Lucidez
extremada, se me compete abraçar-te
De
um caldo de ternura no amplexo de vivermos
Talho-me
à ressonância da poesia
Como
de tanto de sobreviver comemora-se a vida...
Paz
que nos resta, não me falo de ausências
Posto
que em minha vida não guardarei ressentimentos
Nem
dos algozes que abusaram de minhas fraquezas
Quando
me pus fraco no ocaso de minha fortaleza.
Verta-me,
poesia, pois que a musa são tantas,
Inclusive
as que não possuem a vertente concreta do se dizer
Quando
apenas tentam ao se dizer algo
Do
que se tentar a mim estar amando igualmente a Verdade!
Amamos
a Verdade, e do amor se tece a serena virtude
Da
cor púrpura à semente de uma outra cor, que seja,
Que
amamos a todos os instrumentos que somos a soprar na arte
O
recurso indefinível dos significados.
Me
sobra a arte, solidão compartilhada dos signos,
Vertente
em que me sobra na outra literatura
Que
fará despertar no cunho dos povos
A
uma grande escola em que ensinamos o que aprendemos.
Teço
agora uma poesia mais simples,
Como
é simples a atitude, o verso, a palavra,
Como
tecida na superfície cristalina de uma mulher,
Como
nos tendões duros que um homem tem por seu material.
Sei
quem sou, sei onde estou, apenas não sei dos meus nomes
Que,
da realeza opaca de um vídeo, da manchete oculta de uma revista
Traço
paralelos em que minha loucura é de vantagem
Pois
que me é duro de cair na engrenagem louca da ilusão!
Vivo
em uma felicidade tremenda onde tremo ao olhar consonante
Quando
falamos de um poeta que não esquece sua condição...
Da
flor há que se abrir as pétalas em seu próprio gineceu
Para
que os homens possam falar da dignidade de seu amor.
Esta
palavra, consubstanciada na vereda de uma corredeira
Onde
aranhas tecem solitárias as suas teias
Enquanto
os peixes comemoram a sua vitalidade
Correndo
por sobre a corrente, de sua força ígnea!
Prata,
ouro, turmalina, quais serão as superfícies do nosso povo
Se
há um minuto deste computador saí para presentear
Obreiros
que recolhem o lixo em minha rua
Enquanto
eu consinto em embalar todos os ressentimentos.
Estes
que vêm quando vejo o desfalecer da própria loucura
De
saber a alguns que caem em sua fraqueza nos extremos
De
uma parte a outra, condição patológica exposta e crua
A
ver que não expõe o antagonismo inerente à Natureza.
Posto
não existir a força em seu diálogo,
Não
existir sombra sem a luz,
Classe
de objetos sem conflitos
E
dos homens temos a prosseguir em nossos progressos.
Não
me é dada essa cunha, mas que do amor se nos absorve,
Não
tolero certas coisas que se passam no planeta,
Como
o óleo nos peixes e nas gaivotas
Ou
as bombas de fósforo na terra Palestina.
Talvez
o poeta esteja perdido, pois ama demais
E
a crucificação está em seu peito há várias décadas,
Já
não sabe do toque, mas que o toquem em seu intelecto
Que
para isso estará de se fazer sempre a sua presença...
Poesia
longa, de longo o se esperar, quiçá um beijo o faça esquecer
De
si mesmo a um caudal rumoroso da própria carne
Posto
que do espírito já se faz presente algo de sua pretensão
E
no pampa deseja apenas de um ótimo cavalo.
Talvez
morrer de amores, mas não, que me quero velho,
De
um velho de longas barbas, pois a barba já não faz sentido
Em
que estivermos realmente velhos na longa parcela do existir,
Na
corrente imanente da oralidade e do conhecimento.
Se
uma mulher me fala de amor, poderá ser de um amor gigante,
Como
Martí, de donde cresce la palma,
Como
Martí, deixamos os versos de nossa
alma,
De
uma pretendida atitude gigante: somos em nossos sonhos...
Tento
simplificar, talvez tente alcançar uma rainha
Sabendo
que nem tudo que alcançamos é a gênese de uma relação.
Qual
flor de Beauvoir, vejo na semântica
cristalina de um sentido
Um
gesto vivo de uma mulher, paradigma, padrão, lucero.
Poesia
suficiente, talvez alguns minutos a mais
A
tecer uma significação no que me vem diretamente do éter
Que
seria uma vila, uma aldeia, uma índia
Que
reside por vezes na aldeia, e outras partes na cidade.
Sabe-se,
que na douta literatura, não há sempre a conformidade
De
meus passos sobre os quartzos que encontrei em Grão Pará
Em
que as montanhas são rochedos milenares
Onde
apenas as cabras tecem suas altitudes...
Apenas
em se falar mais um pouco
Do
que seria o suficiente na calha onde a chuva falta
E
a água segue silenciosa por pequenos córregos
A
silenciar as estrelas em seu brilho irrequieto do destino!
Tento,
tateio, verso o meu próprio significado
No
contraditório, na luta sagrada de dentro e de fora
Que
o fora fôra dentro e o dentro o amálgama
De
ser de si mais um pouco no quilate da compreensão.
De
se construir a filosofia da existência
Sinto
um prazer sem par, sem lugar, sem tempo,
Pois
este inumerável tempo
Também
navega pelo oceano dos significantes...
Ouro
de viés, conceda-me a concretude
De
dizer-me o prumo de meu pensamento
Ao
que estamos por consolidar
A
passagem mesma – esta – dos ventos!
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