela técnica, vertical, aplicada quando muito em poucos arremedos criativos, mas que seja, sejamos um século de luzes, ou ao menos tentemos. Obviamente o Brasil é o grande país do planeta, com suas riquezas inesgotáveis, ao menos por enquanto. Mas a frase quebra, perde-se, encontra outro significado, um embate, em que as classes da burguesia ainda se encontram com mais conforto, mas com igual sensibilidade de caráter, no que este infelizmente nunca é sempre bom, vai da escolha pessoal, e muitos há que se metem em apuros. Os papéis não se trocaram, são os mesmos retratos quiçá, mas não se entendem muitos, em todas as frentes, e tornar a luta algo muito desigual é manter a renitente separação entre os servidores e o serviço. Não devemos jogar a vida entre naipes que se escondem em mãos que nem conhecemos, pois no blefe não está o montante, o valor. Este se encontra em superfícies e nas profundezas de nossos solos, e não adianta invertermos os papéis e ficarmos admirando nossos retratos como um selfie produzido a cada dia, como um ego construído e mal costurado com os anteriores a cada hora, a cada minuto, em que a validade dos nossos afetos se alicerça cada vez mais no serviço, e tornamo-nos servidores encaixados cada qual em sua geração e memória, desconstruindo a relação que deveria ser inequívoca com as outras.
            A vida pede passagem, e portanto gostaríamos de vê-la desfilar incólume dentro de nossas existências para que se veja o que fomos e o que somos. Aí sim, com essas duas prerrogativas seremos algo, sem semear muito, com carinho, pois a terra necessita desse afeto desgastado. A busca insana a degrada, e nós com ela. Falta espaço em uma imagem digital, e nossas mãos digitando tornam-se garrinhas quando não ouvimos nossos dedos, ou ao menos queiramos que nosso esforço valha a pena, esta, que imputamos a nós mesmos e ao consorte máximo até mesmo de nossas crianças: o gadget, o display, a conformidade dos impulsos, estímulos, respostas, feedback, insight, ou seja lá o que descobrem na mesma plataforma que varia em intensidade a cada ano, a cada mês ou dia. Quisera falarmos de papéis genuínos, de obras primas do cinema, ou melhor, a que a população em geral tivesse amplo acesso à arte. Quem dera, mas nos fechamos em copas e deixamos rolar a gravidade insana dos tijolos culturais que nos causam apenas acréscimos de uma indústria rota. Esse mesmo perfil que deixamos ao relento de nossos propósitos, fazendo com que a cultura de escol seja aquela em que deixamos aos grandes estúdios a produção internacional, em que a nossa literatura, artes, cinema, intelectualidade tornem-se ostracismo... E a fama, uma mesmice sem caráter de produção autêntica, esta em que pudesse verter a realidade de nossos países e nossos berços, em que o povo possa participar dos meios dessa produção, em que se democratizem esses meios, em que os papéis não fossem trocados, pois a maioria da população urge por se expressar, jamais deve ficar apenas no trabalho, ou a serviço de uma hierarquia patronal, ausente de sua participação nos anseios da comunidade a que pertença. Essa função já seria algo mais próximo, quando da participação ativa, mas que esta seja debatida em sociedade e, em termos de cidades, que se crie o fomento a que cresça essa participação em todos os planos: urbanismo, segurança, arte, trabalho, lazer, saneamento, entre inúmeros pontos necessários à mesma participação popular autêntica.
            Fazermos deste país um lugar melhor é termos uma educação de qualidade, democrática, participativa, crítica, com arte, com literatura, história, matemática, etc, sem nunca nos esquecermos que um país parte de sua mesma e pontuada história, e é essa mesma história que mostra aos alunos a vontade de mudar as coisas, de revolucionar a vida, pois não é apenas a tecnologia a mãe desses processos de civilização, mas justamente as lutas necessárias e inevitáveis quanto de mudança a se propor forem, nos esteios e estruturas já arcaicas e regressivas que teimam em trazer mais e mais atrasos para o solo pátrio. Essas questões devem ser discutidas e viralizadas, para citar um neologismo referente na participação ainda que incipiente dos meios digitais, para criarmos uma massa crítica e vencermos o padrão de sermos manobrados por outros, estranhos a todo esse processo.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

FRAUDE E PARADOXO

            Parece que ninguém escapa, caro amigo do sem nome. Mas a questão do nome há, sempre há. Começamos bem o nosso diálogo, pois saiba que estranho paradoxo eu me vejo em seus troncos quando percebo que nossas vidas de algum jeito estão unidas, coesas, paradoxalmente harmônicas. Aí você me diz: - que eu possa ser ladrão, mas você é louco! Respondo visceralmente para o nada que foram 30 belos anos acompanhados de uma musa muito louca realmente, que me pôs a ferros e fogos, tantos dissabores, meu neném do sem nome, que até certo ponto cresci o suficiente. Pois que me diga que a loucura não tem retorno, e redigo que tem, mas que não seja o teu eterno. Parei, meu caro amigo sem nome, e não citarei mais o paradoxo como esteio de minha razão... Talvez não conheça Sartre, mas o homem não brincava com as palavras, brincando com o verbo, quiçá, apenas. Não digo que não me aparvalhe a consciência, mas passo a te chamar de fraude, um nome no entanto que lhe retiro, pois senão continue sendo o sem nome. O nome de muitos já é a fraude, se encerram dentro de letras circunstanciais que nada significam, apenas imputam a si mesmos a pecha do que não está bem correto. Tirante meus trinta anos de luta comigo mesmo para me manter de pé, saiba que minhas pernas te ouvem com a profusão do nenhum significado, que não seja saber que estejas numa outra achando que está dentro de algo, de algo, de ego. Aí algum semântico deveria me conduzir a abrir ao menos outro parágrafo, mas prossigo nesta vênia com um sentido meio europeu de exercitar um caminho bem mais longo e, no entanto agora, mais preciso. Não precisaria que uma mulher me encontrasse meio morto e embriagado em minha casa, pois a mesma casa onde moro é ampla como uma ideia, e portar-se nela jamais me colocaria por isso em um hospital, posto a psiquiatria foi o maior ancoradouro para barcos agora mais diurnos, e os faróis nas outras escalas existenciais.
