sábado, 9 de abril de 2016

PLATAFORMAS ANTIGAS

            Antigas máquinas escrevem sobre novos pergaminhos o que se é de azeitar a História... As casas respiram em seus séculos – porventura arquitetura maravilhosa – a perscrutarem seus próprios natais, na indivisibilidade de mesmos conceitos. O velho ressurge do novo, e o novo também aplaca os erros dos velhos, pois que caminhemos todos em direção precisa dentro de nossos próprios consentimentos. À vista parecemos distintos, mas a igualdade é o único pressuposto do grande ser que somos a compartir da Natureza. Pelo menos há propostas nada reducionistas que nos levam a esse prisma, a essa conotação que possa parecer absurda, mas que nos remeta um pouco desse surreal sentimento. Palavras por vezes parecem fenecer em solos inglórios, mas a questão é sabermos que outras vêm por avalanches pela experiência dos homens, suas vidas, o que foi de se sofrer, o que se acrescentou, e o que se aprendeu nos fatos e na busca da Verdade. Seria essa a função do jornalismo, igualmente? A cada um, que se reporte algo, por um noticiário em paralelo, que saibamos em nossos gestos da intelectualidade pontuar e costurar a realidade do factual nas fronteiras cabais do desenvolvimento humano, sem fronteiras, dos povos... Há que se escrever de um pouco suficiente o que se deixou de um século XX em que deitamos rastros da inconsequência do que se encontra na mesmice de um novo século: o atual! Pois muito que sejam os paradigmas dos tempos, pois não existem novas eras, já que estas se entrelaçam e talvez se possam chamar períodos os retratos históricos que se refletem nas mudanças entrelaçadas entre o passado com novas roupagens do presente e alguma previsibilidade – humana, apenas – do que vem a ser o simples e anacrônico e pretensioso conceito de futuro e suas “proféticas” induções do que ainda se porta como atual.
            As relações diplomáticas sempre foram tênues como o cristal, breves como um sopro, e sua manutenção há que se tornar mais dura – extremamente – para que possamos mudar esse cambiante da ausência de propostas concretas na relação entre as nações. Algumas linhas de pensamento ainda vivem a realidade de décadas passadas, nas suas cartilhas infantis no joguinho de acharem que estão fazendo parte de quebras de antigas estruturas, mas só fazem corroborar as atuais, botando mais ferro em suas veias. Há que se traçar no compasso, pois a literatura não necessariamente há de ser fantástica, como a pecha de sermos latino-americanos, pois que somo todas as américas, incluso as que falam francês, como o Canadá e a Guiana. Agora somos Cuba, e Cuba ampliada, posta afundada a guerra, o conflito, o atentado, e que uma ponte se una a outros continentes. Talvez por ser negro, tenhamos o maior presidente dos EUA da história recente, depois da segunda grande guerra. Vivemos um período extremamente conturbado em nosso mundo, e talvez seja a coerência de sabermos da importância em que os dois hemisférios nunca entrem em conflito, pois que não se crie uma secessão mundial... Seria uma certa pretensão, mas não dizemos mais “vosso presidente”, pois que um afeta o outro dentro do sem limites de fronteiras, pelo menos nas vias mais conscientes de telecomunicação. Pontificar cada nicho possível de entendimento se resume em que – esperando não falhar a metáfora – cada piso e seus rejuntes tem uma forma diferente, uma idiossincrasia peculiar. Cada grânulo na pintura, cada ônix, cada pedra, cada homem e sua química, cada átomo, suas moléculas, seu genoma oculto: melhor, o pé na terra: seu conhecimento e modo de expressá-lo.
            Há que se relatar a História, e reler-se a si mesmo, em paralelo, que o professor ajuda, mas o aluno tem que se esforçar, no sentido amplo, de beber de água boa, de boa fonte. Mesmo no Google há que se saber filtrar, por isso o contato imanente e necessário com bons livros que não custam muito caro e continuam sendo o melhor pacote o melhor e presente papel de que dispomos. Falam de teoria econômica na Universidade e Marx continua sendo historicamente o melhor filósofo nesse campo, como Freud o foi na Psicologia, ou seja, ambos os troncos e a raiz dessas duas grandes e seculares árvores do entendimento de nossas civilizações, assim como na Antropologia, no Teatro, no Cinema, na própria Filosofia, em suas diferentes épocas: todos são igualmente necessários para compreendermos a sociedade e a nós mesmos. Há que se travar outros contatos do que a mística que envolve a eletrônica, pois as plataformas antigas são, em regra, nada dos descartes dos objetos de uma instalação, posto nada instalados e muito menos objetos.
            Alguns conceitos da contemporaneidade já atravessam décadas e tentam derrotar quaisquer movimentos artísticos que venham a acontecer, como a própria existência da arte. Mesmo na poesia, esta nulificada pelo concretismo já enferrujado... Pois a tradução de uma sociedade realmente libertária em suas vertentes expressivas não tem que ser rotulada por questões impostas de como devamos pensar ou agir no domínio artístico, filosófico ou existencial, haja vista a atitude coerente dos últimos anos deste país em que nos encontramos com questionamentos cabais e profundos gerados mesmo a partir do ser coletivo e espelhado esse mesmo ser consciente no indivíduo, com o desenvolvimento de artes e expressões que não regridem, pois acrescentam. Partamos do ponto já dessa questão e sigamos nossas frentes, que a tomada de consciência de nossas populações já se faz presente, graças a boas lideranças e didáticas em cada setor de nossa sociedade... Isso vale para qualquer domínio que seja.
            Mais do que o embate, um aprendizado a crescer-se por vezes passa por um conhecimento duro, pois que a vida dos que compõem os sacrifícios de carestia melhora quando o aprendizado surge através das oportunidades estabelecidas por bons governos, como é o exemplo que vivemos agora no país, com alternativas que vão de encontro aos seios populares de nossas grandes ou menores nações, dentro do mesmo processo civilizatório em que a História define os atores e protagonistas que vêm para melhorar. Passa a ser necessária a ampla aceitação de debates que não brilham apenas nos auditórios, mas que um debate-diálogo a partir de dois a três já se torna um bom princípio de retomada da natureza presencial de um encontro mais plausível do que o ensaio e erro dos displays. A torto e a direito que se escreva. Escrevam, companheiros, e sempre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário