sexta-feira, 8 de abril de 2016

POESIA NASCITURA

Sempre haverá um critério a se dizer
Dentro do alfarrábio que se relê, passo por passo...

Tecido imanente da montanha, espírito cigano
No que me tolhe por vezes ao meu próprio desatino.

Correríamos a encontrar na selva as circunstâncias?
Na cidade pétrea a verdadeira circunstância pede, circunscrita

A seu modo, o de crescer às gentes
Em seus cordões inumeráveis da consciência!

Esperando, esperando, posto ação em esperar,
Caminhando, que caminhar não é mais a espera:

É de se falar, é a expressão de um, qualquer,
Na história de um sapato melhor que calce a nossa existência.

Já que são tantas as chuvas, tantos os invernos
Que a sombra de um piso molhado desfaz a cama de papel.

E àqueles que dormem nos nichos e nas marquises
Vertem no álcool a negação de uma tentativa sincera.

Derrubam prerrogativas, posto que idiossincrasia de um povo
A se pensar que o fato nunca terminaria.

Também massa, também homens, também muralhas
Que o sabemos de suas lutas pelo pão, pelo trabalho, pela morada,

Suas vidas têm uma forma de preciosidade como a turmalina
Que engana o olhar do homem no sorriso de uma mulher...

O poeta sangra por eles, que o são os loucos, o são os indigentes,
O ser do nada, ao nada não pertence, pois o tudo é também o nosso antagonismo.

Por Deus, que um dia saibam que eles movimentam as rodas do mundo
Na rua que é o seu lar, no fogo solidário de seus pertences.

Nas casas sem dono, que a eles deveriam pertencer
Por estarem excluídos até mesmo das pirâmides do sistema.

Volta-se o mundo para as derradeiras feras
A quererem dominar até mesmo os pressentimentos.

Vitórias? Se o rumor inquieto de nossas investidas
Passa pelo intelecto solar de poucas e derradeiras – eternas – palavras.

Visto querermos por necessidade, eu o quero sobreviver da super ciência
De não silenciar o gesto, de gestar o leme ao punho que desejo!

É me concedido em meu desespero de homem que cumpre
O fator – que seja – genético de alguma compreensão da realidade.

Visto o fato com o cinzel da Verdade, posto a semântica de nossos pensares
Que não há registro em uma unha que cresce em dedo incerto e puro da certeza!

Se o poeta leu, leu em algumas linhas em que a Natureza fez a escola
Esta que o refez em sua felicidade humana e precoce de niño...

Que os insetos nos ensinem o que é carregar um fardo
Por imensos quilômetros feitos alguns e infinitos metros.

O poeta estuda, como sempre, estuda, no que se for de estudar.
Não temam por ele, pois seus versos não são de regresso.

São versos gratuitos de domínio público a quem interessar possa
E que o sejam de bom consentimento no seu infinito oceano da calota e do ciclo.

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