            Quando se fala na fraude pensa-se em sua aceitação por alguém, e não precisamos superlativar, posto falarmos suficientemente do indivíduo. Mas, meu amigo, surge aquela nas melhores famílias, quiçá talvez até mesmo por básicos instintos, e o paradoxo surge como fera esfaimada na boca de quem soletra nomes que não existem, ou fatos que não pertençam, ou forças que são covardes. Nesse estranho leito com dossel franjado de cetim imundo e perfumado vê-se que de manhã bem cedinho há estranhas visitas, e, no entanto, justas. As fraudes continuam a dispor da riqueza como entende que deva a sistemática frente do ocaso que teima em nublar a mesma justa. Pois é de saber que a fraude possui um nome, meu caro, já citado há onze palavras atrás, e que por diante, o atrás fica paradoxalmente na frente. Isso é resultado de loucura? Existe algo de demência no ar? Sabe você do que pensa um enfermo, ou um cidadão que tece jornada de 24 horas para uma hemodiálise, e ainda não fica louco quando sabe que uns curam o resfriado no Albert Einstein? No heliporto a passagem garantida. Triste, fiquemos um pouco tristes, pois a tristeza é um sentimento nobre, triste por muitos, porque muitos estão tristes. Mas que a tristeza passa, é ordem de um destino, e quem sabe da questão das fraudes sabe igualmente que enfrentar um paradoxo é algo inexistente, já que a vida, meu caro senhor sem nome, é vida vivida, não se treina, não se joga, apenas dela vivemos no bom senso, mesmo dentro de uma carestia imposta pelos canalhas e, portanto, fria como um látego de lata.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

MISSÕES INDISCRETAS

          Por mais que sejamos perscrutadores de nossas condições, por mais que estejamos em um planejamento sobre o que faremos nos dias que se seguem, as mesmas condições nos fazem rolar a grande pedra de todos os dias para que saiamos incólumes de nossas dúvidas. Mas estas são recriadas, reeditadas, e aquilo que vemos na grande mídia, ou mesmo as notícias do exterior ao nosso país passam a nos trazer a incerteza. Muitos derivam para o álcool e outras substâncias, há aqueles que se acham inseridos no contexto dessa economia competitiva aos extremos da brutalidade, há inclusive os que se assumem egoístas por convicção… E apenas um tipo de tolerância passa a existir: a comportamental, em sua maior parte das vezes, pois que nos pegamos tendo que usar barbas com desenhos, ou a moda da falsa rebeldia, posto sermos de esquerda ou direita vira uma questão de guerra e não mais o debate social, ou um combate saudável pontuado pelo diálogo. Nas vertentes que segregam o diálogo, que nos colocam no silêncio algo imposto pelas ruas, a intolerância recrudesce, e os extremismos seguem para as suas pontas de afastamento, e a desunião de uma nação e seu povo faz com que a vulnerabilidade de nossas instituições cada vez mais permitam a interveniência estrangeira em seus piores modais invasivos. Tornamo-nos um país com a falta crescente de identidade cultural para nos inserirmos pela porta serviçal no mundo globalizado, efetivamente assumindo a postura do terceiro mundo. É com esse panorama que nunca devemos negar que as agências internacionais passem a agir no Brasil com muito mais liberdade do que se tivéramos uma nação mais nacionalista, que ao menos restringisse ao nosso território as questões cruciais ao nosso desenvolvimento pátrio. Justo, passamos a não ser nossa pátria, passamos a entregar nossas riquezas, a dilapidar nosso patrimônio em estranhas e calculadas jurisprudências de outras ordens, no escuso operar-se. Fomenta-se como capital intelectual as organizações criminosas, em todos os setores, em todas as camadas, nas empresas, nas instituições, na sabotagem de mercadorias.
          Devemos sempre ter em conta que aqueles que primam por uma democracia sólida já sabem o que isso significa, e que nosso país já está em uma grande falta com relação a isso, e não será nenhum processo investigativo que mostra o fato, pois as vértebras dessa realidade já estão expostas. Os fatos sejam contados, outras investigações procedem, mas estamos já à margem de nosso construir histórico. Faltamos com a própria realidade de se portar bem perante a lei de fato, e a urgência em remediarmos nossas faltas é o que nos moveria em tese a um país mais progressista, mais nacionalista, que protegesse nossos patrimônios e que mantivesse suas estruturas produtivas estatais intactas para reverter a riqueza de seu modo operacional para o povo brasileiro. Isso apenas seria a grande tese para conseguirmos sair do paradoxo enquanto nação, cada vez com sua identidade nacional mais destroçada, onde um cidadão não é mais patriota, sentindo atração cada vez maior por atos fora da ordem, ilícitos. Essa é a grande questão da maturidade que deve montar guarda em nosso país, pois não somos crianças brincando de travessuras para comprar coleções de carro ou iates, ou para as offshores que foram tão frequentes no que se chamou – com provas contundentes – de privataria tucana. A história se apaga, o viés da balança pende viciado pelos dados do acaso da imposição, de um lado apenas. Lideranças são excluídas, arquivos são engavetados, e a memória dos fatos passa a construir-se sob a moeda de uma face.
          Tão logo se saiba como sanear uma cidade, que é necessário fazê-lo com TODAS as residências, e que TODOS tem direito a uma propriedade, mesmo porque é necessário construir todo o sistema hidráulico de esgotamento e fornecimento de água, e será simples sabermos que sanear as finanças de um país não pode passar pelo paraíso fiscal de seus bancos e corporações multinacionais, sem que o Brasil ganhe muito mais do que perca. Não podemos deixar vazando um rio de águas estagnadas a céu aberto em uma favela, mesmo porque não podemos permitir que se avancem áreas de extrema pobreza, em todo um sistema trabalhista posto em xeque em virtude dos caprichos de um governo interino por imposição. A crítica deve ser vista como algo não necessariamente extremo, mas que não deve relutar em que a questão do nosso guarnecimento enquanto país passa pelo socialismo. Não se vive mais em castelos e os sistemas de segurança já não podem mais com as pressões por que passa, inclusive, aquele que possui um pouco mais. Se não houver ainda a possibilidade de chegarmos a um socialismo conforme, que ao menos se distribua melhor a riqueza, que não se tire dos movimentos sociais a grande missão a que se pretendem. Que não venham aqueles com missões outras e indiscretas de quererem vendem a intenção dos que almejam um país melhor. Esses estranhos seres com seus propósitos de entregar o país ao oposto do que deva se pretender para que nos desenvolvamos. Se é de máquinas, que as tenhamos as nossas, próprias, pois o brasileiro já é inteligente o suficiente para saber o que é melhor para si, em se tratando do que possuímos, e esse engrandecimento da nação vem a ser a prerrogativa básica de termos condições plenas para isso.
          Toda uma questão, companheiros de luta, toda ela é sanearmos no que há de se propor ao país. As forças que nos devem levar adiante devem estar consonantes com uma democracia participativa, onde as comunidades de base permaneçam juntas como uma diretriz única e conforme, arregimentando novas fronteiras do conhecimento, sem estagnar-se em quaisquer doutrinas, em um movimento ascendente nas propostas e na prática. Essa luta deve ser constante e árdua, com muita disciplina, método e ousadia, em um processo de criação sem fronteiras nas vertentes do pensamento de nossas frentes de atuação. Se uma das peças fraquejar, deve ser azeitada no sentido de fazer girar todo o motor, pois não seremos nada sem harmonia, sem a frequência e sem o trabalho conjunto e continuado. À medida que sentimos na régua que passamos além do negativo, se construímos um ponto ou dois, que seja, já possuímos resultado que não deve fenecer e deve ser regado com boa água, como quando sabemos que a temos para beber em circunstâncias de seca.
          Se outros não mostram suas missões, se se imiscuem em seus propósitos arredios de farsas e traições, por outro lado devemos ser algo discretos nas nossas missões fundeadas na verdade e no conhecimento, no diálogo com quem nos permitir – mesmo com alguma dificuldade – e naqueles casos onde basta ignorarmos um contato mais caloroso. Por vezes – e nisto manda a maturidade da prática – não nos é possível avançar muito, ou temos que recuar um lote razoável. Mas essa mescla de saber ciência, arte e Natureza, esta como pivô central, nos ditará, igualmente com o conhecimento da experiência histórica, como procedermos nas nossas veredas...